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27.4.11

HOBO WITH A SHOTGUN (2011)

Antes que eu me esqueça e acabe não escrevendo NADA sobre o filme, assisti a HOBO WITH A SHOTGUN já faz um tempinho e gostei bastante! Como já se sabe, tudo começou com aquela história de trailers falsos no projeto GRINDHOUSE, de Quentin Tarantino e Robert Rodriguez, e um desses trailers acabou despertando a atenção de muita gente e acabou virando longa metragem.

E não estou falando de MACHETE, mas sim daquele cuja história, bem simples, mostrava um mendigo, uma escopeta, tiros e sangue à vontade, perfeitamente encaixado no espírito da brincadeira. E o canadense Jason Eisner, que realizou este fake trailer, conquistou também o direito de adaptá-lo para uma versão de duração maior e não desperdiçou a oportunidade. HOBO WITH A SHOTGUN oferece em todos os sentidos aquilo que a sua fonte de origem prometia. Diferente de MACHETE, que apesar de não ser ruim, decepcionou profundamente. Até hoje eu não acredito que Rodriguez e sua trupe desperdiçou um material tão genial, com um puta time de atores que tinha em mãos…

Em HOBO não temos um elenco estelar, apenas Rutger Hauer carregando o filme com sua presença sempre marcante. Com ele não há decepção! Nunca vi um filme sequer com o velho Rutger em que ele estivesse ali só pra pegar o cheque para pagar as contas. Nas mais altas produções, como BLADE RUNNER, a filmecos de baixo orçamento dirigido pelo Pyun, Rutger Hauer consegue manter a dignidade e demonstrar talento como poucos.

A história de HOBO continua de uma simplicidade exemplar, mesmo depois de adaptado (aprende Rodriguez!), com Hauer encarnando o mendigo que chega a uma cidade onde a corrupção e violência nas ruas imperam de uma maneira pertubadora, absurdamente exagerada e estilizada, e depois do desenrolar de vários acontecimentos nosso protagonista se vê obrigado a tomar certas atitudes, pega todo o seu dinheirinho e investe numa escopeta para fazer justiça por conta própria estourando a carcaça dos meliantes com calibre 12, como forma de contribuir para que o crime seja varrido das ruas.

O espectador é então trasportado para uma espécie de cinema transgressor e politicamente incorreto que se não atinge perfeitamente seu objetivo nesse sentido, ao menos chega bem perto de um resultado muito eficiente que lembra os exploitations setentistas mesclados aos filmes da Troma, em uma constante de situações de pura violência gráfica, explícita e visceral e um humor que incomoda os moralistas de plantão.

Algumas sequências realmente vieram pra ficar na memória este ano, demonstrando a criatividade e inteligência de seus realizadores, especialmente Jason Eisner que possui um baita potencial e mão firme pra conduzir toda essa sandice! A cena em que um dos personagens tem uma certa “visão” antes de morrer é sensacional, assim como a sequência dos dois cyborgs em ação no hospital (eram ciborgues ou pessoas vestidas de armadura? Já faz um tempo mesmo que vi e realmente não me lembro… mas tanto faz!). E claro, as moças de topless se divertindo e rindo a valer enquanto espancam um sujeito pendurado de cabeça pra baixo... já vale o filme inteiro!

E dentro deste espetáculo grotesco e de humor negro, encontramos um Rutger Hauer extremamente expressivo, cujo carisma atinge o público do início ao fim. Não tem como não gostar...

Desde que iniciou essa onda revival do cinema exploitation, são poucos os exemplares que realmente conseguem sair do lugar comum. Os próprios filmes do projeto GRINDHOUSE acabaram falhando nesse sentido (embora eu adore tanto PLANETA TERROR quanto DEATH PROOF). Calhou de alguns filminhos de pouco orçamento, despretensiosos, como BLACK DINAMYTE e este aqui a missão de representar esse cinema de outrora. HOBO WITH A SHOTGUN já é um dos mais divertidos de 2011.

4.10.10

LOUCA PAIXÃO (1973), de Paul Verhoeven



Já que o assunto do último post foi Verhoeven, aproveitei o domingo para ver LOUCA PAIXÃO, puta filmaço da fase holandesa do diretor que eu ainda não havia conferido. É a história de amor entre Erik, um escultor interpretado por Rutger Hauer, e Olga, a ruivinha Monique van de Ven. Como é Verhoeven quem comanda, provocativo e transgressor de sempre, obviamente o resultado não vai ser do mesmo nível de um LOVE STORY. Está mais para O ÚLTIMO TANGO EM PARIS, só que muito melhor, mais subversivo e acrescido de escatologia. Tudo encaixado ao próprio estilo do diretor e o resultado é um cinema anarquista, com várias sequências que tocam na ferida da sociedade certinha e ajustada.

O primeiro encontro do casal é surtadíssimo: Erik pede carona, a ruivinha para o caro, ele pergunta se o cabelo de baixo é da mesma cor que o de cima, em instantes estão fazendo sexo selvagem dentro do veículo, ele prende o pinto no zíper, vão até a casa mais próxima pedir um alicate emprestado e logo depois o carro capota. A partir daí, Verhoeven desenvolve uma aproximação humana que transcende qualquer relação íntima que eu já vi, ao ponto de uma cena como a que Erik examina as fezes com sangue de Olga para tranquilizá-la de que o líquido avermelhado é, na verdade, causado pela beterraba que havia comido na noite anterior e não um câncer como ela, desesperada, suspeitava, seja algo absolutamente afetuoso. Há tanta ternura no ato que até o sujeito de estômago fraco percebe o sentimento, depois do asco.

O problema agora é usar o filme como referência para avaliar qualquer outro cujo tema principal seja a relação de dois pombinhos apaixonados. Difícil superar LOUCA PAIXÃO...

Uma curiosidade, o diretor de fotografia do filme é Jan de Bont, que se apaixonou pela atriz principal e os dois tiveram um longo relacionamento. Diferente de Verhoeven, de Bont não fez nada interessante na sua tentativa de dirigir em Hollywood… Já Verhoeven, como sabemos, é um exemplo perfeito de alguém que conseguiu trabalhar em Hollywood sem deixar de expressar sua visão de mundo, por mais cínica e trangressora que seja.

27.7.10

RUTGER HAUER WITH A SHOTGUN

Não sei se alguém ainda lembra do concurso de trailers falsos realizado para o projeto GRINDHOUSE, de Quentin Tarantino e Robert Rodriguez, há alguns anos. O vencedor naquela época foi HOBO WITH A SHOTGUN, uma sandice deliciosa sobre um mendigo que resolve eliminar a sujeira da cidade utilizando uma simples escopeta, como pode ser visto (ou relembrado) no trailer premiado abaixo:


Mas a boa notícia é que não é só MACHETE que terá a honra de ser extendido em sua versão longa metragem. Em 2011, teremos HOBO WITH A SHOTGUN estrelado por ninguém menos que RUTGER HAUER!!!

O trailer não deve demorar a sair, mas se os realizadores conseguirem manter no longa o espírito exploitation do trailer falso, já seria mais que extraordinário! Acho difícil, mas não impossível, principalmente com as declarações de alguns envolvidos dizendo que tiveram muita liberdade para filmar. De qualquer maneira, é provável que seja um exemplar obrigatório para os fãs do gênero aguardarem de joelhos no ano que vem.

19.2.10

Notas de um carnaval cinematográfico - Parte 2: OMEGA DOOM (1996), de Albert Pyun

O segundo filme do carnaval cinematográfico Dementia 13 é outro trabalho de Albert Pyun, uma ficção científica inusitada e interessante, estrelada pelo grande Rutger Hauer. Mas não se preocupem! Este é o último filme do Pyun que eu vou postar por enquanto...

Depois de ficar famoso mundialmente interpretando um andróide em BLADE RUNNER, decidiram que Hauer era perfeito no papel de figuras futuristas ou robôs solitários em sci-fi’s de orçamentos modestos, por isso sua carreira é marcada por, eventualmente, participar deste tipo de produção. SPLIT SECOND, LINHA VERMELHA, HEMOGLOBINA e este OMEGA DOOM são alguns bons exemplares. Hauer é um cyborg (uma das obsessões de Pyun) que chega a uma cidade devastada e praticamente deserta e se depara numa disputa entre duas facções robóticas disputando um tesouro escondido em algum ponto dos escombros. O tal tesouro consiste em armamento pesado deixado pelos humanos antes da guerra – que reduziu a população mundial a uma porcentagem mínima – e servirá na batalha final das máquinas contra os homens. O filme inicia com a primeira batalha. Na visão de Pyun, a guerra é uma montanha de corpos sob um crepúsculo avermelhado, um visual sensacional e minimalista que só poderia ter saido da cabeça do diretor. Hauer é imparcial, não sabemos seu objetivo com clareza, mas aos poucos suas atitudes começam a remeter a YOJIMBO, de Akira Kurosawa, ou POR UM PUNHADO DE DÓLARES, de Sergio Leone. Especialmente este último (Leone é o diretor favorito do Pyun). OMEGA DOOM é pura metalinguagem. Pyun é um diretor que sempre procura experimentar em seus filmes, e aqui ele estrutura toda narrativa com elementos clássicos que fazem referências ao western. Enquadramentos, duelos, trilha sonora, impressionante. Flerte com outro gênero dessa maneira só tinha visto nos filmes de John Carpenter. Longe de mim comparar os dois diretores, mas é um resultado e tanto que temos aqui neste sentido. No entanto, de uma forma geral, OMEGA DOOM é bastante lento, conta toda sua trama num mesmo ambiente, as cenas de ação não são muito inspiradas como em NEMESIS ou MEAN GUNS, embora tenha seu charme, é um típico filme de Albert Pyun, com toda estranheza que seus fãs adoram. A versão que eu tenho desse filme é a que saiu no DVD nacional junto com FÚRIA CEGA, outro filmaço com o Hauer, uma releitura moderna e ocidental do mítico Zatoichi. Há tempos que não vejo essa belezinha, mas vou fazer isso qualquer hora dessas. Já OMEGA DOOM, não faço a menor idéia se foi lançado por aqui numa edição avulsa, mas esta versão vale a pena só de estar no formato certo…

9.8.09

O EXTERMINADOR IMPLACÁVEL (Wanted: Dead or Alive; 1987), de Gary Sherman

Sorry folks, mas uma atualização teria que acontecer, não é mesmo? Embora esteja me dando uma pena danada atualizar o blog. O que ocorreu no último post foi algo único e que eu nunca poderia imaginar que um dia fosse acontecer. Mas vamos seguir em frente. A boa notícia é que vai rolar uma entrevista exclusiva com o Albert Pyun em breve. Então aguardem!

E para justificar este post “estraga prazer”, vou falar ao menos um pouco do único filme interessante que eu assisti nos últimos dias, trata-se de O EXTERMINADOR IMPLACÁVEL, uma releitura contemporânea de um seriado de faroeste estrelado por Steve McQueen do inicio dos anos 60. Aqui o Rutger Hauer interpreta um ex-agente da CIA, agora trabalhando como caçador de recompensas urbano, e que é escalado para a perigosa missão de capturar um perigoso terrorista árabe, encarnado pelo Gene Simmons, integrante da banda KISS.

O roteiro dá para o gasto, a direção do Gary Sherman é excelente e Hutger Hauer aproveita para se entregar a um personagem fodão interessantíssimo. Tudo isso compensa um ponto que me incomodou um bocado: o filme tem pouca ação. Estamos nos anos oitenta aqui, período dos filmes de ação desenfreados e exagerados, é claro que isso não é item obrigatório para aumentar o nível de alguma obra, tanto que vários filmes da época são excelentes, cuja ação é discreta, realista e sem exageros, como é o caso de VIVER E MORRER EM LA, por exemplo. Mas um pouquinho mais de ação não ia fazer mal a O EXTERMINADOR IMPLACÁVEL. Mas tudo bem, como eu disse, outros atributos compensam este pequeno detalhe e não deixa de ser um filme bem melhor do que 90% do que é feito atualmente dentro do gênero.

Ps: acabei esquecendo de avisar, mas nunca é tarde; o mês de agosto no Dia da Fúria é dedicado ao diretor chileno Alejandro Jodorowsky. Imperdível! Não deixem de prestigiar.

12.7.09

FALCÕES DA NOITE (Nighthawks. 1981), Bruce Malmuth


Já faz um tempinho que namorava este filme na Americanas, especialmente pelo precinho, mas como não tinha visto ainda, hesitava. Depois que o Daniel me recomendou, deixei de frescura e comprei FALCÕES DA NOITE, e agora recomendo a vocês, porque realmente vale a pena. É assumidamente um filme menor na carreira do Stallone, fica ali na meiuca entre o Sucesso da série ROCKY e RAMBO, nunca teve a atenção que merece, mas no fim das contas é um interessante filme policial.

FALCÕES DA NOITE apresenta Wulfgar (Rutger Hauer), um terrorista europeu que acaba perdendo a linha nos seus negócios, que se resume em explodir lugares e pessoas, e precisa sair de cena por uns tempos, antes que seus ex-companheiros o traia ou a polícia o prenda. Então decide ir para Nova York, lugar perfeito para se abrigar terrorista sem ser incomodado, principalmente depois de uma plástica facial.

O que Wulfgar ainda não sabe é que um especialista anti-terrorismo, Peter Hartman (Nigel Davenport) antecipou seus movimentos e já está em Nova York planejando uma forma de capturá-lo, e para isso conta com uma ajudinha extra formada por alguns dos melhores homens do departamento de polícia. Deke DaSilva (Stallone) e Matthew Fox (Billy Dee Williams), por exemplo, são perfeitos para essa missão. Extremamente capacitados e conhecem cada canto do submundo nova-iorquino, mas antes, passam por um treinamento anti-terrorismo que martela na cabeça dos policiais a necessidade de matar o Wulfgar de qualquer maneira, nem que coloque em risco a vida de inocentes, algo que DaSilva é totalmente contra, mas decide permanecer no grupo assim mesmo, depois de refletir profundamente.

Stallone e Williams estão muito bem, em ótima fase, e possuem uma química que funciona legal como parceiros policiais. O que chama a atenção é Stallone estar longe do seu habitual estereótipo do policial que se acha acima da lei, embora seja de fibra, mas se apresenta em FALCÕES DA NOITE um pouco mais comedido, introspectivo, demonstrando uma faceta diferente do ator como action man dos anos oitenta. Mas o melhor do filme é definitivamente Rutger Hauer (neste que é seu primeiro filme americano), muito convincente, com um olhar expressivo, louco, fazendo o terrorista sangue frio que mata sem piedade. É impressionante como hoje ele seja tão mal aproveitado no cinema.

Indo do "tema policial urbano" à "trama de terrorismo internacional", o filme oferece alguns ótimos momentos de ação e outros em que o rendimento cai um bocado, mas nada que estrague a diversão, longe disso, principalmente porque o “tema policial urbano” (que eu adoro) prevalece em cima da “trama internacional” (que às vezes pode soar bem chatinha) – a cena do bondinho com os reféns, por exemplo, é uma que acho muito longa, muito embromada, embora mostre o quão sádico Wulfgar pode ser. Mas é um filmaço, sem dúvida.

22.6.09

CONQUISTA SANGRENTA (Flesh+Blood, 1985), de Paul Verhoeven

Último filme do nosso prezado holandês doidão realizado na Europa antes de embarcar para os Estados Unidos, mas já rodado com dinheiro americano e falado em inglês (só depois de duas décadas ele voltaria ao seu país natal e realizaria A ESPIÃ). CONQUISTA SANGRENTA é uma aventura que se passa num ambiente medieval carregado de obsessões do diretor, ou seja, muita violência e sexo! O que é essencial aprender sobre Verhoeven é o seguinte: não importa o material, gênero, país em que trabalhe, tire as crianças da sala na hora de assistir a qualquer filme do sujeito!

A trama gira em torno de um grupo de mercenários rufiões, liderados por Martin (Rutger Hauer). Traído por um nobre, o bando seqüestra a donzela Agnes (Jennifer Jason Leigh), prometida de Steven (Tom Burlinson), filho do tal fidalgo, que tenta fazer de tudo para ter sua amada de volta. Apesar do ambiente medieval, o filme transcorre no ano de 1501, ou seja, num período de transição para a Era Moderna e o filme deixa esse detalhe bem evidente com o personagem de Steven, que é metido a homem da ciência e tenta criar invenções bélicas mirabolantes para recuperar Agnes, que já deixou de ser donzela há muito tempo nas mãos de Martin.

É curioso notar como Verhoeven consegue colocar o grupo de bárbaros mercenários, proxenetas, saqueadores, estupradores, homossexuais e prostitutas como os “bonzinhos” carismáticos da estória, enquanto o pobre moço perdido de amor é retratado como um vilão. No meio disso tudo, Agnes, uma personagem deveras ambígua. Gosta de pegar na espada de Martin, mas alimenta as esperanças de Steven. Aliás, J.J. Leigh está sensacional em seu desempenho e bastante desinibida. A recriação de época também merece destaque com os personagens sujos em ambientações igualmente imundas e insólitas, como na cena em que Agnes se encontra com Steven num cenário perfeito para iniciar um belo romance: debaixo de dois corpos putrefatos pendurados numa árvore...