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2.4.10

RAJADAS DE FOGO (Once a Thief, 1991), de John Woo

Acabo de ligar a TV e está passando este filme do John Woo no MaxPrime neste exato momento. Escrevi sobre ele no Dia da Fúria e vale a pena reproduzir aqui, porque RAJADAS DE FOGO tem uma certa importância especial para a carreira de John Woo, não em relação ao filme em si, mas por proporcionar a continuidade de seu trabalho no cinema da maneira como ocorreu. Woo havia acabado a parceria com Tsui Hark; montou sua própria produtora cujo primeiro filme, BALA NA CABEÇA, embora seja um de seus melhores filmes, não foi um sucesso comercial; precisava urgentemente de um material seguro, que não precisasse correr riscos e que tivesse um bom retorno financeiro. Contratou dois atores com quem já havia trabalhado antes e que possuíam grande apelo popular, Chow Yun-Fat e Leslie Cheung; desenvolveu uma estória simples sobre roubo de obras de artes; incrementou com cenas de ação eletrizantes e acrescentou toques de melodrama adicionados de um humor pastelão. Acabou acertando em cheio.

RAJADAS DE FOGO é um dos filmes mais comerciais de Woo, um interessante híbrido de ação e comédia que garantiu um público amplo nos cinemas. Apesar de algumas situações de comédia não funcionarem tão bem no meio dessa mistura toda, os atores estão ótimos, em especial a dupla protagonista, com o falecido Leslie Cheung bastante carismático e Chow Yun Fat totalmente à vontade em seu papel, carregando boas doses dramáticas e cômicas durante o decorrer da estória. E ainda há a bela Cherie Chung se colocando no meio do triângulo amoroso, embora a força narrativa se concentre na amizade dos dois protagonistas. RAJADAS DE FOGO, no fim das contas, não chega a ir muito longe dentro da filmografia de Woo, mas é um entretenimento agradável que atende as expectativas do publico menos exigente e não deixa de divertir os fãs do diretor. O filme rendeu quatro vezes a mais que BALA NA CABEÇA, permitiu que Woo realizasse sua obra prima, FERVURA MÁXIMA, e preparasse o seu exílio nos Estados Unidos.

15.2.09

BULLET IN THE HEAD (1990), de John Woo

É chover no molhado dizer isto, mas o John Woo é destes casos de diretores cuja carreira desanda para uma irregularidade cretina após deixar seu país natal. Gosto de alguns filmes hollywoodianos do cara (A ULTIMA AMEAÇA, FACE OFF...), mas na minha opinião, nem o melhor deles consegue chegar aos pés de qualquer filme “hong kongiano” entre os que assisti. BULLET IN THE HEAD foi o ultimo que eu matei e a reação é a mesma de THE KILLER e HARD BOILED. filmaço!

A situação aqui é bem ambiciosa e concentra-se em três amigos (Jacky Cheung, Tony Leung e Waise Lee) muito próximos que vivem na China em meio às manifestações sociais, a miséria e a criminalidade. Quando um deles comete um assassinato, os três decidem fugir do país e vão para Saigon em plena Guerra do Vietnã. Lembrou-me um bocado de O FRANCO ATIRADOR, do Michael Cimino (principalmente na cena do “campo de concentração” vietcong), mas no formato de um pequeno épico de ação com incríveis momentos de violência extrema.

Essa ambição de Woo está ligada na quantidade de temas que o sujeito tenta abordar num mesmo filme (amizade, cobiça, vingança, consequencias psicológicas da guerra, etc, etc...), ao mesmo tempo em que recheia a coisa toda com cenas de ação espetaculares e realiza o belíssimo trabalho de composição de quadros e movimentos de câmeras dos quais nos acostumamos, e que funciona muito bem, pois o diretor só deixa esses temas se esgotarem o tempo suficiente para que as balas das armas comecem a cuspir freneticamente.

3.1.09

Dupla sessão: John Woo

Uma das promessas em 2009 é tentar assistir mais John Woo. Não só ele, na verdade, mas também o Clint Eastwood, Budd Boetticher, Jacques Tourneur, Castellari, Aldrich, ih! A lista vai longe...

HARD BOILED (92) já faz um tempinho que eu vi, então me dêem um desconto, ok? Vou apenas passar o que eu me lembro. Primeiro, a observação óbvia de que este é o ultimo filme que Woo dirigiu em Hong Kong antes de ir pra Hollywood. Minha opinião: não sou muito fã dos filmes americanos dele. O ALVO é regular (Van Damme de mullets!), A ULTIMA AMEAÇA é bonzinho, o único que eu gosto realmente é A OUTRA FACE, daí pra frente ou é porcaria ou não vi. Já os filmes de Hong Kong, vi pouquíssimos. Mas voltando ao HARD BOILED, que maneira de se despedir de sua terra natal! Puxa vida! É uma verdadeira obra prima do cinema de ação. O filme inteiro é frenético e Woo demonstra total maestria na composição de cada cena, enquadramentos, movimentação de câmera, slow motion, inclusive os fogos de artifício, a pirotecnia, parece tudo sobre controle. O final é uma doas coisas mais lindas do cinema de ação. Filmado dentro de um hospital em apenas 35 dias, sem story boards ou planejamentos burocrático, é uma verdadeira aula de arquitetura de imagem em movimento.

O outro que eu queria falar é o THE KILLER (89), que assisti recentemente. E também é uma belezura! Eu achei inferior a HARD BOILED, mas acho que só de dizer que é “inferior” a alguma coisa, eu já merecia uma paulada na cabeça. Digamos então que é menos maravilhoso que o outro. É um filme que faz questão de se concentrar nos conflitos psicológicos de seus protagonistas, um assassino sentimental e um policial com fortes laços de amizade com seu parceiro, ambos se confrontam e depois unem forças contra a Tríade. Alguns momentos o filme deságua num belo melodrama, mas ainda assim é tão frenético quanto o outro em termos de ação. O tiroteio final na igreja é espetacular, o ambiente lânguido, cheio de velas e pombos brancos sobrevoando o balé de corpos em tiroteios sangrentos em slow motion. Igreja, pombos, sim, ele repetiu essa mesma ambientação em A OUTRA FACE, mas aqui a coisa pega fogo com muito mais intensidade.

Os dois filmes têm em comum o lance dos personagens de lados opostos que se unem em cumplicidade para combater o mal. No primeiro, dois policiais (um deles infiltrado sem que o outro saiba); no segundo, assassino e policial depois de trocarem balas acabam se unindo como forma de compartilhar os sofrimentos do outro e lutar contra os bandidos. Duas formas interessantes e totalmente diferentes de contar a mesma história, tratar dos mesmos temas, com personagens similares... John woo poderia ter feito mais uns quatro, cinco filmes com essa mesma variação de argumento, provavelmente todos seriam geniais.