Mostrando postagens com marcador blaxploitation. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador blaxploitation. Mostrar todas as postagens

7.9.10

DEMENTIA 13 no feriadão: MISTURA DE GÊNEROS


JONES, O FAIXA PRETA (Black Belt Jones, 1974): Jim Kelly é o cara! No clássico OPERAÇÃO DRAGÃO, estrelado por Bruce Lee, era apenas um rosto desconhecido que conquistou a atenção do público com carisma, ótimos movimentos em cenas de lutas e um black power super cool. O diretor Robert Clouse percebeu algo no rapaz e em JONES, O FAIXA PRETA, seu trabalho seguinte, o escalou como protagonista, expandindo ainda mais o potencial do ator, que se tornou um ícone da blaxploitation!

A trama é fraca, mas é lógico que isso não conta. O que vale é a quantidade de cenas em que Jones arrebenta a fuça de vários bandidos - bem ao estilo Bruce Lee, com direito a gritinhos - e os pequenos detalhes e personagens que tornam o filme ainda mais imperdível. Vale lembrar que o diretor possui experiência com filmes de artes marciais, então os fãs não tem do que reclamar. Já nos créditos iniciais somos brindados com uma pequena obra prima dos filmes B: Jones lutando contra vários meliantes enquanto as imagens congelam para o texto dos créditos surgirem na tela. A cena onde Gloria Hendry desabotoa a saia de forma sexy para logo depois botar vários marmanjos a nocaute também é um achado. E no final temos ainda a clássica luta no sabão!

Hoje, a figura de Jim Kelly é kirtsh e vista de maneira gozada. Mas uma olhada em JONES, O FAIXA PRETA percebe-se um bom filme, híbrido de blaxploitation e artes marciais, com alguns momentos impagáveis e uma trilha sonora bacana que ajuda na climatização do estilo. Não chega ao nível de um SHAFT, SWEETBACK, COFFY, mas é diversão certeira para o público iniciado nos gêneros marginais dos anos 70.


CORRIDA COM O DIABO (Race With The Devil, 1974): É outro filmaço que faz uma deliciosa bagunça de gêneros. Mas o enredo é bem simples, sobre dois casais que partem juntos num grande trailer para suas merecidas férias. Certa noite, eles testemunham um ritual satânico com sacrifício humano. Após serem descobertos, passam o filme inteiro pelas estradas tentando sobreviver aos ataques dos insanos integrantes do grupo, bem como a paranóia que toma conta de suas mentes.

Embora seja um autêntico B movie, CORRIDA COM O DIABO se beneficia muito por ter dois dos mais representativos atores daquela geração, Warren Oates e Peter Fonda, em excelentes atuações.
Essa mistura de horror com ação era para ser dirigida por Lee Frost, especialista em filmes baratos daquele período, mas acabou substituído por Jack Starret, outra figura que contribuiu bastante com o cinema de baixo orçamento. Frost chegou a receber crédito como roteirista, ao lado de Wes Bishop, mas todas as cenas que rodou foram refilmadas por Starret.

As seqüências de ação, com os carros trombando em alta velocidade são perfeitas e lembram muito o que George Miller faria no seu maravilhoso MAD MAX II, seis anos depois. Não ficaria surpreso se houvesse algum tipo de influência deste aqui sobre a obra do australiano. Mas a atenção do espectador também é voltada completamente aos momentos macabros da narrativa, como a cena do ritual, cujos figurantes eram compostos por membros reais de seitas, conforme afirma o diretor. Se é verdade, eu não sei, só garanto que o filme é uma experiência angustiante e muito divertida. Recomendo!

18.8.08

COFFY (1973)


direção: Jack Hill
roteiro: Jack Hill

Excelente exemplar do cinema blaxploitation, autêntico clássico do gênero, e não apenas por dispor da musa Pam Grier como protagonista, talvez a maior estrela deste nicho, mas para um filme exploitation de baixo orçamento, COFFY é surpreendentemente bem filmado, escrito, com personagens marcantes. Crédito do diretor e roteirista Jack Hill que teve muito bom gosto nas suas escolhas visuais e na forma como parece deixar seu elenco livre e confortável para representar cada um o seu papel.


O filme traz Pam Grier como Coffy, uma exuberante enfermeira que resolve se vingar dos traficantes que colocaram sua irmã mais nova no mundo das drogas e espancaram um policial que não se vendeu para o mundo do crime. É uma premissa bastante simples, e na verdade o único sentido nisso tudo é que, se tivesse oportunidade, Coffy colocaria uma bala na cabeça de todos os traficantes da face da terra. Mas são os detalhes  e a maneira como Hill conta sua história que tornam o filme especial. E Pam Grier possui muita personalidade pra encarar uma personagem com bruto desejo de vingança e o apelo sexual, elementos que já elevam o filme num nível superior.


 

Só pra ter uma noção, logo no inicio, ela age como uma espiã sexy disfarçada de prostituta. Através de seus atributos físicos, convence fácil um traficante a levá-la para um apartamento prometendo de tudo e mais um pouco. Já no local, ela surpreende o público ao tirar da bolsa uma garrucha e estourar a cabeça do sujeito com as calças arriadas. É tudo questão de estilo, algo que Pam Grier tem de sobra pra fazer a cena funcionar com timing perfeito, independente dos exageros típicos do gênero.

Há uma cena bem hilária onde Coffy acaba na casa de uma drogada lésbica para conseguir algumas informações sobre o caso do seu amigo policial. As coisas esquentam e as duas começam a brigar e de repente aparece a namorada da moça, uma negra do tamanho do Shaquille O’neal que confunde a situação achando que as duas estavam botando as aranhas pra brigar (se é que me entendem). E aí o pau come de verdade, mas Coffy dá no pé, já que seria impossível enfrentar aquele mamute.

 

Pois bem, Coffy descobre que um cafetão chamado King George possui contato com os grandes chefões da máfia, mas em especial, Vitroni, que é o gangster por trás do acontecido com o seu amigo policial. Mais uma vez, ela se disfarça de prostituta para se infiltrar na organização. A primeira impressão que ela causa é de inveja nas outras garotas por conta de seus atributos "artísticos". Numa festa promovida pelo gigolô (que usa umas roupas supimpas!) está presente o alvo de Coffy, e é o momento de usar toda sua sensualidade para impressionar. Mas de cara acontece algo absurdamente impagável. Coffy cai na porrada com as putas invejosas com direito a muita pagação de peitinho, gilete no cabelo e sangue pra todo lado. E é justamente o que chama a atenção de Vitroni.


Escolhida para uma noite de amor com o traficante, Coffy se prepara para a hora da vingança, mas é surpreendida por um capanga que impede que ela mate seu chefe. Coffy acusa o pobre King George como mandante do assassinato. Daí surge então outra seqüência antológica para os amantes do cinema exploitation. O gigolô é arrastado pelo o pescoço por uma corda amarrada no carro dos bandidos de Vitroni. E lá se vai mais uma dose de muito sangue espalhado por quarteirões. Enquanto isso, Coffy dá seus pulos pra escapar e meter muita bala durante o resto do filme, que ainda guarda muitas surpresas como uma rede de corrupção que envolve personagens ambíguos e inesperados e não quero ficar aqui contando tudo, embora já tenha contado até demais...


Dos filmes do diretor Jack Hill que eu vi, Coffy é o meu preferido. Possui todos os elementos que se poderia esperar de um filme como este e vai mais além criando personagens profundos e até mesmo inovando em alguns pontos da essência do Blaxploitation. Normalmente, os filmes deste estilo eram protagonizados por homens, policiais, traficantes ou drogados que usavam a mulher como objeto sexual. E Jack Hill, que é branco, chega com Coffy, um dos primeiros filmes do gênero onde temos uma heroína que luta contra as drogas e representa a força da mulher na personificação perfeita de Pam Grier.