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13.7.10

MARCADO PARA A MORTE (Marked for Death, 1990), de Dwight H. Little

Mais conhecido pelos admiradores do Steven Seagal como “o filme em que ele enfrenta traficantes jamaicanos macumbeiros”, MARCADO PARA A MORTE é o terceiro dos quatro primeiros filmes do ator e que correspondem à fase de ouro de sua filmografia, ou seja, produções com um nível de qualidade interessante que independente de ser o Seagal o protagonista, renderiam ótimos exemplares de ação casca grossa. O único que faltava para eu comentar aqui no blog era este aqui. Os outros três são NICO, DIFÍCIL DE MATAR e FÚRIA MORTAL.

MARCADO PARA MORTE não podia começar de forma melhor. Seagal perseguindo a pé (correndo com sua típica movimentação de braços que lembra uma mocinha correndo do namorado) ninguém menos que Danny Trejo, numa pequena participação, quando nem sonhava que estrelaria um filme chamado MACHETE, o qual esperamos ansiosamente. Aliás, teremos a honra de ver um reencontro entre ele e o Seagal, já que este marcará presença como um vilão, aparentemente.

Voltando a MARCADO PARA A MORTE, não demora muito para descobrirmos que o ator de rabinho de cavalo é o policial John Hatcher e que está trabalhando disfarçado em uma missão perigosa para desmascarar uns traficantes mexicanos. A operação dá toda errada e o nosso herói tem que se virar para sair do local, um puteiro mexicano, com a carcaça intacta, atirando, cortando pescoços com um facão e abrindo caminho a golpes de Aikido.

Uma pena que seu parceiro não tenha a mesma sorte. Em uma cena genial, o sujeito dá bobeira em frente a uma prostituta nua e esta o crava de balas. Seagal não pensa duas vezes, mesmo sem ver seu alvo atrás da porta, e atira também, mandando a pobre moça pro outro mundo. Tudo isso deixa Hatcher muito transtornado. E para resumir a descrição da trama, digamos apenas que o personagem se aposenta da polícia e tenta arranjar um lugar de paz para viver junto de sua irmã e sobrinha em uma cidade mais tranquila. Isso tudo com dez minutos de filme.

Como sabemos que não vamos ter nenhum filminho familiar estrelado por Steven Seagal, podem ter certeza que ele encontra de tudo no local, menos a paz e tranqüilidade que tanto almeja. A encrenca surge quando Hatcher começa a reparar na ação de uns traficantes jamaicanos e depois de algumas situações, resolve agir por conta própria para limpar a cidade, contando com a ajuda de um velho amigo que ele reencontra depois de muitos anos, interpretado pelo sempre ótimo Keith David (aquele mesmo que luta durante 50 minutos contra o Roddy Piper em ELES VIVEM, de Jonh Carpenter).

A direção desses primeiros filmes do Seagal é sempre de gente, no mínimo, competente. Dwight H. Little, que realizou HALLOWEEN 4, o último bom filme da série, e o excelente veículo de ação de Brandon Lee, RAJADA DE FOGO, é o homem que comanda por trás das câmeras em MARCADO PARA A MORTE. Talvez ele tenha sido responsável por alguns detalhes que tornam o filme ainda mais interessante. Porque de Steven Seagal temos o mais do mesmo. Claro que eu adoro vê-lo fazendo esse personagem badass que não dá mole para a bandidagem e basicamente repete o mesmo papel de sempre, com algumas variações. Mas o que diferencia este aqui dos demais é maneira como o diretor utiliza da violência. É provável que seja o filme mais sanguinolento e visceral de Steven Seagal. Vê-lo quebrando braços de meliante é algo bacana, agora, assistir em detalhes o osso partindo, é melhor tirar as crianças da sala...

E Seagal está extremamente sádico neste aqui. Os bandidos, a certa altura, mexem com a família do cara errado e Hatcher parte com tudo pra cima deles. Execuções à sangue frio, braços decepados, cabeças cortadas, olhos perfurados com os dedos, espinhas partidas ao meio com joelho, são alguns exemplos do que o homem é capaz em toda sua fúria. Os vilões jamaicanos também são um destaque a parte, acrescentando um tom mais sinistro ao filme com algumas sequências de vodu, sacrifícios humanos e elementos de magia negra. Basil Wallace, que encarna o líder jamaicano é de dar medo. O sujeito é muito expressivo e sua aparição no final, após uma reviravolta das boas, é uma grande sacada do roteiro e garante ainda mais algumas cenas de pura diversão!

Na minha modesta opinião, MARCADO PARA A MORTE fica atrás daqueles que citei da fase de ouro do Seagal. Mas é algo pessoal. Para o meu amigo Herax, por exemplo, DIFÍCIL DE MATAR fica em último entre os quatro. As posições variam de acordo com cada um, é lógico. Mas é inegável o fato de que os quatro filmes possuem quase o mesmo nível de qualidade e qualquer fã de cinema de ação old school tem mais que a obrigação de assisti-los!




8.5.10

HALLOWEEN 4 - THE RETURN OF MICHAEL MYERS (1988), de Dwight H. Little

A idéia de realizar um filme de terror diferente para ser lançado a cada Halloween era bacana e acabou gerando o divertido e intrigante HALLOWEEN III. Mas como eu disse no post sobre o filme, o público não embarcou no projeto o qual não tinha relação alguma com os dois filmes anteriores. Eles queriam o serial killer Michael Myers de volta e os produtores acabaram atendendo a solicitação.

John Carpenter chegou a escrever um roteiro que foi logo rejeitado pelo teor psicológico, retratando mais as consequências e os efeitos nos cidadãos de Haddonfield em relação aos assassinatos ocorridos dez anos antes. Ao invés disso, os produtores optaram por um slasher movie comum, como muitos daquele período, embora já desse indícios de seu declínio. Carpenter abandonou a franquia e este foi o primeiro que não teve seu nome nos créditos (a não ser no tema musical criado para o primeiro filme).

Mas isso não siginifica que HALLOWEEN 4 seja ruim. Muito pelo contrário.

A trama se passa dez anos após os acontecimentos do segundo filme. Tanto Myers quanto o Dr. Loomis (Pleasence) sobreviveram milagrosamente à explosão que fecha HALLOWEEN II. Um personagem chega a comentar o assunto logo no início, quando alguns paramédicos vão transportar o moribundo Myers para um outro local. O sujeito aparentemente não oferece perigo algum, mas basta estar em movimento dentro da ambulância para demonstrar que ainda não perdeu a velha forma de matar pessoas violentamente.

Dr. Loomis, agora desfigurado, velho e acabado, novamente se encarrega em tentar deter Michael Myers que retorna a Haddonfield para acabar com a vida de sua sobrinha de uns seis anos (Danielle Harris) e de qualquer um que entre em sua frente, como de costume… O filme não explica claramente o que aconteceu com Laurie Strode, tudo indica que tenha morrido, mas em futuras continuações ela retorna. Se bem que isso não faz muita diferença para esses roteiristas picaretas. Enfim, sua filha vive com outra família agora.

Na verdade, o roteiro não é dos que podemos considerar entre os melhores do gênero. As falhas saltam aos olhos, mas podem ser relevadas facilmente, principalmente porque a atmosfera de suspense é ótima. Dwight H. Little não é um John Carpenter, mas sabe criar um clima, só lamento que grande parte das mortes aconteçam off screen. Aliás, o resultado ficou tão leve que foi preciso chamar o técnico de efeitos especiais John Carl Buechler (responsável por muitos filmes de terror e sci-fi daquele período e até hoje encontra-se em atividade) para deixar o filme mais violento.

Little futuramente dirigiria dois bons filmes de ação: MARCADO PARA MORTE (1990), onde Steven Seagal enfrenta uma gangue de jamaicanos adeptos ao vodu, e RAJADA DE FOGO (1992), que comentei aqui outro dia, veículo para Brandon Lee demonstrar o que sabia.

HALLOWEEN 4 vale muito também pela presença do Donald Pleasence, sempre a vontade neste que provavelmente seja o personagem mais marcante de sua longa filmografia. Ele ainda faria mais duas continuações na pele do Dr. Loomis antes de falecer em 1995.

O produto final é um bom slasher movie, bem dirigido, inferior aos dois primeiros (ao terceiro também, embora este não seja um slasher) na minha opinião, mas ainda capaz de gelar a espinha em alguns momentos. Até porque uma garotinha de seis anos totalmente indefesa como alvo do psicopata mais tranquilo do cinema é algo bem desconfortável de se ver. E aquele desfecho é sensacional!

29.3.10

RAJADA DE FOGO (Rapid Fire, 1992), de Dwight H. Little

Apesar de O CORVO ser o filme mais lembrado de Brandon Lee, foi RAJADA DE FOGO, um pequeno veículo de ação, que ele teve a oportunidade mais decisiva no processo que o transformaria num ícone. Sim, posso estar delirando, mas eu acredito que se Lee não tivesse morrido acidentalmente em O CORVO, hoje ele teria sido um disputadíssimo astro de ação e roubaria facilmente vários papéis importantes nos filmes do gênero nos últimos dez anos. Aposto que ia...

O filme conta a estória de Jake Lo, um estudante chinês que vive nos Estados Unidos à sombra de seu pai que todos admiram: um líder pró-democrata que morreu atropelado por um tanque de guerra em uma manifestação nas ruas de Pequim. Até certo ponto, é algo um tanto biográfico para Brandon Lee, vivendo sob a sombra de seu pai, um dos rostos mais famosos do cinema oriental e um dos maiores ícones da cultura pop. Não devia ser fácil entrar na carreira de ator de filmes de ação sendo filho de Bruce Lee. Em entrevistas, Brandon chegou a declarar que o papel de Jake Lo foi escrito especificamente para ele, o que não é nada surpreendente.

Embora tenha essa veia política, presenciou as manifestações e a morte de seu pai, Jake é um individualista que pouco se importa com tudo isso, inclusive quando alguns ativistas tentam usá-lo em sua causa ele não se interessa nem um pouco. Na verdade, ele acha que nada disso vale a pena e que seu pai morreu em vão. É claro que tudo é descupinha do roteiro para a trama ficar mais interessante e ao final ele vai dar valor aos ideais de seu pai, mas sem perder o jeito badass de encarar as coisas!
Na trama, Jake testemunha um assassinato cometido por um dos mais perigosos chefões do crime organizado (Nick Mancuso), colocando sua vida em risco tendo a máfia e policiais corruptos a todo instante em sua cola. Apenas Mace Ryan, um tira honesto, interpretado pelo grande Powers Boothe, pode ajudá-lo. No entanto, Jake demonstra que é um sujeito durão resolvendo os problemas à base da porrada. Em RAJADA DE FOGO Brandon Lee finalmente teve o seu momento, porque em MASSACRE NO BAIRRO JAPONÊS, embora roube a cena, ele sempre será o coadjuvante gay de Dolph Lundgren,  depois em O CORVO, seu personagem precisou morrer e voltar a vida para demonstrar bravura. Aqui não. Jake Lo é de carne e osso, afoito por natureza e não deixa barato contra os oponentes.

A direção é de Dwight H. Little, que havia dirigido Steven Seagal em MARCADO PARA MORTE, o terceiro filme do astro de rabinho de cavalo. Deslumbrado com cinema de John Woo como quase todos os diretores de filmes de ação do início dos anos 1990, Little toma como base seqüências bem elaboradas de filmes como THE KILLER para criar as suas. Não vou dizer que o diretor teve sucesso, mas não deixa de ter ótimas cenas por aqui, especialmente porque Lee demonstra ser perfeito como heróis de ação,  movimentando-se com agilidade, fazendo acrobacias para fugir de balas, deferindo alguns golpes e utilizando de vários objetos em cena para atrapalhar a vida de seus oponentes. E quando seguram seu pé, ele dá aquele chute rodado que virou sua marca registrada!
No elenco ainda temos Raymond J. Barry como um agente corrupto e Al Leong, com seu inconfundível bigode, dando trabalho ao protagonista numa das melhores cenas de luta do filme.
Brandon Lee acabou sua precoce carreira com uma curta filmografia, tendo participado apenas de seis filmes para cinema, sendo que um deles nem chegou a ser creditado. Meu preferido continua sendo MASSACRE NO BAIRRO JAPONÊS, mas RAJADA DE FOGO tem uma certa importância que não pode ser ignorada.