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9.9.09

ALGUÉM ATRÁS DA PORTA (Quelqu'un derrière la porte, aka Someone Behind the Door, 1971), Nicolas Gessner

Assisti a vários filmes durante o feriadão (o meu feriado foi mais prolongado, começou na quinta passada e só hoje voltei a trabalhar), mas dentre os vistos, o que mais me impressionou foi este suspense psicológico, que eu achei num sebo em BH por 10 mangos, no qual temos Charles Bronson dividindo a tela com Anthony Perkins e Jill Ireland (na época, esposa do Bronson). Na verdade, o protagonista de ALGUÉM ATRÁS DA PORTA é Perkins, que interpreta um médico que resolve levar um paciente amnésico (Bronson) para sua casa, isolada nas montanhas de algum lugar litorâneo da Inglaterra, para lhe fazer uma terapia mais intensiva.

Mas o andamento da estória nunca deixa muito claro quais são as verdadeiras intenções do médico, inclusive, a principio, eu cheguei a pensar que o personagem de Perkins fosse homossexual (e era, na vida real), mas logo o próprio enredo descarta essa possibilidade mostrando a esposa do sujeito (Ireland) que se prepara para sair em uma viagem habitual. Então os planos são outros, e a coisa é intrigante, isso eu garanto. Mas não digo mais nada para não estragar a surpresa.

O diretor húngaro Nicolas Gessner mantém um suspense legal até determinado ponto, quando finalmente a motivação do protagonista começa a clarear-se. Nada que possua uma originalidade estupenda no objetivo do médico, e que já foi abordada milhares de vezes no cinema sob a batuta da busca do "crime perfeito", mas compensa tranquilamente toda a ambiguidade da trama, principalmente quando temos dois grandes atores contracenando com uma firmeza interessante.

Perkins está estranho e ótimo como sempre, mas a grande maioria vai se surpreender é com a atuação do velho Bronson, em plena fase européia (o filme é uma produção francesa), numa performance de verdade, convencendo como um homem que sofre de amnésia. É um filme perfeito para calar a boca de qualquer um que só viu as tralhas da Cannon que o Bronson fez nos anos 80 e pensa que ele só fez aquele tipo de filme / personagem (e que eu também adoro, diga-se de passagem, por pior que sejam).

Outros filmes que vi no feriado incluem A ILHA DOS HOMENS PEIXES, do Sergio Martino; RATOS: A NOITE DO TERROR, do Bruno Mattei; INFERNO CARNAL, do Mojica e uma revisão de THE TOXIC AVENGER, do Lloyd Kauffman.

3.10.08

THE LIFE AND TIMES OF JUDGE ROY BEAN (1972)


diretor: John Huston
roteiro: John Milius

Em homenagem ao Paul Newman, que faleceu recentemente, fui procurar no meu acervo alguns filmes dele que eu ainda não tivesse visto. O único que encontrei foi The Life and Times of Judge Roy Bean, dirigido pelo mestre John Huston. Sendo assim, não precisei nem ter o trabalho de escolher e foi muito recompensador, principalmente porque atualmente tenho lido bastante os quadrinhos do TEX e tem me dado uma vontade enorme de assistir um bom e velho western e claro, por causa do próprio Paul Newman numa belíssima interpretação, digna da galeria de personagens que viveu ao longo de sua carreira.

O roteiro escrito pelo grande John Milius (que anos mais tarde viria comandar a produção Conan – O Bárbaro) trata da vida do juiz Roy Bean, vivido por Newman, cujos princípios básicos se resumem em colocar todo criminoso à forca, sem importar-se com a gravidade do crime, e a bela Lillie Langtry, uma atriz de Nova York que estampa com diversos cartazes as paredes de um local que serve de bar, corte jurídica e moradia do juiz na pequena cidade de Vinegaroon, onde acompanhamos o crescimento ao longo do tempo e que serve de metáfora para analisar um período de transformação na formação da civilização americana.


Elogiar o trabalho de Paul Newman seria o mínimo a se fazer. Seu personagem ganha uma forma física e mental que poucos atores poderiam conceber com tanto carisma, humor e profundidade dramática (Talvez um Steve MacQueen agüentasse o tranco). Vale destacar ainda o elenco composto por figuras ilustríssimas como Anthony Perkins, no papel de um reverendo que surge no início do filme narrando sua passagem direto pra câmera, olhando para o público, algo que acontece várias vezes durante o filme com outros personagens. O próprio diretor John Huston como um sujeito bizarro que deixa um urso de presente ao Juiz, além de Jacqueline Bisset, Roddy McDowall, Ned Beatty, Richard Farnsworth e a bela Ava Gardner fazendo uma participação como Lillie Langtry, a musa do protagonista.

Roy Bean não é um western convencional. Desde o início percebe-se um tom despretensioso na narrativa que logo alcança um ar estilizado já no primeiro tiroteio. Não é um filme de muita ação, mas quando acontece, Huston parece não se importar muito com verossimilhanças, mas sim em dar a sensação de uma lembrança antiga, como uma história que foi contada de geração em geração até se tornar uma lenda que ultrapassa os limites da realidade. Não é a toa que Huston foi um dos grandes mestres do cinema americano e cada filme é uma descoberta de como ele estava extremamente lúcido em seus últimos filmes, talvez até mais que no início de carreira.