MARCADO PARA MORTE não podia começar de forma melhor. Seagal perseguindo a pé (correndo com sua típica movimentação de braços que lembra uma mocinha correndo do namorado) ninguém menos que Danny Trejo, numa pequena participação, quando nem sonhava que estrelaria um filme chamado MACHETE, o qual esperamos ansiosamente. Aliás, teremos a honra de ver um reencontro entre ele e o Seagal, já que este marcará presença como um vilão, aparentemente.
Voltando a MARCADO PARA A MORTE, não demora muito para descobrirmos que o ator de rabinho de cavalo é o policial John Hatcher e que está trabalhando disfarçado em uma missão perigosa para desmascarar uns traficantes mexicanos. A operação dá toda errada e o nosso herói tem que se virar para sair do local, um puteiro mexicano, com a carcaça intacta, atirando, cortando pescoços com um facão e abrindo caminho a golpes de Aikido.
Uma pena que seu parceiro não tenha a mesma sorte. Em uma cena genial, o sujeito dá bobeira em frente a uma prostituta nua e esta o crava de balas. Seagal não pensa duas vezes, mesmo sem ver seu alvo atrás da porta, e atira também, mandando a pobre moça pro outro mundo. Tudo isso deixa Hatcher muito transtornado. E para resumir a descrição da trama, digamos apenas que o personagem se aposenta da polícia e tenta arranjar um lugar de paz para viver junto de sua irmã e sobrinha em uma cidade mais tranquila. Isso tudo com dez minutos de filme.
Como sabemos que não vamos ter nenhum filminho familiar estrelado por Steven Seagal, podem ter certeza que ele encontra de tudo no local, menos a paz e tranqüilidade que tanto almeja. A encrenca surge quando Hatcher começa a reparar na ação de uns traficantes jamaicanos e depois de algumas situações, resolve agir por conta própria para limpar a cidade, contando com a ajuda de um velho amigo que ele reencontra depois de muitos anos, interpretado pelo sempre ótimo Keith David (aquele mesmo que luta durante 50 minutos contra o Roddy Piper em ELES VIVEM, de Jonh Carpenter).
A direção desses primeiros filmes do Seagal é sempre de gente, no mínimo, competente. Dwight H. Little, que realizou HALLOWEEN 4, o último bom filme da série, e o excelente veículo de ação de Brandon Lee, RAJADA DE FOGO, é o homem que comanda por trás das câmeras em MARCADO PARA A MORTE. Talvez ele tenha sido responsável por alguns detalhes que tornam o filme ainda mais interessante. Porque de Steven Seagal temos o mais do mesmo. Claro que eu adoro vê-lo fazendo esse personagem badass que não dá mole para a bandidagem e basicamente repete o mesmo papel de sempre, com algumas variações. Mas o que diferencia este aqui dos demais é maneira como o diretor utiliza da violência. É provável que seja o filme mais sanguinolento e visceral de Steven Seagal. Vê-lo quebrando braços de meliante é algo bacana, agora, assistir em detalhes o osso partindo, é melhor tirar as crianças da sala...
E Seagal está extremamente sádico neste aqui. Os bandidos, a certa altura, mexem com a família do cara errado e Hatcher parte com tudo pra cima deles. Execuções à sangue frio, braços decepados, cabeças cortadas, olhos perfurados com os dedos, espinhas partidas ao meio com joelho, são alguns exemplos do que o homem é capaz em toda sua fúria. Os vilões jamaicanos também são um destaque a parte, acrescentando um tom mais sinistro ao filme com algumas sequências de vodu, sacrifícios humanos e elementos de magia negra. Basil Wallace, que encarna o líder jamaicano é de dar medo. O sujeito é muito expressivo e sua aparição no final, após uma reviravolta das boas, é uma grande sacada do roteiro e garante ainda mais algumas cenas de pura diversão!
Na minha modesta opinião, MARCADO PARA A MORTE fica atrás daqueles que citei da fase de ouro do Seagal. Mas é algo pessoal. Para o meu amigo Herax, por exemplo, DIFÍCIL DE MATAR fica em último entre os quatro. As posições variam de acordo com cada um, é lógico. Mas é inegável o fato de que os quatro filmes possuem quase o mesmo nível de qualidade e qualquer fã de cinema de ação old school tem mais que a obrigação de assisti-los!