Mostrando postagens com marcador sergio corbucci. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador sergio corbucci. Mostrar todas as postagens

18.4.10

Poliziotto Superpiù (1980) - Tema Musical

Ah, os velhos bons tempos em que era possível assistir a Sergio Corbucci na Sessão da Tarde. Essa é para ouvir e sentir saudade...

30.9.09

VAMOS A MATAR, COMPAÑEROS (1970), de Sergio Corbucci


Eis aqui um belo exemplar comprovando o que muita gente fala, mas poucos acreditam. Sergio Leone merece ser reconhecido como um gênio do spaghetti western, mas não só ele! Existe uma lista de bons nomes que mereciam estar no topo junto com o diretor de ERA UMA VEZ NO OESTE, mas geralmente são esquecidos pela crítica e pelos cinéfilos mais jovens (aliás, os cinéfilos mais jovens se interessam por cinema popular italiano?).

Sergio Corbucci é um desses renegados e VAMOS A MATAR COMPAÑEROS é uma das mais fundamentais obras do gênero! O filme é também um perfeito representante do Zapata Western, uma ramificação dentro do Spaghetti Western, tratando de assuntos mais políticos que exploram a revolução mexicana. Outro bom exemplo deste sub-sub-gênero é QUANDO EXPLODE A VINGANÇA, do Leone.

VAMOS A MATAR COMPAÑEROS apresenta o traficante de armas sueco Yolaf Peterson (Franco Nero!) que chega ao vilarejo de San Bernardino com um vagão de trem lotado de armas e munições para vender aos revolucionários comandados pelo general Mongo (Francisco Bódalo). O problema é que o dinheiro para o pagamento das armas está trancafiado dentro de um cofre de ultima geração impossível de ser aberto sem a combinação correta. Todas as pessoas que sabiam já estão comendo capim pela raiz, a não ser o professor Xantos (Fernando Rey), um outro líder revolucionário, diferente de Mongo, idealista, sempre pregando a paz e que está preso em um forte em território americano. Seus seguidores não utilizam armas e buscam fazer a revolução através de medidas pacíficas, algo que não tem dado muito certo até então.

O sueco propõe "resgatá-lo" em troca de uma boa quantia de dinheiro e conta com a companhia de Vasco (Tomas Milian!), soldado de Mongo, um tanto estúpido, mas bastante afoito e rápido no gatilho. Partindo dessa premissa, Corbucci conduz a incrível jornada destes dois personagens cheia de aventuras, contratempos, tiroteios enfrentando o exército americano, os federais mexicanos e até mesmo um grupo de mercenários liderado pelo insano John (Jack Palance!!!), e que possui contas do passado a serem acertadas com o sueco.

Já dá pra perceber que um dos pontos fortes do filme é o elenco composto de feras do cinema europeu, mas quem merece um destaque a parte é o americano Jack Palance (que teve bastante presença no cinema popular do velho continente) com uma atuação magnífica. O que sobra é um dos vilões mais marcantes do western italiano. O sujeito veste uma capa preta, tem o cabelo bagunçado, é viciado em maconha, possui um falcão altamente treinado e uma mão de madeira (a de carne seu próprio falcão devorou para salvá-lo de uma crucificação causada pela traição do suíço). Coisa de louco!

Milian e Nero também não fazem feio. Os dois possuem uma química estranha que acabou dando certo com um Franco Nero cínico e debochado e Milian fazendo o ignorante meio tresloucado, com um visual que lembra Che Guevara, muito utilizado como alívio cômico em certos momentos. Aliás, o humor aqui é muito peculiar, ridicularizando situações violentas com um tom de humor negro, que é a mesma base do que seria o humor dos filmes de Quentin Tarantino muitos anos depois.

Voltando um pouco à trama, depois de resgatar o professor Xantos, Vasco e o sueco começam a questionar o sentido daquilo tudo que estavam fazendo, em especial Yolaf, que sabe as verdadeiras intenções do coronel Mongo: colocar as mãos no dinheiro do cofre e que se dane o México! Claro que a reflexão dos protagonistas não impede que ao final Franco Nero empunhe uma metralhadora ao estilo visceral de Django e saia atirando num exercito de bandidos, enquanto Tomas Milian faz sua parte, um verdadeiro estrago na carcaça dos meliantes, com um facão. Para aqueles que pensam que filme político é sinônimo de filme chato, provavelmente ainda não conhece o Zapata Western (ou até mesmo o cinema político italiano de uma forma geral, que possui obras brilhantes).

VAMOS A MATAR COMPAÑEROS consegue ser inteligente e ainda apresenta uma boa dose de ação dirigida com muita elegância e maestria pelo Corbucci e pontuada pela excelente trilha sonora de Ennio Morricone, uma das mais marcantes do compositor e estou com ela há dias grudada na cabeça. Muito bem, por enquanto é isso, vamos assistir, companheiros! (não resisti...)

23.9.09

TRÊS HOMENS, UMA LEI (Il bianco, il giallo, il nero, 1975), de Sergio Corbucci


Arrumei este aqui em VHS por 0,99 mangos numa locadora cuja promoção dizia o seguinte: “alugue e não devolva nunca mais!”. Então beleza! Acabei descobrindo depois que TRÊS HOMENS, UMA LEI é o mesmo filme lançado em DVD no Brasil pela Ocean Pictures com o título O ÚLTIMO SAMURAI DO OESTE.

Para quem não conhece nada sobre o filme, o básico do enredo trata de três personagens completamente diferentes que se unem em uma aventura em busca de um raro pônei japonês que fora sequestrado por um bando de malfeitores exigindo uma gorda quantia para o resgate.

Temos então o policial Black Jack Gideon, vivido pelo grande Eli Wallach, o eterno Tuco de TRÊS HOMENS EM CONFLITO, o bandido bonzinho na pele do astro do faroeste spaghetti Giuliano Gemma e Sakura, o assistente de um samurai que faz de tudo para honrar o nome de seu mestre tentando recuperar o pônei sequestrado. E quem encarna a figura é ninguém menos que o cubano Tomas Milian, de longe o melhor em cena, engraçadíssimo.

O filme não é dos melhores trabalhos do diretor Sergio Corbucci, autor de alguns spaghetti westerns de primeiríssima qualidade, como O VINGADOR SILÊNCIOSO e DJANGO, mas não deixa de ser uma pequena homenagem ao gênero, já bastante enfraquecido na época, além de ser divertido, com alta dose de humor e ótimas atuações do trio principal, que é, na verdade, o grande destaque de TRÊS HOMENS, UMA LEI.

28.2.09

O VINGADOR SILÊNCIOSO (Il Grande Silenzio, 1968), de Sergio Corbucci


Ainda não sou um conhecedor da filmografia de Sergio Corbucci e já li por aí que o sujeito fez uns filmes bem fraquinhos ao longo da carreira, mas quando a coisa é boa (como DJANGO, de 1966, e este aqui), ele acerta em cheio e é por isso que é fácil classificá-lo como um dos maiores realizadores de Western Spaghetti. O VINGADOR SILÊNCIOSO é provavelmente um dos melhores e o mais pessimista exemplar do subgênero. E é por esse pessimismo, principalmente no controverso desfecho, que não é de se estranhar que o filme nunca tenha sido lançado nos Estados Unidos.

O VINGADOR SILÊNCIOSO é estrelado pelo ator francês Jean-Louis Trintignant e o grande Klaus Kinski, só isso já o torna imperdível. No lugar do francês, a primeira escolha era Franco Nero, que já havia trabalhado com o diretor, mas estava com a agenda lotada. Trintignant só aceitou fazer o filme porque era muito amigo do produtor e sob a condição de que não precisasse decorar nenhuma fala. Criaram então um personagem mudo, cujas cordas vocais foram cortadas quando criança. E Trintignant está perfeito vivendo Silêncio, este herói trágico em busca de vingança e lutando contra caçadores de recompensas inescrupulosos. Já Kinski interpreta justamente um caçador de recompensa sem escrúpulos.

O filme se passa nas locações frias e cobertas de neve do estado do Utah onde um grupo de bandidos se esconde nas florestas aos arredores da cidade de Snow Hill esperando a anistia prometida pelo novo governador para poder retornar à cidade e levar uma vida normal. Obrigado a roubar para poder se alimentar durante o exílio involuntário, cada cabeça do grupo vale uma boa grana e vários caçadores de recompensa invadem a região como lobos em busca de caça. Loco (Kinski) é um deles, o mais perigoso e ganancioso. Ao matar um desses fugitivos, Pauline, a mulher do defunto, recruta Silêncio para matar Loco.

A grande sacada de Corbucci foi dar alma aos personagens. Não só aos dois protagonistas, mas também ao Xerife, interpretado por Frank Wolff e Pauline, a bela Vonetta McGee (que não é lá grande coisa como atriz, mas tudo bem). Todos os personagens são movidos por instintos muito bem definidos pela vingança e cobiça. E quando essas motivações dão lugar a um jorro de emoções, fica difícil resistir. Por isso o personagem do xerife é tão carismático e ainda há uma cena belíssima quando Silencio e Pauline fazem amor sob a sedutora melodia de Ennio Morricone. Essa cena é o mais próximo de uma humanização que os personagens poderiam alcançar e talvez por isso, Silencio se torne tão vulnerável a partir daí, diferente daquele pistoleiro onipotente do início.

E o final é extremamente chocante e brutal. Quebra qualquer paradigma dos heróis míticos e invencíveis criados pelo western holliwoodiano. A forma como Corbucci retrata os vilões (especialmente Kinski com aqueles olhos azuis expressivos de gelar a espinha) e os refugiados da floresta reforça ainda mais o sentido dilacerante da conclusão, e Silêncio, ao se apaixonar por Pauline e tornar-se mais humano, acabou enfraquecido, e já não pertence mais aquele universo instintivo e como todos sabem, na natureza são os mais fortes que sobrevivem.