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12.8.11

THE CHALLENGE (1982)

 

aka O GRANDE DESAFIO (Portugal)
direção: John Frankenheimer
roteiro: Richard Maxwell,John Sayles

É impressionante como um filme deste nível é subestimado. Só pela lista de nomes que aparece nos créditos, já merecia algum respeito. Claro que “nomes” não é sinônimo de qualidade, mas no caso de THE CHALLENGE é um destaque a mais de um puta filmaço!

Então vejamos, temos um diretor que aquela altura já possuia uma carreira de dar inveja a qualquer cineasta aspirante, John Frankenheimer; o ator preferido de Akira Kurosawa, Toshiro Mifune; um jovem roteirista e relevante diretor do cinema independente americano, John Sayles; Scott Glenn provavelmente interpretando o papel de sua vida e é a estréia de Steven Seagal no cinema, ainda atrás das câmeras, trabalhando como coordenador de artes marciais.

 

Na trama, um boxeador (Glenn) é contratado para transportar uma espada sagrada até o Japão e entregá-la ao mestre Yoshida (Mifune) em sua escola de samurais. Mas a coisa toda dá errada assim que o sujeito pisa no país do sol nascente se metendo numa enrascada. Sem dinheiro para retornar ao seu país, acaba ficando na escola, se aprofundando nas artes marciais e absorvendo a cultura até chegar num ponto onde resolve entrar na guerra pela tal espada que Yoshida trava com seu próprio irmão, Hideo, um poderoso homem de negócios que deseja a arma de qualquer maneira, nem que tenha de travar um duelo mortal com o irmão.

O lance do choque cultural é bem típico, nenhuma novidade, até porque não precisa de muita coisa, está tudo do jeito que tem de ser. E existem várias sequências de treinamento nas quais o protagonista desenvolve um estilo de luta e aprende certos valores que antes ignorava e etc. É uma espécie de encontro entre INFERNO VERMELHO (choque cultural) com KARATE KID (treinamento e todo blá blá blá). No início, temos um Scott Glenn jogado num sofá, bebendo cerveja, sem dinheiro, sem trabalho e depois de uma longa trajetória o sujeito se transforma em um nobre guerreiro. Talvez nem tão nobre assim. Enquanto Yoshida enfrenta os capangas armados de seu irmão com arco e flecha, estrelinhas e a tal espada sagrada, Glenn utiliza uma sutil metralhadora. O cara é samurai, mas não é bobo!

 

O roteiro é assim, tem um lado mais sério, mas não tem vergonha de ser apelativo quando se trata de ação. Da mesma forma as lutas coordenadas pelo Seagal são brutais e realistas, mas Frankenheimer não liga de mostrar uma cabeça sendo partida ao meio como uma melancia madura e muito sangue para agradar os fãs mais viscerais. Belo filme! Cheio de detalhes, excelente direção e contrastes que tornam THE CHALLENGE um filme tão humano e ao mesmo tempo divertido.

13.5.09

INFERNO NO PACÍFICO (Hell in the Pacific, 1968), de John Boorman

Não sei justificar porque enrolei tanto pra assistir a este filme tão obrigatório na minha lista de pendências. Talvez por negligência mesmo, mas a verdade é que o Lee Marvin é o meu ator favorito, então quem já viu INFERNO NO PACÍFICO deve saber que era praticamente uma questão de honra conferir este aqui.

Quem ainda não conhece o filme, vai ter uma boa referencia se já tiver assistido o clássico da sessão da tarde, INIMIGO MEU, estrelado por Dennis Quaid e Louis Gossett Jr, dirigido por Wolfgang Petersen em tempos áureos e inspirados. Agora, quem não conhece nenhum dos dois, pode mudar de área, vá ler um livro, jogar video game, etc, porque cinema não é pra você mesmo!

Mas se ainda quiser continuar a ler o texto, tudo bem, então vamos a história: Já perto do fim da Segunda Guerra Mundial, um piloto norte americano (Marvin) e um oficial japonês (Toshiro Mifune), acabam presos numa pequena ilha deserta. Espero que aqueles que não conheciam ambos os filmes – e mesmo assim insistiram em continuar lendo – tenham pelo menos uma noção de história pra saber que soldados americanos e japoneses eram inimigos mortais neste período, então já dá pra sacar qual é a do filme.

Principalmente porque eu não tenho muito mais a acrescentar sobre a trama sem estragar o prazer de ver pela primeira vez, ainda mais que INFERNO NO PACÍFICO, tirando o básico do plot, não tem nada a ver com INIMIGO MEU. Não esperem aqui naves espaciais, equipamentos futuristas e nem o Toshiro Mifune ficar grávido... seria no mínimo, ridículo. Além do mais, o número de diálogos é risível e os únicos seres humanos que veremos em cena são os dois personagens citados.

Lee Marvin, como sempre, está perfeito, expressivo e com muita presença, vivendo o americano que confia demais na esperteza pra conseguir as coisas, mas não possui os conhecimentos básicos do manual de sobrevivência para casos do tipo, então, a principio, passa fome e sede, enquanto o "colega" japonês sabe pescar e arranja água a vontade. E vale destacar o desempenho de Mifune, como não? O sujeito foi um dos maiores atores orientais, trabalhando em vários clássicos de Akira Kurosawa, o que não é pouco. É impossível dizer quem está melhor por aqui e o poder do filme concentra-se justamente na atuação dos dois indivíduos.

Mas por mais que o filme necessite da expressividade corporal dos atores, John Boorman nunca deixa a sua direção pender para um tom teatral. O roteiro, liberto de diálogos, se resume em situações puramente visuais, e um diretor do calibre de Boorman não iria desperdiçar a oportunidade de dar uma aula de linguagem cinematográfica. A fotografia é belíssima e o uso do som também é uma coisa de louco. No final das contas, temos belo filme de aventura, reflexivo sobre as diferenças de costumes e culturas, que é um tema já esgotado hoje em dia, mas muito bem trabalhado pelo diretor naquela época.