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11.7.10

COMANDO DELTA (The Delta Force, 1986), de Menahem Golan

Em tempos pós 11 de setembro de 2001, dificilmente veremos um filme novo utilizando terroristas árabes que sequestram um avião cheio de americanos como forma de entretenimento. Não quero iniciar discussões políticas, mas houve uma época que isso era muito comum. COMANDO DELTA, estrelado por dois machões do cinema de diferentes gerações, Lee Marvin e Chuck Norris, é um ótimo exemplo. Eu costumava assistir a esta belezinha diversas vezes quando era criança. Pra ser sincero, eu fui batizado com este tipo de filme... Saudades da boa época da TV aberta... mas foi uma experiência interessante revê-lo depois de tantos anos.

Já não me lembrava de muita coisa da trama, a não ser algumas sequências de ação lá do final, que era o que prendia minha atenção, mas ainda vamos chegar lá. A idéia para COMANDO DELTA do Sr. Menahem Golan, o grande nome por trás da extinta Cannon, é muito boa. Uma combinação bem divertida de filme de sequestro de avião com o cinema de ação exagerado dos anos 80, cuja representação encontra força no personagem de Chuck.

O enredo se resume a um avião que parte para os Estados Unidos e é seqüestrado por dois terroristas libaneses. Ao mesmo tempo, é acionado um esquadrão de elite para casos de sequestros, liderado por Lee Marvin, que parte ao encontro da situação para resolvê-la a qualquer custo, nem que seja à base de tiro de bazuca!

A primeira hora do filme se concentra no seqüestro, toda a sua burocracia e uma dose acima da média de dramaticidade para este tipo de filme. Que porcaria de filme de ação oitentista é esse em que os tiroteios e explosões só iniciam depois de uma hora? Dá pra acompanhar tranquilamente, mas não deixa de ser truncado demais. O bom é que quando a ação começa, segue frenética até o fim! Além disso, a bordo do avião temos de tudo um pouco para a alegria daqueles que adoram um clichezão: crianças choronas, uma mulher grávida, freiras suplicantes, um padre, a vítima indefesa que é espancada e até a aeromoça valentona. Mas o destaque mesmo fica por conta do elenco que desfila diante da tela. E isso me surpreendeu bastante, pois não lembrava dessa seleção de atores.

O piloto do avião é ninguém menos que Bo Svenson. Não seria uma surpresa pra mim se ele levantasse da cadeira e resolvesse a situação por conta própria, como um homem de ação que sempre foi, mas ele satisfaz apenas como comandante de vôo mesmo. George Kennedy é o padre; Martin Balsan e Shelley Winters vivem um casal de judeus e Robert Forster tem a complicada missão de tentar convencer o público que é um terrorista libanês!!! E até consegue bons resultados. Fora do avião, Robert Vaugh aparece discretamente como homem do governo e Steve James é um dos integrantes do esquadrão.

Lee Marvin tem aqui a sua última atuação. É até um pouco melancólico pra mim, vê-lo nesse personagem, porque além de ser o meu ator favorito, talvez tenha notado em sua honesta interpretação o arrependimento em estar terminando sua carreira numa produção B de ação que não se leva a sério. Claro que ele é um dos elementos essenciais de COMANDO DELTA e eu adoro o filme, mas pra ele que esteve sob a direção de grandes nomes como Fritz Lang, Sam Fuller, Robert Aldrich, John Boorman, Yves Boisset e muitos outros, não sei se ele estava lá muito satisfeito com isso. Os outros atores mais velhos como Balsan e Kennedy estavam ali pra se divertir e pegar um cheque para garantir que as contas do mês fossem pagas.

Assim como a ação final, outro detalhe praticamente ininterrupto é a trilha sonora patriótica de Alan Silvestre. Anos 80 puríssimo, embora fosse bem melhor aproveitada como música de abertura de programa esportivo, mas dá aquele tom tosco que o filme precisa pra divertir ainda mais os assíduos fãs deste tipo de produção.

Mas o melhor de COMANDO DELTA fica por conta mesmo de Chuck Norris, quando lá pelas tantas o filme se transforma num autêntico exemplar de ação desenfreada! E o ator fica muito mais à vontade para demonstrar todo seu talento e desenvoltura soltando frases de efeito, metralhando bandidos e fazendo pose ao mesmo tempo, distribuindo pancadas em terroristas, etc. Uma cena muito boa é a perseguição em alta velocidade pelas ruas de Beirute. Norris demonstrando boa pontaria dentro de uma combi em movimento, enquanto seus perseguidores aparentemente não conseguiriam acertá-lo nem se ele estivesse sentado no colo deles. Na sequência final o sujeito esbanja criatividade em cima de uma moto cheia de parafernálias bélicas, como metralhadoras e lança mísseis. Os terroristas devem ter pesadelos com Chuck Norris até hoje... aqueles que sobrviveram.

Mas vamos ser francos, o esquadrão Delta Force na verdade é bem problemático. O filme abre com uma missão fracassada e termina com o grupo especial triste por um dos integrantes ter perdido a vida em ação, embora os reféns do avião tenham sido libertados. No meio do filme, o próprio Lee Marvin põe tudo a perder atrapalhando uma movimentação para invadir enquanto o avião era abastecido em terra. Lógico que havia um motivo para a trapalhada, mas isso acarretou na morte de um dos reféns. Na hora de entrar em ação, os caras mandam bem, mas um pouco de organização tática ajudaria a não cometerem tantos erros.

Isso é pra mostrar quem nem tudo na vida é como gente gostaria que fosse, mas nem por isso devemos ficar abalados, não é mesmo? Que lição de moral mais cretina que eu arranjei aqui... Enfim, o esquadrão Delta Force ganhou outro filme poucos anos depois, mesmo com seu modo torto de agir: COMANDO DELTA 2, dirigido por Aaron Norris, irmão caçula de Chuck, agora sem o Lee Marvin no elenco, que morreu um ano depois de ter trabalhado neste aqui. Comentaremos sobre ele depois. Adiós!

4.8.09

VIAGEM RADIOATIVA (Radioactive Dreams, 1985), de Albert Pyun

Para um diretor considerado um dos piores no ramo da sua geração, até que Albert Pyun se sai muito bem neste seu segundo filme. Pelo menos eu adorei, principalmente pelo tom nostálgico que eu acabo vivenciando quando assisto a essas produções que fizeram um relativo sucesso na era do VHS - embora eu fosse pequeno, com meus sete, oito anos naquela época e teimava em locar as mesmas fitas (A HISTÓRIA SEM FIM e LABIRINTO eram meus recordes de locação), meu pai sempre variava um pouco mais do que eu, por isso eu pude assistir a bastante coisa boa que eu nem me lembro, mas aos poucos vou resgatando.

Não é o caso deste aqui. Só fui assistir pela primeira vez a RADIOACTIVE DREAMS há pouco tempo, mas muita coisa realmente me agradou no filme, exceto, óbvio, a direção de Pyun, que é bem fraquinha. Mas vamos dar um desconto ao rapaz porque o roteiro foi ele quem escreveu a partir de uma idéia extraída de sua própria cabeça e a estória é ótima! Além disso, foi ele quem realizou o meu filme preferido do Van Damme, CYBORG – O DRAGÃO DO FUTURO, isso mesmo, aquele que os personagens têm nomes de marcas de guitarra...

Assim como no filme do Van Damme, RADIOACTIVE DREAMS se passa num período pós-apocalíptico, fruto da Terceira Guerra Mundial. Antes das bombas nucleares começarem a explodir, entretanto, dois garotos são colocados em um abrigo subterrâneo onde passam o tempo lendo livros policiais dos anos 30 e 40. Pyun, já treinando sua astúcia na criação de nomes para personagens, coloca Phillip Chandler (John Stockwell) para um e Marlowe Hammer (Michael Dudikoff!!!) para o outro. Quem conhece o mínimo de novelas policiais dos anos 40, deve ter percebido a esperteza do diretor/roteirista em homenagear os verdadeiros criadores do estilo noir. Após 15 anos vivendo no local, os garotos, agora um pouco mais velhos, conseguem sair do abrigo e se deparam com o mundo em um estado bem interessante...

Cyberpunks antropófagos, motoqueiros, roqueiros, mutantes e um rato monstro gigante, todos bastante hostis, são alguns exemplos de seres que estavam lá fora para receber os dois ingênuos rapazes que praticamente passaram a vida inteira olhando um para cara do outro dentro do abrigo subterrâneo e agora pensam que são dois detetives tentando resolver um caso. E o pior é que acabam entrando numa intriga envolvendo um par de chaves que aciona um míssil poderosíssimo, capaz de devastar toda a raça humana, e todo o tipo de figura estranha pretende colocar as mãos nas tais chaves, não me pergunte o motivo, mas acho que, como dizia o ex-presidente americano George W. Bush, uma única palavra resume a responsabilidade de qualquer governante, e essa palavra é “estar preparado”...

No campo das atuações, temos um Michael Dudikoff irreconhecível, bem diferente dos papeis sérios que encarnou nos filmes de ação que fazia a alegria da moçada. Aqui, o seu Marlowe é um sujeito afetado, age o tempo inteiro como se fosse uma bicha louca em “quarto escuro” de boate gay (não, nunca entrei num lugar assim e nem pretendo, antes que comecem a pensar gracinhas). Seu trabalho seguinte foi exatamente aquele que mudou o rumo de sua carreira: AMERICAN NINJA, grande clássico que também marcou minha infância. Já John Stockwell faz o tipo caladão e mais sóbrio da dupla. Stockwell já tinha um rosto um tanto famoso pela participação em CHRISTINE, do John Carpenter. Voltou a trabalhar com o Pyun em DANGEROUSLY CLOSE, antes de ser escalado em TOP GUN, de Tony Scott. Saiu debaixo dos holofotes, fez algumas pontas e dirigiu algumas coisas, foi ele quem realizou aquela tosqueira filmada aqui no Brasil e causou um rebuliço besta: TURISTAS. Ainda no elenco de RADIOACTIVE DREAMS temos os veteranos George Kennedy e Don Murray.

O roteiro louco que mistura ficção cientifica pós-apocalíptica, elementos do film noir e muita aventura no estilo MAD MAX II e er... BLADE RUNNER, só poderia gerar bons momentos de diversão para toda a família; e até mesmo a direção porca, sem qualquer noção de espaço, a fotografia péssima e a edição ridícula dão ao filme um charme singular, isso sem falar que a trilha sonora é sensacional, escolhida a dedo com várias canções bem datadas dos anos oitenta. Demais! Recomendo ao pessoal de bom gosto que sabe apreciar uma boa e velha tralha!

OBS: Um bom exemplo desse tipo de gente e que adora este filme é o meu amigo Osvaldo Neto, que está de volta, depois de alguns meses parados, ao Vá e Veja, um dos melhores blogs nacionais sobre “cinema de qualidade”! Grande retorno!