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9.12.11

LA VIA DELLA DROGA, aka Heroin Busters (1977)

Seguindo a peregrinação pelo cinema de Enzo G. Castellari, chegamos ao LA VIA DELLA DROGA, que é o último poliziottesco dirigido pelo sujeito na década de 70. A esta altura, não restavam dúvidas de que Castellari era um dos grandes mestres do cinema de ação de todos os tempos, mesmo que tenha copiado muita coisa de Sam Peckinpah para desenvolver seu próprio estilo. THE BIG RACKET e KEOMA estavam lá para tirar a prova. E LA VIA DELLA DROGA não fica muito atrás neste quesito. É ação de alto nível que pega o espectador de jeito!


Mas é preciso ter um pouco de paciência. A primeira metade do filme é lenta e burocrática, embora nunca seja chata, apresentando os personagens e o desenrolar de uma trama intrincada, que gira em torno de uma operação policial que possui o objetivo de acabar com uma rota específica das drogas na Itália. No elenco temos David Hammings vivendo um inspetor britânico que comanda toda a missão e Fabio Testi retomando a parceria com o Castellari após THE BIG RACKET, encarnando aqui o típico herói de ação do policial italiano.

Uma dos grandes destaques de LA VIA DELLA DROGA, sem dúvida, é justamente poder observar esses dois grandes atores contracenando. Ambos estão brilhantes, fazendo o contraponto extremo do outro.


Quando a ação finalmente começa, já na segunda metade, ela segue frenética e ininterrupta até o desfecho, às favas com qualquer tipo de estrutura, apresentando longos tiroteios em diversos cenários (construções, metrôs, fazendas, laboratórios), fugas espetaculares, perseguições em alta velocidade de carros, motos, até culminar no climax, um duelo mortal, extravagante e exagerado de aviões em pleno ar. Apesar dos indícios de insanidade que parecem ter acometido o diretor na elaboração dessas sequências, tudo é filmado com a notável competencia e habilidade habitual de Castellari e sublinhado pela magnífica trilha sonora do Goblin. Ou seja, LA VIA DELLA DROGA é um filmaço que precisa ser conferido ungentemente por quem ainda não o fez.

28.5.09

THE BIG RACKET (Il Grande Racket, 1976), de Enzo G. Castellari

Já faz alguns dias que assisti a este poliziesco de primeiríssima qualidade com assinatura do mestre italiano Enzo G. Castellari, o mesmo que já nos brindou com clássicos como ASSALTO AO TREM BLINDADO, KEOMA, GUERREIROS DO BRONX e muitos outros. THE BIG RACKET é mais um filmaço do diretor, hours-concours do cinema policial italiano e obrigatório para qualquer criatura que deseja enveredar-se pelo subgênero mais cool do cinema carcamano!

Fabio Testi, ator magnífico, encabeça o elenco interpretando um policial do tipo linha dura que não se inibe ao utilizar métodos nada ortodoxos contra a bandidagem, principalmente quando se trata dos membros de uma organização criminosa que cobra dos pequenos comerciantes uma “taxa de proteção” absurda. E pior para aqueles que não aceitarem as condições dos bandidos, como é mostrado já nos créditos iniciais!

A coisa fica mais feia ainda quando os criminosos rolam o carro do protagonista por uma ribanceira abaixo - com ele dentro, diga-se de passagem - numa cena espetacular com a câmera dentro do carro filmando o próprio Fabio Testi experimentando a sensação de capotagem em um terreno bastante íngreme. E as iniqüidades não param por aí: toda vez que o personagem de Testi consegue prender de forma legal algum membro da organização, um advogado liberta o vagabundo com a maior facilidade. E se eu disser que as perversidades dos delinquentes ainda não param por aí, alguém acreditaria? Mas pra saber mais, você vai ter que assistir ao filme...

“O jeito é resolver a situação à base de chumbo grosso!”, assim pensa o nosso herói. Mas antes de agir como um vingador solitário armado até os dentes, como Charles Bronson em DESEJO DE MATAR, ele recruta alguns indivíduos que possuem conta em aberta com os bandidos e estão sedentos de vingança! E uma dessas vítimas ansiosa pelo seu dia de desforra, é interpretada pelo grande Vincent Gardênia. Alguns outros nomes também são bem conhecidos no meio dos subgêneros italianos como Orso Maria Guerrini e Joshua Sinclair.

Mas o que mais chama a atenção, dentre todas as qualidades que THE BIG RACKET possui, é mesmo a direção de Castellari nas cenas de ação. O sujeito deve ter acordado com o pé direito em todos os dias de filmagens. Duas sequencias, em especial, são verdadeiras aulas de como uma boa action scene deve ser filmada, com bastante estilo e sem frescuras: o tiroteio entre os vagões e claro, o grande final, uma das demonstrações mais expressivas de ação no cinema de Castellari, com direito as suas habituais câmeras lentas e brutalidade explícita. Mais um belo exemplar altamente recomendado!


Como não poderia deixar de fazer, indico um ótimo texto do Felipe M. Guerra sobre o filme. Basta clicar aqui.

17.3.09

REVOLVER (1973), de Sergio Sollima

Alguém por aí poderia até reclamar da falta de seqüências de ação, longos tiroteios e perseguições de carro em alta velocidade pelas ruas estreitas de uma cidade européia qualquer, eu entenderia, afinal, estamos falando de um euro crime, subgênero cujo quesito “ação” é praticamente obrigatório.

Não foi o meu caso. Não senti falta alguma destes detalhes enquanto assistia REVOLVER, do italiano Sergio Sollima, principalmente quando temos um Oliver Reed inspiradíssimo num desempenho tenso, expressivo, encarnando Vito Cipriani, um ex-policial que tem a esposa seqüestrada e faz de tudo para consegui-la de volta. A exigência dos seqüestradores é que Cipriani ajude na fuga de Milo, um prisioneiro que se encontra encarcerado na mesma prisão que o protagonista administra atualmente. Mas para garantir que tudo aconteça dentro dos conformes, Cipriani seqüestra Milo e aí a coisa toda fica ainda mais intrigante.

O italiano Fabio Testi – outro ótimo ator que trabalhou com diversos diretores consagrados na época como Lucio Fulci, Enzo G. Castellari e Andrzej Zulawski – interpreta Milo e contribui com uma atuação do mesmo nível de Reed. E ver esses dois monstros em pleno auge de suas carreiras já valeria o ingresso ainda mais num filme que concentra-se muito mais nos conflitos internos dos personagens do que na própria ação extravasada.

REVOLVER pode não conter aquelas cenas elaboradas de ação, mas a trama e seus desdobramentos caminham num ritmo tão frenético que compensa a ação, e a trilha de Morricone contribui bastante. Claro que não deixa de ter uns tiros aqui e ali pra saciar o espectador mais urgente, mas até nestas seqüências Sollima dá um tom mais realista, sem o sensacionalismo habitual dos Polizieschi (mas que funcionam perfeitamente quando existe esta pretensão). Um filmaço, sem dúvida!