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25.2.12

FEMALE VAMPIRE (1973)

A abertura de FEMALE VAMPIRE é uma beleza! Lina Romay se revela através de uma densa bruma vestindo apenas uma capa preta, com os seios à mostra, vagando lentamente em direção ao público, hipnotizado pela sua formosura. A câmera do diretor Jess Franco aproveita para dar alguns dos seus zoons característicos, mostrando em planos detalhes os dotes íntimos e robustos da vestal que continua seu trajeto diretamente para a câmera até a imagem escurecer.

É uma bela homenagem do Franco à exuberância de sua atriz, esposa, musa inspiradora, Lina Romay, que faleceu recentemente, vítima de câncer, aos 58 anos… E aqui prestamos a nossa singela homenagem à ela, pelo amor e dedicação que sempre teve ao cinema extremo e por ter inspirado esse prolífico cineasta a fazer mais de 200 obras!

FEMALE VAMPIRE é um dos filmes ideais para homenageá-la, embora não seja um dos meus favoritos do Franco. Na verdade, trata-se uma dessas produções mais discretas do diretor, realizado com pouquíssimo recurso, talvez filmado em três dias no máximo, com várias cenas claramente improvisadas e sem foco (da câmera mesmo!), sem roteiro, sem sentido algum. No entanto, a presença de Romay é um espetáculo. Nunca a considerei uma grande atriz, tecnicamente falando, mas para uma beldade que se vestia apenas quando o roteiro pedisse e praticava felaccios não simulados para as câmeras do marido, o talento pode ficar em segundo plano, não tem problema… hehe! Ela era perfeita naquilo que fazia.


Se há uma trama para ser descrita aqui, seria algo parecido com isso: Lina Romay é uma vampira muda que ao invés de utilizar os convencionais caninos para perfurar o pescoço e chupar o sangue de suas vítimas, prefere fazer um sexo mortal, cujo orgasmo leva o parceiro(a) à morte. E o filme inteiro segue nessa linha, só na sacanagem e mais sacanagem. Mas tanta sacanagem também cansa e é muito comum o Franco perder totalmente a noção de ritmo. Por outro lado, é justamente nesse tipo de filme que Franco ia às favas com a lógica ou a opinião pública, aproveitava de sua liberdade criativa, botava seu lado safado pra funcionar e ainda criava praticamente do nada uma espécie de narrativa de sonho, cheio de imagens oníricas… Talvez não funcione para o espectador comum, mas o autêntico fã de Jess Franco é igual ao sujeito que adora comer jiló, ninguém convence de que aquilo é ruim de doer!




O filme possui três cortes diferentes com graus de erotismo que variam de um para o outro, todas editadas pelo próprio Franco, utilizando pseudônimos. Na versão que eu vi, conhecida como FEMALE VAMPIRE, não há sexo explícito, apesar de uma ceninha rápida na qual Romay se empolga e abocanha o pinto do ator que contracenava. Mas se querem ver a versão mais quente, se não estou enganado, o título é EROTIKILL. Há ainda uma versão que acredito ser mais branda cujo título é LES AVALEUSES.

Eu não como jiló, mas sou fã de Jess Franco e por mais que FEMALE VAMPIRE tenha seus problemas, é um belo conto erótico sobre vampirismo que cresce a cada revisão, graças, especialmente, ao brilho da musa Lina Romay. Requiescat in pace, bella…

14.11.10

RESIDENCIA PARA ESPIAS (1966), de Jess Franco

Se fosse realizado uma década depois, RESIDENCIA PARA ESPIAS teria excelentes motivos para que o diretor Jess Franco explorasse a sua maior especialidade: PUTARIA! Ele iria às favas com a trama (se é que haveria um roteiro) e passaria o filme inteiro dando zoons em pererecas cabeludas de atrizes robustas. Mas estamos em 1966 e Franco ainda não havia descambado para essas peculiaridades da forma como temos em seus filmes a partir dos anos setenta.

É um trabalho simpático, adjetivo estranho para elogiar um filme deste prolífico diretor, mas é um bom termo para definir esta obra de início de carreira (décimo primeiro filme, na verdade, mas pra quem já fez mais de 190, não é nada). Além de ser uma leve comédia, RESIDENCIA PARA ESPÍAS é um autêntico Eurospy - subgênero criado na esteira dos filmes do agente 007 e gerou uma infinidade de cópias, paródias, homenagens e picaretagens no velho continente, principalmente na Itália e França.

Jess Franco possui alguns exemplares do gênero no currículo (aliás, qual gênero ele não possui?). Para o papel do espião, Franco escalou o americano Eddie Constantine, que no ano anterior havia interpretado outro espião, Lemmy Caution, só que num filme totalmente cerebral, ALPHAVILLE, de Jean Luc Godard. Curioso numa cena logo no início do filme, ele contracena com Howard Vernon, fiel colaborador de Franco, mas que também esteve presente no filme de Godard, no papel do Professor Nosferatu.

Em RESIDENCIA PARA ESPÍAS, Eddie Constantine encarna o agente da CIA Dan Leyton, uma versão de James Bond, só que desprovido de beleza, mas tão mulherengo quanto o espião à serviço de sua majestade. Sua missão é se infiltrar numa espécie de colégio para espiãs americanas na Turquia e descobrir de onde está vazando informações sigilosas que os inimigos do governo americano estão obtendo.

A direção de Franco é caprichada, explora as paisagens turcas sem ficar enrolando o espectador com o excesso de planos vazios como acontece em alguns trabalhos do espanhol, mas já demonstra uma má vontade com a narrativa, algo que de vez em quando fica totalmente em segundo plano em vários de seus melhores filme, os quais são mais experiências sensoriais do que qualquer outra coisa.

Mesmo assim, não recomendaria para quem deseja iniciar-se pelo cinema de Franco. Tirando um certo tipo de humor que surge em alguns momentos, é um filme bem diferente daquilo pelo qual o diretor espanhol é lembrado. Mas é divertido, dos mais acessíveis e muito bem contextualizado como um Eurospy.

25.7.10

LESÃO FUTEBOLÍSTICA E MUITOS FILMES

Não sou praticante assíduo, atualmente, de nenhum tipo de esporte, mas ontem inventei de jogar futebol com uma turma. Me dei mal. Com cinco minutos de jogo, senti uma fisgada forte na perna que quase me nocauteou. Não deu outra, estiramento na coxa, colocar gelo, pomadas e comprimidos anti-inflamatórios, repouso e, por conseqüência disso tudo, muitos e muitos filmes! Passei o resto do fim de semana na cama assistindo à várias belezinhas.

Curto e grosso sobre alguns exemplares da safra recente: 

REPO MEN (2010) de Miguel Sapochnik: Acho que foi o único filme fraco que assisti nessa leva. É sobre um sujeito (Jude Law) que trabalha reavendo (sem anestesia) os órgãos artificiais dos clientes que não conseguem pagar o produto, até que um dia ele precisa de um coração novo, mas também não consegue pagar pelo órgão e agora passa a ser perseguido e precisa utilizar suas habilidades para não tomarem seu coração. lembra um pouco MINORITY REPORT, mas consegue ser inferior. A premissa é boa e rende alguns momentos. É bastante violento, tem uma trilha bacana, enfim, poderia ter sido bem melhor. O problema é quando o filme começa a perder tempo demais com questões bobas, tem muita coisa desnecessária, personagens obsoletos que tornam o filme chato.

THE HORSEMAN (2008) de Steven Kastrissios: Após dois anos de sua realização, finalmente este filme ficou disponível. E é um ótimo revenge movie australiano que demonstra o que um pai vingativo é capaz de fazer com suas vítimas carregando apenas sua maleta de ferramentas. Autentico exemplar do cinema físico e visceral! Imaginem o casamento de HARDCORE, de Paul Schrader, com O ALBERGUE, de Eli Roth, e vocês terão uma idéia do que é isso aqui.

HEARTLESS (2009) Philip Ridley: Gostei bastante deste conto urbano de terror muito bem sacado, com uma leve inspiração em Fausto. É complexo, na verdade, descrever o filme sem estragar o prazer de assisti-lo, mas é muito interessante, muito rico em detalhes, o diretor faz um belíssimo uso das locações, com as paredes e muros da cidade carregadas de graffiti, tem um clima de terror dos bons, é um filme muito eficiente e que se não é uma obra maravilhosa, pelo menos fica bem acima do padrão atual do gênero.

Dois filmaços vistos pela primeira vez:

TUAREG (1984), de Enzo G. Castellari
Trata-se de uma das melhores e mais caras produções dirigidas pelo Castellari. Uma espécie de mistura entre LAWRENCE DA ARÁBIA com RAMBO!!! Mark Harmon, que depois levaria sua carreira a um caminho completamente diferente do que é visto aqui, está sensacional na pele de um Tuareg, um guerreiro do deserto, que arranja o maior Deus-nos-acuda com o governo ao ir atrás de um senhor que fora arrancado de seu acampamento por uma patrulha do exército, liderada por ninguém menos que Antonio Sabáto, sem saber que o sujeito, na verdade, é um importante preso político. Nas leis do Tuareg, o exército o ofendeu profundamente retirando o hóspede de seus cuidados.

Mas para um filme de Castellari, conhecido pelas preciosas seqüências de tiroteios, até que TUAREG não possui tanta ação assim, a não ser naquela cena em que Harmon luta sozinho contra um exército para libertar o prisioneiro de um forte. É lógico que isso não diminui o filme que é magnífico visualmente, com uma fotografia que utiliza muito bem os espaços e a beleza do deserto, além da bela trilha sonora de Riz Ortolani. Altamente recomendado!


FACELESS (1987), de Jess Franco
Também é uma produção de “maior orçamento”, para o nível do diretor, demonstrando que Franco realmente podia fazer um filme com um ótimo acabamento tendo recurso em mãos. FACELESS é uma deliciosa, e safada, refilmagem do clássico OS OLHOS SEM ROSTO, de Georges Franju, com um elenco cheio de canastrões como Helmut Berger, Brett Halsey, Christopher Mitchum, Anton Diffring e até Telly Savalas. Do lado feminino a beleza das musas Brigitte Lahaie e Caroline Munro. E para não esquecer que estamos falando de um filme de Jess Franco, temos pontas de Howard Vernon e Linna Romay.

E é para não esquecer mesmo! FACELESS é uma anomalia na filmografia do diretor, que possui uns 200 filmes. Esqueçam aqueles zoons desenfreados, os closes em genitálias femininas, a atmosfera densa, Franco investe muito mais em contar uma estória convencional do que no clima surreal de sonho, que é uma de suas principais características. Mas não deixa de ser um de seus melhores trabalhos!

Vou ficar devendo, por enquanto, alguns outros filmes visto neste período moribundo, como LA MALA ORDINA, de Fernando Di Leo e FIVE ELEMENTS NINJA, de Chang Cheh. Até!

22.9.09

Reaproveitamento...

Dois textinhos antigos, que foram utilizados numa outra oportunidade, achei jogado num canto do meu computador, resolvi reaproveitá-los...

IMAGENS DE UM CONVENTO (Immagini di un Convento, 1979), de Joe D'Amato

Joe D’Amato é um cara legal. Quem já viu ou ouviu falar de seus filmes, sabe muito bem a razão (lógico, funciona se você for fã de cinema extremo, se não, nem se arrisque). Seus filmes normalmente são recheados do que há de mais pervertido, sádico e violento que o cinema teve a ousadia de mostrar.

IMAGENS DE UM CONVENTO não fica atrás, além de ter todos os elementos perturbadores que fazem parte do catálogo de D’Amato, ainda possui um roteiro interessante e uma fotografia trabalhada, obviamente dentro dos padrões financeiros da produção, já que seria difícil arranjar alguma grande companhia para financiar um filme que profana os conceitos da igreja católica, mostrando freiras sedentas de sexo, muita sacanagem e uma cena de estupro com sexo explícito.

Como de costume em um nunsploitation, a trama se passa num convento. A paz e a serenidade são quebradas com a chegada de um rapaz, que é uma espécie de encarnação do mal, e basta sua presença para que comece a safadeza e as freiras coloquem as "aranhas pra brigar”, até chegar num ponto alucinante de erotismo explícito com várias cenas interessantes como a do padre que caminha pelo corredor enquanto todas as freiras tentam seduzi-lo, mostrando as “periquitas” e se masturbando. Uma estátua do demo torna-se um dos personagens principais sempre simbolizando a presença do tinhoso e influenciando as perversões das freiras.

Tudo isso e mais um pouco, tornam IMANGENS DE UM CONVENTO um dos nunsploitation's dos mais subversivos e um dos melhores trabalhos do diretor italiano que nunca se preocupou em criar o choque visual, nem que seja pela violência extrema como em BUIO OMEGA, ANTROPOPHAGUS, ou pelo erotismo e sexo explícito como PORNÔ HOLOCAUSTO, EMANUELLE NA AMÉRICA, e muitos outros.

MACUMBA SEXUAL (1983), de Jess Franco

Após vários anos no exílio, Jess Franco retornou a Espanha no inicio dos anos 80 e encontrou liberdade total para realizar MACUMBA SEXUAL. O filme é estrelado pela esposa e musa do diretor, a exuberante Lina Romay, interpretando a namorada do bigodudo Antonio Mayans numa viagem de férias pelas Ilhas Canárias. Franco explora muito bem as belezas naturais do local, suas praias, paisagens bucólicas e o deserto. E é em toda essa ambientação que Romay começa a ter sonhos alucinantes e delírios lisérgicos quando é possuída por uma Rainha Negra, encarnada pela transexual Ajita Wilson.

A experiência de assistir MACUMBA SEXUAL é das mais interessantes pra quem já curte o trabalho do diretor. A trama não importa tanto, mas a elaboração visual das imagens oníricas e o surrealismo dos delírios e sonhos da protagonista são deslumbrantes, além do acompanhamento musical totalmente insólito. E como de praxe, todas as situações que Lina Romay se encontra tornam-se motivos pra tirar a roupa. Franco adora homenagear sua atriz/esposa explorando cada detalhe de seu corpo, as vezes a sensação é a de que ele quer entrar dentro dela com a câmera. Mas o grande destaque entre os protagonistas fica a cargo de Ajita Wilson, a transex negra de beleza exótica, com uma atuação bastante expressionista.

11.6.09

VAMPYROS LESBOS (1971), de Jess Franco


Em 1971, o prolífico diretor Jess Franco realizou a sua versão do Conde Drácula, com Christopher Lee interpretando mais uma vez o papel do famoso vampiro. Naquele mesmo ano, não satisfeito em apenas contar a tradicional estória do célebre personagem, que, aliás, já estava bem desgastada com as tantas versões para o cinema, Franco resolveu botar a cuca para trabalhar e subverteu totalmente o livro de Stoker dando uma roupagem que tivesse mais relação com seu estilo cinematográfico e suas obsessões. Em outras palavras, muita sacanagem, nudez gratuita e psicodelia visual! Estamos falando de VAMPYROS LESBOS!

Neste clássico sexploitation, a estória transcorre no tempo presente (inicio da década de setenta, para ser mais exato), o obscuro conde Drácula se transforma em uma belíssima condessa, interpretada pela musa espanhola Soledad Miranda, que na época do lançamento do filme, já havia batido as botas, ainda muito nova, num acidente de carro. Renfield dá lugar a uma histérica senhorita num manicômio (Heidrun Kussin), o doutor/caçador de vampiros Van Helsing, não passa de um médico sem muita expressão (a não ser por lembrar um bocado o James Stewart bem velho), e por aí vai...

A trama, eu imagino, quase todos conhecem, mas Franco deu uma adaptada considerável ao seu gosto peculiar: Linda (Ewa Strömberg) e seu namorado Omar (Andrés Monales, aka Victor Feldman) vão a um Night Club onde acontece a apresentação erótica de uma misteriosa mulher, algo que impressiona extremamente a moça, que passa a ter pesadelos com a atriz performática.

Após alguns dias, Linda, que é, óbvio, agente imobiliária, vai a uma ilha à trabalho para acertar a papelada de uma compra de propriedade com a Condessa Nadine (Miranda), que, vejam só, se trata da mesma mulher dos sonhos! Que surpresa... Bom, o que Linda não sabe, mas o espectador mais espertinho já matou, é que Nadine é uma vampira. A condessa seduz Linda, as duas colocam as aranhas para brigar, e terminam com a mordida no pescoço.

A trama prossegue por este caminho, sempre abusando da nudez de suas atrizes, que é algo positivo, mas sempre num ritmo lento, quase parando, e a câmera do Franco em constantes zoons sem sentido e cansativos, mas que acabaram fazendo parte de seu estilo de filmar. Algumas cenas são muito bem elaboradas visualmente, como as apresentações no Club, com a Miranda exibindo toda graça e beleza, e ajuda um pouco a compensar as terríveis atuações, diálogos medíocres e a dificuldade de empurrar a estória cheia de furos e erros desta versão fajuta que o Franco criou, apenas para mostrar umas mulheres nuas se esfregando.

E deixo isso bem claro, porque VAMPYROS LESBOS é o típico filme para os fãs do sujeito que sabem enxergar que até uma tralha velha como esta aqui possui seu valor artístico. O próprio Franco é um diretor muito mais odiado que admirado, e isso é uma pena, porque entre seus duzentos filmes, dá para encontrar alguns realmente muito bons! E pelo amor de Deus, com duzentos filmes tem que ter algo que presta!