31.10.11

HALLOWEEN (1978)

 
Em 2010 comentei quase todos os filmes da série HALLOWEEN. O primeiro deixei de fora porque, como já disse antes, não sou muito chegado em escrever sobre as obras primas já celebradas que existem por aí, prefiro comentar umas coisas obscuras e de qualidade duvidosa. Acho mais divertido. E eu considero HALLOWEEN, do John Carpenter, um filminho simplesmente GENIAL, mas para finalizar o mês especial de horror (que foi bem fuleiro, na verdade), vou arriscar alguns comentários, já que revi pela milésima vez há alguns dias.

E só pra provar o efeito que este filme teve, basta observar o seu sucesso comercial. Com um orçamento de cerca de 300 mil dólares, arrecadou uns 60 milhões, tornando-se a produção independente mais lucrativa do cinema americano na época. Ou, como sabemos, basta assistir e comprovar que se trata de uma das experiências mais fascinantes dentro do gênero.

A trama, se formos parar pra analisar, é um fiapinho de nada sobre um assassino maluco e mascarado à solta numa pequena cidade na noite de Halloween, aterrorizando adolescentes. O que acontece é que essa historinha foi transformada, nas mãos de John Carpenter, numa verdadeira aula de cinema, com uma assustadora coreografia de câmeras, iluminação, trilha sonora, em uma sucessão de planos/imagens que absorve o espectador num universo de horror de maneira única.

HALLOWEEN
cria um dos principais ícones do slasher americano, o serial killer Michael Myers, que é apresentado neste primeiro filme como um garoto que, no Dia das Bruxas, resolveu pegar uma faca e descobrir como era sua irmã mais velha... por dentro. Tudo filmado num plano sequência de grande força visual, com uma câmera subjetiva onde nós adquirimos o olhar do precoce assassino. Após dez anos de confinamento num manicômio, Michael foge e retorna para Haddonfield para aterrorizar e fazer novas vítimas. Uma delas é Laurie, Jamie Lee Curtis, que consegue sobreviver, mas na sequência descobrimos que ela é a irmã de Myers. O meu personagem favorito da série é o Dr. Loomis, encarnado pelo grande Donald Pleasence. O sujeito caça Michael Myers como Van Helsing caça vampiros, porque após anos e anos de estudos como psiquiatra de Michael, Loomis parece ser o único com a noção de perigo que é ter o Myers à solta zanzando por aí e a forma como demonstra isso com o seu desempenho expressivo é sensacional. Não só neste, mas em quase todos os filmes da série em que o personagem aparece.

Mas o grande destaque de HALLOWEEN e que o eleva ao status de clássico é mesmo a direção de Carpenter, com todo o trabalho de câmera e apuro visual, que eu não canso de elogiar, proporcionado por uma das principais influências do diretor: Dario Argento. Sim, tanto pelo uso da câmera subjetiva quanto pela estilização visual das cores e iluminação, fica claro, especialmente aqui, que Carpenter toma algumas características de Argento para formar seu estilo próprio - pega muita coisa emprestado de Howard Hawks também, inspiração óbvia do Carpinteiro. E o resultado visto na tela, somado à estranha e minimalista trilha sonora, cria um clima de puro horror e tensão, praticamente estabelecendo um padrão para este tipo de produto. Quase todos os elementos que conhecemos dos slasher movies nasceram aqui, em HALLOWEEN. E, para finalizar, todos os HALLOWEEN’s em estrelinhas:

HALLOWEEN (1978) * * * * *
HALLOWEEN II (1981) * * * *
HALLOWEEN III (1983) * * * *
HALLOWEEN IV (1988) * * *
HALLOWEEN V (1989) *
HALLOWEEN VI (1995) * *
HALLOWEEN H20 (1998) * *
HALLOWEEN – RESSURREIÇÃO (2002) *
HALLOWEEN – O INÍCIO (2007) * * *
HALLOWEEN II (2009) Nunca vi

22.10.11

VINCENT PRICE na tela grande

Uma pequena pausa nos textos de recomendações dos amigos leitores, mas sem fugir do tema do mês do horror aqui no blog, até porque eu não vou conseguir escrever sobre todas as sugestões nestes últimos dias do mês. Mas não se preocupem, enquanto este espaço existir, vou continuar considerando as dicas e de vez em quando posto algumas. Mas aconteceu algo bem legal na minha cidade esta semana, um tanto inédito, uma pequena mostra que serviu pra dar esperança a este pobre capixaba amante de cinema. O SESC trouxe a Vitória alguns filmes da mostra nacional que comemora o centenário de Vincet Price e fui conferir duas pérolas na telona. Por falta de tempo, teria ido a semana inteira, mas valeu a pena assistir a estes:

O SOLAR MALDITO (1960)

Simplesmente um dos filmes de horror mais importantes da história do cinema. Pode até não ser o meu favorito da parceria entre Price e o diretor Roger Corman, mas é um belíssimo exemplar e foi a primeira adaptação da obra de Edgar Allan Poe realizada pela dupla, dando início a uma série de fitas notáveis durante a década de 1960.

Embora Corman consiga se aventurar com precisão no universo e espírito atmosférico de Poe, O SOLAR MALDITO não é exatamente fiel ao texto, o que seria meio complicado de fazer. A trama se resume na chegada de Winthrop (Mark Damon) na propriedade de Roderick Usher (Vincent Price) cuja irmã, Madeline, está destinada a ser sua noiva. O problema é que Roderick é rebugento pra cacete, completamente obcecado por uma suposta maldição que percorre a linhagem dos Ushers e faz de tudo para atrapalhar os dois pombinhos. Inclusive, consegue convencer a sua irmã de que realmente suas vidas estão execradas.

O filme consagrou o estilo genial e singular de direção de Roger Corman. Econômico, trabalhando com orçamentos apertados, ao mesmo tempo charmoso e sofisticado, fazendo uso das cores com inteligência, criando atmosferas pertubadoras, se virando com todo tipo de recurso que conseguia e com muita criatividade. E, por fim, temos Vincent Price em mais um espetacular desempenho. Não só neste aqui, mas toda a sua participação no ciclo significou a sua consagração como um dos gigantes do gênero! Como Roderick Usher, sua atuação só perde para Prospero, o maléfico príncipe de A ORGIA DA MORTE, na minha opinião.

MADHOUSE (1974)

Este aqui foi uma descoberta e tanto. Nunca tinha visto e nem lido muito a respeito. MADHOUSE já foi lançado no Brasil com o título A CASA DO TERROR, embora não haja nenhuma “casa do terror” na trama, mas é de fácil assimilação ao gênero e dá um ar de picaretagem pra chamar público. Eu gosto mesmo é do outro título dado ao filme aqui no Brasil: DR. MORTE! É assim que foi lançado em DVD e é este o nome do personagem de Vincent Price no filme (dentro do filme), que é uma autêntica homenagem à sua própria carreira como ícone do horror!

A história, em suma, é sobre um velho astro americano de filmes de horror (Price) contratado por um produtor da TV britânica para ressucitar seu célebre personagem, o tal Dr. Morte, num seriado para a televisão inglesa. Misteriosamente, o mundo da fantasia começa a se misturar com a realidade, numa trama bizarra de violentos assassinatos. Na verdade, o enredo é bem bobinho e não tarda para que o espectador mate a charada de uma vez, que é bastante óbvia, por sinal. A direção, do veterano Jim Clark, não preza por originalidade, mas é segura e se inspira em elementos do giallo, especialmente nas cenas de suspense e morte.

Mas o que realmente faz a fita valer a pena é a magnífica atuação de Vincent Price, uma espécie de caricatura de si mesmo, mais expressivo do que nunca. E quando Price contracena com Peter Cushing, não tem pra ninguém! A sequência final, apesar de totalmente ilógica, tem um puta clima surtado, digno de um Mário Bava. Os créditos iniciais ainda prometem “participações especiais” de Basil Rathbone e Boris Karloff. Eles realmente aparecem, só que contracenando com Price em antigos filmes, como O CORVO, por exemplo, que são projetados como se fossem filmes do Dr. Morte.

Enfim, MADHOUSE era um deliciso horror à moda antiga já nos anos setenta e até hoje mantém essa impressão. Foi realmente um prazer ter assistido pela primeira vez na tela grande, mesmo com projeção vagabunda de DVD. Valeu a pena e tomara que não seja o último evento do gênero por aqui.

20.10.11

LIFEFORCE (1985)

Quando assisti a LIFEFORCE há alguns anos, acho que na globo, fizeram o favor de cortar justamente algumas ceninhas que teriam me agradado mais na época. Acabei achando apenas uma ficção científica bacana, com uma história bagunçada e logo apaguei da memória. Revendo hoje, com um olhar um pouco mais maduro e, obviamente, a versão uncut, descubro uma autêntica obra prima do horror sci-fi da década de oitenta subestimadíssima!

E bons tempos quando colocavam muita grana nas mãos de gente talentosa pra fazer o que quiser… claro que isso já levou estúdios à falência, mas também acontecia filmes como LIFEFORCE, uma megaprodução pra época, fiasco de bilheteria pra variar, mas contava com roteiro de Dan O’Bannon e direção de Tobe Hooper; cada centavo investido é visto na tela em efeitos especiais de ponta, muita maquiagem, animatronics, maquetes realistas, bons atores e mesmo com a pompa de superprodução, acho que ninguém se importou em ter uma personagem transitando pelada por todo o filme (as tais cenas que a globo cortava…).

Além disso, é um filme muito britânico. Não por simplesmente se passar na Inglaterra, com todo aquele sotaque e os volantes dos veículos à direita, mas várias características, o estilo visual e a atmosfera típica do cinema britânico são impressos em LIFEFORCE. Se realizado nos anos 60, poderia ser uma produção da Hammer e faria uma bela double feature com UMA SEPULTURA PARA ETERNIDADE, do Roy Ward Baker. Não há indícios de que ele tenha sido dirigido por um texano e produzido pelos israelenses da Cannon.

A trama é bem simples, mas a forma como as coisas transcorrem é que deixa uma impressão de bagunça narrativa, mas até isso é um charme a mais, até porque a história é pretensiosa, mas Hooper mantém sempre os pés no chão. Em uma missão espacial, uma nave enorme e estranha é encontrada na cauda do Cometa Haley. Um grupo de astronautas entra no misterioso objeto voador e encontra restos de criaturas semelhantes a morcegos em uma escala maior. Encontram também três corpos humanos em ótimos estados, mantidos em caixões de vidro. A merda bate no ventilador quando esses corpos são levados pra Terra, acordam e começam a sugar e infectar a força vital de suas vítimas, transformando-as numa mistura de vampiros com zumbis!

Algumas sequências dessa sandice toda são antológicas, como a que Patrick Stewart faz a sua participação. E nada me tira da cabeça a imagem de Mathilda May, a vampira chefe, completamente nua zanzando pelos cenários… ai, ai… Mas como não é apenas isso que me interessa, destaco também o final, tenso pra cacete! De uma intensidade impressionante e belas imagens de puro horror. As ruas de Londres infestadas de vampiros/zumbis e almas sendo sugadas percorrendo o ar em fachos de luz, ao mesmo tempo em que rola um sexo artístico entre a vampira e o protagonista numa igreja... uma coisa linda!

LIFEFORCE é conhecido aqui no Brasil como FORÇA SINISTRA e foi lançada em DVD, vejam só, na versão uncut! Este exemplar já se esgotou e hoje é ítem raro e quem comprou na época, teve sorte grande!

16.10.11

CANNIBAL! THE MUSICAL (1993)


Outro filme sugerido para o mês de horror aqui no blog foi este CANNIBAL! THE MUSICAL… er, embora não se enquadre muito bem ao gênero. Na verdade, foi realizado pelos criadores do desenho South Park, a dupla Trey Parker e Matt Stone, então seria um equívoco esperar algo sério por aqui, mas isso pouco importa! O filme é delicioso, estranho, engraçado e com altas doses de gore! As filmagens aconteceram quando os dois dementes ainda eram alunos do curso de cinema na Universidade do Colorado e algum tempinho depois a produtora Troma resolveu lançar essa tralha pelo mundo à fora.

E fizeram um bem danado! Lembro que perdi a chance de comprar o DVD quando fui na Master Class do Lloyd Kauffman em São Paulo, porque, se não estou enganado, o Felipe M. Guerra pegou o último exemplar que tinha à venda e eu acabei tendo que me contentar com o obscuro DEF BY TEMPTATION, que também deve ser uma maravilha… tem o Samuel L. Jackson no elenco e é dirigido por um cara chamado James Bond III!!! Quando eu der uma espiada, eu comento por aqui.


Mas voltando ao CANNIBAL, trata-se de um bizarrento musical que mistura elementos verídicos da história americana, western, aventura e, claro, antropofagia, como o título já indica, com direito à várias sequências grotescas de violência trash. O enredo segue a jornada de Alfred Packer, um ingênuo cowboy, com uma paixão animalesca por sua égua, que acaba se transformando no guia de uma expedição de seis homes em busca de ouro pelos confins dos Estados Unidos. Durante o percurso, uma galeria de personagens hilários cruza o caminho do grupo e várias atribulações comprometem a missão. O problema é que Packer é o único a retornar com vida da jornada e acabam lhe acusando de comer, literalmente, seus companheiros de viagem.


Momento desabafo: acho que o gênero comédia, de uma forma geral, se tornou um troço meio intragável a partir de determinado período, quando o politicamente correto parece ter virado um consenso. Por isso é sempre legal celebrar uns exemplares libertos, ácidos e com personalidade, como CANNIBAL, filme sem grandes pretensões, mas com um humor peculiar e ousadia de sobra! Uma pena Parker & Stone terem feitos  poucos trabalhos para cinema...

Parker, em especial, é um talento fora do comum e em CANNIBAL ele escreve o roteiro e todas as canções, dirige, estrela com muita desenvoltura e até empresta a sua voz nas cenas de cantoria. Matt Stone também dá a sua contribuição como produtor, roteirista e interpreta um dos caçadores de ouro. O resto do elenco é quase todo formado por amadores e mandam muito bem… inclusive Stan Brakhage também marca presença. Sim, o mestre do cinema experimental era professor da dupla na época. Tenho a impressão de que não era bem isso aqui que o sujeito esperava de seus aplicados alunos.

13.10.11

THE HOUSE ON THE EDGE OF THE PARK (1980)

Não faz muito tempo que vi THE HOUSE ON THE EDGE OF THE PARK, do Ruggero Deodato, considerado, entre tantas, uma versão “italiana” do THE LAST HOUSE ON THE LEFT, do Wes Craven, que, por sua vez, é uma refilmagem exploitation de A FONTE DA DONZELA, de Ingmar Bergman. De fato, há algumas semelhanças entre o filme do Deodato com o do Craven, mas o que realmente define a ligação entre as duas obras é a presença do ator David Hess encarnando personagens extremamente parecidos em ambas produções. Hess morreu há menos de uma semana e deixou sua marca como uma lenda do gênero, agora se tornou obrigatório um textinho deste filme em sua homenagem.

A sequência inicial dos créditos é  uma maravilha, demonstrando o que podemos esperar de Alex, o mecânico desempenhado por Hess. Dirigindo pelas ruas da cidade à noite, o sujeito não perde a chance de paquerar a gatinha do carro ao lado, o problema é que o cara é um maluco psicótico e a diversão termina com estupro seguido de assassinato. Na trama, Alex e seu comparsa Ricky (Giovanni Lombardo Radice), por algum motivo obscuro, acabam convidados para uma festa particular na casa de umas figuras da alta sociedade e decidem apimentar o evento tomando os anfitriões e convidados como reféns, submetendo-os a uma longa noite de torturas e humilhações.

Pra quem nunca viu o filme, mas já conhece a reputação do diretor, notório pelo clássico CANNIBAL HOLOCAUST e pela violência gráfica de seus trabalhos, um projeto como THE HOUSE ON THE EDGE OF THE PARK pode gerar uma expectativa equivocada. Não são poucas as resenhas espalhadas pela internet colocando o filme pra baixo, por causa, talvez, de um esperado banho de sangue espirrando na tela, muito gore e visceras e etc… Ok, temos algumas sequências sangrentas, pertubadoras e sádicas, como não poderia deixar de haver, mas nada que chame a atenção, com exceção da cena em que Hess desfere alguns cortes de navalha no corpo de uma jovem, cantarolando “Cindy, Oh, Cindy”.

Talvez o estigma de filme barra pesada se deva também às censuras e cortes que sofreu na época, colocando-o na famosa lista dos video nasties. Mas em termos de visual, é bem leve, Deodato preferiu trabalhar mais um elaborado e lento jogo de tensão psicológica com os personagens do que o grotesco visual.

Particularmente, aprecio o filme. Não acho uma obra prima, mas adoro as escolhas do diretor, especialmente por seguir o caminho das tensões sexuais, explorando a nudez das atrizes em situações extremas. Também é impossível ficar indiferente em relação às performances de Hess e Radice, ambas geniais. E nem mesmo a reviravolta exageradamente forçada que o roteiro criou para justificar toda essa sandice ao final compromete o restante… aliás, este é um dos principais pontos dos detratores para falar mal do filme. Recomendo uma espiada pra ver de que lado vocês ficam...

8.10.11

RIP DAVID HESS (1942 | 2011) †

MIDNIGHT MOVIE MASSACRE (1988)

Ok, justamente quando pedi aos amigos leitores dicas e sugestões de filmes para o mês de horror de outubro, o tempo fechou por aqui com o trabalho e fiquei mais apertado que nó de soga em dia de chuva… com exceção deste MIDNIGHT MOVIE MASSACRE, não consegui parar para ver ou rever as outras recomendações ainda, mas vou atendendo aos pedidos na medida do possível. Então vamos começar com esta pérola aqui mesmo, também conhecida como ATTACK FROM MARS, uma simples, mas entusiasmada, homenagem aos b movies de horror e ficção científica dos anos 50, com muito humor e gore mal feito, e que não deixa de ser uma celebração àquela época quando ir ao cinema havia outra essência, a qual se perdeu completamente nos dias atuais…

Dirigido pela dupla Laurence Jacobs e Mark Stock, o filme é uma sucessão de situações acontecendo dentro do cinema durante uma sessão de um sci-fi nos anos 50, com uma variedade enorme de estereótipos forçados, sem protagonistas definidos. Temos os nerds (um deles começa a ter visões de uma loira gostosa), o casal beijoqueiro, a gorda comilona de pipoca com o marido magricela, os bad boys, o carinha que só pensa em traçar a namorada, e por aí vai... Todos reunidos em frente à telona.

Ao mesmo tempo, acompanhamos o filme dentro do filme, um ridículo exemplar de ficção científica onde um grupo de pratuleiros das galáxias persegue um cientísta maluco pelos confins do universo até chegar na terra, onde enfrenta robôs feitos de lata velha. A princípio, a produção de MIDNIGHT MOVIE MASSACRE fora iniciada com a idéia de que… er, este filme, dentro do filme, fosse o filme mesmo! Mas se o material filmado a partir disso realmente fosse o produto final, seria um troço extremamente constrangedor e de mal gosto. Felizmente alguém teve a idéia salvadora de transformar o filme em um filme dentro do filme… er… deu pra entender? E pra complementar essa mistura filosoficamente metalinguística, uma espaçonave realmente paira sobre o cinema e um alienígena esfumacento – e com uma cavidade bucal em forma de vagina de idosa – começa a aterrorizar a todos que entram em seu caminho estraçalhando um a um dentro do cinema.

As cenas de gore são engraçadas, quase sempre mostrada em closes, com sangue espirrando nas paredes e objetos, membros decepados feito com material porco de papelaria, mas acabam dando um efeito razoável e sincero, levando em consideração o baixo orçamento. As idéias é que realmente importam, na verdade. A cena em que o menino, chupando um pirulito, entra na sala do gerente do cinema e o vê todo esquartejado é sensacional! E o climax final, o confronto entre o alien com a gorda comilona me fez revirar o estômago… ugh! A mulher realmente come de tudo!

 

MIDNIGHT MOVIE MASSACRE
poderia render algo de qualidade menos duvidosa se tivesse alguns atores reconhecíveis no elenco (temos pequenas participações de Robert Clarke e Ann Robinson), efeitos especiais mais elaborados e a direção de um Joe Dante, por exemplo, que poucos anos mais tarde fez algo parecido, o filmaço MATINEE. Mas é justamente os defeitos especiais, as péssimas atuações, a falta de pretensão e o climão trash por excelência que, visto no devido humor, dão o charme para esta divertida tralha dos anos 80.

4.10.11

OUTUBRO é o mês do HORROR!

Estou aceitando sugestões de filmes de terror que gostariam de ler no blog neste mês especial. Façam os seus pedidos nos comentários, sem restrições!

2.10.11

NO CODE OF CONDUCT (1998)

Não sei porque eu fui perder meu tempo com este NO CODE OF CONDUCT, filme policial cheio de equívocos e bem chato. Pensando bem, eu sei sim… qualquer fã de b movie que se preze arregalaria o olho vendo Charlie Sheen, Martin Sheen, Mark Dacascos, Paul Gleason e Joe Estevez reunidos num mesmo filme. Mas quebrei a cara achando que um elenco desses daria certo num roteiro vagabundo…

Charlie Sheen é um policial medíocre tentando provar o seu valor, sua mulher o despreza e seu pai (Martin Sheen) – e também o seu chefe na polícia – não gostaria que ele tivesse o mesmo destino dele, ou seja, que virasse um solitário policial de merda. Em uma noite, enquanto Charlie e seu parceiro, Dacascos, estão fazendo uma tocaia, acabam interferindo na investigação de seu pai contra uma gangue de traficantes de drogas, quando um dos membros pega uma policial disfarçada de prostituta. Agora que o caso das drogas escancarou, Charlie vê uma chance de mostrar que é um bom policial tentando resolver o caso, que é bem mais intricado que parece e envolve superiores corruptos dentro da força policial.

Sim, apesar de genérico, até parece uma trama interessante, mas na verdade é uma porcaria. A forma como se constrói os problemas da relação entre Sheen e sua esposa é de uma pobreza dramática impressionante. E o pior é que o roteiro insiste nessa subtrama, toma um tempo danado do filme e só serve pra encher o saco do espectador. É constrangedor.

Escrever uma história ruim, com diálogos ridículos é até perdoável quando somos recompensados com boas sequências de ação, violência exagerada ou gostosas de topless… Ok, não deixa de ter por aqui umas ceninhas de ação bacanas, mas é pouco. Um talento das artes marciais como Mark Dacascos sendo desperdiçado como um mero parceiro coadjuvante chega a ser ridículo. Por que não o colocaram pra dar uns chutes na cara de uns vagabundos numa briga de bar, por exemplo? É clichê, mas sempre funciona! Não há uma cena de luta durante todo o filme…

Charlie e Martin Sheen até tentam aproveitar seus papéis, mas o caso do primeiro é muito estranho, porque a sua situação dramática se desenrola de maneira tão idiota que fica complicado até uma aproximação com o personagem. Seu pai é um grande ator e mesmo numa furada como esta se sai bem, na medida do possível. Mas quem realmente vale a pena destacar é Joe Estevez, sempre ótimo. O problema é que ele aparece pouquíssimo e justamente numa cena onde plagiam na cara dura a cena da droga escondida no carro de OPERAÇÃO FRANÇA… bizarro. Assim fica difícil.

Foi lançado em VHS aqui no Brasil como CÓDIGO DE TRAIÇÃO.