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14.1.11

CISNE NEGRO (Black Swan, 2010), de Darren Aronofsky

Taí o filme que elegi como o meu favorito de 2010. BLACK SWAN trata da busca psicótica e auto-destrutiva de sua protagonista pela perfeição naquilo que faz, algo que nas mãos de um cara como o diretor Darren Aronofsky pode ser bem assustador. Em um primeiro momento, ele traça um retrato de personagem fazendo de Natalie Portman o mesmo que fez com Mickey Rourke em O LUTADOR, ou seja, muita câmera na mão grudada nas costas de seu "objeto de estudo", seguindo intimamente, revelando suas fraquezas, mostrando detalhes de seu mundo enquanto anda de um lugar para outro, etc...
Neste caso, Portman vive uma bailarina de Nova York bastante talentosa, mas ainda é uma coadjuvante no meio de tantas. Para sua surpresa, seu diretor (Vincent Cassel) lhe concede o papel principal no clássico O Lago dos Cisnes, sendo que terá de fazer um papel duplo. Como Rainha dos Cisnes ela está maravilhosamente bem, o problema é na interpretação do Cisne Negro, o qual não consegue atingir o... digamos “gingado” para o papel. Se Compadre Washington fosse seu coreógrafo, ele diria que ela não tem o “tchan” necessário para encarnar o Cisne Negro. Acho que me fiz entender... eu não entendo nada de balé, a não ser o que eu aprendi com Van Damme em DUPLO IMPACTO... O problema é que a moça não tem a malícia das coisas do mundo adulto. Ela tem 28 anos, mas é tratada pela mãe (Brabara Hershey) como se fosse uma garotinha de 10 anos, é reprimida sexualmente, entre outros detalhes que ajudariam a entrar na obscuridade da Cisne Negra.
Sendo assim, a moça passa o filme inteiro tentando atingir a perfeição e mudando drasticamente algumas coisas na sua vida para representar o papel. Ela não pretende acabar como sua mãe, frustrada por não ter conseguido seus 15 minutos de fama, nem como a sua maior admiração (Winona Ryder) uma dançarina forçada a se aposentar por causa da idade. Então ela tem de fazer de tudo e mais um pouco para conseguir o que quer e nada vai impedí-la. E aqui está a graça da coisa. Aos poucos, essa obsessão da personagem contagia a atmosfera do filme, que toma uma forma de pesadelo e quanto mais a moça imerge para encontrar seu lado obscuro, o filme dá lugar a ingredientes do terror psicológico que me lembrou uma mistura bizarra do suspense de Dario Argento com o horror do corpo de David Cronenberg... a personagem é atormentada por alucinações, paranóia, simbolismos, ao mesmo tempo em que aparecem feridas pelo seu corpo, brrrr....
E Natalie Portman está simplesmente sublime, tem aqui de longe a atuação mais forte de sua carreira. Se essas premiações que ocorrem por aí fossem justas, ela levaria todos os prêmios! Vi poucos filmes no ano passado, mas eu duvido que tenha atuações à altura do que essa moça faz. Tanto seu desempenho de encarnar uma personagem e suas transformações quanto sua presença física em cena, são de uma força descomunal.

Darren Aronofsky vem ganhando mais pontos comigo e agora confirma que se trata, sem dúvida, de um dos grandes diretores americanos em atividade. O cara conseguiu me fazer grudar os olhos na tela para assistir sequências inteiras de ensaios e apresentações de balé! Grande parte do filme é composto por momentos magníficos um atrás do outro, com belos enquadramentos, soluções visuais interessantes, como se seu trabalho de direção sofresse do mesmo processo que o da protagonista, em busca do perfeccionismo em todos os detalhes.
Fora que é um puta diretor de atores. Colocou Mickey Rourke novamente no topo e agora extraiu a melhor atuação de Natalie Portman. Claro que os atores tem seus méritos, são brilhantes, mas o estilo Aronofsky está lá sobre eles. Acho difícil seguir esse mesmo estilo em seu próximo filme, cujo protagonista será o personagem de quadrinhos Wolverine, mas se dependesse de mim, poderia ser um drama humano com a câmera na mão acompanhando o Logan, com ele andando de um lado para outro em conflitos psicológicos, seguindo a mesma estrutura de O LUTADOR e com atmosfera de BLACK SWAN... seria um baita filme, um milhão de vezes melhor que aquele lançado há um tempinho atrás. Sei que não vai acontecer do jeito que eu disse, mas já sabemos que o próximo filme do “Carcaju” está em boas mãos.

19.8.10

BLACK SWAN - poster

Se um cartaz fosse a representação exata da qualidade de um filme, BLACK SWAN já seria uma das maiores obras primas do cinema moderno.

11.1.09

THE WRESTLER (2008), de Darren Aronofsky

Continuando as falácias. Como disse há algum tempo atrás, o Mickey Rourke é um dos meus atores favoritos desde que comecei a acompanhar alguns filmes do cara dos anos 80. Rourke era um espetáculo atuando, algo que me lembra um Marlon Brando. Sério! É só assistir NOS CALCANHARES DA MÁFIA, CORAÇÃO SATÂNICO, O ANO DO DRAGÃO e muitos outros, pra perceber (ou não, o que é mais provável). E vou repetir: sempre achei que se não tivesse largado a carreira de ator pra seguir a de pugilista profissional, Rourke já teria roubado papéis de muitos oscarizáveis nos últimos anos. Mas agora não preciso mais pensar assim. O sujeito conseguiu se reerguer. E nossa! Como é bom ver novamente o velho Rourke atuando pra valer!

Todo mundo já deve saber o básico do filme, então vamos lá: Rourke vive aqui Randy 'The Ram' Robinson, um lutador de Luta Livre (é, aquela que é tudo de mentirinha) decadente que passa por maus bocados com a grana sempre apertada, saúde debilitada e problemas de relacionamento com a filha. A única coisa que sabe fazer e faz muito bem, é se apresentar nos ringues e dar um show de wrestler onde ainda possui um bom número de fãs, até porque este esporte também anda mal das pernas ultimamente. O filme acompanha integralmente a jornada de Randy, mas ainda sobra espaço para Cassidy, uma stripper interpretada pela Marisa Tomei, que está maravilhosamente linda e muito bem em sua personagem e que serve de apoio para Randy em alguns momentos.

Assistindo ao filme, me peguei pensando na dependência que essas pessoas têm do próprio corpo para sobrevivência. Randy só sabe subir num ringue e lutar – por mais que seja tudo falso, não deixa de ser um exercício físico desgastante – enquanto Cassidy exibe o seu para poder ganhar dinheiro. Mas é algo para se refletir com mais profundidade...

A direção de Aronofsky é muito boa. Sempre com a câmera na mão, seguindo de perto o protagonista, com edição fragmentada, me lembrou vagamente uma mistura de Lars Von Trier com Gus Van Sant, mas de forma mais comedida. É um filme muito simples, mas ganha o espectador pela carga poderosa da monstruosa atuação do Rourke, e ainda pela fotografia crua, a mão segura do diretor e nas escolhas que faz. Ah! E as cenas de lutas são demais, viscerais e realistas. Aronofsky aborda muito bem os bastidores deste esporte e ver Mickey Rourke dando uma de Ted Boy Marino é excelente! O sujeito põe pra quebrar nas coreografias da Luta Livre.

Rourke é o grande nome em THE WRESTLER, isso fica bem claro, e não vou ficar rasgando mais elogios para o cara. Já li algumas comparações entre a vida do personagem com a do próprio ator em relação à decadência e tal. Eu não vejo tanto assim. Se forçar, dá pra comparar, mas são situações completamente diferentes. O que importa é que ele retorna ao topo. Talvez tão alto quanto jamais esteve, e o velho Rourke merece.


Obs: E hoje teremos o Globo de Ouro, não que eu tenha obsessão por esses premiozinhos de merda, mas espero ver o trabalho do Rourke em THE WRESTLER sendo reconhecido mais uma vez. Ficaremos na torcida!