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5.8.10

CHEGA DE ENROLAÇÃO E VAMOS AOS FILMES

A BLADE IN THE DARK (La casa con la scala nel buio, 1983), de Lamberto Bava

A idéia inicial dos produtores era de fazer uma série televisiva de suspense, dividida em quatro partes, onde um assassinato aconteceria sempre ao final de cada episódio. Mas felizmente abandonaram a proposta porque acharam que seria muito violento para se passar na TV. Eu digo felizmente porque como um filme de 110 minutos, a narrativa já é leeeeeenta o bastante, imagina dividida em quatro partes. O que não quer dizer que seja uma obra ruim, pelo contrário, é um baita filme de terror. E se não foi adiante na idéia da série por causa da violência, ao menos para o cinema, o filhote de Mario Bava não teve preocupação alguma na quantidade de sangue!

A trama de A BLADE IN THE DARK bem simples, mas é recheada de metalinguagem, sobre um músico contratado para compor a trilha sonora de um filme de terror e se instala numa mansão isolada para se concentrar no trabalho. Durante esse processo de criação, coisas estranhas começam a ocorrer. Não demora muito para uma bela jovem ser brutalmente assassinada e o protagonista passa a ter uma obsessão em tentar resolver os crimes por conta própria.

Uma cena é especialmente marcante, a do assassinato no banheiro. A faca fincada na mão, o saco plástico sufocando a vítima, um corte final na jugular e sangue pra tudo “quanté” lado. Uma coisa linda! A direção de Bavinha (como chama carinhosamente o Leandro Caraça) é muito boa, cadenciada, o filme tem climão dos bons! Não chega a ter a genialidade do pai, mas imaginem a pressão de um sujeito que resolve virar diretor sendo filho de quem é. Não deve ser fácil. E mesmo assim se sai muito bem. E teve como assistente de direção o Michele Soavi, ainda em fase de aprendizagem...

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MURDER OBSESSION (Follia omicida, 1981), de Riccardo Freda

Freda tinha “apenas” 72 anos quando dirigiu MURDER OBSESSION. Então não sei se ele estava pouco se lixando para alguns detalhes do filme ou se já estava caduco. O fato é que o homem foi genial e não precisava provar mais nada a ninguém e aqui o resultado está mais para um Jess Franco ou Joe D'Amato. Foi o último filme que dirigiu por completo. Em seu trabalho seguinte, já na década de 1990, e com mais 80 anos, acabou despedido, dizem as lendas, por ter agredido a estrela do filme, Sophie Marceau, depois de ficar com o saco cheio das frescuras da atriz.

Mas voltando a MURDER OBSESSION, a trama é sobre um famoso ator de filmes de terror (de novo!) que possui um trauma infantil e resolve visitar a mãe, que não vê há muito tempo, em sua mansão isolada (de novo!). Resolve levar consigo alguns amigos, que trabalham com ele no cinema, mas aos poucos começa a boa, velha e misteriosa matança. E que a verossimilhança se exploda! Sabe-se que o cinema italiano de gênero nem sempre prezou pela qualidade dos roteiros, então é normal situações meio bizonhas para forçar a barra, mas o que importa mesmo, e Freda era expert neste aspecto, são as imagens que se formam na tela.

Por mais que houvesse um desleixo em alguns detalhes, na elaboração do roteiro, ritmo, ou que os atores não fossem grandes coisas (menos Laura Gemser, sempre belíssima e dedicada), é inegável a capacidade de Freda na direção, na construção de suspense e ambientações atmosféricas. Há uma longa sequência de sonho que é uma das coisas mais interessantes que eu tenho visto nos últimos meses, com direito a aranha gigante, ataque de morcegos e um ritual satânico, tudo isso ostentado sob um visual gótico que remete ao melhor do cinema de horror italiano dos anos 60 e que Freda foi um dos principais representantes. Só essa sequência já vale o filme todo!

E há um bocado de violência gráfica também, embora não seja realizada pelos artistas mais competentes do ramo, já dá um sabor a mais. A medida que o filme caminha para o final, vai ficando cada vez mais emblemático e surreal, até chegar num desfecho inacreditável, cujos enquadramentos lembram quadros renascentistas. Tudo isso sem perder o charme do desleixo inicial, pra espantar o público comum e deixar apenas os verdadeiros fãs curtirem essa obra esquisita.

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LA MALA ORDINA (1972), Fernando di Leo

Teria como ser ruim um filme que começa com Henry Silva e Woody Strode, interpretando dois assassinos, sendo contratados pela máfia para matar um cafetão italiano, vivido por Mario Adorf?! Claro que não! Ainda mais dirigido pelo grande mestre do gênero, Fernando di Leo. Pois é exatamente essa a premissa de LA MALA ORDINA, a segunda parte de uma espécie de trilogia realizada pelo diretor envolvendo o subgênero. Os outros filmes são MILANO CALIBRO 9, que é um dos meus favoritos, e IL BOSS, que eu não vi ainda, mas parece ser do grande cacete também.

Silva e Strode são um deslumbre, mas quem rouba a cena é Adorf que ganha maior destaque tentando entender a sua situação hitchcockiana, versão subversiva, ao ser caçado pela máfia por um "crime" que não cometeu. No elenco, Adolfo Celi marca presença na pele de um chefão. Temos ainda pancadaria, tiroteios lindamente filmados, uma perseguição de carro frenética, truculência até a alma. Poucos gêneros são tão estimulantes como o poliziotesco. Este aqui é um dos melhores exemplares que eu já vi.

24.10.08

EMANUELLE IN AMERICA (1977), de Joe D'Amato


Quando se fala em Emanuelle, muita gente vai se lembrar da famosa série erótica onde a personagem infestava as mentes dos pré-adolescentes que ficavam até altas horas das madrugadas de sábado para assistir o Cine Privé da Band. Bons tempos aqueles, mas não é exatamente desta Emanuelle que hoje vamos falar, mas sim, da misteriosa e sensual Black Emanuelle vivida pela musa Laura Gemser, que encarnou a personagem pela primeira vez no filme Emanuelle Nera, de Bitto Albertini.

Com o passar dos anos, vários diretores utilizaram a personagem em seus filmes, e sempre com Gemser interpretando seu papel e nem exigia muito dela. Laura Gemser tinha uma beleza exótica magnífica e explodia em sensualidade. Bastava tirar a roupa e dizer as falas que os enquadramentos dos planos e uma ótima fotografia ficavam a cargo de um resultado satisfatório. O nosso famigerado Joe D’Amato foi um desses diretores que trabalhou com a personagem em diversos filmes, inclusive tomou Laura Gemser como musa nos mais variados tipos de produção.

Emanuelle in América é um dos melhores exemplos desta parceria entre D’Amato e Gemser. A história gira em torno de uma repórter que investiga o submundo do sexo entre milionários excêntricos até se encontrar no meio do perigoso universo dos snuff movies (filmes que mostram assassinatos reais de seus intérpretes). A trama se passa com certa lentidão, onde temos muitas cenas de nudez e sexo entre as investigações. Vale lembrar que algumas cenas são de sexo explícito (sem a Gemser, óbvio), detalhe que faz parte de uma das principais características de D’Amato, sempre em busca do choque visual, misturando tais cenas com tramas de suspense ou terror, como em Porno Holocausto e Erotic Nights of Living Deads, por exemplo.

D’Amato chega a filmar uma mulher excitando um cavalo em uma reuniãozinha dos milionários (da mesma forma que fez em sua versão de Calígula), embora não mostre o ato sexual da mulher x cavalo, é um dos momentos mais impressionantes do filme junto, é claro, com as famosas cenas de snuff movie, que são de um realismo extraordinário e causou muita polêmica na época. Foi quando surgiu a lendária história que D’Amato havia conseguido cenas de Snuff com a máfia russa! Genial!