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8.3.09

WATCHMEN (2009), de Zack Snyder

Sinceramente não tenho do que me queixar de WATCHMEN. Acho que os críticos sérios reclamam demais e os fãs estão fazendo chiliques por pura oposição preconceituosa, já que consideram a obra infilmável. Problemas com o diretor eu até entendo, mas ainda bem que eu não tenho. Minha expectativa era discreta, mas bastante curiosa – e da fonte da qual beberam, é de se esperar no mínimo um bom filme. A grande sacada de Zack Snyder (e seus roteiristas) foi tentar ao máximo manter a lealdade do universo criado por Alan Moore e Dave Gibbons respeitando a estória central (com uma pequena modificação no desfecho, mas nada muito gritante), as subtramas, estrutura narrativa, personagens, localização temporal, etc. Evidentemente muita coisa se perde, algumas passagens ganham mais espaço que outras, a ação é intensificada, mas o resultado não deixa de ser surpreendente.

Zack Snyder é desses que na maior parte do tempo pensa que está dirigindo um vídeo clipe e ainda possui a velha mania de exagerar no slow motion durante as cenas de ação. Felizmente, WATCHMEN não é um filme de ação e a força narrativa concentra-se na dramaticidade das situações vividas pelos personagens, heróis decadentes e humanos em uma realidade bem estranha. E Snyder, na medida do possível, até que manda bem como narrador. Pelo menos conseguiu me segurar tranquilamente em suas 2h e 40m de duração. Isso tudo levando em conta o visual fascinante muito semelhante ao das páginas dos quadrinhos, mesmo sendo a maioria criada por CGI (e não sou muito radical, sempre elogiei quando bem utilizado, como é o caso aqui); há também os personagens complexos e interessantes interpretados por um elenco que dá conta do recado, principalmente Jackie Earle Haley no papel de Rorschach, de longe o mais batuta, obscuro e revoltado do grupo, além de visualmente/psicologicamente idêntico ao original. A trilha sonora vai gerar uma discussão à parte. É uma das mais inusitadas para um filme do gênero e conta com uma compilação que vai de Simon & Garfunkel a Leonard Cohen. Eu achei sensacional a escolha das canções e maneira como foram inseridas na trama.

Embora tenha o probleminha da câmera lenta (que é um pouco mais contida em relação a 300), as cenas de lutas de uma forma geral são boas e sem os exageros afetados, filmadas de maneira simples, claras e violentas pra dedéu! Com direito a ossos quebrados, fraturas expostas e bastante sangue. Aliás, o filme possui uma essência extremamente violenta com momentos de gore que deixaria Lucio Fulci orgulhoso. WATCHMEN conta também com uma cena de sexo bem picante para o padrão de filmes de super-heróis, o que não é muito habitual. Admiro essa determinação do Snyder em abraçar uma obra e brigar com seja lá quem for para que o filme tenha a sua visão mesmo contendo elementos pouco rentáveis para os executivos de Hollywood – como nudez, sexo, violência gráfica, a longa duração, detalhes em relação à fidelidade da obra. A preocupação parece situar sempre na qualidade de seu filme (mesmo que ainda tenha muito que amadurecer). É um diretor no mínimo corajoso, na minha opinião, e o filme ganha muito com isso: WATCHMEN é uma das melhores e mais fiéis adaptações de HQ's.