Não gostei muito deste
remake do clássico de ação setentista
ASSASSINO A PREÇO FIXO, estrelado pelo Charles Bronson, mas também não é um filme que me ofende. É claro que não sou estúpido suficiente para conferir esperando um típico filme do Bronson, algo que parece impossível nos nossos tempos, então está mais para um habitual filme de David Statham mesmo, que costuma estar acima da média em relação aos trabalhos dos “ícones” do cinema de ação da nova geração em Hollywood, mas que aqui incomoda um pouco justamente por me fazer lembrar que estamos diante dum
remake de um filme bem superior.

Um exemplo: a primeira cena de assassinato em
ASSASSINO À PREÇO FIXO é boa, simples, rápida, inteligente, demonstra as habilidades notáveis do nosso protagonista como assassino profissional, etc... mas se formos comparar com o assassinato do Bronson no filme original, não dá nem para o cheiro. São 16 minutos sem qualquer diálogo, a câmera do diretor Michael Winner descreve visualmente cada movimento do protagonista, sem exageros, com uma elegância cinematográfica absurda, uma verdadeira aula de cinema que já vale o
remake inteiro!
E é impossível pra mim não ficar fazendo comparações, especialmente quando o filme se assume como
remake, utiliza os mesmos nomes dos personagens originais e não muda praticamente nada da essência do primeiro filme, o que de certa forma é algo elogiável. é o certo, na verdade. Aliás, tirando o final (que é totalmente bunda-mole, diga-se de passagem, mas não vou estragar),
ASSASSINO À PREÇO FIXO é um filme que respeita o original até demais e segue uma estrutura bem fiel ao filme de 72. É claro que temos cenas de ação diferentes, algumas situações são atualizadas para os dias atuais, não tem a classe do cinema de ação dos setenta, enfim, é exatamente o que acaba que atrapalhando a quem tem grande apreço pelo filme do Bronson. E eu sou fanático pelo original!
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Classe. Ou você tem, ou você não tem. |
Embora não dê pra esperar um “
Charlie Bronson movie”, até que Jason Statham se sai bem por aqui. Convenhamos que nunca haverá substituto para o Bronson na história do cinema. Mas o Statham seria um dos poucos candidatos a estrelar os “equivalentes” atuais dos filmes do Bronson, como é o caso deste aqui, de certa forma. O sujeito é dos poucos atores de ação que consegue imprimir estilo no cinemão; tem porte, carranca e possui ligação coma artes marciais. Até seus filmes mais bobos acabam sendo divertidos com sua presença, como a série TRANSPORTER e DEATH RACE 2000 (outro remake que não deveria ter sido realizado, ruim pra cacete, mas presta como bom passatempo).
A direção de
ASSASSINO À PREÇO FIXO ficou por conta do Simon West, daí já viu, né? O cara estreou sua carreira fazendo aquele barulhento CON AIR, outro filme de qualidades duvidosas, mas visto na ingênua adolescência, me deixou de queixo caído. Hoje não perco meu tempo para conferir se realmente é muito ruim, ou se acaba tornando-se num autêntico
guilty pleasure. De qualquer forma, as cenas de ação deste aqui não são lá grandes coisas... alguma coisinha aqui e ali, mas nada demais. O que me surpreendeu um pouco é justamente quando NÃO havia ação. O filme se segura e nunca fica chato! Tá certo que a relação entre “mestre” e “aprendiz” (Ben Foster) é fraca, não funciona pra mim, mas as cenas com o Donald Sutherland ou até mesmo o relacionamento com a belíssima prostituta são competentes, prendem a atenção...
No fim das contas, dá pra perceber que
ASSASSINO À PREÇO FIXO é um sólido filme de ação, melhor do que muita coisa feita atualmente dentro do gênero em Hollywood, mas é inegável que poderia obter perfeitamente resultados bem melhores. Especialmente se colocado ao lado do original. Sei que isso é frescura minha, o filme de 72 sempre vai existir para a minha degustação, mas isso atrapalha bastante.