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13.5.09

INFERNO NO PACÍFICO (Hell in the Pacific, 1968), de John Boorman

Não sei justificar porque enrolei tanto pra assistir a este filme tão obrigatório na minha lista de pendências. Talvez por negligência mesmo, mas a verdade é que o Lee Marvin é o meu ator favorito, então quem já viu INFERNO NO PACÍFICO deve saber que era praticamente uma questão de honra conferir este aqui.

Quem ainda não conhece o filme, vai ter uma boa referencia se já tiver assistido o clássico da sessão da tarde, INIMIGO MEU, estrelado por Dennis Quaid e Louis Gossett Jr, dirigido por Wolfgang Petersen em tempos áureos e inspirados. Agora, quem não conhece nenhum dos dois, pode mudar de área, vá ler um livro, jogar video game, etc, porque cinema não é pra você mesmo!

Mas se ainda quiser continuar a ler o texto, tudo bem, então vamos a história: Já perto do fim da Segunda Guerra Mundial, um piloto norte americano (Marvin) e um oficial japonês (Toshiro Mifune), acabam presos numa pequena ilha deserta. Espero que aqueles que não conheciam ambos os filmes – e mesmo assim insistiram em continuar lendo – tenham pelo menos uma noção de história pra saber que soldados americanos e japoneses eram inimigos mortais neste período, então já dá pra sacar qual é a do filme.

Principalmente porque eu não tenho muito mais a acrescentar sobre a trama sem estragar o prazer de ver pela primeira vez, ainda mais que INFERNO NO PACÍFICO, tirando o básico do plot, não tem nada a ver com INIMIGO MEU. Não esperem aqui naves espaciais, equipamentos futuristas e nem o Toshiro Mifune ficar grávido... seria no mínimo, ridículo. Além do mais, o número de diálogos é risível e os únicos seres humanos que veremos em cena são os dois personagens citados.

Lee Marvin, como sempre, está perfeito, expressivo e com muita presença, vivendo o americano que confia demais na esperteza pra conseguir as coisas, mas não possui os conhecimentos básicos do manual de sobrevivência para casos do tipo, então, a principio, passa fome e sede, enquanto o "colega" japonês sabe pescar e arranja água a vontade. E vale destacar o desempenho de Mifune, como não? O sujeito foi um dos maiores atores orientais, trabalhando em vários clássicos de Akira Kurosawa, o que não é pouco. É impossível dizer quem está melhor por aqui e o poder do filme concentra-se justamente na atuação dos dois indivíduos.

Mas por mais que o filme necessite da expressividade corporal dos atores, John Boorman nunca deixa a sua direção pender para um tom teatral. O roteiro, liberto de diálogos, se resume em situações puramente visuais, e um diretor do calibre de Boorman não iria desperdiçar a oportunidade de dar uma aula de linguagem cinematográfica. A fotografia é belíssima e o uso do som também é uma coisa de louco. No final das contas, temos belo filme de aventura, reflexivo sobre as diferenças de costumes e culturas, que é um tema já esgotado hoje em dia, mas muito bem trabalhado pelo diretor naquela época.