29.5.10

DENNIS HOPPER

R.I.P.
1936 - 2010

VALHALLA RISING (2009), de Nicolas Winding Refn

O novo trabalho do dinamarques Nicolas Widing Refn é o que podemos chamar de um curioso experimento perturbado. O ótimo Mads Mikkelsen interpreta uma versão hardcore e silenciosa de seu personagem em FÚRIA DE TITÃS. Aqui ele é um alegórico guerreiro caolho e mudo que parte com um grupo de Vikings cristão em uma jornada surtada à terra Santa. Em tempos de cenários formatados em 3D e criados em CGI pós-SENHOR DOS ANÉIS, VALHALLA RISING é um frescor! Com um fiapo de roteiro, Refn consegue hipnotizar o espectador com uma estética fora do comum no cinema atual e compensa totalmente uma possível falta de conteúdo nos brindando com momentos de rara beleza de imagens e sons sem deixar de lado o impacto causado pela violência e brutalidade explícita praticada pelo protagonista sobre suas vítimas.

O que realmente pega em VALHALLA RISING é que o filme é aparentemente bastante vago para justificar seu projeto e comportar 90 minutos de duração. Na verdade, o filme possui conteúdo, mas é preciso ter um conhecimento prévio da mitologia viking, e como eu não tenho, fiquei boiando. Os diálogos são escassos, os personagens pouco fazem além de andar pelos cenários e Refn preenche muito de seu tempo com imagens das paisagens, imagens belíssimas, diga-se de passagem, mas que podem afugentar o espectador que espera acompanhar de fato uma trama bem definida.

Confesso que isso não me incomodou. Conversando com o Leandro Caraça, ele associou VALHALLA ao AGUIRRE de Herzog. Um filme que segura o espectador mais pela força de suas imagens que pela trama em si, até porque se formos parar pra pensar, uma boa parte do filme do alemão maluco é uma espécie de embacarção rumando sem destino por um rio. Mas alguém consegue desgrudar os olhos da tela? Sei que é bem mais difícil aqui, mas quem conseguir embarcar nesta poesia visual e sonora de Nicolas Winding Refn, vai ser bem recompensado.

Acho difícil não entrar na minha lista de melhores filmes no fim do ano...

28.5.10

FÚRIA DE TITÃS (Clash of the Titans, 2010), de Louis Leterrier

Tinha boas espectativas com esta refilmagem, talvez este tenha sido meu erro. Não que esta recauchutagem seja um desastre, possui alguns momentos divertidos, personagens interessantes (como o Draco, de Mads Mikkelsen, uma das melhores coisas do filme), mas o resultado final não deixa de ser fraco. Tenho impressão que os realizadores se perderam em algum ponto entre a adaptação do roteiro, filmagem ou edição. O peso que a trama, seus detalhes e alguns personagens possuem nunca recebem a importância necessária devido ao ritmo que atualmente o público parece exigir e que o filme impõe para agradá-lo. Acaba tudo acontecendo rápido demais, sem profundidade alguma e a narrativa cadenciada do original ganha essa roupagem "videoclíptica" pós-SENHOR DOS ANÉIS. Algo inevitável nos dias de hoje, mas não abro mão de uma reclamação. Isso sem contar certas alterações desnecessárias que não fazem sentido algum. Não gosto de fazer comparações, mas o FÚRIA DE TITÃS de 1981 é infinitamente superior em todos os sentidos.

26.5.10

A MARCA DA PANTERA (Cat People, 1982), de Paul Schrader

Como o papo sobre o Schrader está bom (ver os comentários do último post), vamos prosseguir com mais um filme do homem. Este eu vi já faz algum tempinho (aliás, é o único do Schrader que eu tinha visto até começar essa peregrinação) e acabei não revendo pra escrever esse pequeno comentário, então não sejam exigentes, por favor.

Mas é um filme muito bom, refilmagem do clássico de Jacques Tourneur e Schrader já totalmente a vontade na direção, imprimindo para o público de sua época esta estória fascinante com tons de delírios visuais e erotismo. É difícil esquecer suas imagens. CAT PEOPLE possui extrema beleza cinematográfica, atmosfera carregada de elementos de terror (até um pouco de gore) e um ar onírico que separa os níveis de fantasia e realidade da trama. Mas a essência de tudo é a belíssima Nastassja Kinski como protagonista. Incrível como ela se encaixou ao papel de forma tão instintiva. E ainda há a marcante presença de Malcom McDowell. Obrigatório!

25.5.10

GIGOLÔ AMERICANO (American Gigolo, 1980), de Paul Schrader

Seguindo à risca meu novo vício, o cinema de Paul Schrader, este seu terceiro trabalho, sem nenhum favor, é o melhor filme que realizou dentre os conferidos recentemente. Não sabia que ia gostar tanto, é uma pequena obra prima! Penso que tudo isso se deve um pouco pelo fato de Schrader começar aqui a se soltar na direção. Experimenta algumas soluções mais cinematográficas, sentindo os planos, os movimentos de câmera, é um trabalho visual bem engajado e consciente. E, portanto, se desprende um bocado do realismo latente de seus filmes anteriores.

Mas é principalmente na presença de Richard Gere onde se concentra o maior fascínio de GIGOLÔ AMERICANO. O desempenho deste ator, que hoje ainda demonstra competência em qualquer papel que faz, mas sem a mesma desenvoltura deste aqui, é digno de antologia (o personagem quase foi parar nas mãos de John Travolta). Gere vive um acompanhante de senhoras ricas (leia-se gigolô) que acaba envolvido romanticamente com a esposa de um senador, ao mesmo tempo em que se torna o principal suspeito de um assassinato. Sim, parece trama de novela, mas a junção Schrader + Gere retira disso tudo um retrato estilístico narrativo bem interessante.

Lendo algumas críticas gringas sobre o filme, uma grande parte não gosta muito de GIGOLÔ AMERICANO, várias reclamações quanto ao final, uma possível perda de rumo do diretor, algo que realmente não existe. O final é lindo, uma bela homenagem a Robert Bresson – diretor que Schrader venera – e seu PICKPOCKET.

O Filme inteiro é composto de sequências que marcam, diálogos impecáveis e um elenco forte (embora não tenha rostos muito reconhecíveis do grande público). Será que há alguma obra melhor que esta na filmografia do Schrader? Vou continuar procurando.

24.5.10

CANNES 2010

Palma de Ouro foi entrega ontem para UNCLE BOONMEE WHO CAN RECALL HIS PAST LIVES, do tailandês Apichatpong Weerasethakul (também conhecido como Joe).

22.5.10

HALLOWEEN: THE CURSE OF MICHAEL MYERS (1995) de Joe Chappelle

Vou fechar a conta por aqui com a série original de HALLOWEEN. Os próximos seriam o H20, que eu vi na época que saiu em VHS nas locadoras e é bem fraquinho, e HALLOWEEN RESURRECTION que passou outro dia na HBO e é meia boca também. A estes dois, não vou gastar meu tempo.

Já este sexto capítulo surpreende o espectador, no mal sentido, pelo caminho que os roteiristas levaram a série. O filme tenta explicar a origem do mal de Myers e porque ele insiste tanto em matar os membros da família. Tudo envolve uma seita satânica e baboseiras desnecessárias iniciadas com o abominável HALLOWEEN 5, realizado seis anos antes.

O roteiro foi reescrito onze vezes até que chegasse a este resultado visto na tela. Idéias demais, personagens demais, muita estupidez contribuem para afundar de vez a franquia e tentar encher os bolsos de produtores que queriam se aproveitar do título. Talvez fosse mais fácil investir num filme de terror sobre seitas e assassinatos sem envolver o universo HALLOWEEN. Também não sairia nada de muito interessante, mas acho que teria um pouco mais de chance.

Até porque estamos aqui em 1995, slasher como subgênero já estava praticamente enterrado. Levando em consideração este tipo de horror neste período, o filme até que se sai bem em vários aspectos que envolvem os elementos de suspense, tem boa atmosfera de terror em alguns momentos, além de ter uma contagem de corpos altíssima, talvez a maior da série. De certa maneira, sofre o mesmo mal de HALLOWEEN III, embora este sim seja um ótimo filme. HALLOWEEN 6 não deixa de ser fraco, mas é bem melhor que o filme anterior.

Uma cena rápida, já quase no final, Michael Myers está andando no corredor escuro de um hospital com as mãos vazias. De repente ele para ao lado de uma prateleira com alguns equipamentos cirúrgicos, objetos cortantes, escolhe sua arma favorita e a pega. Volta a seguir seu rumo para fazer novas vítimas. Não preciso de mais nenhuma explicação. Essa cena define muito bem o Myers e seu mal pra mim...

Existem muitas histórias de bastidores, problemas de diferenças criativas entre o diretor Joe Chappelle e o produtor (que chegou a lançar uma versão sua), a morte de Donald Pleasence, encarnando aqui pela última vez o papel mais marcante da carreira, já bem velhinho e pouco aproveitado… poderia ter se aposentado antes, mas preferiu trabalhar até o fim da vida, mesmo em projetos medíocres como este.

20.5.10

HARDCORE (1979), de Paul Schrader

Neste segundo trabalho como diretor, Paul Schrader volta o seu olhar novamente para a sociedade underground urbana, assim como já fizera em alguns de seus melhores roteiros para outros diretores, como TAXI DRIVER, de Scorsese, e ROLLING THUNDER, de John Flynn. Particularmente, prefiro estes dois citados, mas HARDCORE é um esforço notável, tem momentos de grande força e é controverso na medida certa.

Uma questão negativa - que vou comentar a seguir - reside justamente em um de seus grandes trunfos: George C. Scott. O ator entrega uma puta interpretação na pele de um calvinista que vive em uma pequena cidade do centro-oeste americano com sua filha adolescente. Em determinado momento, ela sai a um encontro religioso aos arredores de Los Angeles. Poucos dias depois, Scott recebe uma ligação informando que sua filha desapareceu.

Sem saber muito que fazer, o protagonista vai até Los Angeles, fala com a polícia, o qual não oferece muita ajuda, mas sugere que ele contrate um investigador particular. Entra em cena o ótimo Peter Boyle, vivendo um detetive maluco que diz que vai encontrar fácil a filha. Em pouco tempo, Boyle aparece com um rolo de filme 8mm que contém um curta pornô vagabundo no qual a filhotinha do calvinista desempenha o papel de protagonista contracenando com dois rapazes ao mesmo tempo.

Pela reação de George C. Scott, dá pra perceber que ele não curtiu a estréia da filha em Hollywood. Essa cena aliás, constitui algo de magistral na atuação de Scott. O detetive informa que é praticamente impossível rastrear este tipo de filme, que seria passado em cabines por 25 centavos. Mas o velho não quer nem saber e desce sozinho ao submundo para encontrar a filha. Veste-se como um diretor de filme pornô, faz conexões com prostitutas e figuras estranhas, circula pelos cantos mais obscuros dos centros urbanos, assiste a snuff movies, etc...

A "questão" que eu disse ali em cima em relação ao George C. Scott seria as diversas brigas e diferenças de opiniões entre o ator e o diretor. Este último havia planejado um filme ainda mais pesado e pessimista e teve de mudar o roteiro para fazer a vontade de Scott, este sob a ameaça de abandonar a produção. Mas isso não tira o brilho de HARDCORE, que deveria ter feito o Joel Schumacher sentir vergonha na cara com o seu 8MM se comparado com a magnitude deste trabalho do Schrader.

Além disso, HARDCORE tem caráter pessoal para o diretor, que recebeu educação calvinista e sofreu barbaridades por conta disso. Nada melhor que expressar suas experiências colocando um personagem calvinista (reflexo de seu pai) que desafia suas crenças e compromete seu lugar no paraíso em busca de sua filha.Visualmente, Schrader permanece influenciado pelas composições estéticas cruas e realista do cinema de Martin Scorsese daquele período. A fotografia do competente Michael Chapman, que já havia feito TAXI DRIVER, o que ajuda bastante nessa semelhança, colhe com êxito alguns instantes expressivos.

Depois da ótima estréia na direção em VIVENDO NA CORDA BAMBA, nada melhor que um verdadeiro Filmaço com F maiúsculo para assegurar Schrader na carreira de diretor. E que venha AMERICAN GIGOLO.

17.5.10

VIVENDO NA CORDA BAMBA (Blue Collar, 1978), de Paul Schrader

Resolvi mergulhar na carreira do Paul Schrader como diretor e devo fazer uns breves comentários por aqui. VIVENDO NA CORDA BAMBA marca a estréia do homem na direção. O enredo, entretanto, parte de uma idéia do irmão, o também roteirista Leonard Schrader (que foi passado pra trás diversas vezes pelo seu irmão), sobre um trio de operários de uma montadora de veículos com alguns problemas com o sindicato corrupto pelo qual fazem parte. Surge também a velha trama dos persongens fodidos, devendo uma grana que não possuem, vendo um assalto ao cofre do sindicato como uma boa alternativa para se livrar do peso na consciência (e das dívidas).

Mas VIVENDO NA CORDA BAMBA nunca descamba para o policial, o filme é um sóbrio drama político e realista que faz ótimo retrato do operário americano, visualmente associado ao estilo que Martin Scorsese vinha impondo dentro do cinema americano dos anos setenta no qual Paul Schrader seguia na cara dura até encontrar seu próprio caminho.

Não que isso fosse algum problema, pelo contrário, Paul demonstra segurança no tom imediato, ritmo e estética já neste primeiro trabalho. A relação com os atores, é outra história. São curiosas as situações de bastidores de VIVENDO NA CORDA BAMBA, principalmente no que concerne ao trio de atores principais. Richard Pryor, Harvey Keitel e Yaphet Kotto dão um show de interpretações em frente às câmeras, mas trocaram muitas ofensas por trás delas. Schrader não tinha o menor controle sobre eles neste sentido. O importante é que tudo funcionou muito bem na tela.

O roteiro, com vários diálogos interessantes, também contribui com grande força. Uma combinação de drama social com um humor realista fazem desta pequena obra um dos melhores "filmes de estréia" que eu vejo em muito tempo. Pena que a Universal lançou o filme de qualquer jeito e acabou não recebendo a devida atenção pelo público, apesar dos elogios da crítica.

Pelo visto, vou gostar de peregrinar pelo cinema desse sujeito.

TUCKER & DALE vs EVIL - Trailer

Este promete!

15.5.10

HALLOWEEN 5 (1989), de Dominique Othenin-Girard

Fiquei puto ontem à noite, pois quando terminei de ver HALLOWEEN 5 escrevi um texto bacana sobre o filme e de repente o notebook desligou e perdi o texto. Acabei escrevendo tudo de novo, mas não é a mesma coisa. Pra piorar a situação, o filme é bem ruinzinho…

Já haviam me alertado que a partir do quinto capítulo de HALLOWEEN, a série começaria a desandar. Realmente, se for levar em conta este aqui, eles devem ter razão. O filme inicia com o final do anterior – assim como o segundo começa com o desfecho do original (nos bons tempos de John Carpenter) – e mostra de forma verossímil como Michael Myers conseguiu sobreviver aos acontecimentos que fecham o quarto filme. Logo depois, o de sempre, Myers arranja uma faca bem afiada e retorna a Haddonfield para matar sua sobrinha e todos que entram em seu caminho. Mas a coisa não funciona muito bem em HALLOWEEN 5.

Mostrar detalhadamente como Myers sobrevive já começa com uma decisão infeliz. É totalmente desnecessário e retira o tom sobrenatural do personagem. No início do quarto filme, um sujeito apenas diz que Myers sobreviveu à explosão que aparentemente o matou no segundo, e isso basta. Não tem porque mostrar. É apenas uma das várias mancadas e incoerências que vamos acompanhando no decorrer do filme.

A ligação psíquica entre Myers e sua sobrinha, que culminou no magnífico desfecho do quarto filme, é muito mal utilizada aqui. Os personagens são extremamente burros, não da forma divertida como sempre temos no gênero, mas de maneira que ofende a inteligência do espectador. Até mesmo o Dr. Loomis age como um completo idiota em alguns momentos. Aliás, o próprio Donald Pleasence está meio deslocado e pouco à vontade no personagem que viveu tantas vezes. A atuação da garotinha Danielle Harris é a única que posso elogiar, embora a personagem não escape da estupidez.

O suspense é outro problema sério, porque o diretor Dominique Othenin-Girard parece não ter a mínima noção de construção atmosférica e de como fazer suspense. A sequencia do celeiro é uma teste de paciência. É tão demorada que quando Myers finalmente resolve entrar em ação, a cena já perdeu a força. O único momento que apresenta algum esforço criativo e que me causou alguma tensão é perto do final. Jamie (Harris) se vê sozinha sob a mercê do serial killer na casa, agora abandonada, onde Myers vivia quando era pequeno e cometera os seus precoces assassinatos. Especialmente a cena na tubulação da roupa suja, cujas filmagens foram muito complexas. O resultado é bom, mas não é suficiente pra compensar o restante que é muito fraco.

Já estou até desanimado em continuar essa peregrinação à série HALLOWEEN…

12.5.10

QUEM MATOU ROSEMARY? (The Prowler, 1981), de Joseph Zito

O diretor Joseph Zito pode estar um tanto esquecido atualmente, mas para um certo grupo de apreciadores de cinema de ação casca grossa oitentista, seu nome ainda possui muita representatividade no gênero (não é pra menos: MISSING IN ACTION, RED SCORPION e o clássico dos clássicos, o inesquecível INVASÃO USA). Mas vale destacar sua contribuição no terror, gênero que, na verdade, abriu caminho para ele no mundo do cinema.


THE PROWLER é o terceiro trabalho de Zito, mas deu a ele a oportunidade de dirigir a quarta parte de SEXTA FEIRA 13, um dos meus capítulos favoritos. Aliás, o sucesso do primeiro filme desta série foi um (entre vários) dos responsáveis pela chuva de slasher movies que surgiu no início da década de 80. E é exatamente isso que THE PROWLER é, um típico slasher, com trama, personagens, direção, atmosfera, ritmo e elementos muito bem caracterizados pelo subgênero. E o filme é ótimo em todos esses sentidos. Mas o que realmente me impressionou foi o genial trabalho do mestre em efeitos especiais Tom Savini. O próprio considera este seu melhor resultado.

A trama começa em 1945, final da Segunda Guerra, quando um soldado retorna para casa frustrado porque sua noiva, a tal Rosemary do título nacional, havia encontrado um novo amor. Um ótimo motivo para pegar um tridente e espetar tanto a danada quanto o novo amante. Você não faria a mesma coisa? O crime chocante ocorre no dia do baile de formatura, desde então o evento deixou de acontecer na pequena cidade de Avalon Bay e ninguém nunca ficou sabendo a verdadeira identidade do assassino, já que no momento os únicos que poderiam ter visto alguma coisa foram perfurados, além do assassino vestir um uniforme do exército muito sinistro, com capacete e máscara para camuflar o rosto.

Passa-se o tempo e estamos agora no presente (início dos anos 80) e pela primeira vez o baile de formatura está sendo novamente preparado na cidade depois de tanto tempo. O xerife fica apreensivo, paranóico, temendo uma onda de assassinatos ou algo parecido, mas não se preocupa ao ponto de não sair da cidade na noite do baile pra pescar, deixando seu jovem ajudante responsável pela cidade inteira. Quem interpreta o velho xerife é Farley Granger, veterano ator que trabalhou com Hitchcock em FESTIM DIABÓLICO e PACTO SINISTRO.

Bom, não seria nada absurdo se eu disser que um serial killer vestindo a mesma fantasia de 35 anos atrás retorna para fazer novas vítimas na noite do baile, afinal, não teria sentido algum o filme existir se isso não ocorresse. É nesses momentos que THE PROWLER ganha uma força extraordinária. Temos uma excelente variação de mortes criativas, sangrentas e violentas, com direito a gargantas cortadas, corpos perfurados, principalmente na cena do chuveiro, um dos melhores momentos, sem dúvida. O final é de uma atmosfera arrepiante de tensão e contém uma das cenas mais chocantes do filme.

Os efeitos especiais de Savini são realmente incríveis, realistas e ainda hoje funcionam depois de quase trinta anos. Claro que como todo bom slasher, tem-se que ter um bocado de paciência para esperar que algo aconteça, mas no caso de THE PROWLER isso não é muito difícil. A trama é interessante de acompanhar, apesar dos atores não apresentarem nenhum desempenho notável. Mas quando o filme engrena, é uma delícia! Um dos melhores slashers que eu já vi.

8.5.10

ROLAND EMMERICH NÃO CHEGA NEM PERTO DISSO AQUI

Quem curte efeitos especiais à moda antiga e cinema clássico de ficção científica vai adorar o vídeo no final do post. Trata-se de uma cena de DELUGE, um filme catástrofe americano de 1933 que mostra, com muita eficiência (e um genial trabalho de maquetes), a destruição de algumas cidades americanas causadas por terremotos e maremotos de larga escala, principalmente Nova York, como é mostrado no vídeo.

Dirigido por Felix E. Feist, o filme acabou perdido por muitos anos e só foi encontrado no início dos anos oitenta na Itália, numa versão dublada em italiano. Esta versão chegou a ser lançada em VHS na época, ainda assim permaneceu na obscuridade. Eu mesmo não cheguei a assistir ao filme, que dizem ser bem chato, na verdade, mas essas cenas me deixaram bastante impressionado.

HALLOWEEN 4 - THE RETURN OF MICHAEL MYERS (1988), de Dwight H. Little

A idéia de realizar um filme de terror diferente para ser lançado a cada Halloween era bacana e acabou gerando o divertido e intrigante HALLOWEEN III. Mas como eu disse no post sobre o filme, o público não embarcou no projeto o qual não tinha relação alguma com os dois filmes anteriores. Eles queriam o serial killer Michael Myers de volta e os produtores acabaram atendendo a solicitação.

John Carpenter chegou a escrever um roteiro que foi logo rejeitado pelo teor psicológico, retratando mais as consequências e os efeitos nos cidadãos de Haddonfield em relação aos assassinatos ocorridos dez anos antes. Ao invés disso, os produtores optaram por um slasher movie comum, como muitos daquele período, embora já desse indícios de seu declínio. Carpenter abandonou a franquia e este foi o primeiro que não teve seu nome nos créditos (a não ser no tema musical criado para o primeiro filme).

Mas isso não siginifica que HALLOWEEN 4 seja ruim. Muito pelo contrário.

A trama se passa dez anos após os acontecimentos do segundo filme. Tanto Myers quanto o Dr. Loomis (Pleasence) sobreviveram milagrosamente à explosão que fecha HALLOWEEN II. Um personagem chega a comentar o assunto logo no início, quando alguns paramédicos vão transportar o moribundo Myers para um outro local. O sujeito aparentemente não oferece perigo algum, mas basta estar em movimento dentro da ambulância para demonstrar que ainda não perdeu a velha forma de matar pessoas violentamente.

Dr. Loomis, agora desfigurado, velho e acabado, novamente se encarrega em tentar deter Michael Myers que retorna a Haddonfield para acabar com a vida de sua sobrinha de uns seis anos (Danielle Harris) e de qualquer um que entre em sua frente, como de costume… O filme não explica claramente o que aconteceu com Laurie Strode, tudo indica que tenha morrido, mas em futuras continuações ela retorna. Se bem que isso não faz muita diferença para esses roteiristas picaretas. Enfim, sua filha vive com outra família agora.

Na verdade, o roteiro não é dos que podemos considerar entre os melhores do gênero. As falhas saltam aos olhos, mas podem ser relevadas facilmente, principalmente porque a atmosfera de suspense é ótima. Dwight H. Little não é um John Carpenter, mas sabe criar um clima, só lamento que grande parte das mortes aconteçam off screen. Aliás, o resultado ficou tão leve que foi preciso chamar o técnico de efeitos especiais John Carl Buechler (responsável por muitos filmes de terror e sci-fi daquele período e até hoje encontra-se em atividade) para deixar o filme mais violento.

Little futuramente dirigiria dois bons filmes de ação: MARCADO PARA MORTE (1990), onde Steven Seagal enfrenta uma gangue de jamaicanos adeptos ao vodu, e RAJADA DE FOGO (1992), que comentei aqui outro dia, veículo para Brandon Lee demonstrar o que sabia.

HALLOWEEN 4 vale muito também pela presença do Donald Pleasence, sempre a vontade neste que provavelmente seja o personagem mais marcante de sua longa filmografia. Ele ainda faria mais duas continuações na pele do Dr. Loomis antes de falecer em 1995.

O produto final é um bom slasher movie, bem dirigido, inferior aos dois primeiros (ao terceiro também, embora este não seja um slasher) na minha opinião, mas ainda capaz de gelar a espinha em alguns momentos. Até porque uma garotinha de seis anos totalmente indefesa como alvo do psicopata mais tranquilo do cinema é algo bem desconfortável de se ver. E aquele desfecho é sensacional!

6.5.10

O IMBATÍVEL (Undisputed, 2002)/O LUTADOR (Undisputed 2: Last Man Standing, 2006)

No útlimo fim de semana procurei outros filmes recentes do Michael Jai White para vê-lo distribuindo porrada em meliantes como em BLOOD AND BONE e BLACK DYNAMITE. Me deparei com UNDISPUTED 2, continuação de um filme dirigido pelo Walter Hill em 2002 e que, por pura negligência da minha parte, ainda não havia assistido. Enfim, foi uma experiência interessante, além de poder ver um ótimo filme de luta estrelado pelo Jai White ainda tirei o atraso com o filme Hill, que é obrigatório para os fãs do sujeito.

Ambos os filmes se passam em prisões e envolvem lutas “profissionais” entre os encarcerados, mas o resultado de cada é bem diferente um do outro. UNDISPUTED é puro Walter Hill! Cinema classudo, sério, focado em personagens bem talhados e com direção extremamente segura. Temos Wesley Snipes na pele de Monroe Hutchen, campeão de boxe de Sweetwater, uma prisão de segurança máxima que promove legalmente lutas entre presos. Ving Rhames é George Iceman Chambers, o campeão mundial dos pesos pesados que acabou de ser condenado por estupro e encarcerado em Sweetwater. É claro que dois sujeitos desse calibre não dividem o mesmo espaço pacificamente e para nossa alegria vão ter que trocar alguns socos pra decidir quem realmente é o melhor.

Wesley Snipes está ótimo, mas seu personagem não é tão explorado quanto o Iceman de Rhames. Este aproveita para entregar uma excelente performance. Arrogante, cínico e violento, logo estamos torcendo para que o Sr. Hutchen lhe meta a mão na fuça. O elenco ainda conta com nomes de peso, como Michael Rooker, o carcereiro chefe e juiz das lutas; Wes Studi, companheiro de cela de Iceman Chambers; Fisher Stevens, o “técnico” de Monroe; o velho Peter Falk, uma das figuras mais interessantes em cena, um prisioneiro com certas regalias, profundo conhecedor de boxe, aquele tipo de personagem que gostamos de encontrar em certos tipos de filmes...

Walter Hill já possui certa experiência em filmes de luta. Dirigiu o clássico LUTADOR DE RUA, com Charles Bronson distribuído murros em brigas clandestinas. Aqui temos poucas seqüências de ação, mas todas muito bem cuidadas e editadas, garantem um bom espetáculo para acompanhar as excelentes atuações.

Produzido pela Nu Image e dirigido por Isaac Florentine, UNDISPUTED 2 é mais focado no quebra pau mesmo. Não esperem personagens muito complexos, densidade na trama ou certas coerências, mas se você estiver num daqueles dias em que estes probleminhas não fazem muita diferença e o que vale mesmo é uma boa coreografia entre lutadores trocando sopapos, então este aqui é uma excelente pedida!

Iceman Chambes, agora encarnado por Michael Jai White, está na Rússia fazendo comercial vagabundo em troca de dinheiro para pagar as contas. Após uma armação desgraçada pra cima dele, vai parar no xadrez novamente por posse de grande quantia de drogas. Uma desagradável prisão russa é o cenário onde um campeão de artes marciais local quer desafiá-lo. Tudo faz parte de um plano da máfia russa para ganhar uma boa grana em apostas por esta luta.

Pela proposta deste segundo filme, Jai White substitui Rhames a altura, até porque exige muito mais do físico do ator do que de uma atuação brilhante como foi a do Rhames no primeiro. E Jai White faz aquilo que sabe, não é lá muito expressivo, mas está tão a vontade no personagem que não chega a fazer falta uma interpretação mais exigente. Uma diferença drástica que o personagem sofre é que agora ele é o “mocinho” do filme.

Quem está surpreendente é o Scott Adkins, habitual colaborador de Florentine, mandando muito bem nas cenas de ação. Ele vive Uri Boyka, o oponente com o qual Iceman terá de enfrentar. As sequências de luta de UNDISPUTED 2 são de encher os olhos. Os movimentos dos atores, coreografia, edição e principalmente o olhar do diretor contribuem para o ótimo resultado!

Por falar em Florentine, assisti ainda no domingo a outro filme realizado por ele, THE SHEPHERD: BORDER PATROL, estrelado por Jean Claude Van Damme e novamente Scott Adkins como o vilão. O baixinho belga é um patrulheiro de fronteira às voltas com um grupo organizado de traficantes de drogas. O filme não é tão bom quanto UNTIL DEATH, SOLDADO UNIVERSAL: REGENERETION, JCVD, mas consegue divertir tanto quanto esses títulos, principalmente porque comprova o talento de Florentine como diretor de ação.

E para finalizar, um boa notícia aqui.
E a ótima parceria se repete.

3.5.10

HALLOWEEN III: SEASON OF THE WITCH (1982), de Tommy Lee Wallace

O assassinato de um sujeito que dera entrada num hospital totalmente fora de si e repetindo sem parar “eles vão nos matar!”, leva um médico e a filha do defunto a iniciarem uma investigação em uma pequena cidade que vive sob as rédeas de Conal Cochran, presidente da Silver Shamrock Corporation, fábrica de máscaras de Halloween. A investigação revela um plano maquiavélico no qual consiste em matar o máximo de crianças possíveis através de um antigo ritual de sacrifício envolvendo um exemplar da Stonehenge roubada e as tais máscaras de Halloween produzidas na fábrica.

E alguém aí provavelmente deve estar se perguntando: onde andará Laurie Strode, o Dr. Loomis e o psicopata Michael Myers enquanto tudo isso acontece?


Bem, se eu não tivesse certas informações também poderia jurar que peguei o filme errado. Poucas coisas em HALLOWEEM III têm relação com a série original, como a famosa e a excelente trilha sonora, por exemplo. O filme também não é um slasher como os anteriores, não há nenhum assassino mascarado atrás de jovens babás ou casais fazendo safadeza em florestas no meio da noite. Está mais para uma ficção científica com elementos de terror, com direito a cientista maluco, planos diabólicos e tudo mais.

Com Myers morto em HALLOWEEN II (ops, era um spoiler isso, esqueci de avisar, foi mal aê), John Carpenter teve a idéia de lançar a cada ano, no período do Halloween, um filme de terror diferente que envolvesse esta data tão popular para os americanos. O primeiro diretor escalado nesta empreitada foi Joe Dante, que, no entanto, acabou se envolvendo em outro projeto. Quem dirigiu este aqui foi um habitual colaborador de Carpenter, um autêntico "faz tudo", Tommy Lee Wallace.

É óbvio que o público não comprou a idéia! Queriam ver Myers de volta em mais um slasher aterrorizante e não um terror onde máscaras corroem cabeças de crianças (!!!) e que não tivesse absolutamente nada a ver com os filmes anteriores. Portanto, já no filme seguinte os produtores se renderam e em HALLOWEEN 4 Myers retornou do mundo dos mortos (e aparentemente o Dr. Loomis também... ainda não pude ver este).


Mas afinal, qual é o problema com HALLOWEEN III? E eu respondo: absolutamente NENHUM! Trata-se de um filme genial! Temos um enredo interessante, Tom Atkins como protagonista, robôs em forma humana que arrancam cabeças, mortes criativas, boa dose de violência, efeitos especiais de maquiagem desenvolvidos pelo genial Tom Burman, a trilha sonora assinada pelo Carpenter, a única questão é mesmo o fato de carregar no título o nome HALLOWEEN e pertencer a série de alguma maneira. Não fosse esse pequeno detalhe, tenho certeza que teria um pouco mais de reconhecimento. Óbvio que o título não atrapalhe o resultado, mas a repercussão negativa da época parece que obscureceu o filme e hoje é pouco comentado. Mas um dos melhores exemplares do terror oitentista e que merece muito ser visto.

2.5.10

BLACK DYNAMITE (2009), de Scott Sanders / BLOOD AND BONE (2009), de Ben Ramsey

Dois filmes que me agradaram bastante este ano foram essas produções estreladas pelo Michael Jai White, ator que desde o início da década de 1990 busca seu espaço no mercado de filmes de ação, artes marciais e até adaptações de quadrinhos, mas sem grandes resultados. Foi ele quem encarnou Al Simmons, aka Spawn, criação do Todd McFarlane, o qual eu admiro bastante mais como desenhista, na adaptação para o cinema. Pena que o filme é ruim de doer. Dava pra render algo bem interessante com o personagem, embora não faça muito o meu gênero... Ainda nas adaptações, White teve uma pequena participação no último filme do Batman.

Enfim, White finalmente vem acertando em suas escolhas nos últimos anos. BLACK DYNAMITE é um achado que merece ao menos um comentariozinho aqui no blog. Assisti em janeiro deste ano e acabei deixando passar, mas como nesta semana me deparei com o BLOOD AND BONE, lançado logo depois de BD, resolvi consertar. O filme é uma brilhante homenagem/paródia dos blaxploitations setentistas. Fotografia, edição, direção, trilha sonora, personagens, tudo funciona nesta brincadeira que consiste em dar ao filme uma roupagem de outra época, mesmo que para isso seja necessário exagerar na maquinação dos elementos, forjar de maneira escrachada este universo tão pertencente a um estilo enraizado nos anos setenta.

Aparentemente, o resultado pode parecer mais uma zoação do que homenagem, aliás, é algo bem mais fácil de fazer e que já existem aos montes por aí. Mas, olhando mais de perto, percebe-se claramente que os realizadores de BLACK DYNAMITE sabem exatamente onde estão se metendo. Nas mãos de algum sujeitinho que pensa que é diretor, financiado por um grande estúdio, sem dúvida alguma teríamos mais uma comédia explorando futilidades superficiais, roupas e penteados da época, como se fossem muito engraçados. Já o trio de roteiristas, Byron Minns, Scott Sanders (que é o diretor) e o próprio Jai White, demonstram uma paixão fetichista pelo tema e um conhecimento notável pelo cinema blaxploitation.

Tarantino e Rodriguez bem que tentaram algo parecido no projeto Grindhouse, mas não chegam nem perto do resultado de BLACK DYNAMITE. Vejam bem que não estou discutindo a qualidade das obras. Adoro tanto PLANETA TERROR quanto DEATH PROOF, mas no quesito “resgate histórico” não passam de tentativas falhas. PLANETA TERROR é uma delícia, o problema é que se perde no meio de tantos efeitos especiais em CGI e resgata mais os filmes anos 80 do que a década anterior. Já DEATH PROOF é um típico filme de Tarantino, com aquele estilo bem anos 90 que ele ajudou a desenvolver no cinema americano, com bastante diálogos e diálogos e diálogos, por favor, que exploitation tem uma linguagem como esta? O único lampejo setentista são os últimos 30 segundos até surgir o THE END. Mas é bom pra cacete, adoro o personagem do Kurt Russel no filme!

No entanto, se querem assistir a um belo exemplar o qual realmente captou a essência de um subgênero exploitation dos anos 70, assistam BLACK DYNAMITE! Os realizadores pegaram o espírito da coisa com tudo no seu devido lugar. Se você for fã de blaxploitation então, este aqui é obrigatório. Michael Jai White está absolutamente perfeito no papel do policial casca grossa que faria Shaft tremer na base. O sujeito não tem expressão alguma no rosto e carrega o filme nas costas mesmo assim, fora que tem uma puta presença em cenas de ação, especialmente nas seqüências de luta! Fortemente recomendado.

E luta é o que não falta em BLOOD AND BONE, que assisti recentemente. Foi lançado direto em DVD, inclusive no Brasil, com o título LUTADOR DE RUA. Não possui a mesma qualidade criativa de BD, mas cumpre perfeitamente a promessa de ser um ótimo passatempo, além de colocar o White oficialmente como uma das mais promissoras figuras do cinema de ação de baixo orçamento, o que não é pouco para um sujeito que possui esse gosto duvidoso como eu.

BLOOD AND BONE é um filme de luta por excelência, à moda antiga e sem frescuras (estou cansando de usar essa expressão, ela aparece em 90% dos meus textos). Parece ter saído do início dos anos 90. Me lembrou o LEÃO BRANCO, com o Van Damme, a febre dos kickboxer movies e vários outros sobre lutas clandestinas. E que se dane se o roteiro elabora uma trama besta que serve apenas como desculpa para que Jai White caia na porrada com um bando de brutamontes, ou que as atuações são ruins pacas e as cenas de lutas exageradas.

Um bom sinal de que esse filme é capaz de proporcionar 90 minutos do mais puro cinema badass acontece logo na abertura. Bone (Michael Jay White) é apresentado no banheiro de uma prisão fazendo suas necessidades tranquilamente, mesmo sabendo que uma gangue de estupradores vem em sua direção com intenções que eu, particularmente, daria tudo para não estar na pele do infeliz. O líder da gangue é ninguém menos que Kimbo, um lutador profissional na vida real que dá medo só de olhar. Mas como não sou eu quem está lá para ser arrombado, Bone consegue se safar simplesmente nocauteando a gangue inteira com socos, voadoras e tchan, surge o título do filme explodindo na tela. Isso é bom pra cacete!

O resto da estória se passa fora da prisão, quando Bone volta à liberdade e tenta se restabelecer perante a sociedade, certo? Errado! Na primeira noite já procura uma luta clandestina para socar alguns sujeitos e ganhar uma boa grana. Aos poucos vamos descobrindo que tudo não passa de um plano de vingança bem elaborado, mas até que suas atitudes fiquem bem esclarecidas, teremos visto Jai White desferindo golpes em muito vagabundo.

Eamonn Walker é um ator do qual eu nunca tinha ouvido falar, mas seu personagem é inesquecível para quem curte um bom vilão. Ele vive uma espécie de cafetão para lutadores de brigas de ruas. Sádico até o talo, mata a sangue frio, solta pitbulls em velhos bisbilhoteiros, mantém sua mulher sob drogas para controlá-la e possui uma coleção interessante de espadas. Anda com ternos caros e um acessório muito cool, uma bengala falsa que esconde uma espada bem afiada. Pena que no confronto físico com Bone ele sairia em pedacinhos. Outro personagem interessante é o do esquecido Julian Sands, mas ele aparece bem pouco, o suficiente pra faturar um cheque e pagar as contas.

Já o herói do filme é um caso estranho. Ele age o filme inteiro de forma ética, praticando o bem (mesmo entrando em lutas clandestinas, já que a finalidade justifica a sua atitude), mas várias perguntas sobre seu passado ficam sem respostas... Apenas sabe-se que ele não era “flor que se cheira”, tanto que inicia o filme como prisioneiro (até o motivo exato da prisão não tomamos conhecimento). Ao final, ficamos sem saber direito quem ele era, apenas que lutou bastante, literalmente, com um objetivo nobre em vista. E logo depois, parte em rumo ao por do sol...

Simples, classudo, brutal e eficiente, recomendo com uma sessão dupla com o BLACK DYNAMITE. Aposto que vão virar fãs de Michael Jai White!