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14.8.09

NICO, ACIMA DA LEI (Above the Law, 1988), de Andrew Davis

Estou no meio de uma fase estranha de assistir a filmes de caras fodões que marcaram a minha infância. Filmes antigos (que por algum motivo eu acabei não vendo na época) e recentes. Por isso, não se assustem quando começarem a pintar por aqui alguns textos sobre trabalhos de Jean Claude Van Damme, Arnold Schwarzenegger, Dolph Lundgren, Steven Seagal e muitos outros. Este último eu até comentei sobre um filmaço há algumas semanas, OUT OF JUSTICE (e para mostrar como eu sou um moço de bom coração, já deixo um link gratuito para poupar o trabalho de ficar caçando nos arquivos).

Ainda sobre o Seagal, para aliviar de vez com os seus filmes remotos que eu ainda não vi – e partir de uma vez para os mais atuais – me deparei com NICO, ACIMA DA LEI, que é o primeiro trabalho do sujeito (que nem usava ainda aquele rabinho de cavalo cretino) em frente às câmeras. Mas não se preocupem, porque a ausência do excesso de cabelo na nuca do ator não interfere em nada seu desempenho ao distribuir pancadas e tiros nos meliantes de plantão, a não ser, é claro, no aspecto visual dos enquadramentos, já que Steven Seagal sem cabelinho balangando é a mesma coisa que Jack Nicholson assistindo a um jogo dos Lakers sem óculos escuros.

Mas tudo bem. Seagal interpreta aqui um de seus melhores papéis, o policial Nico Toscani, que tem um histórico na CIA e uma passagem na Guerra do Vietnã. Atualmente ele investiga um caso de tráfico de drogas, mas como todo bom filme ação, o sujeito acaba se envolvendo no clichê de encontrar algo muito maior do que esperava e que põe a sua vida e a da sua família em risco, ou seja, a mesma coisa que já vimos em milhares de filmes, e por isso mesmo tão divertido!

O elenco é de primeira! Nico conta com a ajuda de sua parceira policial encarnada pela musa do blaxploitation: Pam Grier. Ainda temos Sharon Stone, como a esposa do protagonista e ninguém menos que o grande Henry Silva, vivendo um perigoso traficante com planos diabólicos e risada maquiavélica e que possui uma boa variação de técnicas para torturar pessoas de língua presa e que no Vietnã teve um desentendimento com Nico.

A direção é por conta do Andrew Davis, que era um cara legal no inicio da carreira. Realizou algumas coisas bacanas como CÓDIGO DO SILENCIO, com Chuck Norris, THE PACKAGE, com Gene Hackman e Tommy Lee Jones, e até A FORÇA EM ALERTA, que é um dos filmes mais divertidos do Seagal. Mas depois de O FUGITIVO, Davis deixou seu nível cair bastante. Em NICO, seu quarto filme, ele ainda tinha pulso firme para sequências de ação e porrada, elementos que não podem faltar num filme como este.

Tudo isso, aliado a boa história, que não traz nenhuma novidade, mas também não inventa moda, fazem de NICO, ACIMA DA LEI um dos melhores filmes do Steven Seagal. Aliás, o roteiro tem o dedo do ator, que aproveita para criar um personagem com tons auto-biográficos, incluindo sessão de fotos pessoais nos créditos de abertura.

Em posts futuros eu retorno com mais Steven Seagal em filmes atuais, com mais cabelo e com mais pança também!

18.8.08

COFFY (1973)


direção: Jack Hill
roteiro: Jack Hill

Excelente exemplar do cinema blaxploitation, autêntico clássico do gênero, e não apenas por dispor da musa Pam Grier como protagonista, talvez a maior estrela deste nicho, mas para um filme exploitation de baixo orçamento, COFFY é surpreendentemente bem filmado, escrito, com personagens marcantes. Crédito do diretor e roteirista Jack Hill que teve muito bom gosto nas suas escolhas visuais e na forma como parece deixar seu elenco livre e confortável para representar cada um o seu papel.


O filme traz Pam Grier como Coffy, uma exuberante enfermeira que resolve se vingar dos traficantes que colocaram sua irmã mais nova no mundo das drogas e espancaram um policial que não se vendeu para o mundo do crime. É uma premissa bastante simples, e na verdade o único sentido nisso tudo é que, se tivesse oportunidade, Coffy colocaria uma bala na cabeça de todos os traficantes da face da terra. Mas são os detalhes  e a maneira como Hill conta sua história que tornam o filme especial. E Pam Grier possui muita personalidade pra encarar uma personagem com bruto desejo de vingança e o apelo sexual, elementos que já elevam o filme num nível superior.


 

Só pra ter uma noção, logo no inicio, ela age como uma espiã sexy disfarçada de prostituta. Através de seus atributos físicos, convence fácil um traficante a levá-la para um apartamento prometendo de tudo e mais um pouco. Já no local, ela surpreende o público ao tirar da bolsa uma garrucha e estourar a cabeça do sujeito com as calças arriadas. É tudo questão de estilo, algo que Pam Grier tem de sobra pra fazer a cena funcionar com timing perfeito, independente dos exageros típicos do gênero.

Há uma cena bem hilária onde Coffy acaba na casa de uma drogada lésbica para conseguir algumas informações sobre o caso do seu amigo policial. As coisas esquentam e as duas começam a brigar e de repente aparece a namorada da moça, uma negra do tamanho do Shaquille O’neal que confunde a situação achando que as duas estavam botando as aranhas pra brigar (se é que me entendem). E aí o pau come de verdade, mas Coffy dá no pé, já que seria impossível enfrentar aquele mamute.

 

Pois bem, Coffy descobre que um cafetão chamado King George possui contato com os grandes chefões da máfia, mas em especial, Vitroni, que é o gangster por trás do acontecido com o seu amigo policial. Mais uma vez, ela se disfarça de prostituta para se infiltrar na organização. A primeira impressão que ela causa é de inveja nas outras garotas por conta de seus atributos "artísticos". Numa festa promovida pelo gigolô (que usa umas roupas supimpas!) está presente o alvo de Coffy, e é o momento de usar toda sua sensualidade para impressionar. Mas de cara acontece algo absurdamente impagável. Coffy cai na porrada com as putas invejosas com direito a muita pagação de peitinho, gilete no cabelo e sangue pra todo lado. E é justamente o que chama a atenção de Vitroni.


Escolhida para uma noite de amor com o traficante, Coffy se prepara para a hora da vingança, mas é surpreendida por um capanga que impede que ela mate seu chefe. Coffy acusa o pobre King George como mandante do assassinato. Daí surge então outra seqüência antológica para os amantes do cinema exploitation. O gigolô é arrastado pelo o pescoço por uma corda amarrada no carro dos bandidos de Vitroni. E lá se vai mais uma dose de muito sangue espalhado por quarteirões. Enquanto isso, Coffy dá seus pulos pra escapar e meter muita bala durante o resto do filme, que ainda guarda muitas surpresas como uma rede de corrupção que envolve personagens ambíguos e inesperados e não quero ficar aqui contando tudo, embora já tenha contado até demais...


Dos filmes do diretor Jack Hill que eu vi, Coffy é o meu preferido. Possui todos os elementos que se poderia esperar de um filme como este e vai mais além criando personagens profundos e até mesmo inovando em alguns pontos da essência do Blaxploitation. Normalmente, os filmes deste estilo eram protagonizados por homens, policiais, traficantes ou drogados que usavam a mulher como objeto sexual. E Jack Hill, que é branco, chega com Coffy, um dos primeiros filmes do gênero onde temos uma heroína que luta contra as drogas e representa a força da mulher na personificação perfeita de Pam Grier.