28.2.10

Albert Pyun - Site Oficial e algumas palavras

Desabafo do Pyun em um fórum de discussões postado em seu blog há uns dias:

"Here's my answer about being hated by critics and moviegoers in general.

First, I must say that since I was 8 or 9, I always dreamed of making movies. Not be a director, or get paid a lot of money or achieve any level of recognition and fame. I just loved making movies and exploring interesting ideas in those films. In that way, i guess I'm more like a painter or sculpture or even musician. I just do it for the love of it.

Because my Father was in the military, I spent my early years traveling around the world and during that time i saw mostly foreign films without the benefit of sub-titles or dubbing (thank god). so I learned to appreciate movie storytelling from an almost purely visual and sound design way.

I learned that stories could be told via composition, color, textures and light. And I really came to enjoy that form of storytelling. Where plot and character are revealed over time and I especially loved how movies back in the 60's like 2001: A Space Oydssey and the Bergman type films left everything open to a viewers own interpetition of story and character.

I loved how Godard, Belson and others really experimented with form and content. That was an exciting time for me in the cinemas. Every film seem to be so mind blowingly original. The Leone westerns were such a thrilling departure from the westerns coming out of Hollywood. I love that the dialogue was slightly out of sync, that the acting was so stylized.

In the early 70's I loved movies like Zabriske Point, El Topo, The Devils by Ken Russell.

So those films inspired me and shaped my filmmaking point of view."


Pyun nos sets de NEMESIS.

Seu site oficial já está no ar. E em breve, surpresas exclusivas!

25.2.10

OPERATION COBRA, aka INFERNO (1997), Fred Olen Ray

Não sou expecialista no cinema de Don “The Dragon” Wilson, mas um dos meus filmes preferidos do homem certamente é este OPERATION COBRA, de Fred Olen Ray. O filme coloca o ator como um agente especial da polícia e logo no início, numa operação arriscada dentro de um museu, seu parceiro é morto numa explosão causada por um vilão brutamontes, de rabo de cavalo. A trama, a partir daqui, remete a um filme que eu postei outro dia, HAMMERHEAD, do Castellari. Donnie tira umas férias a pedido do seu chefe, mas acaba indo justamente ao lugar onde o bandido se encontra, na Índia, para dar início às investigações e tentar vingar a morte de seu parceiro. Wilson não é daqueles atores que consegue sustentar um personagem à base de interpretação. Ele é melhor quando deixa seus conhecimentos de artes marciais falarem por ele. Em OPERATION COBRA, esses conhecimentos chegam a fazer discursos! Basicamente, a trama se resume numa sucessão de cenas de luta, com "The Dragon" desferindo golpes em tempo integral em cima de uma espécie de ninjas indianos e ainda há duas boas sequências de luta contra o brutamontes de rabo de cavalo. Nesse sentido, é um grande filme de Wilson! É óbvio que em comparação aos clássicos do Kung Fu, OPERATION COBRA não fica nem para o cheiro, mas nunca é a pretensão de Fred ser algo além de uma boa diversão que não se leva a sério em momento algum. Existe uma cena hilária digna de antologia, quando uma serpente tenta surpreender Wilson enquanto ele estava dormindo na cama! É o tipo de cena que já faz o filme valer a pena. Sem contar a participação da robusta Tane McClure, outra diva do Cine Privé, mostrando seus exuberantes dotes gratuitamente em duas ótimas cenas. Também é outra boa desculpa para não deixar OPERATION COBRA passar despercebido.

Novo blog no ar

O leitor e amigo "Demofilo Fidani" agora tem um blog: OLHAR GRATUITO.
Pelo pseudônimo do sujeito já dá pra ter uma noção do tipo de filme que encontraremos por lá.
Prestigiem.

23.2.10

Mais dois Steven Seagal

THE KEEPER (2009), de Keoni Waxman

Eu disse no post de DRIVEN TO KILL que 2009 foi um bom ano para o astro de ação Steven Seagal. THE KEEPER e A DANGEROUS MAN foram seus últimos trabalhos, dirigidos pelo mesmo sujeito, inferiores ao DRIVEN, mas bons o suficiente para agradar aos fãs mais ardorosos do ator, diferente de alguns filmes que ele estrelou na metade da última década e decepcionou bastante. THE KEEPER tem um roteiro mais sério, embora não se possa exigir tanto dos reponsáveis por esta função, trazendo Seagal como um habitual policial ético e de bom coração. O inicio é praticamente um mini filme dentro do enredo. Seagal e seu parceiro fazem uma batida para flagrar uns traficantes de drogas e trocam tiros com os meliantes. Só sobram os dois tiras e muita grana em cima da mesa. Seagal é traído pelo parceiro, leva um tiro e entra em coma. Agora, o parceiro traidor precisa se livrar da estupidez que fez eliminando a vítima que não matou direito, mas não vamos esquecer que Segal é DIFÍCIL DE MATAR! Isso tudo em dez minutos de projeção. O roteiro logo esquece o episódio e o protagonista se muda para uma cidade do Texas para ajudar um amigo ricaço como chefe de segurança de sua mansão e guada-costa pessoal de sua filha. Essa situação acaba gerando alguns momentos interessantes com o desenrolar da relação entre os dois. Seagal entra num personagem que exige, no mínimo, umas três expressões faciais a mais que sua atuação tradicional. Nem sempre consegue, mas é engraçado vê-lo se esforçando. As sequencias de ação são boas, com Seagal fazendo o que sabe de melhor, quebrando alguns braços e aplicando golpes de aikido. A edição e direção é que prejudicam um pouco quando resolvem fazer uma gracinha de vez em quando. Mas de uma forma geral, é um filme que diverte. Mais um acima da média para o padrão do ator.

A DANGEROUS MAN (2009), de Keoni Waxman

Já em A DANGEROUS MAN a ênfase é mais na ação. O roteiro é risível, tão bagunçado que parece rascunhos de outros projetos do ator que acabaram misturados. Na sequencia inicial Seagal salva sua esposa de um assalto quebrando os dentes do bandido, que foge e é assassinado misteriosamente. A culpa sobrecai em cima de Seagal, um ex agente das forças armadas treinado para matar. Acaba preso por seis anos e sua mulher o deixa. Ao sair da prisão, é um sujeito fodido pela vida e por estar no lugar e na hora errada, entra de gaiato numa trama que envolve imigração ilegal, policiais corruptos, máfia russa e chinesa, entre outras coisas. Os créditos iniciais remetem às aberturas dos filmes do Guy Ritchie, querendo dizer algo como “teremos muitos personagens bacanas e uma trama esperta”. Que nada! O roteiro é uma bobagem que precisa ser relevado para apreciar o restante. O legal é que a ação é quase initerrupta, muita porradaria comendo solta, tiroteios à valer e uma violência explícita e sanguinolenta que impressiona qualquer fã de cinema de exploração. Seagal está bem sádico na pele de um homem que ele mesmo define como morto. Não se satisfaz em apenas quebrar o braço dos vagabundos, tem que meter uma faca no pescoço, atira à sangue frio, e mata das maneiras mais inusitadas. O sujeito é um verdadeiro artista da morte! Um dos elementos que ajuda a salvar o filme é essa grande dosagem de uma violência trangressora inserida à ação. A DANGEROUS MAN é um bom filme para relaxar e assistir sem compromisso, apenas como passatempo. Os fãs do homem vão guardar com um carinho a mais… tem muita coisa pior saindo das grandes produtorar, prefiro uma bobagem como esta… a diversão é garantida!

22.2.10

BULLETFACE - Trailer


Notas de um carnaval cinematográfico - Parte Final: DAYBREAKERS (2009), de Michael Spierig e Peter Spierig

Para finalizar as aventuras cinematográficas do Carnaval (já devem estar enchando o saco), assisti a esta recente produção sobre vampiros, cuja idéia central até que é muito interessante (confesso que fiquei empolgado quando vi o trailer), mas o filme sofre um pouco na execução. Cai em quase todas as armadilhas e clichês que tornam a grande maioria das super produções em filmes medíocres pretensiosos que servem, na verdade, apenas para encher o bolso dos executivos. Está longe de ser uma total decepção, mas poderia ter ido muito além.

No futuro, a raça humana está quase extinta. 90% da população é composta por vampiros que vive normalmente como nós nos dias de hoje, com a peculiaridade de que passam um perrengue e lutam desesperadamente para obter uma nova fonte de alimento, algo que substitua o sangue humano, já que este prato específico encontra-se extremamento escasso no cardápio da população. Para piorar a situação, uma nova raça mutante começa a surgir devido a falta de alimento.

DAYBREAKERS foi escrito e dirigido pelos irmãos Spierig. Não assisti ainda ao filme anterior deles, UNDEAD, mas o trabalho de câmera por aqui é bem típico dos filmes hollywoodianos atuais, sem grande inspiração, filmado no piloto automático. Ao menos há um visual interessante que remete aos filmes noir em determinados momentos; boa dose violência explícita e muito sangue, mas nada que não tenhamos visto antes. A falta de foco é um dos principais problemas. O roteiro não preza pela objetividade e divide sua atenção em tantos pontos que o ritmo sai bastante prejudicado. O pior é que fica claro como tudo poderia ser melhor aproveitado, mas o que eu posso fazer? Ainda existem várias cenas marcadas por situações que subestimam a inteligência do espectador. E o grande público nem liga mais de ser chamado de burro…

O elenco tem uns sujeitos legais. Ethan Hawke está bem como protagonista, mas é lógico que a “cena” é roubada pelo grande Willem Dafoe em mais um personagem cool (e que poderia ter sido bem mais utilizado também). Outro destaque é Sam Neill no papel de vilão, que é onde eu realmente acho que ele se sai melhor. A mitologia dos Vampiros é respeitada e até bem inserida nas cenas de ação, principalmente na sequência da perseguição de carro, com os buracos dos tiros abrindo espaço para os raios de sol, atrapalhando o vampiro de Hawke a dirigir.

No fim das contas, é mais um filme sem sal que ficou só na vontade de ser algo a mais. Talvez seja também só a minha opinião… recomendo pelo menos uma conferida pra tirarem as próprias conclusões.

21.2.10

Notas de um carnaval cinematográfico - Parte 4: Dois filmes de ação

FUTURE FORCE (1989), de David A. Prior

David A. Prior é um maluco que resolveu virar diretor, mas esqueceram de dizer a ele que não tem o mínimo talento para coisa. O que sobra são filmes de qualidade duvidosa, tecnicamente péssimos com enredos horrorosos, mas possuem um charme especial e causam um certo fascínio aos amantes do cinema B. Seus filmes têm aquele específico público que curte o humor involuntário de produções que tentaram ser qualquer coisa, menos uma comédia. Cinco minutos de DEADLY PREY, por exemplo, é um zilhão de vezes mais engraçado que qualquer filme do gênero realizado nos últimos 10 anos em Hollywood. E olha que estamos falando de um filme de ação super dramático sobre traumas de guerra… mas só na cabeça do Prior que funciona assim.

FUTURE FORCE é uma boa maneira de viciar no cinema do cara, ou então colocá-lo numa lista negra. Conta com a presença do gafanhoto David Carradine na pele de um policial casca grossa que só o bom e velho cinema de ação dos anos oitenta poderia proporcionar. Como o título já indica, a trama se passa no futuro quando a força policial não passa de um bando de gordos, barbudos, caçadores de recompensas que só prendem (ou matam) os meliantes da cidade quando rola uma grana pela carcaça do sujeito. Vivo ou morto. E a truculência come solta numa estorinha risível que justifica uma aventura pobre, mas muito divertida, cheia de ação, tiroteios cujas balas nunca acabam e o mocinho nunca é alvejado, perseguições de carro em alta velocidade e os exageros típicos do Prior. O personagem de Carradine tem uma luva cybernética que solta raio laser, segura um carro em movimento e voa (!!!) dando socos, manejada por um controle remoto de um botão… é inacreditável. O nosso herói ainda possui uma essência dos cowboys do velho oeste. Carrega um revólver no coldre, é rápido no gatilho e resolve várias situações à base do duelo. O filme conta com a participação de Robert Tessier, figurinha carimbada do cinema B daquele período, como um dos malvadões. Uma verdadeira raridade! Prior ainda teve a ousadia de fazer uma continuação de FUTURE FORCE, intitulada FUTURE ZONE, com o gafanhoto repetindo seu papel, mas sobre esta pérola, vamos deixar para uma outra oportunidade…


HAMMERHEAD (1987), de Enzo G. Castellari

Quando realizou HAMMERHEAD, Enzo G. Castellari já possuia uma filmografia de respeito marcada por vários clássicos do cinema popular italiano. Mesmo que esta produção não esteja no mesmo patamar de algumas de suas obras anteriores, consegue ainda satisfazer os fãs de filmes de ação em todos os sentidos possíveis.

O filme começa a mil por hora. Daniel Greene, o astro de KERUAK, de Sergio Martino, interpreta Hammer, um policial do tipo linha dura, ex-combatente do Vietnã, que vai ao socorro de um velho amigo. Mas antes que possa saber o que realmente está ocorrendo, o carro do amigo é esmagado por um container e o assassino foge. O espectador mal se ajeitou na poltrona e Hammer parte em uma perseguição de carro que se desdobra num tiroteio alucinante onde vários inocentes acabam levando bala, sangue jorrando em câmera lenta, tudo no brilhante estilo Castellari de filmar! Os fãs de filmes B vão abrir um sorriso quando perceberem que o tal assassino é vivido por Frank Zagarino em sua segunda colaboração com Castellari. A primeira aconteceu em STRIKER.

O estrago desta primeira sequência é tão grande, que o chefe de polícia impõe a Hammer umas férias. Ele decide então "descansar" na Jamaica, onde seu amigo vivia, inciando uma investigação e tentando descobrir o que aconteceu com ele. Aos poucos descobrimos que todo o passado de Hammer está na ilha. Vários rostos conhecidos e antigos amores são reencontrados, mas isso não atrapalha o verdadeiro objetivo do sujeito. Seguindo a linha de policiais casca grossa, Hammer coloca Kingston de cabeça para baixo, mexendo com figurões, traficantes de drogas e até um delegado corrupto.

Mesmo nesta fase oitentista, considerada decadente para o cinema popular italiano, Castellari esbanja criatividade para compor suas elaboradas cenas de ação. E coloca de tudo: perseguições em jet ski, porradaria, tiroteios desenfreados, etc… curioso que nem mesmo os fãs do diretor comentam muito sobre o filme, que é tão “Castellariano” quanto qualquer outro eurocrime realizado por ele. Claro que hoje se encontra na obscuridade, mas HAMMERHEAD é pura diversão para quem curte filme de ação exagerado e sem frescura!

20.2.10

Notas de um carnaval cinematográfico - Parte 3: MANIAC (1980), de William Lustig

Outra belezinha vista no Carnaval foi o clássico oitentista MANIAC, que surpreende ainda hoje com sua grandeza aterradora. Um retrato profundo de um serial killer, interpretado de forma magnífica pelo ator Joe Spinel, que supre suas frustrações sexuais matando e escalpelando mulheres indefesas. A origem desse surto violento aparece com a ausência materna do protagonista, remetendo ao clássico de Alfred Hitchcock, PSICOSE. O "Norman Bates" de Spinel tenta reencontrar a figura da mãe utilizando os escalpos de suas vítimas em manequins que enfeitam seu quarto e carregam uma estética muito perturbadora. A direção de William Lustig é séria e imprime um realismo assustador. Existem vários momentos inspirados que sintetizam o estado mental do serial killer, como no belíssimo plano onde o sangue preenche a tela de vermelho e vemos ao fundo a imagem da insanidade estampada na cara do assassino escalpelando mais uma vítima. MANIAC ainda conta com efeitos especiais de maquiagem do genial Tom Savini, que faz uma ponta numa das cenas mais violentas do filme. Mas a sequência do metrô é a mais notória, uma verdadeira aula de construção atmosférica e suspense sublinhada pela trilha sonora típica dos sintetizadores da época. Um verdadeiro clássico do horror que deve ter influenciado várias obras posteriores, como HENRY - PORTRAIT OF A SERIAL KILLER e SCHRAM, filmes que marcaram por realmente entrar na mente de seus protgonistas, assassinos em série. Banido em diversos países pela violência gráfica e pelo tom misógino que provocou os moralistas de plantão na época, MANIAC merecia agora uma edição caprichada em DVD aqui no Brasil. Uma pérola dessas não pode se perder no tempo…

19.2.10

Notas de um carnaval cinematográfico - Parte 2: OMEGA DOOM (1996), de Albert Pyun

O segundo filme do carnaval cinematográfico Dementia 13 é outro trabalho de Albert Pyun, uma ficção científica inusitada e interessante, estrelada pelo grande Rutger Hauer. Mas não se preocupem! Este é o último filme do Pyun que eu vou postar por enquanto...

Depois de ficar famoso mundialmente interpretando um andróide em BLADE RUNNER, decidiram que Hauer era perfeito no papel de figuras futuristas ou robôs solitários em sci-fi’s de orçamentos modestos, por isso sua carreira é marcada por, eventualmente, participar deste tipo de produção. SPLIT SECOND, LINHA VERMELHA, HEMOGLOBINA e este OMEGA DOOM são alguns bons exemplares. Hauer é um cyborg (uma das obsessões de Pyun) que chega a uma cidade devastada e praticamente deserta e se depara numa disputa entre duas facções robóticas disputando um tesouro escondido em algum ponto dos escombros. O tal tesouro consiste em armamento pesado deixado pelos humanos antes da guerra – que reduziu a população mundial a uma porcentagem mínima – e servirá na batalha final das máquinas contra os homens. O filme inicia com a primeira batalha. Na visão de Pyun, a guerra é uma montanha de corpos sob um crepúsculo avermelhado, um visual sensacional e minimalista que só poderia ter saido da cabeça do diretor. Hauer é imparcial, não sabemos seu objetivo com clareza, mas aos poucos suas atitudes começam a remeter a YOJIMBO, de Akira Kurosawa, ou POR UM PUNHADO DE DÓLARES, de Sergio Leone. Especialmente este último (Leone é o diretor favorito do Pyun). OMEGA DOOM é pura metalinguagem. Pyun é um diretor que sempre procura experimentar em seus filmes, e aqui ele estrutura toda narrativa com elementos clássicos que fazem referências ao western. Enquadramentos, duelos, trilha sonora, impressionante. Flerte com outro gênero dessa maneira só tinha visto nos filmes de John Carpenter. Longe de mim comparar os dois diretores, mas é um resultado e tanto que temos aqui neste sentido. No entanto, de uma forma geral, OMEGA DOOM é bastante lento, conta toda sua trama num mesmo ambiente, as cenas de ação não são muito inspiradas como em NEMESIS ou MEAN GUNS, embora tenha seu charme, é um típico filme de Albert Pyun, com toda estranheza que seus fãs adoram. A versão que eu tenho desse filme é a que saiu no DVD nacional junto com FÚRIA CEGA, outro filmaço com o Hauer, uma releitura moderna e ocidental do mítico Zatoichi. Há tempos que não vejo essa belezinha, mas vou fazer isso qualquer hora dessas. Já OMEGA DOOM, não faço a menor idéia se foi lançado por aqui numa edição avulsa, mas esta versão vale a pena só de estar no formato certo…

18.2.10

Notas de um carnaval cinematográfico - Parte 1: MEAN GUNS (1997), de Albert Pyun

Algumas notas do meu carnaval cinematográfico, começando com este filmaço do Albert Pyun. Em MEAN GUNS, o rapper Ice T personifica um gangster que procura uma nova forma de diversão. A idéia consiste em agrupar todos os seus inimigos em uma prisão de segurança máxima vazia, prendê-los, distribuir uma boa quantidade de armas, munição, tacos de baseball e, finalmente, assistí-los matando-se uns aos outros num verdadeiro caos. Apenas os últimos três sobreviventes poderão deixar o local e ainda levar uma quantia de dinheiro.

Acreditem, é com esse mote quase surreal que o famigerado Albert Pyun trabalha um de seus filmes mais intensos em termos de ação e que dá um banho em grande parte dos exemplares do gênero feito em Hollywood atualmente. MEAN GUNS é atrevido, subversivo, violento e estilizado, é desse filmes que assistimos com certo prazer estranho.

Genial a cena de abertura, com Ice T estampando a tela inteira com seu rosto enquanto discursa ao som de um mambo muito louco. Aos poucos somos apresentados a alguns personagens que terão mais ênfase neste jogo sádico, especialmente o Highlander Christopher Lambert que já se posiciona com sua canastrice cativante como aquela típica figura que vamos torcer para sobreviver até o fim, embora aqui não haja mocinhos, são todos seres ligados ao mundo do crime precisando matar para viver, seguindo a filosofia olho por olho e etc, sem piedade pelo próximo, simples assim. E Lambert não deixa barato.

Impressiona também o rigoroso senso estético do diretor, um visual saturado que remete às câmeras de video de baixa resolução, elementos gráficos que desfilam pela tela para para criar a expressão daquele mundo paralelo pelo qual os personagens foram forçados a vivenciar. É até fácil defender o Albert Pyun em MEAN GUNS dos detratores que o consideram entre os piores diretores no ramo, pois se trata de um dos seus trabalhos mais inspirados, principalmente com o auxílio visual e a trilha de Tony Riparetti, seu fiel colaborador, achando que o som do mambo cairia muito bem por aqui. Mas só ajuda a reforçar o tom estranho que o filme possui.

As cenas de ação remetem a um John Woo dos pobres, mas com muita desenvoltura. Se não estou enganado, este aqui é um dos únicos filme que o diretor teve liberdade total (e também é um de seus preferidos ao lado de BRAINSMASHER). O que poderia ser uma historinha de ação como outra qualquer, Pyun transforma num belo experimento estético.  

MEAN GUNS foi lançado no Brasil em VHS como JOGO DE ASSASSINOS pela PlayArt. Apenas torço para que obras do Pyun e de outros diretores talentosos, mas subestimados, sejam lançadas por aqui em DVD… mas ainda há uma extrema falta de cultura cinematográfica por parte dos distribuidores, infelizmente.

13.2.10

O LOBISOMEM (The Wolfman, 2010), de Joe Johnston

Ontem fui aproveitar que THE WOLFMAN estreou nos cinemas daqui sem atraso, junto com a patroa, um primo que é diretor de curtas capixabas de documentários e ficção e mais alguns amigos. Apenas minha namorada e eu gostamos, para nossa surpresa. Meu primo disse que esperava ver algo novo, do nível de um DRACULA (do Coppola) em termos de novidade e releitura visual, mas com o famoso licantropo como protagonista. Se alguém estiver com essa espectativa, vai se decepcionar. Já eu, meio com o pé atrás, estava esperando um filme de terror nos moldes clássicos, apenas mais um filme de lobisomem sem qualquer tipo de invenção. E para meu prazer é exatamente isso que o filme propõe. Já nos planos iniciais nota-se o tom retrô e em certos momentos me senti assistindo a um clássico da Universal ou uma produção da Hammer. Não podia ser mais parfeito...

De Henry Hull, passando por Lon Chaney Jr., Paul Naschy e até mesmo Jack Nicholson, quem empresta o rosto ao estimado personagem peludo nesta versão é Benício Del Toro. Ele vive Lawrence Talbot, um ator de teatro inglês, educado nos Estados Unidos, que precisa retornar a casa de seu pai, uma mansão nos arredores de um vilarejo na Inglaterra, após seu irmão ser brutalmente assassinado. Suspeita-se de uma fera, um maníaco, ou até mesmo uma maldição. Del Toro está muito bem no personagem que, além dos irreprimíveis problemas “licantrópicos” já esperados, precisa encarar de frente um passado perturbador. O que distingue a trama das outras versões de lobisomem é a ênfase ao drama familiar no relacionamento de Talbot com seu pai e que serviu de mola propulsora para o afastamento do protagonista, ainda muito jovem, de sua família, além de ser o motivo de suas transformações em noites de lua cheia.

No elenco, podemos contar com boas atuações de Anthony Hopkins, no papel de Talbot pai, e o agente Smith, Hugo Weaving, como um detetive da Scotland Yard designado a solucionar o estranho caso. A representante feminina da vez é Emily Blunt, que não faz nada além do esperado. Ao menos temos Geraldine Chaplin, com um aspecto espantoso, vivendo uma cigana misteriosa.

A direção de Joe Johnston é muito autêntica, principalmente auxiliada pela fotografia fúnebre carregada de atmosfera de Shelly Johnson. Já havia comprovado seu talento para ação/aventura desde ROCKETEER e realmente foi a escolha certa para comandar a adaptação de Capitão América. O sujeito tem muita noção de como aproveitar efeitos visuais em prol à narrativa, embora THE WOLFMAN tenha muito mais CGI do que eu esperava, e encena sequências de ação com muito brilhantismo, sem poupar o espectador de violência explícita e muito sangue! Mas o grande destaque fica por conta do rei da maquiagem, Rick Baker, que desenvolveu uma complexa fantasia da moda antiga, superando, no quesito visual, seu trabalho em UM LOBISOMEN AMERICANO EM LONDRES. A aparência da criatura nesta versão remete diretamente aos clássicos da Universal, com um monstro em formato mais humano do que os lobisomens de filmes mais recentes. Gostei muito do resultado. Um filme imperdível!

10.2.10

POSSESSED BY THE NIGHT (1993), de Fred Olen Ray

Este aqui é uma bizarrice estrambólica do mestre Fred Olen Ray, além de ser um prato cheio para os fãs de produções modestas que nunca tiveram atenção do grande público. POSSESSED BY THE NIGHT é um suspense erótico com um pé no horror estrelado pela musa do Cine Privé, Shannon Tweed, muito à vontade por sinal. Especialmente na caudalosa sequência onde malha com uma blusinha branca que é de um erotismo quase transgressor! Além dela, temos Sandahl Bergman, outra atriz sem frescura que não se inibe ao tirar a blusa em frente às câmeras (e o faz em vários momentos por aqui, mesmo no auge de seus 42 anos).

Para não dizer que eu sou um tarado que só pensa “naquilo”, o filme ainda possui uma pequena dose de porradaria com o ator Chad McQueen. O protagonista é vivido por Ted Prior, astro do cinema de ação cujos filmes passavam todos os dias no Cinema em Casa no início dos anos 90, grande parte dirigido pelo seu irmão, o “talentoso” (leia-se um dos piores diretores de todos os tempos) David A. Prior. Curioso é que os dois atores são muito semelhantes a outros astros de fama mais notável. Chad é uma espécie de Mickey Rourke dos pobres, enquanto Prior é a cara do Christian Bale... é por isso que eu amo tanto esses filmes B.

Bom, eu ainda não acabei (eu disse que era um prato cheio, não disse?). O eterno Henry Silva marca presença como um mafioso, soltando frases impagáveis. Ele entra em cena recebendo massagem de duas garotas de topless e, ops, vamos mudar de assunto. Para completar, um recipiente com uma espécie de cérebro com olho influencia de forma negativa os personagens ao seu redor! Já é o suficiente para convencê-los a correr atrás desta pérola o mais rápido possível?

Prior interpreta um escritor sofrendo de bloqueio criativo. Vai a uma loja de artefatos orientais e compra o tal recipiente achando que vai lhe trazer inspiração… como uma coisa horrorosa daquela vai trazer inspiração a alguém é um desses mistérios no qual só poderia ter surgido na cabeça do Fred Olen Ray mesmo. Enfim, logo que volta pra casa com seu novo adorno, as coisas começam a ficar estranhas. Tudo é mostrado já na cena em que Prior tenta dar umazinha com a patroa (Bergman), mas age de forma agressiva demais para ela e acaba ficando na mão, passando a noite no sofá.

Seu empresário, vivido por Frank Sivero (o Carbone de GOODFELLAS), lhe envia uma secretária para digitar seus manuscritos, a exuberante e insaciável Shannon Tweed. Brigado com a mulher e com uma secretária dessas malhando de blusinha branca suada em seu maquinário de musculação, não há coração que aguente… e não vamos esquecer do jarro oriental com o cérebro dentro enfeitando a mesa e espalhando cargas negativas entre os habitantes da casa, fazendo ferver os desejos eróticos de cada um deles.



É, difícil aguentar desse jeito!

Paralelo a isso tudo, há uma subtrama onde acompanhamos um gangster (McQueen) que cobra as dívidas de seu chefão (Silva), mas também passa por uma crise tentando sair dessa vida criminosa. Obviamente as duas estórias se encontram em algum ponto.

Esta subtrama dá ao filme alguns momentos mais agitados de ação, pois nem sempre as pessoas querem pagar o que devem e aí a coisa tem de ser resolvida à base do kung fu. É o exemplo da sequência na oficina, quando surgem algumas figuras ilustres, como o diretor Jim Wynorski, aparecendo apenas para apanhar, e também o ótimo Peter Spellos, o grande Orville de SORORITY HOUSE MASSACRE 2, dirigido pelo Wynorski. Até o próprio Fred resolve fazer uma ponta, mas nada de violência em sua participação, ele se apresenta apenas como um garçom comum em outro momento.

"Ah, vai ficar lindo na cômoda do escritório!"

Lançado diretamente para o mercado de vídeo, POSSESSED BY THE NIGHT se sobressai perante as muitas produções do gênero com as quais as locadoras viviam infestadas na época. A direção de Fred é um exercício único de economia. Devido ao tipo de produção, ele não perde muito tempo tentando amarrar as pontas soltas deixada pelo roteiro, elimina personagens de forma banal e explora somente os elementos que realmente importa: bastante sexo e um pouco de violência!

"Deixa eu te ajudar a desabotoar esse colete amarelo..."

O elenco também é fraco, deixando o filme ainda melhor, principalmente Ted Prior que é de fazer vergonha. Tweed não precisa atuar, basta fazer cara de safada e agir de maneira sexy. É o que sabe fazer muito bem, independente do tipo de personagem que representa. Os únicos com certo destaque na interpretação é o Henry Silva, velho de guerra neste tipo de personagem, e Sandahl Bergman, surpreendendo com a atuação mais expressiva do filme.

Recebeu o título no Brasil de FLUIDOS DO MAL ou apenas POSSUÍDA e não me recordo com precisão se chegou a ser lançado em vídeo no Brasil, mas do jeito pelo qual este mercado funcionava por aqui, eu aposto minha melhor camisa que sim.

8.2.10

O FIM DA ESCURIDÃO (Edge of Darkness, 2010), de Martin Campbell

Bah! Não dou a mínima para o Mel Gibson ator, mas preciso reconhecer que às vezes ele acerta em cheio ao escolher alguns tipos de personagem, como neste veículo que serve perfeitamente ao seu retorno em frente às câmeras e que me lembrou bastante o mesmo papel que fez em O TROCO, um dos seu melhores trabalhos, embora não chegue nem aos pés do grande Lee Marvin em POINT BLANK...

O FIM DA ESCURIDÃO está longe de ser perfeito, mas assistir ao Mel Gibson à vontade atacando de policial durão amargurado num thriller político/policial é sempre interessante. Há bastante tempo o sujeito não atuava. Durante os anos de abstinência aproveitou para experimentar e amadurecer atrás das câmeras com A PAIXÃO DE CRISTO, que eu detesto, e APOCALYPTO, que eu gosto.

Este aqui é inspirado num programa de TV britânico homônimo da década de 80, tinha como seu diretor o mesmo cara que comanda esta versão, Martin Campbel, que me ganhou com sua visão de 007 em CASSINO ROYALE e que consegue imprimir um bom trabalho de direção neste aqui. O filme é um pouco truncado devido ao excesso de diálogos, informações e por causa da trama cheia de pretensões e detalhes que me desagradam, mesmo assim Campbell deu um pouco de vida a um material que nas mãos de alguns seria mais um filme medíocre feito exclusivamente para Mel Gibson. Na verdade, a impressão que dá é que se trata, realmente, de um filme exclusivo para o sujeito, mas Campbell tem seriedade e criatividade de sobra para impor seu estilo ao filme, diferente dos artesões da atual Hollywood.

Gibson, como eu disse, faz um tipo que eu adoro e consegue carregar a narrativa tranquilamente, mas não é o único destaque entre o elenco que possui ainda Danny Huston e o magnífico ator britânico Ray Winstone, marcando presença com sua voz meio rouca e muito talento.

O resultado disso tudo é um neo noir bem interessante que possui uma face dark e violenta e outra com um sentimentalismo banal para tentar agradar todo tipo de público, eu acho. Uma frieza maior por parte dos realizadores iria soar muito bem, mas difícil esperar por isso num filme deste porte, então tudo bem. Estória boa é que não faltou. Se não quiserem saber spoilers, parem de ler por aqui. A trama é sobre um policial (Gibson) que tem a filha assassinada e pensa, como todo mundo, que o alvo era ele. Começa a investigar por conta própria e descobre que os bandidos não haviam se enganado e que a situação é mais escabrosa que ele poderia imaginar!

Ok, se ainda estiverem com vontade, podem voltar a ler... Ah, mas também agora não tenho mais nada a dizer... chega por hoje.

ICARUS - trailer

Espero que o Dolph não estrague dessa vez, como aconteceu aqui...


6.2.10

DRIVEN TO KILL (2009), de Jeff King

O ano passado foi muito bom para Steven Seagal. Agenda musical lotada, reality show estreando na TV e seus três filmes, produções direct to video, foram acima da média, sem contar que ele filmou a sua participação no próximo trabalho de Robert Rodriguez, o mais que esperado MACHETE. Os detratores vão continuar falando mal, tudo bem, nós já nos acostumamos com isso. Mas, para os fãs de Seagal, 2009 foi uma ótima oportunidade para poder conferir bons filmes do sujeito: DRIVEN TO KILL, THE KEEPER e A DANGEROUS MAN. Mais do que isso, independente de ser estrelado por Seagal, foram três bons filmes de ação à moda antiga, com roteiros legais e simples e sem as frescuras das grandes produções.

Claro que a presença de Seagal conta muito e é difícil imaginar esses papéis na pele de outro astro. Em breve eu comento sobre THE KEEPER e A DANGEROUS MAN, podem me cobrar. Por enquanto, vamos ficar com o DRIVEN TO KILL, que embora o título na tradução literal seja “dirigindo para matar”, em nenhum momento alguém pega um carro e sai dirigindo com a intenção de tirar a vida de alguém... Eu tenho a impressão de que os realizadores resolveram adotar um título que faça referencia a filmes antigos do Seagal, como HARD TO KILL. Acho até que gastaram um bom tempo na pós produção pensando em qual verbo, adjetivo, etc, poderiam colocar antes do “to kill”. Finalmente, apesar de não fazer sentido algum ao filme, todos aceitaram o “driven”. Pra mim está ok! Brincadeiras à parte, o "driven" pode estar no sentido de impulsionado, sacou? Impulsionado a Matar! Um belo título para um filme de ação! hahaha!

De qualquer maneira, mesmo não atingindo o nível de seus primeiros trabalhos, DRIVEN TO KILL, dirigido de forma séria por Jeff King (que já havia trabalhado com o ator antes), é o mais próximo que se pode esperar neste sentido. Provável que seja o trabalho mais consistente de Seagal desde que entrou de vez na onda dos filmes que vão direto para o vídeo.
Seagal tatuado, concentrado em suas escrituras e tomando chá de alecrim...
O homem interpreta um escritor muito bem sucedido especializado em romances policiais que vive tranquilamente numa cidadezinha qualquer. Embora assine como Jim Vincent, possui sangue russo correndo nas veias, seu verdadeiro nome é Ruslan e fora um perigoso membro da máfia russa em outra cidade qualquer no passado (eu realmente não me lembro em quais cidades o filme se passa, só sei que foram filmadas no Canadá, onde certamente estavam tentando recriar cidades americanas, ok?).


Seagal tem aqui, além de uma boa performance, com direito a sotaque estrangeiro muito mal acentuado por sinal, uma rara mudança de visual com os braços tatuados e sem o famoso rabinho de cavalo. Percebe-se que Seagal está fazendo um esforço para melhorar seus trabalhos DTV, porque o nível de alguns filmes haviam baixado demais e era preciso uma tolerância extrema para gostar de coisas como FLIGHT OF FURY, por exemplo... e olha que eu sou um dos maiores fãs do homem que vocês vão encontrar por aí. Defendo até as mais absurdas porcarias que ele faz, mas às vezes é difícil!

Enfim, em DRIVEN TO KILL ele realmente constrói um personagem, apesar de suas limitações. É claro que acaba sendo a velha figura de sempre, mas já dá uma diferença. Para dificultar ainda mais o desafio da atuação, seu personagem possui um relacionamento distante da filha que vive com a mãe (na cidade onde era mafioso), hoje casada com um advogado milionário que tem “vilão” escrito na testa! Com sua filha prestes a casar, Ruslan precisa comparecer e fazer o papel de pai durante a cerimônia, conversar com seu futuro genro pra saber suas intenções com sua filha, etc...

Mexeram com a filha do homem errado!

O problema inicia quando a casa onde todos estão é invadida por mascarados e uma desgraça acontece. Casamento cancelado! Ruslan agora precisa reviver na pele o seu passado para descobrir a merda que aconteceu, isso inclui os ingredientes de sempre da boa e velha fórmula de um Steven Seagal's movie: brigas em bar, braços quebrados, vidros estraçalhados, muito tiro e até usar os corredores de um hospital como um verdadeiro campo de guerra... o que mais posso querer em um filme do sujeito?

Mais sobre Seagal e seus filmes aqui.

5.2.10

Hoje tem CINE TERROR NA PRAIA

Oportunidade única e sensacional aos meus conterrâneos! Hoje inicia uma mostra organizada pela trupe de Rodrigo Aragão, diretor de MANGUE NEGRO, onde serão exibidas produções locais de gênero fantástico, além de outras atrações. Confira a programação a baixo. O Dementia 13 estará presente, com certeza!

5 de fevereiro, sexta-feira
20h00 Guarapari Trash Part I: Águas da Vingança • Cachorro do Mato • Balada Sangrenta • Peixe Podre • Chupa Cabras
22h00 Recurso Zero Produções: Gato • Junho Sangrento • O Assassinato da Mulher Mental • Minha Esposa É um Zumbi
23h30 Sessão Maldita: À Meia-Noite Levarei Sua Alma

6 de fevereiro, sábado
20h00 Guarapari Trash Part II: Águas da Vingança 2: A Vingança • Cachorro do Mato 2 • Peixe Podre 2 • O Massacre da Espada Elétrica • Eve
21h00 Sessão Seu Osório
22h00 Estranho Sul: Quarto de Espera • Quiropterofobia • Cortejo Negro • João Ninguém • Sessão das Oito • Zombio
23h30 Sessão Maldita: Zombie

7 de fevereiro, domingo
20h00 Sangue Capixaba: Vampsida • Rito de Passagem • A Lenda de Proitner
21h30 Premiados CineFantasy: Manual Practico del Amigo Imaginário • Forecast • Porque Hay Cosas Que Nunca Se Olvidan • El Hombre de la Bolsa • DVD • A Última Noite • Romance

3.2.10

FÚRIA SILENCIOSA (Silent Rage, 1982), de Michael Miller

Um dos meus filmes preferidos do Chuck Norris é FÚRIA SILENCIOSA. É também um dos filmes mais estranhos do homem. Uma híbrida junção de slasher movie oitentista com uma pitada de sci-fi e os filmes de porrada que Norris estrelava naquela época, inclusive o seu personagem é o habitual xerife casca grossa de uma pequena cidade americana.

O filme inicia na casa de um sujeito de família. Claramente perturbado, ele pega um machado e faz sua esposa de picadinho. O xerife é chamado e depois de uma luta corpo a corpo com o sujeito, consegue prendê-lo. Os elementos bizarros começam a surgir nesse momento. Ainda algemado dentro carro, o moço quebra as correntes, arranca a porta do carro com um chute e o espectador fica sem reação com a força descomunal do homem, que precisa ser parado à bala!

Chuck Norris mais uma vez é o xerife durão!

O cara acaba morrendo na mesa de operações do hospital, onde os médicos ainda tentavam salvá-lo. A partir deste ponto, nota-se que estamos diante de um filme diferente estrelado por Norris. O sujeito, na verdade, era uma cobaia de uma experiência médica que reconstrói os tecidos humano rapidamente, igual ao Wolverine. Dois médicos resolvem ressuscitar o cadáver com uma dose do medicamento ainda em teste, o que eles não imaginavam é que, após acordar, o sujeito se tornaria uma máquina de matar com uma super força e invulnerável.

Cenário de Suspíria ou um filme do Mario Bava?

É isso mesmo, meus caros, por incrível que pareça Chuck Norris enfrenta uma espécie de zumbi em FÚRIA SILENCIOSA! Ron Silver interpreta um médico que se opôs aos seus colegas nas experiências em interferir com o destino do morto. Como na filosofia desta espécie, a criatura acaba matando seus criadores. Aliás, o ressuscitado acaba matando quase todo o elenco, exatamente como os slashers oitentistas. Ele só não contava com os roundhouse kick’s de um certo xerife.

roundhouse kick na cara!

Tirando uma cena de briga de bar, onde Norris enfrenta uma gangue de motoqueiros, toda narrativa de FÚRIA SILENCIOSA é tratada como um filme de suspense. O diretor Michael Miller optou por longos planos, especialmente dentro de ambientes fechados, e não são poucos os momentos onde o assassino com um objeto cortante espreita atrás de alguma vítima, com direito a câmeras subjetivas e atmosfera típica do terror da época.

A briga no bar é inserida de forma nada orgânica. Apenas para que o ator possa dar uma demonstração de suas habilidades de defesa corporal e também para os fãs que esperavam um filme de mais ação não saiam reclamando que o filme é uma merda completa. Ou talvez estava no contrato e o diretor só percebeu depois que já havia feito um filme de terror. “Diretor, quando é minha cena de luta?” “Hã?!”. Mas a sequência é excelente, diga-se de passagem...

Chuck Norris paquerando.

Momento de amor...

O filme tem ótimos momentos, como o videoclip ao som de uma canção romântica e imagens de amor entre Norris e sua garota. É um momento de amor, o cara também tem coração. E claro, temos o grande final com o confronto entre o herói e a figura bizarra que não morre. Norris mete chumbo grosso, joga o sujeito pela janela do sexto andar, um carro explode com o homem dentro e nada. O jeito foi resolver no tapa mesmo!

FÚRIA SILENCIOSA é um filme fascinante para quem acha que já viu de tudo. Vale a pena uma conferida!