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22.12.09

AVATAR (2009), de James Cameron

Um monte de gente já disse tudo que havia para dizer sobre AVATAR, novo filme do James Cameron, que desde TITANIC (97) estava sem colocar a mão na massa.

Mas gostei do filme. Como uma boa aventura, um bom entretenimento, a coisa funciona tranquilamente. Mas é só. Quem esperava o velho Cameron da época de O EXTERMINADOR DO FUTURO II vai se sentir frustrado, porque a atenção do diretor aqui é somente no visual, nos efeitos especiais, em como utilizar os recursos do 3D, etc, deixando de lado a preocupação na forma, na estrutura, ritmo, conteúdo, personagens...

Mas nada disso faz muita diferença quando a pretensão do diretor era mesmo submeter o seu público a uma experiência visual impressionante e sem precedentes. De fato, Cameron cumpre o que prometeu com a ajuda da tecnologia ultra moderna. A concepção visual do universo desenvolvido por Cameron e seus artistas já pode ser considerada um marco na história dos efeitos especiais.

Então o negócio é sentar e relaxar, embarcar na aventurazinha cuja diversão é garantida. Não que o enredo seja ruim, mas muita gente tem reclamado da ingenuidade e de como Cameron perdeu a mão para certos detalhes que o diferenciava dos outros diretores. Realmente, AVATAR é repleto de clichês que poderiam ser evitados, como discursos encorajadores e vários outros momentos piegas em que o herói está em seu avatar.

Aliás, meus olhos sentiam um alívio visual quando o protagonista acordava e os atores em carne e osso podiam ser vistos (porque tanta masturbação sensorial me cansou um pouco), principalmente com o Stephen Lang em cena, de longe a MELHOR coisa do filme. Se existe algo que James Cameron comprova que não perdeu foi sua capacidade em construir vilões. Lang está perfeito em todos os sentidos. Tem presença e sabe atuar. Já havia roubado a cena em INIMIGOS PÚBLICOS e aqui o faz com maestria novamente. Incrível como esse sujeito não havia se destacado antes. 2009 é o ano de Stephen Lang! Está lançada a minha campanha!

Enfim, AVATAR não é a maior maravilha do cinema de todos os tempos (como muita gente parecia estar esperando) e está bem longe disso, mas possui seus méritos e merece ser visto como mais uma ótima diversão.

27.7.09

INIMIGOS PÚBLICOS (Public Enemies, 2009), de Michael Mann

Primeiramente eu gostaria de pedir desculpas pela falta de atualização. Prestes a completar um ano de blogue, é a primeira vez que fico mais de uma semana sem postar um texto, imagem ou até mesmo uma mísera notícia, por mais cretina que seja. A última semana foi bem corrida e por isso não deu para atualizar, mas agora chega e vamos ao que interessa, vamos falar de cinema. Porque aqui em Vitória temos somente quatro cinemas. Dentre estes, apenas um não é de Shopping, para vocês terem uma noção de como a vida é algo deprimente por estas bandas. Arrisco a dizer que temos um dos piores circuitos do Brasil, considerando que o Espírito Santo pertence ao Sudeste, com suas capitais (excluindo Vitória) culturais e cheias de amor para dar. Se atualmente eu vejo um blogueiro de São Paulo ou Rio reclamando do circuito, queria saber como ele iria se virar por aqui...

Embromei vocês apenas para dizer que INIMIGOS PÚBLICOS estreou por estes lados junto com a moçada no restante do Brasil, na data certa, na última sexta feira. E lá estava eu, levei a patroa, claro, pois também é fã de Michael Mann (embora confunda Mann com Scorsese, ou De Palma, ou Coppola, mas o importante é que assiste aos filmes), demorei uns 5 segundos na difícil escolha de qual cinema ir, já que são tantas opções de salas, optei por um cinema de Shopping e záz!

Ficar diante de um monumento como este aqui numa sala escura de cinema é uma experiência impar, sem dúvida alguma, assim como também aconteceu com COLATERAL e MIAMI VICE (claro que os outros trabalhos do diretor também dão o mesmo impacto, mas infelizmente eu não os vi na tela grande). INIMIGOS PUBLICOS é absolutamente extraordinário. Mais uma vez Michael Mann chega para mostrar como é que se faz cinema de verdade, puro, mesmo utilizando-se de tecnologia digital, que não faz mal a ninguém, principalmente nas mãos de um mestre como este cabra aqui. É perfeito o domínio que o sujeito tem de espaços, de movimentação de câmera, da criação atmosférica dos ambientes, controle sobre os atores. É impressionante a que nível o cinema de Mann atingiu (e que já havia atingido desde a época de FOGO CONTRA FOGO e O INFORMANTE, mas permanece amadurecendo e nos surpreendendo).

E depois temos Johnny Depp de corpo presente vivendo um Dillinger de carne e osso, apenas atuando, sem precisar de suas transfigurações exóticas que alguns críticos acham necessárias para que tenha um bom desempenho. Da mesma forma, comedida e sem exageros, está a performance de Christian Bale, que convence como o policial sangue frio que mantém um certo código moral injetado na veia. Ainda temos Marion Cotillard, que é um pitel (e boa atriz também) e é peça chave na trama como par romântico do protagonista. O resto do elenco é recheado de bons atores que merecem destaque nas mínimas participações, como James Russo, um dos grandes atores subestimados da história do cinema, que não tem nem 5 minutos em cena. Além dele, Stephen Dorff, Billy Crudup, Giovanni Ribisi, Stephen Lang e vários outros, possuem presenças marcantes.

Creio que a trama todo mundo já deve saber, aborda a figura de John Dillinger e transcorre no último ano de vida deste lendário assaltante de bancos que causou o terror nos Estados Unidos no período da grande depressão e ficou conhecido como o inimigo público número 1 da América. Mas como se trata de Michael Mann, não vamos esperar apenas um filme policial/assalto comum, mas um épico definitivo sobre o próprio cinema de Mann e suas obsessões. Portanto, a preocupação profunda pelos personagens, seus conflitos morais e psicológicos, suas relações, vidas que vão muito além do que é simplesmente visto na tela, tudo se torna evidente dentro do fio condutor da trama, que está longe da estrutura habitual dos filmes policiais. É, na verdade, um autêntico exemplar de gangster movie de construção clássica. Além disso, não são poucas as situações deste aqui que podem ser observadas em outros filmes de sua carreira; pequenas releituras e reinvenções de seus próprios trabalhos.

Trilha bacana com a Billie Hollyday, edição de som sensacional (Tommy Guns cuspindo fogo à vontade), fotografia caprichada, várias cenas antológicas, enfim, um primor. INIMIGOS PÚBLICOS é filme para ser revisitado várias e várias vezes, captando a cada revisão uma riquezas de novos detalhes. E é exatamente isso que farei. Mas já tenho certeza absoluta que se trata de um dos grandes filmes de 2009.