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23.8.13

THE LOST EMPIRE (1985)


Antes de se tornar um dos diretores mais conspícuos do cinema classe B pós-80's, Jim Wynorski ganhava experiência e bagagem cinematográfica trabalhando como roteirista, escrevendo artigos sobre filmes de gênero em publicações como a Fangoria e estando sempre envolvido em várias produções do mestre Roger Corman. Quando chegou o momento de realizar seu primeiro trabalho como diretor, pegou os clichês de seus filmes favoritos e juntou com as suas obsessões próprias. O resultado é THE LOST EMPIRE, um sci-fi muito louco que mistura ninjas assassinos, artefatos mitsticos, um feiticeiro decano, terras desconhecidas, mulheres peitudas com figurinos provocantes e um elenco bem batuta!


O enredo é tão divertido quanto bagunçado e acho que não valeria a pena ficar explicando. Mas só prá dar um gostinho, digo que três beldades vão parar numa ilha comandada por um feiticeiro chamado Dr. Sin Do para descobrir porque o irmão de uma delas foi assassinado por um bando de ninjas. Lá acontece um torneio de artes marciais, ao mesmo tempo mulheres são mantidas escravas e, por fim, o Dr. possui planos diabólicos de combinar algumas pedras preciosas antigas que lhe darão poder para conquistar o mundo!



É Jim Wynorski prestando homenagem às coisas que tanto ele quanto nós adoramos no cinema grind house e exploitation. Percebe-se em THE LOST EMPIRE influências do próprio Corman, mentor de Wynorski e produtor de vários de seus filmes (incluindo este aqui), Jack Hill, Russ Meyer (pelas várias cenas de peitos de fora), e até filmes de espionagem estilo 007. Jim nunca foi um diretor estiloso, mas sempre demonstrou habilidade para filmar cenas marcantes, sexys e engraçadas, além de muita personalidade para trabalhar com vários rostos famosos dos filmes B. Analisando a carreira do sujeito, percebe-se um sutil amadurecimento no trabalho de direção, mas é incrível como Jim já tinha pulso firme pra fazer o que queria já nesta primeira experiência atrás das câmeras.


Outro detalhe que salta aos olhos neste debut é a quantidade de celebridades do cinema independente que conseguiram juntar em THE LOST EMPIRE. Isso é que dá ter Roger Corman como padrinho. Do lado feminino, várias musas do cinema classe B que nunca tiveram receio de tirar a blusa, como Melanie Vincz, Raven De La Croix (que trabalhou com Russ Meyer), Angela Aames, Linda Shayne e a deusa exuberante Angelique Pettyjohn. Na ala carrancuda temos Blackie Dammett (também conhecido por ser pai de Anthony Kiedis, vocalista da banda Red Hot Chilli Peppers), o fortão Robert Tessier e o grande Angus Scrimm, que faz o vilão Dr. Sin Do.

Hoje, Jim Wynorski já possui computada uma filmografia com mais de noventa títulos. Nem todos são bons, muito menos obrigatórios. Mas para quem se interessa por cinema independente de gênero, THE LOST EMPIRE é imperdível.

Mais alguns screenshots:






31.5.13

SORCERESS (1995)

Série Scream Queens/Femme Fatales #2: Julie Strain


Outro dia eu me preparei pra ver um filme que pudesse servir para homenagear a musa maior, Julie Strain, aqui nessa série. Já que SORCERESS, do Jim Wynorski, tem a moça estampada no cartaz, logo pensei “Fechado! É esse mesmo!”. Com dez minutos de projeção, deu para perceber que a Julie não seria a protagonista. Mas, isso não me abateu. Praticamente todas as cenas em que aparece sua presença encanta de maneira descomunal, especialmente pela ausência de pano sobre o corpo. E que corpo...  ai, ai...

Mas resolvi mantê-la como a homenageada da vez. Julie Strain nunca é demais! Uma das musas que mais me fascinou e que desde a época da adolescência já habitava os pensamentos dos trabalhadores braçais nas madrugadas de sábado para domingo ligados na Band nos anos 90.


Bem, como ela sai de cena muito rápido na trama de SORCERESS, é claro que outras beldades surgem para povoar a história, que é bem bobinha, centrada num grupo de bruxas que querem roubar os maridos uma das outras, a bruxa Fulana encarna no corpo de Ciclana e por ai vai. É sempre bom agradecer ao sujeito que inventou o botão de "passar pra frente", seja lá quem for, e usá-lo com moderação, parando nas cenas mais interessantes.

Como por exemplo quando Julie aparece, óbvio! Há uma sequência de sonho na qual rola um ménage à trois feminino que é de um teor erótico que chega a ser subversivo! Como se Joe D'Amato tivesse encarnado no Wynorski, que criou uma sequência realmente excitante... o problema dessa minha frase é que o D'Amato ainda estava vivo na época, mas enfim, é softcore da melhor qualidade!


No entanto, nem só de peitos de fora que SORCERESS é feito. É um filme que possui um pé no horror, com elementos sobrenaturais e há alguns momentos de suspense bem tensos para quem resolveu prestar atenção e embarcar na história. Especialmente no clímax final, com a ação paralela, um pouco de violência e... peitos de fora.

O elenco é outro destaque que ajuda a manter a atenção, mesmo quando as atrizes estão vestidas. Como Linda Blair, que vive uma das Bruxas. Mas não se preocupem, ela não tira a roupa em momento algum.


Já a deliciosa Rochelle Swanson, que merece uma futura homenagem aqui na série, faz um bom trabalho embelezando a tela, mostrando seus atributos...


Toni Naples, que fez vários outros filmes com o Wynorski nesse período, também marca presença.


E Kristi Ducati, uma playmate que teve uma curta carreira de "atriz", é quem encara a tradicional cena do banho, obrigatória em quase todos os filmes do Wynorski.


E não podemos deixar de mencionar William "Blacula" Marshall, Larry Poindexter (o herói do filme) , Michael Parks, Lenny Juliano (outro fiel colaborador do diretor) e a ponta de Fred Olen Ray como reporter de tv.

SORCERESS teve uma continuação dirigida por Richard Styles, um colaborador dos projetos de Wynorski nos anos 90. Julie Strain novamente aparece em grande destaque nas artes promocionais, resta saber se a participação dela é maior do que neste primeiro. O que é certo é que num futuro teremos mais dela por aqui.


11.1.12

AGENTE VERMELHO, aka Agent Red (2000)

Fim das férias! Veremos se vou conseguir manter a mesma frequência de atualizações… até porque ainda tenho alguns Dolph’s para comentar. E por enquanto estava fácil, os três últimos filmes do sueco que comentei aqui recentemente são filmaços de primeira linha, ótimos veículos para o ator demonstrar seu potencial como action heroe. Mas com uma filmografia com mais de quarenta trabalhos, é óbvio aparecer uns exemplares bem fraquinhos… AGENTE VERMELHO, por exemplo.

Mas fiquem calmos, nem tudo está perdido! O filme é de uma imbecilidade que, de tão ruim, pode soar engraçado e divertido para aquele espectador específico e vacinado, que sabe relevar os equívocos da fita e entrar no clima desta bobagem sem noção. O que vocês precisam saber inicialmente é que algo deu muito errado durante as filmagens com o diretor Damian Lee. Quando o filme ficou pronto, o produtor Andrew Stevens disse que nunca tinha visto algo tão horrível na vida! Lee acabou demitido e foi substituido pelos salvadores da pátria, Jim Wynorski e o roteirista Steve Latshaw (entrevista com este último sobre o ocorrido logo abaixo). Com apenas três dias para tentar consertar o estrago, Wynorski refilmou mais de 40 minutos de projeção e mudou até a trama do filme. Para quem já viu o documentário POPATOPOLIS, sabe do que o homem é capaz.

Além disso, Jim é conhecido como o rei do stock footage. Ao invés de pegar uma câmera, juntar uma equipe técnica, figurantes, transportar tupo para locação ou estúdio, etc, ele simplesmente “rouba” cenas de outros filmes e insere onde precisa. Tudo de forma legalizada…


Para AGENTE VERMELHO foram utilizadas cenas de COUNTER MEASURES, de Fred Olen Ray, CONTAGEM REGRESSIVA, de Stephen Hopkins (com Tommy Lee Jones e Jeff Bridges), PROJETO SOLO, com o Mario Van Peebles, STORM CATCHER, do Anthony Hickox (que também tem o Dolph como protagonista), SUBMARINO NUCLEAR, de um tal de David Douglas, e, principalmente, MARÉ VERMELHA, do Tony Scott, com Gene Hackman e Denzel Washington. O resultado disso tudo é, no mínimo, engraçado, e a diversão reside justamente em tentar descobrir as cenas dos filmes que foram utilizadas. Um barato! Às favas com a trama, com o que está acontecendo, com atuações ruins, os diálogos risíveis e a direção péssima… eu quero saber de que filme veio a explosão de um helicóptero!

Há uma cena em que um sujeito pergunta ao personagem de Dolph se ele já ouviu falar do “agente vermelho”, um vírus utilizado pelos bandidos do filme para um ataque terrorista, e Dolph responde: “Parece título de um filme ruim”… Dolph é esperto, sabia muito bem onde estava pisando. Se tem algo que é preciso elogiar em AGENTE VERMELHO é a presença carismática deste ator, que parece estar pouco se lixando para a bomba que se meteu, e se diverte encenando umas lutinhas e tiroteios mal dirigidos, soltando umas frases constrangedoras.


Nem vou gastar muito falando da trama, porque é o que menos importa, mas se alguém ainda estiver interessado, trata-se de um rip-off de A FORÇA EM ALERTA, que se passa num submarino tomado por terroristas, mas com a impressão de ter sido dirigido pelo Ed Wood.

Para finalizar, AGENTE VERMELHO ainda conta com várias figuras fazendo pequenas participações durante o filme, colaboradores de Wynorski que devem ter aparecido pra ajudar o diretor durante os seus três dias de filmagens, como Peter Spellos, Melissa Brasselle, Lenny Juliano e outros… Bem, nem essa turma conseguiu salvar o filme, que é um autêntico lixo cinematográfico. Mas eu me diverti à beça assistindo, ri pra caramba apesar de tudo. Então, se decidir assistir, vá por sua conta e risco e não me culpe pela decepção. Estão avisados!

ENTREVISTA COM O ROTEIRISTA STEVE LATSHAW SOBRE AGENTE VERMELHO
Fonte: Ziggy's Video Realm


Ziggy: How did you become involved with Agent Red?
Steve Latshaw: In 1998, I was approached by Andrew Stevens to rewrite my script Counter Measures as a Dolph Lundgren film. Some months later, I discovered they had instead hired Damian Lee to do the job (and also direct). I thought nothing more about it. A year and a half later, Andrew came back to me and said the film was in serious trouble.

Ziggy: After the film was initially completed, what happened next?
Steve Latshaw: I suspect there was much hand-wringing, recrimination, and general fear and loathing.

Ziggy: How much of the original filmed material was scrapped?
Steve Latshaw: About 40 minutes.

Ziggy: How much of an improvement would you say the final result was compared to the original product, and in what ways?
Steve Latshaw: 100%. In our version it at least plays as a movie, has action, pacing, and makes sense. (Within its own terribly unique framework.)

Ziggy: Even in its "refined" state, you yourself have mentioned that Agent Red is not really "any good", and the film has since gained a reputation as one of the most horrible action movies in recent years. Do you have any thoughts about the movie's reputation?
Steve Latshaw: As my name is not on it, I am the picture of indifference. At the end of the day, these are just movies. I dare say it plays better after a few drinks.

10.12.11

HARD TO DIE (1990)

Não precisam levar à sério as palavras do Joe Bob Brigs na arte acima, dizendo que HARD TO DIE seria uma versão feminina de DIE HARD (DURO DE MATAR)! Na verdade, pelo que conheço do JBB, nem ele deve ter levado a sério o que disse… Bem, ontem à noite eu dei uma conferida nesta belezinha. Tá certo que o filme se passa num prédio e é protagonizado por mulheres, mas é só isso mesmo que poderia gerar alguma ligação como a versão feminina do filme do Bruce Willis. O que temos aqui, realmente, é apenas mais um típico lingerie movie do Jim Wynorski, ou seja, um filme sobre mulheres e seus trajes mínimos… pra mim, tá bom demais.


Na trama, cinco mulheres precisam passar o sábado inteiro ajeitando um carregamento de lingeries na loja onde trabalham, que fica localizada neste prédio que serve de cenário para o filme. Em determinado momento, elas ficam molhadas, então precisam trocar de roupas. Nada mais justo que vestir lingeries, não é? Afinal, elas trabalham numa loja de lingeries. Mas antes, uma ducha para tirar o suor, claro, algo muito natural e que qualquer moça na mesma situação faria… e dá-lhe planos em corpos esfregando o sabonete, algo bem clichê nos filmes do Wynorski / Olen Ray, para a alegria do público.


O resto de HARD TO DIE é uma espécie de slasher movie sobrenatural, com as garotas sendo atormentadas por um espírito maligno que, aliás, vem de outro filme do Wynorski, SORORITY HOUSE MASSACRE 2, que eu já comentei por aqui em 2009. Por isso, HARD TO DIE também é conhecido como SORORITY HOUSE MASSACRE 3. Temos até Peter Spellos repetindo seu personagem, Orville, que chama a atenção no filme anterior por não morrer de forma alguma, apesar das facadas, pancadas, tiros, etc… aqui acontece a mesma coisa. Há uma cena que, após ser metralhado, perfurado por vários objetos pontiagudos, estrangulado, o sujeito ainda cai do terraço do prédio e, mesmo assim, levanta e continua caminhando… Acho que é por isso que mudaram o título para HARD TO DIE. Além do espírito do mal e Orville, quem aparace também é a dupla de detetives que tentava resolver o caso do filme anterior.



Tudo filmado com a falta de pretensão de sempre de Jim Wynorski, que aqui aparece também em frente às câmeras numa pequena cena, como diretor de um filme pornô, reclamando dos pés sujos de uma atriz. A cena é rápida, mas o discurso que faz é a essência do cinema que ele, Fred Olen Ray, e alguns outros diretores de produções de baixo orçamento realizam fielmente ao longo dos anos. Mas isso vai passar batido para a grande maioria do público, preocupados apenas em reparar nas moças seminuas atirando freneticamente com armas automáticas.

16.1.11

BAD BIZNESS (2003), de Jim Wynorski & Albert Pyun

Alguém conhece Bob E. Brown? Eu também não conhecia até ver seu nome nos créditos como diretor deste filme. Ali em cima eu coloquei os de dois grandes mestres do cinema de baixo orçamento americano, porque foram os verdadeiros realizadores. E vocês devem estar pensado, “Puxa vida! Pyun e Wynorski se reuniram para fazer um filme! Que maravilha”. Pois é, o que deveria trazer alegria aos fãs de filmes B, não passa de  frustração para os apreciadores e também para a carreira desses dois diretores, principalmente a do Pyun. Na verdade, isso aqui nunca chegou a ser uma parceria. O que aconteceu, de forma bem resumida, foi que Pyun realizou este filme para o produtor Andrew Stevens, que achou a maior porcaria que ele já tinha visto na vida! Cortou 45 minutos do que o Pyun havia filmado e contratou Wynorski para preencher os espaços em branco... pra quem viu o documentário POPATOPOLIS, sabe do que o homem é capaz. Em três dias, Jim encerrou suas atividades tendo filmado mais da metade do filme.
Não saberia dizer o que ficou das filmagens do Pyun, mas tenho certeza que sei exatamente quando é 100% Jim Wynorski:
Desta mistura, Pyun + Wynorski, surgiu o pseudônimo Bob E. Brown. Ninguém quis ser o pai da criança, Wynorski não utilizou nem mesmo o seu pseudônimo habitual para casos deste tipo... O problema é que o trabalho milagroso de Jim não foi capaz de salvar a fita, que é um lixo completo!
Olhando para a arte da capa do DVD, faz pensar que BAD BIZNESS é uma espécie de thriller urbano de ação, com este ator fazendo tipão “gangsta” e uma mulher gostosona com pose sexy. Mas eu garanto que isso tudo não passa de picaretagem das mais sem vergonha... a boa notícia é que realmente existem várias mulheres gostosas fazendo pose sexy durante todo o filme, com e sem roupas (cortesia do velho Jim em seus três dias de filmagem). A má notícia é que mesmo assim o filme continua sendo uma merda.
Então podem esquecer o thriller urbano de ação, o filme é sobre um serial killer de mulheres que anda fazendo suas vítimas dentro de um luxuoso hotel em algum país tropical, onde os protagonistas, um casal seguranças do hotel, tentam resolver os crimes usando camisas havaianas. As cenas de investigação, suspense, diálogos e situações com algum propósito dramático são risíveis em todos os sentidos! Os atores não contribuem em nada também... 
A única coisa que realmente segura um homem à frente da tela são as mulheres nuas. Não passa 10 minutos sem que haja uma cena de sexo, inclusive há uma sequência com a robusta Julie K. Smith, uma das minhas preferidas do cinema B. Já que a única coisa a se elogiar no filme é a beleza das atrizes em trajes mínimos, temos logo no início um strip-tease com a bela Mia Zottoli... já atriz principal, Traci Bingham, não mostra seus atributos em nenhum momento, mas fica desfilando pelo filme com vestidos curtos, colados e decotados, isso quando não está com a habitual camisa havaiana...
Sei que estou parecendo um tarado, mas preciso confessar que eu sempre gostei de thrillers eróticos, desses que passava no Cine Prive da Band nos anos 90 (hoje eu não sei que tipo de filme eles colocam). Acho que eu era dos poucos adolescentes que assistia aos filmes sem me preocupar em apenas “trabalhar o braço”. Eu realmente gostava de seguir a trama! Bem, o que temos aqui em BAD BIZNESS é exatamente um thriller erótico saudosista, só que o único elemento a ser elogiado são alguns peitos de fora e as ceninhas de sexo mal fingido. De resto, o filme é bem ruim...
Ah, e o sujeito que estampa a capa, com pinta nigga gangsta, não aparece nem 5 minutos em cena... Dou nota 01 (um) de 05 (cinco) para o filme, pela presença de Julie K. Smith:

15.4.10

Mais POPATOPOLIS

Ainda sobre POPATOPOLIS, o ótimo documentário do post anterior, não deixem de conferir a entrevista que o Osvaldo Neto fez com o diretor Clay Westervelt publicada em seu blog. Boa leitura.

14.4.10

POPATOPOLIS (2009), de Clay Westervelt

Não me lembro de ter escrito sobre algum documentário, mas este aqui vale a pena, principalmente aos fãs de B movies. Mais do que um simples acompanhamento de bastidores de uma obra dirigida pelo Jim Wynorski, POPATOPOLIS é uma homenagem ao universo do cinema de baixo orçamento representado na figura de Wynorski, uma lenda viva que já fez mais de 75 filmes B ao longo da carreira.
O mote central do documentário dirigido por Clay Westervelt é que Jim decide filmar seu novo trabalho, o suspense erótico THE WITCHES OF BREASTWICK, em apenas três dias! Seguindo-o constantemente com sua câmerra, Clay acompanha todo o processo das filmagens, além de mostrar quem realmente é Jim Wynorski, contando um pouco sua história, mostrando cenas de seus filmes e entrevistando figuras que fizeram parte de sua jornada, como o mestre Roger Corman, o falecido Andy Sidaris, Julie Strain, Julie K. Smith e outras atrizes, até a mãe do Wynorski não escapa!
Dentro de sua casa, Jim exibe cartazes de todos os seus filmes espalhados pelas paredes, inclusive as do banheiro. Os armários da cozinha são cheios de livros, VHS e DVD’s ao invés das vasilhas e pratos. Já as filmagens de THE WITCHES acontecem em um local isolado, sem cobertura para celular, numa cabana na floresta que serve tanto como locação para a estória como habitação para o elenco e a equipe. Claro que isto se resume em pouquíssimas pessoas, mas nem mesmo verba para o lanche está incluída no orçamento.
Os sinais de como a tarefa de fazer um filme em três dias pode ser preocupante, por mais barato e descompromissado que seja, já inicia na primeira reunião de elenco. Wynorski descreve as cenas e a equipe começa a apresentar expressões alarmantes. Mas POPATOPOLIS carrega um tom muito bem humorado, com excelente edição e uma trilha sonora divertida. É engraçado ver Wynorski se estressando com erros e contratempos de filmagens e as várias soluções que ele encontra para driblar o baixo orçamento.
Nas entrevistas com as atrizes, todas elas falam como Jim é ótimo sujeito, respeitador, solidário, ao mesmo tempo em que pode agir como um bastardo mal educado. A cena em que Jim faz Julie K. Smith repetir dezenas de vezes a sua fala é impagável! Até eu fiquei agoniado. E olha que era questão de palavrinhas faltando numa frase que nem ia fazer diferença, principalmente para o público que só vai parar pra ver o filme por causa da boa dose de peitos! Mas Jim a fez repetir até que a frase estivesse correta.
Há também o lado melancólico do filme, quando alguns entrevistados comentam sobre a atual situação do cinema classe B e de como as coisas mudaram de alguns anos pra cá. Mas POPATOPOLIS é um desses esforços para manter viva a essência dos filmes independentes de baixo orçamento.

PS1: O título POPATOPOLIS vem de um dos pseudônimos de Jim Wynorski: Tom Popatopolous.
PS2: Já escrevi sobre vários filmes do Wynorski por aqui. Para conhecer mais do trabalho dele, é só clicar em seu nome nos marcadores aí em baixo.

10.2.10

POSSESSED BY THE NIGHT (1993), de Fred Olen Ray

Este aqui é uma bizarrice estrambólica do mestre Fred Olen Ray, além de ser um prato cheio para os fãs de produções modestas que nunca tiveram atenção do grande público. POSSESSED BY THE NIGHT é um suspense erótico com um pé no horror estrelado pela musa do Cine Privé, Shannon Tweed, muito à vontade por sinal. Especialmente na caudalosa sequência onde malha com uma blusinha branca que é de um erotismo quase transgressor! Além dela, temos Sandahl Bergman, outra atriz sem frescura que não se inibe ao tirar a blusa em frente às câmeras (e o faz em vários momentos por aqui, mesmo no auge de seus 42 anos).

Para não dizer que eu sou um tarado que só pensa “naquilo”, o filme ainda possui uma pequena dose de porradaria com o ator Chad McQueen. O protagonista é vivido por Ted Prior, astro do cinema de ação cujos filmes passavam todos os dias no Cinema em Casa no início dos anos 90, grande parte dirigido pelo seu irmão, o “talentoso” (leia-se um dos piores diretores de todos os tempos) David A. Prior. Curioso é que os dois atores são muito semelhantes a outros astros de fama mais notável. Chad é uma espécie de Mickey Rourke dos pobres, enquanto Prior é a cara do Christian Bale... é por isso que eu amo tanto esses filmes B.

Bom, eu ainda não acabei (eu disse que era um prato cheio, não disse?). O eterno Henry Silva marca presença como um mafioso, soltando frases impagáveis. Ele entra em cena recebendo massagem de duas garotas de topless e, ops, vamos mudar de assunto. Para completar, um recipiente com uma espécie de cérebro com olho influencia de forma negativa os personagens ao seu redor! Já é o suficiente para convencê-los a correr atrás desta pérola o mais rápido possível?

Prior interpreta um escritor sofrendo de bloqueio criativo. Vai a uma loja de artefatos orientais e compra o tal recipiente achando que vai lhe trazer inspiração… como uma coisa horrorosa daquela vai trazer inspiração a alguém é um desses mistérios no qual só poderia ter surgido na cabeça do Fred Olen Ray mesmo. Enfim, logo que volta pra casa com seu novo adorno, as coisas começam a ficar estranhas. Tudo é mostrado já na cena em que Prior tenta dar umazinha com a patroa (Bergman), mas age de forma agressiva demais para ela e acaba ficando na mão, passando a noite no sofá.

Seu empresário, vivido por Frank Sivero (o Carbone de GOODFELLAS), lhe envia uma secretária para digitar seus manuscritos, a exuberante e insaciável Shannon Tweed. Brigado com a mulher e com uma secretária dessas malhando de blusinha branca suada em seu maquinário de musculação, não há coração que aguente… e não vamos esquecer do jarro oriental com o cérebro dentro enfeitando a mesa e espalhando cargas negativas entre os habitantes da casa, fazendo ferver os desejos eróticos de cada um deles.



É, difícil aguentar desse jeito!

Paralelo a isso tudo, há uma subtrama onde acompanhamos um gangster (McQueen) que cobra as dívidas de seu chefão (Silva), mas também passa por uma crise tentando sair dessa vida criminosa. Obviamente as duas estórias se encontram em algum ponto.

Esta subtrama dá ao filme alguns momentos mais agitados de ação, pois nem sempre as pessoas querem pagar o que devem e aí a coisa tem de ser resolvida à base do kung fu. É o exemplo da sequência na oficina, quando surgem algumas figuras ilustres, como o diretor Jim Wynorski, aparecendo apenas para apanhar, e também o ótimo Peter Spellos, o grande Orville de SORORITY HOUSE MASSACRE 2, dirigido pelo Wynorski. Até o próprio Fred resolve fazer uma ponta, mas nada de violência em sua participação, ele se apresenta apenas como um garçom comum em outro momento.

"Ah, vai ficar lindo na cômoda do escritório!"

Lançado diretamente para o mercado de vídeo, POSSESSED BY THE NIGHT se sobressai perante as muitas produções do gênero com as quais as locadoras viviam infestadas na época. A direção de Fred é um exercício único de economia. Devido ao tipo de produção, ele não perde muito tempo tentando amarrar as pontas soltas deixada pelo roteiro, elimina personagens de forma banal e explora somente os elementos que realmente importa: bastante sexo e um pouco de violência!

"Deixa eu te ajudar a desabotoar esse colete amarelo..."

O elenco também é fraco, deixando o filme ainda melhor, principalmente Ted Prior que é de fazer vergonha. Tweed não precisa atuar, basta fazer cara de safada e agir de maneira sexy. É o que sabe fazer muito bem, independente do tipo de personagem que representa. Os únicos com certo destaque na interpretação é o Henry Silva, velho de guerra neste tipo de personagem, e Sandahl Bergman, surpreendendo com a atuação mais expressiva do filme.

Recebeu o título no Brasil de FLUIDOS DO MAL ou apenas POSSUÍDA e não me recordo com precisão se chegou a ser lançado em vídeo no Brasil, mas do jeito pelo qual este mercado funcionava por aqui, eu aposto minha melhor camisa que sim.

31.1.10

NOT OF THIS EARTH (1988), de Jim Wynorski

Remake de um sci-fi de mesmo título dirigido por Roger Corman em 1957, NOT OF THIS EARTH pode ser considerado tanto como gozação quanto uma homenagem aos clássicos do gênero. A idéia é do próprio Corman, que colocou na direção o seu pupilo do momento, Jim Wynorski. Mas em 1988 o grande público já não queria ver um filme B com efeitos especiais fora de moda e estória ingênua que não faz a mínima questão de se levar a sério. Sobrou apenas aos fãs ardorosos de tralhas divertidas o prazer de desfrutar mais uma maravilha da dupla Corman/Wynorski.

Uma das principais atrações é a atriz principal, Traci Lords, em seu primeiro papel “sério” no ramo, levando em conta que já havia atuado em mais de 60 filmes pornôs até então. É uma pena que seus atributos sejam tão pouco “aproveitados”, protagonizando apenas uma ceninha de topless. Ela até que se sai muito bem interpretando uma enfermeira que acaba se envolvendo numa trama onde um vampiro do espaço, que parece ter saído de OS IRMÃOS CARA DE PAU, precisa colher sangue humano para tentar salvar o seu planeta.

Para os créditos iniciais de NOT OF THIS EARTH, foi feita uma montagem com cenas de vários clássicos dirigido pelo mestre Roger Corman e insere de uma maneira bem interessante o espectador no plano dos filmes B, produções de baixo orçamento realizadas em tempo recorde!

As filmagens deste aqui, por exemplo, foram cumpridas em apenas onze dias e meio, sendo que Jim havia apostado com Corman que conseguiria filmar em doze dias. E é com este espírito que o filme também deve ser visto. Uma diversão sem compromisso, cheio de clichês que mistura elementos sci-fi com terror e comédia, várias cenas de nudez gratuita, situações engraçadas, personagens burlescos, diálogos ridículos e todos os ingredientes de um ótimo filme B dos anos 80.

23.1.10

RANGERS (2000), de Jim Wynorski

Enquanto Hollywood prepara outro filme caríssimo qualquer que seja sobre a situação no Oriente Médio, guerras e intrigas políticas altamente elaboradas, com um elenco formado pelo alto escalão do cinemão americano, cenas de ação explosivas e efeitos especiais de primeira, com exceção de poucos filmes o resultado é sempre mais do mesmo.

Sendo assim, prefiro sossegar no meu confortável sofá, degustar de um bom inebriante e colocar na agulha uma tralha do nível de RANGERS, filme onde um roteiro cretino é mero detalhe, os atores são péssimos, as situações são forçadas e o resultado é ruim de doer! Ao menos não possui pretensão alguma e cumpre muito bem o papel ao qual foi designado: servir de diversão aos fanáticos por tosqueiras de baixo orçamento.

O filme é mais uma proeza do Jim Wynorski, discípulo de Roger Corman que apareceu com seus primeiros filmes nos anos 80 e não parou mais, possuindo atualmente 79 filmes catalogados no imdb, mas como nem o famoso site consegue acompanhar o ritmo desses caras, aposto que o número deve ser um pouco mais alto... principalmente quando se trata de pessoas que adora um pseudônimo, como é o caso de Jim. Em RANGERS ele assina como Jay Andrews. Costumo dizer que Jim Wynorski e Fred Olen Ray são Joe D’Amato e Jess Franco da nossa geração em termos de quantidade produtiva. Os filmes desses dois, somados, daria mais de 200 filmes de qualidade duvidosa para serem saboreados.

O protagonista com a esposa gostosa que só quer um pouco de atenção...

Jim ainda possui a façanha de ser considerado o mestre do “stock footage cinema”, como diz o meu amigo Osvaldo Neto. Ou seja, para que gastar um dinheirão filmando determinadas cenas se todas elas já foram filmadas por outras pessoas? Então não é novidade a inserção na montagem de cenas de multidões, explosões, aviões e helicópteros pertencentes a outros filmes. No caso de RANGERS, Wynorski pegou pesado! O sujeito catou sequências inteiras de INVASÃO USA, de Joseph Zito, estrelado por Chuck Norris, de 1985, para serem implantadas à narrativa na maior cara de pau!!!

A trama envolve um grupo de agentes especiais do governo americano que inicia o filme numa missão no Oriente Médio. O objetivo é capturar Hadad (Edouard Saad), um terrorista que possui a cabeça a prêmio. Só que a missão dá errado, traições acontecem, reviravoltas e mistérios super criativos para não deixar o espectador bocejando (e isso em menos de 10 minutos), tudo porque há uma jogada intrigante por parte do governo americano e da CIA para eliminar seus próprios agentes, fortalecer suas relações com os terroristas e obterem petróleo de uma forma mais fácil. É, a trama é barra pesada!

O oficial Shannon, de herói à bandido, fazendo cara de quem quer vingança!

Os agentes, liderados por Broughten (Matt McCoy), conseguem escapar levando Hadad como prisioneiro, mas acabam deixando pra trás o oficial Shannon (Glenn Plummer), que dá um jeito de se acertar com os terroristas prometendo Hadad de volta e aproveita para bolar seu plano para se vingar daqueles que armaram contra ele. É aí que entram em cena os enxertos de INVASÃO USA, já que os terroristas árabes invadem o país com a ajuda de Shannon para libertar seu líder. Mas, peraê, os terroristas do filme de Chuck Norris não eram árabes... ok, isso também não importa, mas é de rolar de rir com o resultado.

Não tinha uma arma menor?

Um tanque de guerra saído de INVASÃO USA

A sequência de ação final de INVASÃO USA na qual os terroristas enfrentam o exército americano nas ruas da cidade foi inserida TOTALMENTE em RANGERS. Existem várias outras cenas roubadas, é impressionante. Mas o melhor de tudo ainda está por vir.

Uma explosão de INVASÃO USA

O duelo final entre Broughten e Shannon é inevitável. O segundo foge do primeiro, pega o primeiro ônibus estacionado que encontra e foge dirigindo. Broughten para um outro ônibus, tira o motorista de dentro e inicia a perseguição pela cidade movimentada. Aposto que os mais nostálgicos e fissurados por cinema de ação já sacaram. Que filme acontece uma perseguição de ônibus no meio do trânsito entre o vilão e o mocinho no final? Acertou quem disse INFERNO VERMELHO, de Walter Hill, estrelado pelo Arnoldão. E vocês acham que o malandríssimo Wynorski iria filmar uma sequência como essa? É óbvio que não! E tome mais enxertos na cara dura!

Só mesmo num filme B de ação colocariam um sujeito com essa cara de bunda mole para ser o herói!

Para completar a diversão, não deixe de reparar os furos de roteiro, cortesia do fiel colaborador de Wynorski, Steve Latshaw, diálogos impagáveis, a sombra da câmera aparecendo diversas vezes dentro do quadro, as expressões faciais do protagonista Matt McCoy, disputando com Dartanyan Edmonds, Glenn Plummer ou Rene Rivera quem tem a atuação mais ridícula. Alguém consegue me explicar como um sujeito sendo perseguido de carro consegue acertar um tiro no vidro de trás do outro carro que está na sua cola sem acertar o vidro da frente? Na cabeça desse picaretas tudo é possível!