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15.8.13

SETE HOMENS E UM DESTINO, aka The Magnificent Seven (1960)


Dizem que Akira Kurosawa se inspirou nos faroestes americanos de John Ford, Budd Boetticher, Delmer Daves, Howard Hawks e outros ao realizar o seu clássico OS SETE SAMURAIS. Por sua vez, John Sturges baseou-se no filme de Kurosawa para realizar o western SETE HOMENS E UM DESTINO. Assisti pela primeira vez quando ainda era moleque e não achei grandes coisas. Revendo hoje acabou se mostrando bem mais interessante por conta da maneira como o filme desmistifica um pouco a áurea dos heróis justiceiros do faroeste americano com reflexões sobre a solidão e o modo de vida desses indivíduos. Algo que eu não havia pescado na infância, interessado apenas em ver pessoas atirando uma nas outras...

Outros westerns já haviam trabalhado esse assunto, portanto, nada de muita originalidade por aqui. Mas o fato é que SETE HOMENS E UM DESTINO deixa de ser apenas um bang-bang de aventura para ser, também, um excelente estudo de personagens. E estes são interpretados por um elenco dos mais notáveis, o que contribui muito para que o espectador não desgrude o olho da tela. SETE HOMENS E UM DESTINO ajudou a alavancar as carreiras de Steve McQueen, Charles Bronson, James Coburn e Robert Vaughn. Conta também com atores experientes, do calibre de Yul Brynner e Eli Wallach. O primeiro, já naquela altura, possuía status de celebridade.



Com toda essa turma reunida, são curiosas algumas, digamos, fofocas de bastidores. McQueen, por exemplo, ávido por mais presença, queria se tornar um astro o mais rápido possível e tentava roubar as cenas de Brynner fazendo coisas que chamassem a atenção para si quando contracenava com o careca. Já Brynner estava preocupado em aparecer bem mais alto que McQueen nos enquadramentos (os dois tinham praticamente a mesma altura). O sujeito chegou a fazer um montinho de terra para ficar em cima, mas McQueen chutava “sem querer querendo” toda vez que passava por ele...


Confrontos de egos à parte, todos estão ótimos e cada um conseguiu transmitir com personalidade as características definidas particularmente para seus personagens. Coburn caladão, sempre na dele, Vaughn medroso traumático, Bronson durão de coração mole, e por aí vai... É bacana também as habilidades específicas de alguns deles, especialmente Bronson, que é um exímio atirador com o rifle, e Coburn, um perito em facas. A divisão na hora de editar as sequências de ação também concede a cada um algumas boas cenas. Nisso John Sturges era muito bom, algo que se comprovou em outros filmes, sobretudo em FUGINDO DO INFERNO (63), clássico que também tinha o trio Bronson, McQueen e Coburn no elenco. Além de uma porrada de outros atores.


Sturges é o que podemos chamar de bom artesão. Não se pode esperar a elegância e maestria de um John Ford ou Don Siegel, mas fazia o que tinha que fazer com muita eficiência. Nesse sentido, as sequências de ação acabam em segundo plano. São filmadas de maneira correta, mas com poucos momentos de maior destaque. Uma das cenas que eu chamaria atenção é quando Robert Vaugh finalmente perde o medo e resolve entrar na ação invadindo uma casa cheia de bandidos.


Mas perguntem a algum fã do filme se ele sente falta de tiroteios mais elaborados. A construção dos personagens, a maneira como interagem, como são desmitificados, até a trilha sonora de Elmer Bernstein, são elementos suficientes para transformar SETE HOMENS E UM DESTINO no autêntico clássico que é. E a história é fascinante. Com uma duração bem menor que a de OS SETE SAMURAIS, há quem diga que os realizadores pegaram somente as “partes boas” do filme do Kurosawa e transformaram neste aqui. Recomendo uma espiada em ambos para as devidas comparações e tirarem suas próprias conclusões.

Curiosidade: Dos principais atores que compõem o elenco, apenas dois ainda estão vivos. Robert Vaughn, com 80 anos, e Eli Wallach, com seus 97 anos bem vividos.

23.7.10

PAT GARRET & BILLY THE KID (1973), de Sam Peckinpah

E finalmente chega em minhas mãos o terceiro lançamento em DVD realizado pela LUME da obra de Bloody Sam, o belíssimo faroeste PAT GARRET & BILY THE KID, um exemplar fundamental para sentir toda a essência do cinema de Peckinpah. E só não é o melhor faroeste feito pelo diretor, porque Peckinpah é tão fod!@#$, que já havia realizado alguns anos antes o melhor western de todos os tempos, na minha opinião: MEU ÓDIO SERÁ SUA HERANÇA.  

Adoro os westerns de John Ford, Budd Boetticher, Anthony Mann, Delmer Daves, Howard Hawks, etc, é inegável a importância dos filmes desses caras, mas pessoalmente sou apaixonado é pelo western dos anos 70, e final dos 60. E claro, os Spaghetti Westerns... mas estou me referindo ao cinema americano mesmo.

E PAT GARRET é lindo pra danar. A trama é bem simples, mas cheia de introspecção, situações complexas, personagens profundos. Peckinpah narra um dos duelos mais significantes do cinema, entre os personagens título, com uma sensibilidade impressionante, que contrasta com a violência característica de seus trabalhos e que também está presente neste aqui. James Coburn está soberbo na pele de Pat Garret, um ex-bandido que agora trabalha do lado da lei e precisa prender o seu ex-parceiro, Billy, vivido pelo Kris Kristofferson.

E temos o bom e velho Bob Dylan, emprestando sua voz na excepcional trilha sonora e marcando presença também como ator. Aliás, há um tópico interessante na biografia de Bob que retrata justamente as filmagens de PAT GARRET. Dizia que Peckinpah realizou o filme completamente bêbado e surtado, atirando nos espelhos e mandando os atores repetirem as cenas cem milhões de vezes!!! Uma pena o diretor ter perdido a vida justamente pelas complicações causadas pela bebida, mas se era assim que a coisa funcionava para ele na hora do “vamos ver”, ao menos deixou umas quatro ou cinco obras primas incontestáveis. PAT GARRET com certeza é uma delas.

19.6.10

OS ÚLTIMOS MACHÕES (The Last Hard Men, 1976), de Andrew V. McLaglen

O mercado de DVD aqui de Vitória é uma porcaria. Raro achar algumas preciosidades dando sopa. Minha coleção é composta mais por filmes comprados via internet, então fica difícil ser colecionador sendo pobre e morando num fim de mundo, como é o meu caso. Mas a gente dá um jeitinho. Achei OS ÚLTIMOS MACHÕES numa loja de shopping por acaso e não pensei duas vezes antes de levar. Só fui assistir hoje e é realmente um faroeste muito bom!

Westerns crepusculares são meio amargos e melancólicos, mas é sempre um prazer conferi-los. OS ÚLTIMOS MACHÕES segue nessa mesma linha, com a era do fora-da-lei do velho oeste selvagem chegando ao fim, cedendo lugar à sociedade moderna. Na trama, temos dois monstros em plena forma: James Coburn e Charlton Heston – que podem muito bem representar o cinema de macho que o título nacional evoca (embora o personagem do primeiro tenha uma certa ambiguidade em relação à sua sexualidade) – em lados opostos da lei, mas pertencentes a este pequeno grupo que caminhava rumo a extinção.

Heston é Sam Burgade, um velho xerife aposentado com muitas aventuras pra contar da época em que a lei era regida à base de chumbo grosso, diferente do jovem xerife atual que vive sentado atrás de uma grande mesa que possui até telefone. Mas quando o perigoso e sádico Zach Provo, o vilão encarnado por James Coburn, foge da prisão com um grupo de mal encarados, a coisa fica preta. Burgade é quem o colocou no xadrez. Provo agora quer vingança. E joga sujo, sequestrando a filha do herói (Barbara Hershey).

É aí que Burgade percebe que a solução é colocar as balas no seu velho colt, comprar previsões para alguns dias e voltar à ação utilizando o modo old school de caçar e eliminar bandidos.

Só que não vai ser nada fácil para o protagonista, muito menos para o espectador. Não que o filme seja ruim, longe disso, mas algumas situações criadas pelo roteiro são bem fortes e subvertem clichês na relação sequestrador/refém. O que quero dizer é que não é todo dia que vemos um filme americano do gênero onde uma personagem da importância de Hershey sofre o que ela sofreu aqui... Além do próprio protagonista demonstrar ser tão sádico e violento quanto seu inimigo, algo praticamente inexistente no cinema comportado atual.

Andrew V. McLaglen vem da escola clássica de fazer cinema. Foi assistente de direção de William A. Wellman e Budd Boetticher, mas para contar a estória destes personagens buscou inspiração no cinema de Sam Peckinpah. Isso fica bem claro em alguns momentos, na forma como trabalha a violência e principalmente quando resolve utilizar câmeras lentas para enfatizar algum elemento dramático ou para tornar a brutalidade em lirismo sanguinário, da mesma maneira que o diretor de WILD BUNCH fazia com maestria. Mas o resultado em OS ÚTIMOS MACHÕES não fica muito atrás. É cinema de macho na veia!

21.4.09

LUTADOR DE RUA (Hard Times, 1975), de Walter Hill

Outro dia sentei com meu velho para assistir a LUTADOR DE RUA que passou no TCM, atualmente o melhor canal da tv fechada para se encontrar bons filmes. Pena que nem tudo é perfeito e passaram com a porcaria do full screen preenchendo a tela. Mas tudo bem, qualquer hora dessas eu arranjo com o formato original pra rever, pois vale muito a pena. Filme poderoso cuja trama retrata perfeitamente o período da grande depressão sob o ponto de vista de dois sobreviventes (cada um à sua maneira) que se unem para ganhar uma grana com apostas em brigas de rua numa New Orleans subjugada pela situação em que o país vivia. Temos aqui um lutador de rua interpretado por Charles Bronson e seu agente, encarnado pelo James Coburn. O filme também conta com Jill Ireland, como sempre, fazendo o par romântico de Bronson...

É muito bom ver o velho Bronson em um de seus grandes momentos. Típico personagem “bronsoniano”, ele vive aqui um sujeito de poucas palavras, muita atitude, chega de trem com apenas uma sacola e sem passado encarando aquele universo de frente. Sua presença em cena é pra destroçar a opinião de qualquer um que ainda não acredita que ele foi um dos maiores atores de sua geração. James Coburn também está excelente; mais afoito e explosivo, acaba tendo grande importancia na narrativa, embora nunca tire o brilho de Bronson, principalmente porque este último é o cara que arrisca a fuça nas brigas.

E o trabalho de câmera de Walter Hill é exemplar nestas sequências de luta, valorizando cada plano e a performance dos atores. Trabalho de corpo genial. E olha que LUTADOR DE RUA foi a estréia de Hill na direção, embora já demonstrasse um talento peculiar para este estilo de cinema escrevendo roteiros. OS IMPLACÁVEIS, de Sam Peckinpah e THE MACKINTOSH MAN, do John Huston, são alguns exemplos que podemos encontrar em seu currículo até então.

Só uma curiosidade, para finalizar, inicialmente LUTADOR DE RUA se chamaria THE STREET FIGHTER, mas desistiram do nome justamente porque um certo filme oriental com um tal de Sonny Chiba havia sido lançado primeiro. Acabou com o nome HARD TIMES no original. E é isso aí, pessoal!