Mostrando postagens com marcador brad pitt. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador brad pitt. Mostrar todas as postagens

2.12.12

KILLING THEM SOFTLY (2012)


E estreou o KILLING THEM SOFTLY, que estava a fim de conferir há tempos. Motivos não faltavam. É do mesmo diretor do western poético O ASSASSINATO DE JESSE JAMES PELO COVARDE ROBERT FORD (ufa); o roteiro é baseado num autor que eu curto; e tudo indicava que o tema iria envolver máfia, crime, assassinato, essas coisas que sempre me despertam o interesse.

No Brasil, recebeu o título O HOMEM DA MÁFIA. Aqui em Portugal, uma tradução mais literal: MATE-OS SUAVEMENTE. Achei bem melhor, diga-se de passagem. Mas não importa, a experiência é a mesma, ou seja, trata-se de um puta filme de crime, bastante perspicaz, que carrega um subtexto político bem relevante. A história transcorre na época da eleição presidencial americana de 2008, quando os EUA estavam atravessando uma delicada situação financeira. De alguma forma os personagens que habitam KILLING THEM SOFTLY são uma representação do próprio governo americano (ou, literalmente, fazem parte desse governo), também lidando com uma crise financeira, com a diferença de que nesse universo a coisa pode ser resolvida à base de chumbo grosso.

Foi inspirado num romance de George V. Higgins, que possui outro livro adaptado para as telas de cinema, OS AMIGOS DE EDDIE COYLE, um filmaço estrelado pelo Robert Mitchun e dirigido pelo Peter Yates (e que eu já comentei aqui no blog). Não vale a pena divulgar tanto sobre a trama de KILLING THEM SOFTLY. É daqueles filmes que será melhor degustado tendo o mínimo de informação possível. Se alguém por aí ainda não viu, não deveria estar lendo isso aqui... Whoops!


Mas já que estamos aqui destaco a maravilha que é o elenco. Não há exatamente um protagonista, apesar do Brad Pitt estampar várias artes promocionais. Na verdade, a coisa aqui funciona na base dos duelos magistrais de interpretação, contando com umas figuras simpáticas que gostamos de ver em cena, como Richard Jenkins, Ray Liotta, James Gandolfini, o próprio Brad Pitt pagando de bad-ass e outros. Além de uma rápida participação de Sam Shepard. O filme transpira a precisão narrativa de Dominik, discípulo de Terence Malick, que abusa da presença desses atores magníficos, um roteiro cheio de longos diálogos interessantes, texto sensacional, e de um visual muito bem elaborado que cria planos maravilhosos e várias cenas antológicas.

Os eventuais assassinatos, por exemplo, acontecem exatamente como o título sugere. De maneira suave. Mas de extrema violência! Uma violência belíssima de se ver. A sequência da execução que ocorre no semáforo, em câmera lenta e música de fundo, é simplesmente sublime. DRIVE já começou a deixar seus vestígios... Mas a grande sacada de KILLING THEM SOFTLY são os GENIAIS cinco minutos finais, quando todo o subtexto político finalmente se revela com clareza e a porrada pega em cheio... Nem preciso dizer que é altamente recomendado, não é?

11.1.11

AMOR À QUEIMA ROUPA (True Romance, 1993), de Tony Scott

Já estava na hora de rever AMOR À QUEIMA ROUPA, então foi o que fiz no último fim de semana. Primeiramente, preciso dizer que gostei muito, até porque foi como assisti-lo pela primeira vez... realmente não me recordava de muita coisa. Depois, me peguei pensando sobre o diretor do filme e, curiosamente, descobri que o Bruno Andrade postou em seu blog, O Signo do Dragão, num daqueles seus posts de uma linha, a seguinte frase: “Só débeis mentais defendem Tony Scott”.Hahahahaha! 
Bom, estava prestes a escrever sobre o Toninho quando li a frase e achei muito boa, mas como eu sei que sou meio débil mental em relação ao meu gosto cinematográfico, ia dizer que gosto de algumas coisas que o sujeito fez. Só acho que o Toninho tem uma carreira meio estranha... quando era um simples artesão, fez uns thrillers e dramas policiais e de ação sólidos como O ÚLTIMO BOY SCOUT e este aqui, os quais eu aprecio muito. E quando finalmente resolveu imprimir um estilo visual próprio, como em CHAMAS DA VINGANÇA, por exemplo, acabou fazendo merda... Ainda assim, nem tudo está perdido! Não vi ainda seus dois últimos filmes, mas DÉJÀ VU é bem legal!
Mas voltando ao AMOR À QUEIMA ROUPA, e já tirando o Toninho da conversa, a força do filme reside em dois elementos. Um deles é, sem dúvida, o roteiro do Tarantino, cheio de diálogos marcantes, citações e referências que me faziam por em prática a cinefilia, além de situações tensas, engraçadas, emocionantes de um universo único que só poderia ter saído da mesma cabeça que nos deu JACKIE BROWN.
A trama é sobre um sujeito que se apaixona por uma “acompanhante” muito louca e resolve acertar as contas com seu cafetão para tê-la livre só pra ele. Depois de muita confusão, pancadaria, tiroteio e morte, sobra em suas mãos uma maleta cheia de um pó branco que eu não preciso nem dizer o que é. A trama se desenrola com esse casal apaixonado e surtado tentando vender a droga enquanto um bando de gente entra em seus caminhos.

E aí vem o outro elemento que possui grande força: o elenco é um dos mais sensacionais dos anos 90! A começar pelos pombinhos, Christian Slater e Patricia Arquette, e daí prossegue com Dennis Hopper, Gary Oldman, Christopher Walken, Brad Pitt, Samuel L. Jackson, Saul Rubinek, James Gandolfini, Chris Penn, Tom Sizemore, Ed Lauter... enfim, só gente fina! E a grande maioria em participações minúsculas, mas todas com um aproveitamento excelente. 

Juntando então o roteiro do tarantino com esses caras, só poderia sair sequências como o quebra pau no quarto do hotel entre Gandolfini e Arquette, a cena do carro onde o pó voa na cara do sujeito, ou então o diálogo genial de Christopher Walken e Dennis Hopper, uma das coisas mais brilhantes que o Tarantino já escreveu.
 
Voltando ao Toninho, pra finalizar, seu trabalho é competente, sem nada de errado. Mas acaba sendo um de seus melhores filmes mais pelo material e elenco que tinha em mãos do que por méritos próprios. Talvez seu único mérito seja o de não ter estragado o filme como quase fez Oliver Stone em ASSASSINOS POR NATUREZA, com uma história que o Tarantino escreveu tendo como base as idéias cortadas do roteiro de AMOR À QUEIMA ROUPA. Não acho ASSASSINOS ruim, mas se Stone tivesse feito apenas o feijão com arroz, teria sido algo do nível desse aqui... eu acho.

11.10.09

BASTARDOS INGLÓRIOS (Inglourious Basterds, 2009), de Quentin Tarantino

O novo filme do Tarantino é uma coisa absolutamente linda e é uma pena ver uma parcela da “crítica especializada” metendo o pau, catando defeitos e colocando adjetivos que o filme realmente não merece... mas não vou ficar bancando de advogado, porque outros já fizeram de forma muito mais eficaz do que eu faria, e putz, filmezinho difícil de escrever no impulso, no calor da primeira conferida! É muita coisa transbordando na tela. Por enquanto, fico naquela de que se trata de cinema da mais pura qualidade, um Tarantino no auge da sua maestria como cineasta, no rigor estético e na direção firme, mas ainda sem vergonha, sem medo algum de experimentar (inclusive em modificar a história escrita nos livros sobre a Segunda Guerra Mundial), feito da forma que tem que ser feito.

O filme inteiro é estruturado por capítulos definidos, e me chamou muito a atenção a forma que Tarantino prepara certas sequências com uma lentidão fora do comum, trabalhando um puta diálogo sempre muito bem escrito, que favorece demais à narrativa, acumulando uma carga de tensão, para que logo depois haja uma explosão de ação e violência, da mesma forma que Sergio Leone preparava os duelos de seus filmes. E é incrível como a direção do sujeito tenha crescido tanto, filmando diálogos que não tem nada a ver com a estória, mas com um tour de force impressionante.

E ainda existem as referências cinematográficas, BASTARDOS INGLÓRIOS é um mundo de citações e homenagens que vão desde filmes de ação americanos no estilo “men in a mission” ao cinema popular italiano, (guerra e spaghetti western, mais precisamente), passando pelo cinema clássico. Tudo isso transfigurado num espetáculo tarantinesco, seu próprio filme de guerra sobre vingança, com direito a todas as suas obsessões, diálogos afiados, violência explícita, personagens estilizados, metalinguagem...

O elenco de primeira composto por rostos não tão conhecidos do grande público, a não ser Brad Pitt, é muito bom. Me surpreendeu o Eli Roth, diretor de O ALBERGUE, monstrando sua faceta para a atuação, mas quem rouba a cena é o vilão encarnado por Christoph Waltz, bem merecida a sua Palma em Cannes deste ano pela sua performance.

E Tarantino está com crédito, demonstra que o cinema de ação, guerra, ou qualquer gênero que resolva se meter, não precisa ser alienado para ser divertido. “Acho que esta pode ser a minha obra prima”, como disse o Tenente Aldo Raine (Pitt) ao final.

Mas agora não restam dúvidas, Sr. Taranta, esta É a sua obra prima!

3.11.08

Fim de semana fraquinho, acabei assistindo apenas dois filmes: Queime Depois de Ler (08) está mais para O Grande Lebowski que Matadores de Velhinhas e O Amor Custa Caro. Ufa! Que bom! Mesmo assim não deixa de ser um retrocesso depois do monumento Onde os Fracos não Têm Vez. O filme não é ruim, deixando bem claro, e o princípio que estabelece a narrativa é bem interessante partindo dos conceitos da espionagem, mas que se desdobra numa comédia de erros que fica entre a necessidade de ser um produto de humor comercial (e consegue bons resultados diante do publico, principalmente por causa dos diretores em questão e do elenco de estrelinhas) e a vontade de ser uma comédia de humor negro com ar de filme de autor. Acaba sendo uma mistura imperfeita, principalmente quando a primeira necessidade prevalece e temos, por exemplo, Brad Pitt se ridicularizando numa caricatura de sei lá o que, mas logo depois entra a segunda vontade, e a forma como retiram Pitt de cena é totalmente digna.

Badaladas à Meia Noite (65) é uma das maiores criações de Orson Welles, talvez somente abaixo, em sua filmografia, de A Marca da Maldade. O filme é uma compilação Shakespereana escrito pelo próprio diretor e modestamente financiado com dinheiro europeu, mesmo assim passa a impressão de grandiosidade, o cinema nas mãos de Welles é algo grandioso. A idade média é retratada com muita criatividade e domínio estético impressionante (uma fotografia barroca em preto e branco, com fios de luzes que entram pelas janelas e portas). A famigerada batalha que acontece no meio do filme é muito bem orquestrada e deixa qualquer Coração Valente ou Senhor dos Anéis no chinelo. Mas o ponto alto, uma das maiores antologias da obra de Welles, é a cena onde o príncipe/rei renega Falsfatt. Aliás, interpretado pelo próprio diretor, Falsfatt é a prova de sua maestria também como ator.