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12.3.10

THE ROAD (2009), de John Hillcoat

Hoje estréia o novo filme de Scorsese, mas não sei se vou assistir. É um dos filmes mais aguardados por mim este ano e estou muito ansioso para vê-lo, ao mesmo tempo em que me bateu uma preguiça danada de ir ao cinema lotado, cheio de adolescentes irritantes. Enfim, mas não é sobre isso que eu gostaria de falar, tendo em vista o título do post, mas sobre este belíssimo filme do australiano John Hillcoat. Em A PROPOSTA, western poético e existencialista, o estilo lúcido e ousado do diretor demonstra que o sujeito possui uma veia para temas não muito comuns relativos ao gênero pelo qual estava subjugado. O western era apenas um palco para tratar de assuntos mais profundos, embora fosse um autêntico western de primeira qualidade com todos os seus elementos definidos. Cheguei a mencioná-lo na minha lista de filmes notáveis da década passada. Em seu novo trabalho, THE ROAD, Hillcoat ataca novamente seguindo à risca sua cartilha própria, contextualizando a estória num cenário pós-apocalíptico, com a mesma poesia visual de seu filme anterior. O roteiro foi adaptado a partir da obra de Cormac McCarthy, o mesmo que escreveu ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ, e narra a trajetória de um homem (Viggo Mortensen) e seu filho (Kodi Smit-McPhee) tentando sobreviver ao mundo devastado por catástrofes naturais e à grande maioria da população remanescente que driblou a falta de alimento tornando-se adepta a antropofagia. A possível superficialização dessa trama não ia deixar de ir ao encontro de elementos bem mais densos para expor o estado de espírito dos personagens tendo um diretor como Hillcoat no comando. O trailer vendia o filme como uma aventura de ficção, mas não é esse tipo que teremos aqui. Numa das minhas definições mais cretinas, THE ROAD pode ser alguma coisa entre MAD MAX 2, de George Miller e STALKER, do Tarkovsky. Embora o diretor fuja da ação mesmo com a iminência constante dos protagonistas se depararem com o mal (e que até rendem boas sequências), Hillcoat não deixa de buscar a emoção de outras maneiras, como na bela relação entre pai e filho. Depois que começou a trabalhar com o Cronenberg, Viggo Mortensen vem conseguindo performances bem interessantes e o garotinho é um achado. Ainda no elenco, participações da Charlize Theron, Robert Duvall e Guy Pearce. Muito ajudam na concepção da atmosfera a fotografia acinzentada do espanhol Javier Aguirresarobe, a trilha sonora dos “Bad Seed’s” Nick Cave (que escreveu o roteiro de A PROPOSTA) e Warren Ellis, e claro, a lenta e sublime direção de Hillcoat, contando uma estória à moda antiga, sem precisar apelar para efeitos especiais, com uma força cinematográfica impressionante.

14.8.08

FIRST SNOW (2006)

aka MARCAS DO PASSADO
direção: Mark Fergus
roteiro: Mark Fergus, Hawk Ostby

Se estão pensando que só vou falar de tralha velha por aqui estão enganados. First Snow é um exemplo disto. O roteirista de Homem de Ferro e Filhos da Esperança, Mark Fergus, ataca na direção com este neo-noir de 2006 que nem se atreveu a passar nos cinemas brasileiros, indo mofar direto nas prateleiras das locadoras sem muita publicidade. Injustamente, porque é um bom filme com o elenco encabeçado pelo britânico Guy Pearce e ótimos coadjuvantes como J. K. Simmons (o J.J.Jameson de Homem Aranha) e William Fichtner, que teve uma pequena participação no novo Batman como o banqueiro que reage contra o assalto no início do filme.

Quando se fala em Neo-noir, já vem na mente aqueles filmes policiais que remetem ao gênero dos anos 40 e 50, e o pôster de First Snow acentua ainda mais essa noção. Mas o filme segue outro caminho, a história é um quebra cabeça que vai se juntando aos poucos formando um drama com elementos de thriller e um protagonista, cujo passado ambíguo, revela-se um autentico personagem do noir.

Jimmy Starks (Pearce) é um homem de negócios que acaba numa região à beira da estrada com o carro quebrado. Sem muita coisa pra fazer enquanto espera o conserto do carro, decide deixar que um médium (Simmons) leia sua mão e descobre que seu fim pode estar mais próximo que espera. A partir daí o roteiro passeia sobre questões como morte, paranóia e redenção.

É óbvio que First Snow não iria fazer muito sucesso nos cinema. O filme possui um andamento lento e não traz nada de novo em termos de estrutura narrativa ou linguagem cinematográfica. A direção é correta, e Guy Pearce seria o único atrativo aparente, embora não seja um ator que atraia muito público, mas seu trabalho aqui merece o destaque que não teve.