Alguém aí conhece esta belezura vinda da Grécia? Eu não fazia idéia da existência de SINGAPORE SLING até ontem a noite quando me me deparei por acaso. Trata-se de uma das experiências mais bizarras e pertubadoras que eu já tive com cinema, uma coisa linda, encontro de cinema noir dos anos 40 com David Lynch, surrealismo, filmado em preto e branco, alto grau de erotismo e imagens extremas de revirar o estômago.
Na trama, um detetive procura Laura, que está desaparecida, mas acaba sequestrado por duas mulheres em uma mansão – uma delas é sósia da tal Laura (ou será que ela é mesmo a desaparecida?) – que adoram explorar os limites do prazer, seja cometendo assassinatos, comendo carne humana como se fosse um manjar da alta classe e praticando o coito em suas mais variadas formas, utilizando dos mais variados estímulos, como tortura, choques elétricos, vômito e urina enquanto praticam o ato sexual.
Tudo isso é lançado na tela de forma quase explícita pelas cameras do diretor Nikos Nikolaidis, que também é o autor do roteiro e que morreu em 2007. Gostei bastante da direção, muito seguro no que faz aqui, uma bela obra de arte. Sabe brincar com sua narrativa nada convencional e utiliza de elementos, enquadramentos, narração em off retiradas dos filmes noir, que parece ser a principal fonte de inspiração. Alguns detalhes são bem evidentes: Laura, por exemplo é o título de um belo noir de Otto Preminger e uma das personagens usa o mesmo vestuário de Glória Swanson em CREPÚSCULO DOS DEUSES.
SINGAPORE SLING é bem aberto e confuso na medida exata de um bom surrealismo e deixa várias imagens poderosas de impacto para serem sentidas, vislumbradas pelos espectadores que sabem desfrutar uma bizarrice extrema. Vale destacar também os três atores, os únicos que aparecem em cena, três insanos em um notável desempenho. Corro o risco de ser o último a tomar conhecimento desta obra, mas confesso que nunca tinha ouvido falar. De qualquer forma, vale a pena deixar essa dica para quem ainda não viu. A pergunta do início do texto ainda vale…
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25.6.10
15.6.10
VIGILÂNCIA TOTAL (Under Surveillance, 1991), de Rafal Zielinski
Mais de uma semana sem atualizar, tanto filme bom pra comentar e acabo postando sobre uma bagaceira que provavelmente quase ninguém se lembra, sequer chegou a ver ou tenho certeza que não vai se interessar… Mas é este o espírito do blog, o qual eu tenho me desviado ultimamente sem querer. Mas vamos à tralha: mais indicado para os apreciadores do ator Robert Davi, este UNDER SURVEILLANCE foi uma entre tantas tentativas modestas e frustradas de colocá-lo como um action man dos anos 90.
A escolha de Davi até que é bacana. Acho um ótimo ator e desde a década de 1980 ele acabou se tornando uma dessas figuras subestimadas pelos grandes estúdios, mas sempre marcando presença em produções de gênero. Possui um talento indiscutível e, talvez por não ser muito chegado a beleza, geralmente se dá melhor nos papéis de vilão. Com certeza merecia mais respeito e o direito de ter seu nome ligado às fitas de ação dos anos 90.
O problema é que UNDER SURVEILLANCE é ruim pra burro! Um thrillerzinho chato, de soluções fáceis e reviravoltas das mais forçadas e estúpidas. Para piorar, os diálogos são ridículos demais para um roteiro escrito por quatro cabeças! A direção de Rafal Zielinski é fraca, não possui qualquer momento de inspiração cinematográfica e a fotografia não fica muito atrás. A trilha sonora ao menos é a típica dos filmes deste período.
Forçando um pouco a barra à favor do filme, podemos até encontrar alguns elementos na trama que remetem a um neo noir, com Davi interpretando um ex-policial, agora investigador de seguros, que tenta descobrir o que realmente aconteceu com seu parceiro, morto de maneira misteriosa. Entra em cena até mesmo uma cínica e sedutora femme fatale na pele da loura Melody Anderson para dar um toque de emoção às aventuras do protagonista, abalando seu coração.
Claro que não chega ao nível de uma única cena entre Bogart e Bacall em qualquer noir que fizeram juntos, mas aí seria exigir demais. No máximo um Guy Pearce e Kim Basinger e mesmo assim a coisa complica…
Bom, ainda assim, vale pela atuação do Davi e o restante do elenco, que conta com a presença de Harry Guardino, Gale Hansen (que dá um toque de buddy movie ao filme) e o grande Charles Napier. E apesar da direção meia boca, algumas cenas de ação, tiroteios e perseguições, devem agradar os fãs ardorosos do cinema de ação old school dos anos 80 e inicio do 90. Chegou a ser lançado em VHS aqui no Brasil com o título VIGILÂNCIA TOTAL, numa época em que era lançado de tudo por aqui...
A escolha de Davi até que é bacana. Acho um ótimo ator e desde a década de 1980 ele acabou se tornando uma dessas figuras subestimadas pelos grandes estúdios, mas sempre marcando presença em produções de gênero. Possui um talento indiscutível e, talvez por não ser muito chegado a beleza, geralmente se dá melhor nos papéis de vilão. Com certeza merecia mais respeito e o direito de ter seu nome ligado às fitas de ação dos anos 90.
O problema é que UNDER SURVEILLANCE é ruim pra burro! Um thrillerzinho chato, de soluções fáceis e reviravoltas das mais forçadas e estúpidas. Para piorar, os diálogos são ridículos demais para um roteiro escrito por quatro cabeças! A direção de Rafal Zielinski é fraca, não possui qualquer momento de inspiração cinematográfica e a fotografia não fica muito atrás. A trilha sonora ao menos é a típica dos filmes deste período.
Forçando um pouco a barra à favor do filme, podemos até encontrar alguns elementos na trama que remetem a um neo noir, com Davi interpretando um ex-policial, agora investigador de seguros, que tenta descobrir o que realmente aconteceu com seu parceiro, morto de maneira misteriosa. Entra em cena até mesmo uma cínica e sedutora femme fatale na pele da loura Melody Anderson para dar um toque de emoção às aventuras do protagonista, abalando seu coração.
Claro que não chega ao nível de uma única cena entre Bogart e Bacall em qualquer noir que fizeram juntos, mas aí seria exigir demais. No máximo um Guy Pearce e Kim Basinger e mesmo assim a coisa complica…
Bom, ainda assim, vale pela atuação do Davi e o restante do elenco, que conta com a presença de Harry Guardino, Gale Hansen (que dá um toque de buddy movie ao filme) e o grande Charles Napier. E apesar da direção meia boca, algumas cenas de ação, tiroteios e perseguições, devem agradar os fãs ardorosos do cinema de ação old school dos anos 80 e inicio do 90. Chegou a ser lançado em VHS aqui no Brasil com o título VIGILÂNCIA TOTAL, numa época em que era lançado de tudo por aqui...
25.5.10
GIGOLÔ AMERICANO (American Gigolo, 1980), de Paul Schrader
Seguindo à risca meu novo vício, o cinema de Paul Schrader, este seu terceiro trabalho, sem nenhum favor, é o melhor filme que realizou dentre os conferidos recentemente. Não sabia que ia gostar tanto, é uma pequena obra prima! Penso que tudo isso se deve um pouco pelo fato de Schrader começar aqui a se soltar na direção. Experimenta algumas soluções mais cinematográficas, sentindo os planos, os movimentos de câmera, é um trabalho visual bem engajado e consciente. E, portanto, se desprende um bocado do realismo latente de seus filmes anteriores.
Mas é principalmente na presença de Richard Gere onde se concentra o maior fascínio de GIGOLÔ AMERICANO. O desempenho deste ator, que hoje ainda demonstra competência em qualquer papel que faz, mas sem a mesma desenvoltura deste aqui, é digno de antologia (o personagem quase foi parar nas mãos de John Travolta). Gere vive um acompanhante de senhoras ricas (leia-se gigolô) que acaba envolvido romanticamente com a esposa de um senador, ao mesmo tempo em que se torna o principal suspeito de um assassinato. Sim, parece trama de novela, mas a junção Schrader + Gere retira disso tudo um retrato estilístico narrativo bem interessante.
Lendo algumas críticas gringas sobre o filme, uma grande parte não gosta muito de GIGOLÔ AMERICANO, várias reclamações quanto ao final, uma possível perda de rumo do diretor, algo que realmente não existe. O final é lindo, uma bela homenagem a Robert Bresson – diretor que Schrader venera – e seu PICKPOCKET.
O Filme inteiro é composto de sequências que marcam, diálogos impecáveis e um elenco forte (embora não tenha rostos muito reconhecíveis do grande público). Será que há alguma obra melhor que esta na filmografia do Schrader? Vou continuar procurando.
Mas é principalmente na presença de Richard Gere onde se concentra o maior fascínio de GIGOLÔ AMERICANO. O desempenho deste ator, que hoje ainda demonstra competência em qualquer papel que faz, mas sem a mesma desenvoltura deste aqui, é digno de antologia (o personagem quase foi parar nas mãos de John Travolta). Gere vive um acompanhante de senhoras ricas (leia-se gigolô) que acaba envolvido romanticamente com a esposa de um senador, ao mesmo tempo em que se torna o principal suspeito de um assassinato. Sim, parece trama de novela, mas a junção Schrader + Gere retira disso tudo um retrato estilístico narrativo bem interessante.
Lendo algumas críticas gringas sobre o filme, uma grande parte não gosta muito de GIGOLÔ AMERICANO, várias reclamações quanto ao final, uma possível perda de rumo do diretor, algo que realmente não existe. O final é lindo, uma bela homenagem a Robert Bresson – diretor que Schrader venera – e seu PICKPOCKET.
O Filme inteiro é composto de sequências que marcam, diálogos impecáveis e um elenco forte (embora não tenha rostos muito reconhecíveis do grande público). Será que há alguma obra melhor que esta na filmografia do Schrader? Vou continuar procurando.
8.2.10
O FIM DA ESCURIDÃO (Edge of Darkness, 2010), de Martin Campbell
Bah! Não dou a mínima para o Mel Gibson ator, mas preciso reconhecer que às vezes ele acerta em cheio ao escolher alguns tipos de personagem, como neste veículo que serve perfeitamente ao seu retorno em frente às câmeras e que me lembrou bastante o mesmo papel que fez em O TROCO, um dos seu melhores trabalhos, embora não chegue nem aos pés do grande Lee Marvin em POINT BLANK...
O FIM DA ESCURIDÃO está longe de ser perfeito, mas assistir ao Mel Gibson à vontade atacando de policial durão amargurado num thriller político/policial é sempre interessante. Há bastante tempo o sujeito não atuava. Durante os anos de abstinência aproveitou para experimentar e amadurecer atrás das câmeras com A PAIXÃO DE CRISTO, que eu detesto, e APOCALYPTO, que eu gosto.
Este aqui é inspirado num programa de TV britânico homônimo da década de 80, tinha como seu diretor o mesmo cara que comanda esta versão, Martin Campbel, que me ganhou com sua visão de 007 em CASSINO ROYALE e que consegue imprimir um bom trabalho de direção neste aqui. O filme é um pouco truncado devido ao excesso de diálogos, informações e por causa da trama cheia de pretensões e detalhes que me desagradam, mesmo assim Campbell deu um pouco de vida a um material que nas mãos de alguns seria mais um filme medíocre feito exclusivamente para Mel Gibson. Na verdade, a impressão que dá é que se trata, realmente, de um filme exclusivo para o sujeito, mas Campbell tem seriedade e criatividade de sobra para impor seu estilo ao filme, diferente dos artesões da atual Hollywood.
Gibson, como eu disse, faz um tipo que eu adoro e consegue carregar a narrativa tranquilamente, mas não é o único destaque entre o elenco que possui ainda Danny Huston e o magnífico ator britânico Ray Winstone, marcando presença com sua voz meio rouca e muito talento.
O resultado disso tudo é um neo noir bem interessante que possui uma face dark e violenta e outra com um sentimentalismo banal para tentar agradar todo tipo de público, eu acho. Uma frieza maior por parte dos realizadores iria soar muito bem, mas difícil esperar por isso num filme deste porte, então tudo bem. Estória boa é que não faltou. Se não quiserem saber spoilers, parem de ler por aqui. A trama é sobre um policial (Gibson) que tem a filha assassinada e pensa, como todo mundo, que o alvo era ele. Começa a investigar por conta própria e descobre que os bandidos não haviam se enganado e que a situação é mais escabrosa que ele poderia imaginar!
Ok, se ainda estiverem com vontade, podem voltar a ler... Ah, mas também agora não tenho mais nada a dizer... chega por hoje.
14.8.08
FIRST SNOW (2006)
direção: Mark Fergus
roteiro: Mark Fergus, Hawk Ostby
Se estão pensando que só vou falar de tralha velha por aqui estão enganados. First Snow é um exemplo disto. O roteirista de Homem de Ferro e Filhos da Esperança, Mark Fergus, ataca na direção com este neo-noir de 2006 que nem se atreveu a passar nos cinemas brasileiros, indo mofar direto nas prateleiras das locadoras sem muita publicidade. Injustamente, porque é um bom filme com o elenco encabeçado pelo britânico Guy Pearce e ótimos coadjuvantes como J. K. Simmons (o J.J.Jameson de Homem Aranha) e William Fichtner, que teve uma pequena participação no novo Batman como o banqueiro que reage contra o assalto no início do filme.
Quando se fala em Neo-noir, já vem na mente aqueles filmes policiais que remetem ao gênero dos anos 40 e 50, e o pôster de First Snow acentua ainda mais essa noção. Mas o filme segue outro caminho, a história é um quebra cabeça que vai se juntando aos poucos formando um drama com elementos de thriller e um protagonista, cujo passado ambíguo, revela-se um autentico personagem do noir.
É óbvio que First Snow não iria fazer muito sucesso nos cinema. O filme possui um andamento lento e não traz nada de novo em termos de estrutura narrativa ou linguagem cinematográfica. A direção é correta, e Guy Pearce seria o único atrativo aparente, embora não seja um ator que atraia muito público, mas seu trabalho aqui merece o destaque que não teve.
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