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4.9.12

OS MERCENÁRIOS 2 (The Expendables 2, 2012)


CUIDADO - TEXTO COM SPOILERS
Até mesmo aqueles que criticaram o primeiro filme tem-se rendido aos encantos de OS MERCENÁRIOS 2. São poucas as exceções. Mas não é para menos, este aqui é realmente superior e vai muito além do anterior em vários aspectos. É FILME DE AÇÃO com todas as letras maiúsculas, desses que trabalham um estilo narrativo com pouquíssimos momentos de alívio e o fiapo de enredo é todo subordinado à necessidade de ação. Não era isso que queriam no filme anterior? Pois então se preparem! Ignore a história simplória, o McGuffin boboca, o negócio é se deixar levar pelas figuras mal encaradas que protagonizam sequências cuja única pretensão é elevar a adrenalina do espectador num nível acima do normal. Vamos celebrar o festival de testosterona, o espetáculo pirotécnico, tiroteios dos mais variados calibres, perseguições, facadas, chutes, socos, uma motocicleta arremessada contra um helicóptero, tudo filmado da maneira mais brutal e old school possível!

Tudo em OS MERCENÁRIOS 2 é tão maravilhosamente besta, clichê e previsível, exatamente como nos filmes que assistíamos há 25 anos na Sessão da Tarde. É como se houvesse uma linha bem fina separando a intenção de ser apenas uma homenagem ou, de fato, ser um exemplar. Em outras palavras, OS MERCENÁRIOS 2 remete com precisão o cinema de ação exagerado dos anos oitenta, mas em certos momentos parece que estamos realmente diante de um autêntico filme da Cannon! Golan & Globus devem estar orgulhosos.


Mas vamos confessar uma coisa, todo mundo ficou preocupado quando anunciaram o Simon West no comando da bagaça. O mais legal é que já na ação inicial, que é de uma truculência subversiva, somos completamente tranquilizados sobre a possível inaptidão do sujeito. Não tenho nada do que reclamar da ação do primeiro filme, ao contrário de vário de vocês, mesmo com a shakycam e a edição picotada, mas como é bom poder vislumbrar uma ação clássica, fundamentada nos enquadramentos e elegantes movimentos de câmeras. Vai saber de onde West tirou inspiração para orquestrar tais cenas. OS MERCENÁRIOS 2 é, sem dúvida, o ápice de sua carreira e espero que nos próximos trabalhos (sem a “supervisão” do Stallone) consiga resultados semelhantes.

Deram uma boa caprichada também nas coreografias, montagem e direção das cenas de luta. Dessa vez os atores encenam a trocação de porrada e... voilà, enxergamos todos os seus movimentos. Uma ceninha rápida do Jet Li derrubando uns meliantes, que não dura nem 20 segundos, é melhor que todas as cenas de luta do primeiro filme. O aguardado combate entre Stallone e Van Damme mantém o nível, além de ser agressivo à beça, com os dois atores encenando de forma convincente, o belga desferindo seus icônicos chutes rodados na cara do Stallone, etc. A única reclamação que tenho a fazer é quanto à duração. Stallone havia dito que seria a luta do século, blá blá blá... E eu acreditei. Ninguém avisou a ele que uma luta desse porte deveria ser um pouco mais longa para ser épica? Nada que estrague a diversão, é um mano-a-mano ótimo, com muita carga dramática, além de ter um significado maior para os fãs do gênero, a oportunidade de assistir o Rocky trocando socos com o Grande Dragão Branco. No entanto, o confronto que realmente me fez remexer na poltrona, um dos grandes momentos de OS MERCENÁRIOS 2, foi a luta entre Jason Statham e Scott Adkins. Também é curta, mas faz todo sentido ser assim, acontece no calor da ação, é urgente, enquanto a do Stallone e Van Damme possui toda a vibe grandiosa de clímax final. Podia ter durado mais um pouco… Bah!


Até porque o Van Damme está excelente como o cara vil, terrorista, assassino frio, sem coração! É um ser desprezível... e pra melhorar, o nome do personagem é... Vilain. Não escondo a admiração pelos filmes do sujeito, mesmo assim fiquei bastante surpreso com a sua personificação vilanesca. Parece até habituado a esse tipo de papel, mas se não estou enganado, o único bandido que ele havia feito antes foi o clone malvado em REPLICANTE*. Além disso, seu personagem é uma autêntica abordagem clássica de filmes de ação oitentista, cujas habilidades como lutador são tão boas quanto a dos heróis, diferente do Eric Roberts no anterior, que dependia de seus capangas. O belga rouba o filme sempre que surge em cena, a sorte dos outros atores é que sua participação é bastante limitada. Já o britânico Scott Adkins, apesar de ainda não estar em evidência no cinema mainstream, é outro nome a se destacar, interpretando o braço direito sádico de Van Damme. Fiquei extremamente feliz de vê-lo na tela grande, distribuindo alguns tiros e chutes, tendo uma morte horrível, digna de CAÇADORES DA ARCA PERDIDA. Tomara que consiga chamar a atenção de pessoas mais competentes do que os realizadores de EL GRINGO, último trabalho do sujeito que eu conferi e que é um total desperdício.


E o que dizer da pequena participação de Chuck Norris? Era um mistério o que eterno Braddock iria aprontar por aqui. Digamos que sua entrada triunfal, em câmera lenta, com o tema de Ennio Morricone em TRÊS HOMENS EM CONFLITO, seja uma bela homenagem a este sujeito que fez a alegria de toda uma geração de pré-adolescentes nos anos 80 e 90. Seu personagem é quase um ser sobrenatural e as tiradas sobre a áurea mitológica adquirida na era da internet é simplesmente genial. Aliás, acertaram em cheio no humor de OS MERCENÁRIOS 2. Se vocês acharam o primeiro filme engraçadinho o bastante, ainda não viram nada! É praticamente metalinguagem em forma de piadas auto-referenciais. Schwarzenegger e Bruce Willis, por exemplo, finalmente entram na ação, ótimo, mas ambos funcionam mais como alívio cômico, soltando frases clássicas que marcaram suas carreiras. Quem também arrisca o papel de comediante é o Dolph. Gunner é o meu mercenário favorito do filme anterior, o herói maluco psicopata que se transforma em bandido, depois morre - mas na verdade não morre - e ressurge no final arrependido, de volta ao time dos mocinhos. Não me lembro de nenhum momento especial do Gunner em termos de ação neste aqui, no entanto, não faltam situações engraçadíssimas com o sujeito, especialmente quando tocam no lado biográfico do próprio ator. Para quem não sabe, Dolph possui um QI altíssimo e as piadas que surgem a partir disso são hilárias. Continua sendo o meu favorito da série.


Sem se preocupar tanto com a direção, Stallone tem mais tempo para se dedicar a Barney Ross, seu personagem, o manda-chuva dos mercenários. Dentre todos os action heroes saídos da gloriosa década de 80, Sly talvez seja o único com formação dramática, que sabe realmente construir tipos de personagem e trabalhar suas transformações. Basta vê-lo em ROCKY, F.I.S.T., o primeiro RAMBO e vários outros, para notar como o sujeito é um puta ATOR e não apenas um ícone ligado à ação. Uma pena que poucos conseguem reconhecer isso. Gosto da cena do enterro, uma demonstração de como ser sentimental, sem ser piegas, e Sly ainda finaliza com a máxima bad-assTrack 'em, find 'em, kill 'em!" No resto do filme ele entra na onda junto com o elenco e se diverte. Está cada vez mais com a aparência cansada, mas não impede de fazer boas piadas sobre suas condições físicas ao mesmo tempo em que entra na ação como um garoto, correndo, pulando e aplicando murros violentos no Van Damme. E o Jason Statham recebe novamente um pouco mais de destaque, pois funciona como espécie de elo para a nova geração de admiradores do cinema de ação, embora seus filmes nem se comparem com os clássicos do gênero dos anos 80. Até que se sai bem quando lhe é requisitado pelas suas habilidades físicas. A cena na igreja, disfarçado de padre, é um primor! Sobre os demais atores, o roteiro pode não ser perfeito, mas uma das grandes virtudes de OS MERCENÁRIOS 2 é conseguir, na medida do possível, fazer uma boa divisão para que cada figura tenha o seu momento de brilho. Dessa forma, até os personagens que acabam não tendo tanto destaque, também tenham ocasiões dignas para ganhar a simpatia do público, como Terry Crews, Randy Couture, Liam Hemsworth, Nan Yu, Jet Li (que sai de cena com 10 minutos de filme).

Mas o que realmente faz de OS MERCENÁRIOS 2 um acontecimento tão extraordinário é que em momento algum tem medo de se assumir como uma homenagem anacrônica do cinema de ação casca grossa e exagerado dos anos oitenta, cujo objetivo é apenas entregar ao espectador sequências de ação da maneira mais eletrizante possível, reunindo os velhos heróis daquele período tão marcante! Missão cumprida. O que eu realmente gostaria de abordar neste primeiro momento é isso, por enquanto. Já estou com vontade de rever! Proponho discutirmos mais assuntos relacionados ao filme na caixa de comentários, afinal, é pra isso que eu exponho minha opinião por aqui, pô!

PS: Já fico no aguardo do terceiro filme da série, que poderia ter Steven Seagal como vilão e Danny Trejo como seu capanga. E penso também que poderiam dar uma atenção na equipe do Trench (Arnoldão), trazendo de volta os mesmos atores que faziam parte da equipe do filme PREDADOR. Carl Weathers, Bill Duke, Jesse Ventura, Shane Black, Sonny Landham… os que estiverem vivos, claro. Fica a dica, Stallone!

*Atualização importante: O Gélikom me lembrou na caixa de comentários que o Van Damme foi vilão em NO RETREAT, NO SURRENDER. Caramba! Isso que dá escrever durante a madrugada, com sono... já até postei sobre a série inteira aqui no blog e não consegui me lembrar deste detalhe. 

8.11.09

Filmes recentes...

TETRO (2009), de Francis Ford Coppola

Isso sim eu chamo de um verdadeiro retorno (E não o YOUTH WITHOUT YOUTH, de 2007)! Coppola coloca muito sentimento neste belíssimo trabalho e filma com o coração. Tetro (Vincent Gallo) é um escritor que resolveu cortar ligações com sua família, cujo pai é um grande maestro, e foi viver na Argentina, até que, passado alguns anos, recebe a visita de seu irmão mais novo que possui uma fixação enorme no mais velho. E é claro que isso vai gerar muita reação em torno dos personagens, com todo o passado intocado e misterioso que Tetro procurou esquecer e esconder voltando à tona...

Fotografado num preto e branco lindíssimo, com alguns momentos coloridos e beirando ao surrealismo, o visual, no cenário argentino, acaba sendo um dos grandes destaques do filme, mas desta vez a estória também possui um grande valor, um drama familiar muito bem conduzido por Coppola. É o primeiro roteiro original que o diretor escreve desde A CONVERSAÇÃO, de 1974, e resgata alguns temas auto biográficos. Provavelmente seu projeto mais pessoal. TETRO é tocante, dos melhores que o diretor já fez em muito, muito tempo e um dos meus favoritos de 2009.

MOON (2009), de Duncan Jones

Aquele poster todo retrô não estava para brincadeira. MOON é ficção científica das boas, essencialmente à moda antiga e se inspira na maior sci fi de todos os tempos, 2001 – UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO, de Staley Kubrick, para narrar a estória de um astronauta solitário que trabalha numa estação espacial lunar depois que desenvolveram uma nova fonte de energia extraída do nosso satélite natural.

O filme é surpreendentemente simples e muito bem sustentado por Sam Rockwell interpretando o astronauta visto em praticamente todas as cenas. Mexe com questões atuais, mas os efeitos especiais discretos e o visual minimalista e retrô reforçam ainda mais o tom “kubrickiano” do filme, principalmente com a presença de GERTY, uma espécie de HAL atualizado para os nossos dias e que Kevin Spacey empresta a sua voz.

OS SUBSTITUTOS (Surrogates, 2009), de Jonathan Mostow

Fraquinho como entretenimento, mas não tão ruim quanto eu imaginava, e consegue colocar pra refletir um bocado sobre algumas questões (nem que seja durante o filme, ou uns 5 minutos após, porque depois disso OS SUBSTITUTOS já se torna descartável). No futuro as pessoas não saem mais de casa. Ao invés disso, utilizam andróides que são verdadeiras imagens projetadas da maneira como uma pessoa gostaria de ser vista. Bruce Willis, por exemplo, é um agente da CIA tentando resolver um caso. Ele é velho, barrigudo e feio, mas seu “substituto” – como são chamados – tenta parecer um galã de cinema com um cabelinho ridículo.

Mas não é exatamente isso que acontece hoje com a internet, sites de relacionamentos, Second Life e salas de bate papo virtual? Quem te garante que a pessoa que se descreve como uma morena, linda, olhos cor de mel e se chama Joyce num chat, não é na verdade um sujeito gorducho, careca, querendo sacanear com uns trouxas? É, isso acontece...

O CAÇADOR (The Chaser, 2008), de Na Hong-jin

Meu amigo Herax, sempre antenado, já havia nos alertado sobre esse filme coreano há tempos, mas acabei deixando passar. Agora que começaram a comentar sobre ele é que resolvi conferir. É um filme impressionante sobre um ex-policial que virou cafetão e precisa dar uma detetive quando algumas de suas “empregadas” começam a desaparecer.

A narrativa é bem intensa e frenética, tudo é muito bom, mas é um pouco longo e chega em um determinado ponto que eu precisei dar umas bocejadas. Mas nada que incomode. O ator Kim Yun-seok, que faz o cafetão, é um puta ator e a atmosfera de violência marca bastante. O final é de deixar qualquer espectador indignado (no bom sentido).

THE SNIPER (2009), de Dante Lam

Bem mais ou menos este aqui, um filme policial focado em três atiradores de elite. Um instrutor da polícia, seu aprendiz e o vilão, um ex-policial que agora joga no outro time. As intenções do diretor até que são boas, mas ele parece meio perdido entre quais dos três personagens deve dar mais atenção, acaba tudo muito vazio, por mais que se tente construir detalhes que acrescente algo a eles. Algumas sequências de ação são muito boas e é a única coisa que presta mesmo no resultado final. Não chega a ser ruim, mas poderia ser bem melhor.

Hoje ainda devo assistir ZOMBIELAND. Depois digo o que achei.