O mais legal de IT LIVES AGAIN é que ao invés de requentar os elementos do filme anterior, o diretor e roteirista Larry Cohen realmente se empenhou para expandir ainda mais o universo dos bebês monstros que ele criou. É claro, temos novamente um casal na mesma situação que os Davis, do filme de 74, mas os desdobramentos são totalmente diferentes. A criatura, por exemplo, é logo capturado no momento em que nasce, colocado numa gaiola e levado para um centro de estudo secreto onde já se encontram dois exemplares da mesma espécie sendo estudados. Bem diferente do solitário bebê mutante solto pelas ruas fazendo suas vítimas, como no primeiro filme.
Agora, alguns detalhes o Cohen teve que manter para o prórpio bem do filme, como a acidez na qual tempera seu horror movie com um tom de análise moral de maneira ainda mais dramática que seu antecessor. E não é porque se passaram quatro anos entre um filme e outro que a situação financeira da produção melhorou. Cohen precisa mais uma vez demonstrar talento e criatividade para driblar o baixo orçamento. A forma como filma os bebês sempre serve como bom exemplo, enquadrando essas fofuras de relance, envoltos na escuridão criando uma nuance misteriosa e pertubadora. Estou falando, Cohen é um mestre do cinema de horror americano e eu não havia me dado conta ainda! Há até mais espaço para umas cenas com uma violência gráfica... belo trabalho de maquiagem e efeitos do Rick Baker.
John P. Ryan retorna com o seu personagem, Frank Davis, tendo agora a missão de alertar os casais que estão prestes a dar a luz a bebês mutantes. É o caso de Jody e Eugene Scott, encarnado pelo Frederic Forrest. Na trama, o governo está determinado a exterminar impiedosamente todos os monstros no momento em que são paridos, enquanto Davis trabalha para alguns cientistas e um deles vivido pelo grande Eddie Constantine, que tem a intenção de salvar e estudar as pobres criaturas.
Destaque para a excelente atuação do casal principal que protagoniza algumas discussões bem acaloradas e expressivas, afinal, não é todo dia que o filho tão esperado nasce mais feio que o Ronaldinho Gaúcho. E, claro, John P. Ryan, que regressa com um personagem muito mais interessante e dramático. Lá pelas tantas, quem retorna também é o James Dixon, que faz o detetive responsável pelo caso no primeiro filme. E é curioso porque é o único personagem que aparece nos três filmes da série. O grande John Marley também marca presença chefiando a operação do governo.
Em suma, IT LIVES AGAIN consegue manter o mesmo nível reflexivo, expande de maneira inteligente o universo do filme de 74 e ainda não deixa de ser horror atmosférico dos bons! No brasil, recebeu o título de A VOLTA DO MONSTRO. E como esqueci de falar no post do filme anterior, IT’S ALIVE é conhecido como NASCE UM MONSTRO. Clássicos! Em breve, o terceiro pra fechar.
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15.3.13
14.11.10
RESIDENCIA PARA ESPIAS (1966), de Jess Franco
Se fosse realizado uma década depois, RESIDENCIA PARA ESPIAS teria excelentes motivos para que o diretor Jess Franco explorasse a sua maior especialidade: PUTARIA! Ele iria às favas com a trama (se é que haveria um roteiro) e passaria o filme inteiro dando zoons em pererecas cabeludas de atrizes robustas. Mas estamos em 1966 e Franco ainda não havia descambado para essas peculiaridades da forma como temos em seus filmes a partir dos anos setenta.
É um trabalho simpático, adjetivo estranho para elogiar um filme deste prolífico diretor, mas é um bom termo para definir esta obra de início de carreira (décimo primeiro filme, na verdade, mas pra quem já fez mais de 190, não é nada). Além de ser uma leve comédia, RESIDENCIA PARA ESPÍAS é um autêntico Eurospy - subgênero criado na esteira dos filmes do agente 007 e gerou uma infinidade de cópias, paródias, homenagens e picaretagens no velho continente, principalmente na Itália e França.
Jess Franco possui alguns exemplares do gênero no currículo (aliás, qual gênero ele não possui?). Para o papel do espião, Franco escalou o americano Eddie Constantine, que no ano anterior havia interpretado outro espião, Lemmy Caution, só que num filme totalmente cerebral, ALPHAVILLE, de Jean Luc Godard. Curioso numa cena logo no início do filme, ele contracena com Howard Vernon, fiel colaborador de Franco, mas que também esteve presente no filme de Godard, no papel do Professor Nosferatu.
Em RESIDENCIA PARA ESPÍAS, Eddie Constantine encarna o agente da CIA Dan Leyton, uma versão de James Bond, só que desprovido de beleza, mas tão mulherengo quanto o espião à serviço de sua majestade. Sua missão é se infiltrar numa espécie de colégio para espiãs americanas na Turquia e descobrir de onde está vazando informações sigilosas que os inimigos do governo americano estão obtendo.
A direção de Franco é caprichada, explora as paisagens turcas sem ficar enrolando o espectador com o excesso de planos vazios como acontece em alguns trabalhos do espanhol, mas já demonstra uma má vontade com a narrativa, algo que de vez em quando fica totalmente em segundo plano em vários de seus melhores filme, os quais são mais experiências sensoriais do que qualquer outra coisa.
Mesmo assim, não recomendaria para quem deseja iniciar-se pelo cinema de Franco. Tirando um certo tipo de humor que surge em alguns momentos, é um filme bem diferente daquilo pelo qual o diretor espanhol é lembrado. Mas é divertido, dos mais acessíveis e muito bem contextualizado como um Eurospy.
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