31.10.08

CONSCIÊNCIAS MORTAS (1943), de Willian A. Wellman

Bom filme o Consciências Mortas (43), de Willian A. Wellman, cuja reputação é totalmente justificável. Trata-se de um western com forte apelo ético, anti-linchamento, provavelmente levantou algumas sobrancelhas na época do lançamento. Hoje não funcionaria nem como panfleto, mas ainda induz à reflexão sobre leis e justiça (principalmente neste país de merda onde vivemos). Mas deixando de lado as questões sociais, sobra ao filme cinema de puríssima qualidade. São apenas 75 minutos, mas muito bem enxugados e que valorizam as composições visuais de Wellman, além de trazer no elenco grandes nomes como Henry Fonda, Dana Andrews e Anthony Quinn em bons momentos de suas carreiras.

30.10.08

Top 10 Brian De Palma

1. BLOW OUT (81)
2. O PAGAMENTO FINAL (93)
3. DUBLÊ DE CORPO (84)
4. VESTIDA PARA MATAR (80)
5. SCARFACE (83)
6. OBSESSION (76)
7. OS INTOCÁVEIS (87)
8. DÁLIA NEGRA (06)
9. CARRIE (76)
10. FEMME FATALE (02)

29.10.08

INGLORIOUS BASTARDS (1977), de Enzo G. Castellari

Com Quentin Tarantino filmando neste momento a sua homenagem aos filmes de guerra, principalmente Inglorious Bastards (77), acabei parando pra assistir logo de uma vez este clássico do italiano Enzo G. Castellari, porque daqui a pouco a febre começa e vai ser cult ter assistido as referencias que o Tarantino coloca em seus filmes (Espero que entendam a minha ironia).

Mas o próprio Inglorious Bastards é uma homenagem declarada aos filmes de guerra e isso fica claro pela maneira que o roteiro aborda os clichês do gênero dosando humor e seqüências de ação exacerbadas, criando uma jornada onde os “bastardos sem glória” rumam ao calvário bélico. A história é repleta de situações elaboradas, o ritmo e o timing para as cenas de ação e comédia são perfeitos, mas no final das contas é a contagem de corpos que prevalece e Castellari se destaca nestes momentos, especialmente no final, quando resolve se soltar e filmar em câmera lenta as metralhadoras cuspindo chumbo, explosões desenfreadas e dublês “morrendo com estilo”. Uma coisa linda de se ver.

Recomendo o texto do Felipe M. Guerra em seu blog para saber muito mais sobre Inglorious Bastards.

28.10.08

Anos 50

Finalmente chegamos nos anos 50 nesta série de tops dos melhores filmes de cada década. E paro por aqui. Não que eu não tenha visto filmes das décadas de 40, 30 e 20, mas ainda não tenho bagagem pra fazer uma boa lista sem repetir diretores e com muitas opções em vista. Com certeza faremos um dia...

Portanto, segue o ultimo Top das décadas, no mesmo esquema das anteriores: ordem cronológica, um filme por diretor e os meus cinco preferidos em negrito.

NO SILENCIO DA NOITE (50, Nicholas Ray)
A MALVADA (50, Joseph L. Mankiewzick)
CREPÚSCULO DOS DEUSES (50, Billy Wilder)
OS ESQUECIDOS (50, Luis Buñuel)
CAPACETE DE AÇO (51, Samuel Fuller)
MILAGRE EM MILÃO (51, Vittorio de Sica)
CANTANDO NA CHUVA (52, Gene Kelly e Stanley Donen)
OS SETE SAMURAIS (54, Akira Kurosawa)
JANELA INDISCRETA (54, Alfred Hitchcock)
A PALAVRA (55, Carl T. Dreyer)
SINDICATO DE LADRÕES (54, Elia Kazan)
A MORTE NUM BEIJO (55, Robert Aldrich)
RASTROS DE ÓDIO (56, John Ford)
VAMPIROS DE ALMAS (56, Don Siegel)
MOBY DICK (56, John Huston)
UM CONDENADO À MORTE ESCAPOU (56, Robert Bresson)
O SÉTIMO SELO (57, Ingmar Bergman)
DOZE HOMENS E UMA SENTENÇA (57, Sidney Lumet)
GLÓRIA FEITA DE SANGUE (57, Stanley Kubrick)
NOITES DE CABÍRIA (57, Federico Fellini)
QUANDO VOAM AS CEGONHAS (57, Mikhail Kalatosov)
O GRITO (57, Michelangelo Antonioni)
O INCRÍVEL HOMEM QUE ENCOLHEU (57, Jack Arnold)
A MARCA DA MALDADE (58, Orson Welles)
MEU TIO (58, Jacques Tati)
NOITES BRANCAS (58, Luchino Visconti)
OS INCOMPREENDIDOS (59, François Truffaut)
ONDE COMEÇA O INFERNO (59, Howard Hawks)
HIROSHIMA MON AMOUR (59, Alain Resnais)
BOM DIA (59, Yasujiro Ozu)

27.10.08

Anotações sobre alguns filmes deste fim de semana:

A Última Amante (07) não é a Catherine Breillat que estamos acostumados, e isso na verdade pouco importa pra mim, principalmente por se tratar de um belíssimo filme sobre o amor irracional numa Paris do século XIX com bom uso da localização temporal, da recriação histórica, da estrutura narrativa. Mas tudo não passaria do convencional se não fosse Asia, a obra prima de Dario Argento. Breillat deposita toda a força de seu filme em Asia Argento, e esta, como vem fazendo a cada filme, corresponde à altura. O filme é a Asia com sua presença física de sensualidade expressiva e talento que não se esgota, de novo, assim como em Boarding Gate do Assayas e, provavelmente, deve ser em Go Go Tales do Ferrara.

Beau Travail (99) me lembrou os primeiros trinta minutos de Nascido para Matar do Kubrick, só que de uma maneira bem prolongada pra preencher os noventa minutos que o filme tem. O ritmo e a ausência de uma trama me incomodaram um bocado. Denis apresenta o cotidiano de um pelotão de legionários da maneira mais realista e distante possível e acho que até seria muito mais interessante se tivesse filmado um documentário com verdadeiros legionários, já que não há uma história definida, e a única preocupação parece ser em retratar o corpo humano. A fotografia é excelente e a presença do ator Denis Lavant garante bons momentos, mas não ocupam o vazio.

O nome é um tanto ridículo, mas Ainda me Chamam Campo Santo (71), de Giuliano Carnimeo, é um western spaghetti que me pegou de surpresa. Tem suas imperfeições, principalmente em questões técnicas de decupagem ou continuidade e essas besteiras que pouco importam num filme desse tipo, contanto que caminhe dentro do espírito do bom e velho western spaghetti e é exatamente o que acontece por aqui. Principalmente com a galeria variada de personagens marcantes e o tom de humor que às vezes excede um bocado, mas divertem tranquilamente. A cena que um sujeito tem o bigode “raspado” à bala já vale o filme.

John Huston coloriu O Pecado de Todos Nós (67) em tons de sépia que, a princípio, impressiona bastante. É um forte apelo estético que poderia ter a função de manter o deslumbre com as imagens de rigor extremo caso o filme tivesse pontos baixos. Não vem ao caso. O Pecado de Todos Nós é um dos melhores e mais ousados trabalhos de Huston. E não é só colocar um Marlon Brando interpretando um oficial homossexual reprimido, ou Elizabeth Taylor como sua mulher adúltera ou várias outras figuras traumatizadas e perturbadas. Mas é Taylor fazendo um striptease para provocar Brando sob o olhar dourado de Robert Foster, ou a cena onde ela chicoteia seu marido no rosto em frente aos convidados na festa. Pequenos detalhes que demonstram porque Huston era um dos grandes.

24.10.08

EMANUELLE IN AMERICA (1977), de Joe D'Amato


Quando se fala em Emanuelle, muita gente vai se lembrar da famosa série erótica onde a personagem infestava as mentes dos pré-adolescentes que ficavam até altas horas das madrugadas de sábado para assistir o Cine Privé da Band. Bons tempos aqueles, mas não é exatamente desta Emanuelle que hoje vamos falar, mas sim, da misteriosa e sensual Black Emanuelle vivida pela musa Laura Gemser, que encarnou a personagem pela primeira vez no filme Emanuelle Nera, de Bitto Albertini.

Com o passar dos anos, vários diretores utilizaram a personagem em seus filmes, e sempre com Gemser interpretando seu papel e nem exigia muito dela. Laura Gemser tinha uma beleza exótica magnífica e explodia em sensualidade. Bastava tirar a roupa e dizer as falas que os enquadramentos dos planos e uma ótima fotografia ficavam a cargo de um resultado satisfatório. O nosso famigerado Joe D’Amato foi um desses diretores que trabalhou com a personagem em diversos filmes, inclusive tomou Laura Gemser como musa nos mais variados tipos de produção.

Emanuelle in América é um dos melhores exemplos desta parceria entre D’Amato e Gemser. A história gira em torno de uma repórter que investiga o submundo do sexo entre milionários excêntricos até se encontrar no meio do perigoso universo dos snuff movies (filmes que mostram assassinatos reais de seus intérpretes). A trama se passa com certa lentidão, onde temos muitas cenas de nudez e sexo entre as investigações. Vale lembrar que algumas cenas são de sexo explícito (sem a Gemser, óbvio), detalhe que faz parte de uma das principais características de D’Amato, sempre em busca do choque visual, misturando tais cenas com tramas de suspense ou terror, como em Porno Holocausto e Erotic Nights of Living Deads, por exemplo.

D’Amato chega a filmar uma mulher excitando um cavalo em uma reuniãozinha dos milionários (da mesma forma que fez em sua versão de Calígula), embora não mostre o ato sexual da mulher x cavalo, é um dos momentos mais impressionantes do filme junto, é claro, com as famosas cenas de snuff movie, que são de um realismo extraordinário e causou muita polêmica na época. Foi quando surgiu a lendária história que D’Amato havia conseguido cenas de Snuff com a máfia russa! Genial!

21.10.08

ESPELHOS DO MEDO (2008), de Alexandre Aja


Não sei se eu li direito, mas acho que a grande maioria não gostou deste novo trabalho do francês Alexandre Aja, que é mais uma refilmagem de um terror coreano. Uma pena, porque dentre todas essas versões americanizadas desses filmes orientais, Espelhos do Medo foi o que eu achei mais interessante e divertido. Não vi o original, então não posso fazer algum tipo de comparação, mas é um belo exercício de construção do medo que Aja consegue desenvolver com aquelas imagens refletidas. Para ser mais franco, eu me borrei em quase todas as vezes que o personagem de Kieffer Sutherland resolvia entrar no shopping incendiado pra encarar os espelhos. Sutherland nunca foi um excelente ator, mas parece que se descobriu ao viver o Jack Bauer da série 24 horas. Aqui ele praticamente faz uma versão sombria de Bauer, que resulta, lógico, em uma boa atuação do sujeito, ainda mais se comprarmos com o baixo nível do resto do elenco que não é lá grandes coisas. Mas dá pro gasto.

Há um sério problema no roteiro, pra ser mais exato, nos diálogos que são terríveis e em alguns momentos constrangedores, além de ser previsível e auto explicativo por demais e falta para os fãs de Aja um pouco mais de situações de gore e violência, diferente do que acontece em Haute Tension e Viagem Maldita, mas isso também não estraga a brincadeira do espectador mais interessado em curtir um bom e velho terror atmosférico, principalmente com um diretor criativo como este francês para induzir arrepiantes sentimentos com seqüências de gelar a espinha ou criar o choque visual com violência extrema (embora sejam poucos), como é o caso da cena da banheira. Gostei também do desfecho. Nada muito original, mas é uma sacada interessante. Acho que vale a pena conferir.

19.10.08

Anos 60

Dando seguimento aos melhores filmes de cada década, segue, em ordem cronológica e um filme por diretor, os melhores dos anos sessenta, com os cinco preferidos em negrito:

ROCCO E SEUS IRMÃOS (60, Luchino Visconti)
OS OLHOS SEM ROSTO (60, Georges Franju)
PEEPING TOM (60, Michael Powell)
O HOMEM QUE MATOU O FACÍNORA (62, John Ford)
HATARI! (62, Howard Hawks)
O ANO PASSADO EM MARIEMBAD (62, Alain Resnais)
O ANJO EXTERMINADOR (62, Luis Buñuel)
O PROCESSO (62, Orson Welles)
O QUE TERIA ACONTECIDO COM BABY JANE (62, Robert Aldrich)
OS PÁSSAROS (63, alfred Hitchcock)
OITO E MEIO (63, Federico Fellini)
SHOCK CORRIDOR (63, Samuel Fuller)
O DESPREZO (63, Jean Luc Godard)
GATE OF FLESH (64, Seijun Suzuki)
OS REIS DO IÊ IÊ IÊ (64, Richard Lester)
REPULSION (65, Roman Polanski)
OPERAZIONE PAURA (66, Mario Bava)
PERSONA (66, Ingmar Bergman)
BLOW UP (66, Michelangelo Antonioni)
TRÊS HOMENS EM CONFLITO (66, Sergio Leone)
FAHRENHEIT 451 (66, François Truffaut)
POINT BLANK (67, John Boorman)
O SAMURAI (67, Jean Pierre Melville)
THE SHOOTING (67, Monte Hellman)
FACCIA A FACCIA (67, Sergio Sollima)
2001 – UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO (68, Stanley Kubrick)
TEOREMA (68, Pier Paolo Pasolini)
ANDREI RUBLEV (69, Andrei Tarkovsky)
A BESTA DEVE MORRER (69, Claude Chabrol)
MEU ÓDIO SERÁ SUA HERANÇA (69, Sam Peckinpah)

18.10.08

Aniversários

Hoje, se estivessem vivos, três grandes
atores estariam fazendo aniversário:


George C. Scott

Peter Boyle

Klaus Kinski



Mas lógico que não vamos esquecer dele também
(e precisa dizer o nome?):

15.10.08

LA MASCHERA DEL DEMONIO (1960), de Mario Bava


Vi La Maschera del Demonio há bastante tempo e mesmo assim, vale a pena relembrar essa magnífica obra prima do horror gótico italiano, principalmente por causa de seu diretor, o mestre Mario Bava, provavelmente o maior precursor do horror italiano no início dos anos 60. Diretor de fotografia antes de se tornar cineasta, seus filmes sempre são de sombrias atmosferas e imagens carregadas, principalmente quando trabalha com o preto e branco como é o caso de La Maschera del Demonio, cuja definição atmosférica, a morbidez e a estética gótica se encaixam perfeitamente com o tema de bruxaria que o filme propõe.

Até mesmo a história deixa de ser tão relevante quando todo conjunto de elementos mórbidos, a ação dentro dos planos e toda a estética do horror que formam seqüências impressionantes e antológicas (como a do prólogo) tornam-se atrativos que potencializam o tom de pesadelo, sem contar a presença da bela musa do horror, Bárbara Steele, sempre expressiva em cena fazendo duas personagens que são contrapontos entre si. Além disso, Bava pode ser considerado a influencia máxima dos futuros mestres do horror italiano e, há uma cena em especial onde o mordomo do castelo é pego desprevenido por uma mão segurando uma corda que surge do nada, muito parecido com o que Dario Argento faria no futuro em filmes como Suspíria e Prelúdio para Matar. La Maschera do Demonio é um verdadeiro clássico que merece uma revisão.

14.10.08

A MORTE SORRIU PARA O ASSASSINO (1973)

aka LA MORTE HA SORRISO ALL'ASSASSINO
diretor: Joe D'Amato
roteiro: Joe D'Amato, Claudio Bernabei, Romano Scandariato

Mais um belo exemplar do puro e simples cinema do grande diretor, embora subestimado pela maioria, Joe D’Amato, em um filme de início de carreira (pra quem realizou mais de 190 filmes, o sexto ou sétimo filme ainda é início de carreira, não?). D’Amato, até então, havia realizado apenas westerns, algumas comédias e um filme de guerra, se não estou enganado. Não cheguei nem perto de ver nenhum deles ainda, infelizmente, mas um dia chego lá. A morte Sorriu para o Assassino é o primeiro filme de terror que D’Amato dirigiu e trata, basicamente, de uma mulher que chega a uma mansão com amnésia após sofrer um acidente com a carruagem que a conduzia. Logo, vários assassinatos misteriosos se iniciam na mansão e seus arredores.

O roteiro do próprio D’Amato (juntamente com Claudio Bernabei e Romano Scandariato) não se contenta em apenas explorar uma vertente do horror e acaba fazendo uma mistureba muito louca com vários elementos que tangem o sobrenatural e o real, onde temos uma mulher que volta a vida, embora seu organismo esteja fisicamente morto, e o espírito da mesma mulher que vaga assustando as pessoas, tudo jogado em cena sem qualquer coesão ou preocupação temporal. Ainda temos Klaus Kinski de corpo presente interpretando um médico que “descobre demais” e acaba tendo vida curta dentro do filme. Mas sua presença é marcante com aquele rosto expressivo. É um dos meus atores favoritos, principalmente porque, além de ser excelente, não tinha frescura, trabalhava com diretores do nível de um Herzog, mas não deixava de atuar em bagaceiras de Jess Franco.

Com sua experiência na direção de fotografia (e trabalhar como tal aqui também, mas creditado com seu nome de nascença, Aristides Massaccesi) e ter um estilo próprio já desenvolvido, D’Amato conseguiu construir um de seus filmes mais atmosféricos e bem acabado visualmente mesmo que ainda não recorra de todos os elementos que o tornaria famoso, como as temáticas ousadas e o forte apelo sexual (na verdade, o filme é bem ousada pra época, mas D’Amato faria coisas muito mais subversivas em trabalhos seguintes, e não faltam cenas de nudez por aqui). Mas o que não se pode reclamar é da violência. O filme possui várias seqüências onde o gore reina supremo e, em algumas delas, D’Amato se aproveita estéticamente para dar um tom mais artístico à sua obra.

12.10.08

Anos 70

Um filme por diretor, em ordem cronológica com os cinco preferidos em negrito:

BEYOND THE VALLEY OF THE DOLLS (70, Russ Meyer)
CORRIDA SEM FIM (71, Monte Hellman)
DEEP END (71, Jerzy Skolimowski)
MORTE EM VENEZA (71, Luchino Visconti)
OPERAÇÃO FRANÇA (71, Willian Friedkin)
QUANDO EXPLODE A VINGANÇA (71, Sergio Leone)
O DISCRETO CHARME DA BURGUESIA (72, Luis Buñuel)
AGUIRRE – A CÓLERA DOS DEUSES (72, Werner Herzog)
GRITOS E SUSSURROS (72, Ingmar Bergman)
O PODEROSO CHEFÃO (72, Francis Ford Coppola)
O ESPÍRITO DA COLMÉIA (73, Victor Erice)
A MONTANHA SAGRADA (73, Alejandro Jodorowsky)
AMARCORD (73, Federico Fellini)
TRAGAM-ME A CABEÇA DE ALFREDO GARCIA (74, Sam Peckinpah)
INVERNO DE SANGUE EM VENEZA (73, Nicolas Roeg)
RABID DOGS (74, Mario Bava)
CHINATOWN (74, Roman Polanski)
F FOR FAKE (74, Orson Welles)
O MEDO DEVORA A ALMA (74, Rainer Werner Fassbinder)
PROFISSÃO: REPÓRTER (75, Michelangelo Antonioni)
BARRY LYNDON (75, Stanley Kubrick)
PRELÚDIO PARA MATAR (75, Dario Argento)
A MORTE DE UM BOOKMAKER CHINÊS (76, John Cassavetes)
TAXI DRIVER (76, Martin Scorsese)
CARRIE (76, Brian de Palma)
ANNIE HALL (77, Woody Allen)
ROLLING THUNDER (77, John Flynn)
ZOMBIE (79, Lucio Fulci)
STALKER (79, Andrey Tarkovski)
O ASSASSINO DA FURADEIRA ELÉTRICA (79, Abel Ferrara)

11.10.08

breves anotações

WALKABOUT (1971), de Nicolas Roeg: Uma das mais belas metáforas sobre a incomunicabilidade humana e, desta forma, sobre não exprimir os desejos. O diretor de Um Inverno de Sangue em Veneza documenta este pensamento através de uma fábula onde dois irmãos (uma adolescente e seu irmão pequeno) acabam perdidos no deserto australiano e encontram um aborígene que os salva e os ajuda nessa jornada de colisões entre dois mundos distintos num cenário naturalmente poético e visceral. Há um sutil elemento sexual que permeia sob alguns momentos - como não poderia deixar de haver - entre a jovem e o aborígene, mas Roeg apenas sugere, sem que algo concreto aconteça.

SERAPHIM FALLS (2006), de David Von Ancken: Western de primeira qualidade que não deixa nada a dever aos grandes filmes do gênero. Postei há algum tempo aqui no blog alguns screenshots que tirei quando assisti. Uma sucessão de composições estéticas que demonstra a força do cinema na arte do olhar, do vislumbrar, na mesma intensidade que suas irmãs mais velhas: a pintura e a fotografia. A história trata de uma caçada implacável onde temos Liam Neeson (e Michael Wincott e Ed Lauter) como caçador e Pierce Brosnan como caça sem que saibamos claramente o porquê dessa situação. À medida que a narrativa vai esclarecendo essa informação, através de flashbacks, o filme se transforma em um poético e emblemático conto cheio de metáforas. O desfecho me lembrou um western dos anos 70, Caçada Sádica, de Don Medford, onde Gene Hackman persegue Oliver Reed durante todo o filme e acabam desfalecendo num deserto.

MEDO DA VERDADE (2007), de Ben Affleck: Uma grande bobagem que tenta se levar a sério sob a forma de um neo noir meia boca. O que deveria ser a grande sacada – a história com seus desdobramentos e revelações inesperadas – não passa de um monte de fio embolado num roteiro que atira para todos os lados e utiliza artifícios fajutos que tentam desesperadamente prender a atenção do espectador, mas acaba demonstrando uma fragilidade irreparável e que poderia ser evitada caso seguisse um caminho mais definido e confiasse um pouco na inteligência do público. Ben Affleck na direção é sem graça da mesma forma que interpreta, resolveu não aparecer neste aqui para não piorar a situação, embora nem a presença de Ed Harris (a única coisa boa do filme) e Morgan Freeman consiga ajudar a salvar o dia.

TAKEN (2008), de Pierre Morel: A idéia central daria margem para mais uma entre tantas baboseiras genéricas do gênero que surgem em hollywood atualmente. Não que Taken seja lá uma obra prima, mas pelo menos cumpre aquilo que promete com firmeza, seriedade e sem frescura ao mesmo tempo em que se assume como uma obra limitada, mas divertida. Liam Neeson aqui é um ex-espião do governo americano, sujeito solitário que foi abandonado pela família por causa de seu trabalho, mesmo assim não deixa de dar atenção para a filha adolescente vivendo muito bem com a mãe agora casada com um milionário. Quando sua filha é seqüestrada numa viagem pra França, ele resolve utilizar suas modestas habilidades desenvolvidas durante os anos para resgatá-la, o que inclui experiência avançada com armas de fogo, faixa preta em vários tipos de artes marciais, direção automobilística super ofensiva e a frieza de matar sem remorso qualquer sujeito que entre na sua frente para impedi-lo.

9.10.08

CURE (1997)

 

aka A CURA
diretor: Kiyoshi Kurosawa
roteiro: Kiyoshi Kurosawa

CURE é desses filmes que te arrebata instantaneamente. Agora quero ver tudo do japonês Kiyoshi Kurosawa (que não possui ligação alguma com o diretor de Ran, Kagemusha, e diversos outros) cuja carreira já possui considerável número de filmes e só agora parei pra conhecer seu trabalho. Este aqui foi o filme que deu a Kurosawa um certo reconhecimento internacional e sua grandeza reside no estilo rebuscado de contar uma história através de longos planos enquadrados com rigor e simetria, uma linguagem cinematográfica não convencional com o cinema de gênero que faz e, exatamente por isso, tão legal!

Trata-se de um terror policial psicológico com cara de filme de Antonioni, ou algo do tipo. A trama é até simples e parte de uma série de assassinatos, cometidos por pessoas diferentes, mas com as mesmas características: as vítimas sempre têm dois cortes que vão do pescoço ao peito em forma de X. O policial designado para o caso suspeita de que exista uma pessoa por trás desses crimes. Aos poucos, a coisa toda toma forma de um profundo estudo da psicologia humana com a carga emocional que o protagonista vive, mas sem perder a essência do horror nem deixar de lado o realismo insólito na composição de suas imagens.

Dos diretores japoneses atuais, Kurosawa já assume um lugar favorável entre os meus favoritos ao lado de Takashi Miike, Takeshi Kitano e outros (preciso conhecer Sion Sono). E isso é porque só vi apenas um filme do sujeito. Caso seus outros trabalhos mantenham o mesmo nível de qualidade deste aqui, ele corre sério risco de se tornar o meu favorito. E se tivesse assistido CURE antes de fazer aquela lista dos anos noventa que está ali em alguns posts abaixo, podem ter certeza que ele estaria lá.

7.10.08

RIGHTEOUS KILL (2008)

Eita filmezinho cretino. John Avnet é um diretor sem personalidade alguma e é muito triste ver dois excelentes atores como Robert De Niro e Al Pacino transformando-se em caricaturas deles mesmos numa trama policial porcamente construída, previsível e tão inútil que não serve nem como diversão.

Acho que está na hora de rever Fogo contra Fogo...

5.10.08

Anos 80

Combinei com os amigos Daniel e Vlademir de publicarmos um top 30 dos anos 80, já que acabamos influenciando uns aos outros quando fizemos a dos anos 90. A idéia é fazer um novo top a cada semana.

A lista dos anos 80 foi muito mais difícil de fazer, já que o número de filmes no páreo era maior. Mais por culpa minha, que acabo assistindo filmes das décadas de 60, 70 e 80 em maior quantidade que as outras. De qualquer forma, acho que isso é o mais próximo do meu gosto atualmente. Em ordem cronológica com os cinco preferidos em negrito:

TOURO INDOMÁVEL (80, Martin Scorsese)
MEMÓRIAS (80, Woody Allen)
CANNIBAL HOLOCAUST (80, Ruggero Deodato)
AGONIA E GLÓRIA (80, Samuel Fuller)
O PORTAL DO PARAÍSO (80, Michael Cimino)
THE BEYOND (81, Lucio Fulci)
BLOW OUT (81, Brian De Palma)
MS. 45 (81, Abel Ferrara)
O ENIGMA DO OUTRO MUNDO (82, John Carpenter)
CONAN – O BÁRBARO (82, John Milius)
TENEBRE (82, Dario Argento)
BLADE RUNNER (82, Ridley Scott)
VIDEODROME (83, David Cronenberg)
NOSTALGIA (83, Andrei Tarkovsky)
AMANTES (84, John Cassavetes)
PARIS, TEXAS (84, Win Wenders)
ERA UMA VEZ NA AMÉRICA (84, Sergio Leone)
DEPOIS DE HORAS (85, Martin Scorsese)
RAN (85, Akira Kurosawa)
VÁ E VEJA (85, Elem Klimov)
VIVER E MORRER EM LOS ANGELES (85, Willian Friedkin)
DRAGÃO VERMELHO (86, Michael Mann)
VELUDO AZUL (86, David Lynch)
DOWN BY LAW (86, Jim Jarmusch)
O RAIO VERDE (86, Eric Rohmer)
IL DIAVOLO IN CORPO (86, Marco Bellochio)
BEST SELLER (87, John Flynn)
A BARRIGA DO ARQUITETO (87, Peter Greenaway)
SANTA SANGRE (89, Alejandro Jodorowsky)
VIOLENT COP (89, Takeshi Kitano)

3.10.08

THE LIFE AND TIMES OF JUDGE ROY BEAN (1972)


diretor: John Huston
roteiro: John Milius

Em homenagem ao Paul Newman, que faleceu recentemente, fui procurar no meu acervo alguns filmes dele que eu ainda não tivesse visto. O único que encontrei foi The Life and Times of Judge Roy Bean, dirigido pelo mestre John Huston. Sendo assim, não precisei nem ter o trabalho de escolher e foi muito recompensador, principalmente porque atualmente tenho lido bastante os quadrinhos do TEX e tem me dado uma vontade enorme de assistir um bom e velho western e claro, por causa do próprio Paul Newman numa belíssima interpretação, digna da galeria de personagens que viveu ao longo de sua carreira.

O roteiro escrito pelo grande John Milius (que anos mais tarde viria comandar a produção Conan – O Bárbaro) trata da vida do juiz Roy Bean, vivido por Newman, cujos princípios básicos se resumem em colocar todo criminoso à forca, sem importar-se com a gravidade do crime, e a bela Lillie Langtry, uma atriz de Nova York que estampa com diversos cartazes as paredes de um local que serve de bar, corte jurídica e moradia do juiz na pequena cidade de Vinegaroon, onde acompanhamos o crescimento ao longo do tempo e que serve de metáfora para analisar um período de transformação na formação da civilização americana.


Elogiar o trabalho de Paul Newman seria o mínimo a se fazer. Seu personagem ganha uma forma física e mental que poucos atores poderiam conceber com tanto carisma, humor e profundidade dramática (Talvez um Steve MacQueen agüentasse o tranco). Vale destacar ainda o elenco composto por figuras ilustríssimas como Anthony Perkins, no papel de um reverendo que surge no início do filme narrando sua passagem direto pra câmera, olhando para o público, algo que acontece várias vezes durante o filme com outros personagens. O próprio diretor John Huston como um sujeito bizarro que deixa um urso de presente ao Juiz, além de Jacqueline Bisset, Roddy McDowall, Ned Beatty, Richard Farnsworth e a bela Ava Gardner fazendo uma participação como Lillie Langtry, a musa do protagonista.

Roy Bean não é um western convencional. Desde o início percebe-se um tom despretensioso na narrativa que logo alcança um ar estilizado já no primeiro tiroteio. Não é um filme de muita ação, mas quando acontece, Huston parece não se importar muito com verossimilhanças, mas sim em dar a sensação de uma lembrança antiga, como uma história que foi contada de geração em geração até se tornar uma lenda que ultrapassa os limites da realidade. Não é a toa que Huston foi um dos grandes mestres do cinema americano e cada filme é uma descoberta de como ele estava extremamente lúcido em seus últimos filmes, talvez até mais que no início de carreira.

1.10.08

Filmes de Setembro

Segue a lista de todos os filmes vistos em Setembro com revisões em negrito:

O OPERÁRIO (2004), Brad Anderson * *
UM TIRO NA NOITE (1981), Brian de Palma * * * * *
A MORTE SORRIU PARA O ASSASSINO (1973), Joe D’Amato * * *
CHEERLEADER MASSACRE (2003), Jim Wynorski * * *
LIZARD IN A WOMAN SKIN (1971), Lucio Fulci * * * *
YOUNG PEOPLE FUCKING (2007), Martin Gero * *
ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA (2008), Fernando Meirelles * * *
TETSUO (1989), de Shinya Tsukamoto * * * *
A HISTÓRIA DE RICKY (1991), Ngai Kai Lam * * *
HARD BOILED (1993), John Woo * * * * *
ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO (2008), José Mojica Marins * * * *
BASKET CASE (1982), Frank Henenlotter * * * *
A MORTE DO CHEFÃO (1973), Richard Fleischer * * * *
MEMÓRIAS (1980), Woody Allen * * * * *
EM PARIS (2006), Christophe Honoré * * * *
DEATH RACE (2008), Paul W. S. Anderson * *
MEUS VIZINHOS SÃO UM TERROR (1989), Joe Dante * * *
TROVÃO TROPICAL (2008), Ben Stiller * * *