27.12.12

PAINEL DO CINEMA DE AÇÃO EM 2012

Em relação a 2011, este ano tivemos um retrocesso na quantidade de filmes de ação realmente estimulantes e interessantes. Naquela altura, consegui listar doze bons representantes do gênero, desta vez, apenas cinco... apesar de todos serem de muito respeito, a constatação de um número tão baixo é deprimente para os fãs de ação. De todo modo, segue a lista dos exemplares que em 2012 mereceram os devidos elogios (em ordem alfabética):

007 - SKYFALL, Sam Mendes


DREDD 3D, Pete Travis


OS MERCENÁRIOS 2, Simon West


THE RAID, Gareth Evans


UNIVERSAL SOLDIER 4: DAY OF RECKONING, John Hyams


Outro seis exemplares que, se não possuem o mesmo nível desses aí em cima, ao menos não são de se jogar fora (em ordem alfabética):

O ESPETACULAR HOMEM-ARANHA, de Marc Webb


GET THE GRINGO, Adrian Grunberg


LOOPER, Rian Johnson


PROTEGENDO O INIMIGO, Daniel Espinosa


RECOIL, Terry Miles


OS VINGADORES, Josh Wedhon

Agora, fiquei abismado pela numerosa quantidade de decepções que o gênero proporcionou esse ano. Uma caralhada de filmes péssimos, vagabundos, que eu esperava, no mínimo, noventa minutos de diversão. E alguns estrelados por Van Damme, Lundgren, Adkins, Danny Trejo... 2012 realmente não foi bom para o cinema de ação direct to video. Segue uma amostra:

6 BULLETS, Ernie Barbarash. Com Van Damme.
DRAGON EYES, John Hyams. Com Van Damme e Peter Weller.
EL GRINGO, Eduardo Rodriguez. Com Scott Adkins.
FORÇA TÁTICA, Adamo P. Cultraro. Com Steve Austine e Michael Jai White
ONE IN THE CHAMBER, William Kaufman. Com o Dolph.
BOURNE LEGACY, Tony Gilroy
BAD ASS, Craig Moss. com Danny Trejo.
BUSCA IMPLACÁVEL 2, Olivier Megaton (relutei em colocar este aqui nesta categoria, pois apesar do roteiro besta, tem ação suficiente pra prender a atenção. O problema é que o tal do Megaton [com esse nome de Transformers] consegue filmar ação pior que o Michael Bay. Assim não dá ).

E alguns outros que não me lembro agora...

26.12.12

TOP 5 - BADASSES de 2012

Dando início às listas de melhores do ano com o selo DEMENTIA 13, aqui vai um top 5 dos personagens mais durões, truculentos, cascas-grossas que tivemos em 2012:

05. John (Scott Adkins) - UNIVERSAL SOLDIER 4: DAY OF RECKONING 
 Sujeito que encara Andrei Arlovski, Dolph Lundgren e Jean Claude Van Damme no mesmo filme, tem que estar na lista.

04. Drayke Salgado (Danny Trejo) - RECOIL 
Onde o Trejo falhou sendo "mocinho" de BADASS, acertou em cheio sendo o vilão carrancudo de RECOIL, que não despreza um bom mano a mano para massacrar suas vítimas. 

03. Forrest Bondurant (Tom Hardy) - LAWLESS 
Mãos humanas são incapazes de destruir esse cara.

02. Mad Dog (Yayan Ruhian) - THE RAID 
Eu prefiro enfrentar dez Iko Uwais de uma só vez do que Mad Dog sozinho! O sujeito é cão chupando manga! O vilão mais assustador do cinema de ação dos últimos anos.

01. BOOKER (CHUCK NORRIS) - OS MERCENÁRIOS 2
O mito cristalizado ao som de Ennio Morricone.

25.12.12

INITIATION: SILENT NIGHT, DEADLY NIGHT 4 (1990)

Mais um natal, mais um filme da série SILENT NIGHT, DEADLY NIGHT aqui no DEMENTIA 13 SPECIALS CHRISTMAS SEASON, da mesma maneira que temos feito desde 2010. Então, para relembrar essas belezinhas, vamos recapitular: o primeiro era sobre um garoto que viu seus pais sendo assassinados por um sujeito fantasiado de Papai Noel. Anos depois enlouquece e começa a tirar a vida das pessoas vestido de bom velhinho. No segundo, é a vez do irmão caçula desse maluco seguir seus passos. O terceiro, de alguma maneira, força uma continuação direta e traz novamente o assassino do segundo para tocar o terror. Agora, chegou a vez de INITIATION - SILENT NIGHT, DEADLY NIGHT 4, de Brian Yuzna.

A abordagem deste aqui me lembrou o caso do excelente HALLOWEEN III. Para quem não sabe, a ideia de John Carpenter era transformar a sua série em filmes independentes para serem lançados no período de Halloween, cada um com sua trama, seus personagens, deixando o serial killer Michael Myers enterrado no segundo filme. Infelizmente, o público não gostou da proposta e no quarto HALLOWEEN trouxeram o personagem de volta do mundo dos mortos. Ainda que HALLOWEEN 4 seja muito bom, a série só foi decaindo daí pra frente...


Enfim, em INITIATION a coisa funciona da mesma maneira que o terceiro HALLOWEEN, no sentido de não possuir relação alguma com os filmes anteriores da série a qual pertence. Na verdade, a coisa vai ainda mais além... Não apenas não tem relação como a história não tem absolutamente NADA a ver com o próprio Natal! Sim, o clímax transcorre numa noite de natal, há decorações natalinas em alguns cenários, uma cena de reunião familiar em volta da árvore de natal, mas a impressão que dá é a de que o roteiro foi escrito para ser um terror qualquer, independente de datas comemorativas. Suponho que em algum momento da pré-produção, resolveram que poderiam vender melhor o filme inserindo-o na série SILENT NIGHT, DEADLY NIGHT, acrescentando os devidos elementos de natal e pronto. Mas, querem saber? Isso pouco importa, porque INITIATION é muito bom!


Se tem algum filme que INITIATION, vagamente, me lembrou foi O BEBÊ DE ROSEMARY, do Polanski. Trata-se de uma história de bruxaria, com rituais obscuros, mas com um subtexto de emancipação feminina e blá, blá, blá, que poderia se passar em qualquer época do ano. O filme começa com uma mulher que despenca do alto de um edifício em inspontânea combustão, sob o olhar do bizarrento Clint Howard, como sempre, fazendo papel de maluco. Depois, somos apresentados à protagonista, a belezinha Neith Hunter, uma aspirante a jornalista que quer mostrar serviço e começa a investigar esse estranho acontecimento para impressionar seu chefe (Reggie Bannister, da série PHANTASM) e tentar se igualar profissionalmente ao seu namorado, também jornalista. No entanto, a cada descoberta a moça se afunda num perigoso universo e acaba descobrindo que, na verdade, corre o risco de se tornar a próxima vítima de uma seita de bruxas, que tem Clint Howard como capanga.


Nada de muito original, mas nem tão óbvio quanto parece... algumas soluções são interessantes e gostei muito da direção do Yuzna. Confesso que preciso ver um monte coisas dele ainda, só vi SOCIETY e este aqui por enquanto, mas até agora tem se revelado um diretor notável, uma mente criativa do gênero do horror nos anos 80/90. O sujeito sabe como criar um climão bem elaborado, atmosférico, como nas cenas em que a mocinha tem alucinações pertubadoras com insetos - o enquadramento da barata gigante é de arrepiar - ou a tensa sequência em que Clint Howard entra em ação para raptar a protagonista . Além disso, é simplesmente sensacional os planos que Yuzna consegue criar tirando proveito dos efeitos especiais repugnantes criados pelo genial Screaming Mad George. INITIATION nem é dos mais comentados do diretor, fico imaginando os seus melhores...


INITIATION não é uma obra prima, quero deixar bem claro que possui falhas, algumas coisas de roteiro mal explicadas, mas é terror dos bons! Algo que pode prejudicar (na verdade, nem me importo) é o fato de carregar o nome SILENT NIGHT, DEADLY NIGHT no título (a única referência que se faz à série é quando Howard liga a TV e está passando um dos filmes anteriores). Ignorando esse detalhe, temos um exemplar que merece ser descoberto pelos fãs do gênero. No Brasil, recebeu o título de NATAL SANGRENTO 4. A série ainda possui mais um episódio, SILENT NIGHT, DEADLY NIGHT 5: THE TOY MAKER, mas vamos deixar para o natal de 2013.

 Os outros filmes da série:

SILENT NIGHT, DEADLY NIGHT (1984)
SILENT NIGHT, DEADLY NIGHT 2 (1987)
SILENT NIGHT, DEADLY NIGHT 3, BETTER WATCH OUT! (1989)

23.12.12

OS BÁRBAROS (The Barbarians, 1987)


Daquela listinha de filmes de fantasia, Sword and Sorcerer, que eu postei outro dia, um dos exemplares que causou mais alvoroço foi OS BARBAROS. Alguns amigos acharam engraçado por eu ter lembrado desse filme que passou milhares de vezes no Cinema em Casa do SBT. E como estamos falando de um trabalho do italiano Ruggero Deodato, nada melhor que ressaltar como era bom ter doze anos e poder conferir às tardes da TV brasileira nos anos 90 um filme com bastante sangue, membros decepados e peitos de fora. Algo impossível para um moleque atualmente, que tem de se contentar com os filmes de animais falantes que empesteiam diariamente a programação… Neste fim de ano, meus votos de um grande pau no c@#$% do politicamente correto.

De todo modo, OS BÁRBAROS é uma porcaria. Fui rever essa semana para escrever para o blog e, putz, acreditem, é a coisa mais ridícula do mundo. Ainda bem que já sou vacinado contra tralhas desse tipo e encontro tantos elementos engraçados que fica impossível não sair satisfeito quando o filme termina. Tem que “saber ver”… ou ter um puta mal gosto, que deve ser o meu caso. Ainda bem que nem mesmo os próprios realizadores levaram o filme a sério. Devem ter percebido a estupidez que estavam fazendo... 


Se não estou enganado, é o longa mais caro da carreira do Sr. Deodato, uma produção da nostálgica Cannon group. Custou cerca de quatro milhões de dólares (a obra prima do homem, CANNIBAL HOLOCAUSTO, pra ter uma noção, custou estimados cem mil mangos). Além disso, pelo que consta nos autos, Ruggero entrou na bagaça um mês depois que a pré-produção havia começado, substituindo o iuguslavo Slobodan Sijan. Mas não acredito que o orçamento caro e a maneira como entrou no projeto poderiam causar interferências no resultado do trabalho de um galo velho como o Ruggero Deodato.


Na minha opinião, quem realmente atrapalha são esses dois fortinhos aí em cima, os protagonistas, conhecidos como “barbarians brothers”, Peter Paul e David Paul, gêmeos idênticos e que não passam de montanhas de músculos que mal conseguem decorar o texto do roteiro. As atuações são inteiramente resumidas naquilo que, visualmente, suas capacidades físicas podem demonstrar. Como conseguem levantar uma pesadíssima pedra que impede uma passagem; como conseguem arrebentar uma corda, durante o próprio enforcamento, utilizando apenas os músculos do pescoço; como abrem passagem por uma parede para escapar de algum perigo, etc, etc... Vez ou outra, tentam compensar a limitação dramática com constrangedoras encenações humorísticas. E é simplesmente ridículo quando começam a fazer sons de animais, como lobo ou jegue… sem qualquer motivo!!! Fico pensando como deve ter surgido a ideia...

Peter ou David, ou ambos: "E se ao invés de falar essa frase profunda e filosófica que está no roteiro, eu fizesse o som de um jumento?!?!"

Ruggero Deodato: "Cáspita! Desisto!  Por que não conseguiram me trazer o austríaco?"

Menahen Golan: "Sr. Deodato, ninguém faz um som de jegue tão bom quanto esses gêmeos. Não são uma graça?"

Whoops! Filme errado!
E aí são caretas, beijinhos e piscadelas pra tela... É tão imbecil que eu não conseguia parar de rir.

A trama trascorre em tempos antigos, "a time of Demons, Darkness and Sorcery", como diz o narrador. Uma caravana de artistas circences nômades é atacada pelo exército do terrível Kadar, vivido pelo genial Richard Lynch, que deseja tomar posse de um rubi mágico que pertence ao grupo, além de querer papar a líder, Canary, que é um loira bonitona. Kadar não é bobo… Logo, Canary e todo seu grupo é levado cativo, inclusive dois garotos irmãos gêmeos, que crescem, ficam fortes, fogem, recuperam o tal rubi, libertam Cannay e conseguem vingança destruindo Kadar. É isso.

Existem várias sacadas legais em OS BÁRBAROS que tornam o filme mais divertido, como por exemplo o fato dos irmãos serem criados longe um do outro, fazendo trabalhos forçados e apanhando covardemente. Um leva chicotada de um grandalhão que usa um capacete dourado. O outro, a mesma coisa, só muda o grandalhão e a cor do capacete para prata. Já adultos, Kadar - que se fosse nosso contemporâneo seria publicitário - ordena uma luta de espadas entre os dois. O plano maquiavélico do sujeito é fazer com que os irmãos se enfrentem com ódio extremo no coração relacionando o significado visual dos capacetes representado para os dois protagonistas.


Depois, o filme fica mais bobo ainda, mas nunca chato! Mantém sempre o grau de entretenimento na mesma proporção do nível de ridículo do desempenho dos “barbarian brothers”. Ao menos é possível notar como a produção gastou muito bem o orçamento nos figurinos dos personagens, nos cenários fantasiosos, nas maquiagens, no monstro gigante mecânico e, claro, no elenco, que além do Richard Lynch temos o galã Michael Barryman marcando presença. Ambos haviam trabalhado com Deodato no filmaço CUT AND RUN. George Eastman, aka Luigi Montefiori, faz uma rápida participação disputando uma queda de braço com um dos barbarian brothers antes de iniciar uma briga frenética numa taverna. Até isso não faltou em OS BÁRBAROS

Abaixo, um aperitivo que demonstra o grande talento dos "barbarian brothers". Um dos grandes mistérios do cinema é tentar descobrir os motivos pelos quais não foram indicados ao Oscar por essa impressionante atuação. Confiram:


E pra não perder o costume, seguem mais alguns cartazes de alguns exemplares esquecidos do gênero Sword and Sorcerer dos anos 80:


IL TRONO DE FUOCO* (1983), Franco Prosperi


GUNAN, IL GUERRIERO* (1982), Franco Prosperi
O GUERREIRO DE AÇO (1987), de Alfonso Brescia


A ESPADA DE FOGO (1982), de Michele Massimo Tarantini


QUEST FOR THE MIGHTY SWORD* (1990), de Joe D'Amato

A RAINHA GUERREIRA (1987), de Chuck Vincente


THOR , O CONQUISTADOR (1983), Tonino Ricci


* Título nacional não encontrado.

22.12.12

I JUST WANTED TO SHOCK THE AUDIENCE





(Para ler, primeiro clique na página, depois clique com botão direito e escolha a opção "exibir imagem", ou algo assim).

21.12.12

A MÃO (The Hand, 1981)


Nas palavras do próprio Oliver Stone, “Eles tentaram me derrubar como diretor, mas eu retornei como roteirista”. Seja lá quem são “eles”, Stone estava se referindo ao período após a sua traumática estreia na direção (e que eu tentei explicar aqui) quando havia desistido de fazer filmes e passou apenas a escrevê-los. Finalizou quatorze roteiros em poucos anos, entre eles O EXPRESSO DA MEIA NOITE, que lhe rendeu um Oscar de roteiro adaptado.

Com um prêmio da Academia na prateleira, Stone voltou a pensar na possibilidade de dirigir. Nesse período, os roteiros de PLATOON e NASCIDO EM 4 DE JULHO já estavam prontos, mas os seus financiadores não queriam produzir algo que competisse com o sucesso de APOCALYPSE NOW, do Coppola, e O FRANCO ATIRADOR, do Cimino. Sem poder dedicar-se aos seus projetos pessoais, Stone conseguiu 6,5 milhões para fazer algo menos ambicioso.

Ambição, no caso, é algo relativo. Um Spielberg ou George Lucas, naquele período, com “míseros” 6 milhões, com certeza deveriam conter a ambição. Já o pobre Oliver Stone, coitado, levando em conta que iria ainda dar início ao seu segundo filme, estava com grana pra cacete! Teria um mundo de possibilidades para trabalhar. E aí? O que o sujeito me faz? Um outro filme de horror…

Não que o gênero seja um problema. Até prefiro, como vocês sabem. Fico apenas imaginando os motivos pelos quais um indivíduo que se tranformaria numa espécie de ativista político em forma de diretor de cinema; que havia acabado de escrever roteiros dramáticos que tratam de traumas da guerra do Vietnã; que acabara de ganhar um Oscar por um roteiro considerado sério e relevante; que era uma das grandes promessas entre os roteiristas da época; que havia passado por uma experiência desastrosa com o gênero; se interessaria em contar a história de uma mão decepada assassina?

Ok, ao término da sessão percebi as intenções de Stone. A MÃO (em portugal A GARRA) não é como um terror/slasher qualquer jogado entre os milhares que brotavam durante os anos 80. Trata-se de um horror psicológico que estuda um personagem, procura entender seus atos, analisa sua maneira de pensar diante das transformações que lhe ocorrem a partir de um trágico acidente. E não estou falando da mão que o título do filme se refere e que resolve agir por conta própria, saindo por aí apertando os pescoços alheios. Estou falando do desenhista de história em quadrinhos Jonathan Lansdale, que em dado momento perde a mão num acidente de carro. Bizarros acontecimentos passam a acontecer a partir de então, inclusive alguns assassinatos.


Mas essas mortes aconteceram? Ou são frutos da imaginação do protagonista? Se realmente aconteceram, existe uma força sobrenatural que controla a mão decepada? Ou o desenhista é o assassino, já que as vítimas são sempre seus desafetos? A MÃO termina de maneira ambígua em relação a algumas dessas questões, exigindo que o espectador permaneça com o filme na cabeça após a sessão. O que visualmente Stone mostra nas cenas de suspense e assassinato é, realmente, o “ponto de vista” de uma mão fora do corpo, invocada, sedenta por sangue.

A primeira escolha para viver o sr. Lansdale era Jon Voight, que acabou recusando. Dustin Hoffman também não quis saber de ficar rolando no chão com uma mão de látex. Agora, uma das escolhas recusadas caberia ao personagem como, sem ironia, uma luva! Christopher Walken! Acabou parando em Michael Caine mesmo, que faz o trabalho com toda segurança do mundo! Em uma entrevista para a TV, o ator disse que só aceitou o papel porque naquele momento precisava de dinheiro para construir uma garagem nova… não sei se isso demonstra um desdém pelo filme, mas acho que não, pois, algum tempo depois ele foi visto em TUBARÃO – A VINGANÇA. Devia mesmo estar passando necessidade…

No entanto, se temos algum motivo para não desgrudar os olhos da tela é o ótimo desempenho de Caine. Um pouco histérico em alguns momentos, mas muito expressivo e apropriado na medida com o tom do filme. Stone diz maravilhas por ter trabalhado com o ator. Como eu disse anteriormente, A MÃO tem uma faceta psicológica e quem carrega essa carga é Caine, que trabalha cada nuance de seu personagem, em especial as transformações que sofre, passando do homem comum, apesar de alguns problemas conjugais (o que não deixa de ser algo comum), ao maníaco psicótico assassino. Um desempenho incrível.

Por esse tratamento já dá para notar que o filme não descamba para o simplório plot da “mão assassina”. Stone mantém o foco no drama do personagem, nas questões dos seus transtornos familiares, na incapacidade de realizar seu trabalho, na maneira como precisa se acostumar com uma prótese mecânica e com a mudança de emprego, ou quando começa a se relacionar sexualmente com uma de suas alunas. E como tudo isso gradativamente vai perturbando a mente do sujeito. E é isso que manteve meu interesse pelo filme.


Seria nada menos que ridículo se A MÃO fosse pelo caminho mais fácil do terror do absurdo e exagerado, dando ênfase somente a uma mão que mata, apesar do genial trabalho do mestre Carlo Rambaldi na criação dos efeitos especiais, da mão mecânica (e que na tela tem resultados incríveis!). A luta final entre o protagonista e o membro, por exemplo, é interessante se você comprar a ideia extravagante que Stone propõe. E me fez lembrar EVIL DEAD II…

De alguma maneira, A MÃO possui laços muito bem definidos com SEIZURE. Em ambos, os protagonistas são artistas cujas alucinações insanas diretamente ligadas aos seus respectivos trabalhos ganham vida própria e praticam o mal. Mas as inspirações de Stone neste aqui partiram de duas fontes: o romance de 1979 The Lizard's Tail, de Marc Brandell e um filme de 1946 estrelado pelo Peter Lorre, OS DEDOS DA MORTE, dirigido por um senhor chamado Robert Florey.

Cinco anos depois, Stone lançaria sua obra prima. Não, não estou falando de PLATOON, lançado no mesmo ano de 1986 e que abocanhou um monte de Oscars. Me refiro a SALVADOR, com James Woods. É o meu favorito do homem, que na verdade, está longe de ser dos meus diretores de cabeceira, mas sempre me despertou interesse. Com o lançamento de SELVAGENS há alguns meses, resolvi tirar o atraso com alguns de seus filmes que eu ainda não tinha visto, como JFK, que achei bom, um trabalho de reconstituição de época preciso, interessante, apesar do Stone romantizar demais as coisas; e TALK RADIO que é excepcional, e a atuação do Eric Bogosian é uma das mais fenomenais daquele período do cinema americano.

Aqui vai um top 10 do diretor, caso tenham curiosidade:

10. NASCIDO EM 4 DE JULHO(1989)
09. REVIRAVOLTA (1997)
08. THE DOORS (1990)
07. UM DOMINGO QUALQUER (1999)
06. WALL STREET (1987)
05. JFK (1991)
04. A MÃO (1981)
03. PLATOON (1986)
02. TALK RADIO (1988)
01. SALVADOR (1986)

Pronto. Chega de Oliver Stone por um bom tempo…