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7.11.12

SOLDADO UNIVERSAL 4: JUÍZO FINAL (Universal Soldier 4: Day of Reckoning, 2012)


O terceiro filme da série SOLDADO UNIVERSAL foi uma grata surpresa pela qualidade das sequências de ação, mesmo sendo uma produção sem grandes recursos. Só que este ano, fiquei tremendamente decepcionado com um trabalho do mesmo diretor, John Hyams e o seu DRAGON EYES, que até chegou a me deixar desconfiado da capacidade do cara para este aqui. Como se REGENERATION tivesse sido uma puta sorte. Muito bem, devidamente conferido, eu solto agora minhas impressões: O filme é do caralho e eu não sei o que esse John Hyams toma no café da manhã, mas deveria estar muito surtado quando inventou de fazer SOLDADO UNIVERSAL 4: DAY OF RECKONING.


Pra começar, o filme é deveras bizarro, totalmente maluco, e já deu pra notar que a estranheza narrativa de alguns momentos não vai agradar a todos. O trailer meio que anunciava isso. Mas eu embarquei fácil nessa viagem alucinante que o Hyams propõe, um mergulho surreal ao universo dos SOLDADOS UNIVERSAIS, que em determinados instantes parecem dirigidos pelo Gaspar Noé (de IRREVERSÍVEL), com visuais carregados, luzes piscando e a trilha eletrônica bombando. Só sei que fui presenteado com um baita filme de ação e pancadaria completamente surtado e violentíssimo, que o amigo Kurt cunhou perfeitamente como um autêntico “porrada arthouse”!


Não vou ficar descrevendo a trama. Digo apenas que o Scott Adkins é o protagonista dessa vez, mandando bem pra cacete. E já que estamos falando dos atores, Dolph Lundgren e Jean Claude Van Damme, os astros do filme original lá de 92, agora são coadjuvantes de luxo e suas pequenas participações contribuem muito para o espetáculo. Andrei Arlovski, o vilão do terceiro filme, também dá as caras. Há um tiroteio absurdamente subversivo num bordel no qual o Arlovski entra com uma escopeta distribuindo chumbo pra cima dos soldados zumbis. O troço é BRUTAL! Arlovski, na verdade, protagoniza com o Adkins as melhores sequências de ação de SOLDADO UNIVERSAL 4, como uma perseguição de carros frenética, melhor que 90% das cenas de car chase que eu vejo no cinema atual. E no quesito trocação, temos para todos os gostos: Arlovski vs Dolph; Arlovski vs Adkins; Adkins vs Dolph; Adkins vs Van Damme. Só faltou Van Damme vs Dolph, mas eles já tiveram a oportunidade de lutar no filme anterior.


As cenas de pancadaria são de encher os olhos, especialmente a que acontece na loja de artigos esportivos, entre Adkins e Arlovski, maravilhosamente bem encenada, com os movimentos e golpes que dão a impressão de que realmente esmurraram a cara um do outro durante as filmagens, mas com estilo cinematográfico. Ambos são extremamente talentosos nesse tipo de cena, mas o grande responsável pelo feito é Larnell Storvall, o coreógrafo de lutas do Isaac Florentine. Ele e John Hyams já haviam trabalhado juntos no citado DRAGON EYES, que até as cenas de luta são porcarias estragadas pela montagem “mudernosa”. Aqui a coisa é do jeito que deveria ser. Porradaria casca-grossa, sem frescura, old school, não fica nada a dever aos melhores filmes de luta realizados no oriente.

SOLDADO UNIVERSAL 4 é completamente destoante do resto da série, o que neste caso é algo interessante de se ver. No entanto, é bem provável que esse seja o motivo pelo qual muita gente venha detestando, esperando algo no mesmo estilo do terceiro, mais voltado para a ação. É compreensível. Não que este aqui não seja voltado para a ação, mas o faz de maneira insólita, experimental, estilizada, visualmente pictórica. A ação do clímax final é um exemplo perfeito disso, é como se Hyams tomasse consciência de que precisava fazer um filme de ação que fosse uma contribuição artística. Na minha opinião, conseguiu.

4.9.12

OS MERCENÁRIOS 2 (The Expendables 2, 2012)


CUIDADO - TEXTO COM SPOILERS
Até mesmo aqueles que criticaram o primeiro filme tem-se rendido aos encantos de OS MERCENÁRIOS 2. São poucas as exceções. Mas não é para menos, este aqui é realmente superior e vai muito além do anterior em vários aspectos. É FILME DE AÇÃO com todas as letras maiúsculas, desses que trabalham um estilo narrativo com pouquíssimos momentos de alívio e o fiapo de enredo é todo subordinado à necessidade de ação. Não era isso que queriam no filme anterior? Pois então se preparem! Ignore a história simplória, o McGuffin boboca, o negócio é se deixar levar pelas figuras mal encaradas que protagonizam sequências cuja única pretensão é elevar a adrenalina do espectador num nível acima do normal. Vamos celebrar o festival de testosterona, o espetáculo pirotécnico, tiroteios dos mais variados calibres, perseguições, facadas, chutes, socos, uma motocicleta arremessada contra um helicóptero, tudo filmado da maneira mais brutal e old school possível!

Tudo em OS MERCENÁRIOS 2 é tão maravilhosamente besta, clichê e previsível, exatamente como nos filmes que assistíamos há 25 anos na Sessão da Tarde. É como se houvesse uma linha bem fina separando a intenção de ser apenas uma homenagem ou, de fato, ser um exemplar. Em outras palavras, OS MERCENÁRIOS 2 remete com precisão o cinema de ação exagerado dos anos oitenta, mas em certos momentos parece que estamos realmente diante de um autêntico filme da Cannon! Golan & Globus devem estar orgulhosos.


Mas vamos confessar uma coisa, todo mundo ficou preocupado quando anunciaram o Simon West no comando da bagaça. O mais legal é que já na ação inicial, que é de uma truculência subversiva, somos completamente tranquilizados sobre a possível inaptidão do sujeito. Não tenho nada do que reclamar da ação do primeiro filme, ao contrário de vário de vocês, mesmo com a shakycam e a edição picotada, mas como é bom poder vislumbrar uma ação clássica, fundamentada nos enquadramentos e elegantes movimentos de câmeras. Vai saber de onde West tirou inspiração para orquestrar tais cenas. OS MERCENÁRIOS 2 é, sem dúvida, o ápice de sua carreira e espero que nos próximos trabalhos (sem a “supervisão” do Stallone) consiga resultados semelhantes.

Deram uma boa caprichada também nas coreografias, montagem e direção das cenas de luta. Dessa vez os atores encenam a trocação de porrada e... voilà, enxergamos todos os seus movimentos. Uma ceninha rápida do Jet Li derrubando uns meliantes, que não dura nem 20 segundos, é melhor que todas as cenas de luta do primeiro filme. O aguardado combate entre Stallone e Van Damme mantém o nível, além de ser agressivo à beça, com os dois atores encenando de forma convincente, o belga desferindo seus icônicos chutes rodados na cara do Stallone, etc. A única reclamação que tenho a fazer é quanto à duração. Stallone havia dito que seria a luta do século, blá blá blá... E eu acreditei. Ninguém avisou a ele que uma luta desse porte deveria ser um pouco mais longa para ser épica? Nada que estrague a diversão, é um mano-a-mano ótimo, com muita carga dramática, além de ter um significado maior para os fãs do gênero, a oportunidade de assistir o Rocky trocando socos com o Grande Dragão Branco. No entanto, o confronto que realmente me fez remexer na poltrona, um dos grandes momentos de OS MERCENÁRIOS 2, foi a luta entre Jason Statham e Scott Adkins. Também é curta, mas faz todo sentido ser assim, acontece no calor da ação, é urgente, enquanto a do Stallone e Van Damme possui toda a vibe grandiosa de clímax final. Podia ter durado mais um pouco… Bah!


Até porque o Van Damme está excelente como o cara vil, terrorista, assassino frio, sem coração! É um ser desprezível... e pra melhorar, o nome do personagem é... Vilain. Não escondo a admiração pelos filmes do sujeito, mesmo assim fiquei bastante surpreso com a sua personificação vilanesca. Parece até habituado a esse tipo de papel, mas se não estou enganado, o único bandido que ele havia feito antes foi o clone malvado em REPLICANTE*. Além disso, seu personagem é uma autêntica abordagem clássica de filmes de ação oitentista, cujas habilidades como lutador são tão boas quanto a dos heróis, diferente do Eric Roberts no anterior, que dependia de seus capangas. O belga rouba o filme sempre que surge em cena, a sorte dos outros atores é que sua participação é bastante limitada. Já o britânico Scott Adkins, apesar de ainda não estar em evidência no cinema mainstream, é outro nome a se destacar, interpretando o braço direito sádico de Van Damme. Fiquei extremamente feliz de vê-lo na tela grande, distribuindo alguns tiros e chutes, tendo uma morte horrível, digna de CAÇADORES DA ARCA PERDIDA. Tomara que consiga chamar a atenção de pessoas mais competentes do que os realizadores de EL GRINGO, último trabalho do sujeito que eu conferi e que é um total desperdício.


E o que dizer da pequena participação de Chuck Norris? Era um mistério o que eterno Braddock iria aprontar por aqui. Digamos que sua entrada triunfal, em câmera lenta, com o tema de Ennio Morricone em TRÊS HOMENS EM CONFLITO, seja uma bela homenagem a este sujeito que fez a alegria de toda uma geração de pré-adolescentes nos anos 80 e 90. Seu personagem é quase um ser sobrenatural e as tiradas sobre a áurea mitológica adquirida na era da internet é simplesmente genial. Aliás, acertaram em cheio no humor de OS MERCENÁRIOS 2. Se vocês acharam o primeiro filme engraçadinho o bastante, ainda não viram nada! É praticamente metalinguagem em forma de piadas auto-referenciais. Schwarzenegger e Bruce Willis, por exemplo, finalmente entram na ação, ótimo, mas ambos funcionam mais como alívio cômico, soltando frases clássicas que marcaram suas carreiras. Quem também arrisca o papel de comediante é o Dolph. Gunner é o meu mercenário favorito do filme anterior, o herói maluco psicopata que se transforma em bandido, depois morre - mas na verdade não morre - e ressurge no final arrependido, de volta ao time dos mocinhos. Não me lembro de nenhum momento especial do Gunner em termos de ação neste aqui, no entanto, não faltam situações engraçadíssimas com o sujeito, especialmente quando tocam no lado biográfico do próprio ator. Para quem não sabe, Dolph possui um QI altíssimo e as piadas que surgem a partir disso são hilárias. Continua sendo o meu favorito da série.


Sem se preocupar tanto com a direção, Stallone tem mais tempo para se dedicar a Barney Ross, seu personagem, o manda-chuva dos mercenários. Dentre todos os action heroes saídos da gloriosa década de 80, Sly talvez seja o único com formação dramática, que sabe realmente construir tipos de personagem e trabalhar suas transformações. Basta vê-lo em ROCKY, F.I.S.T., o primeiro RAMBO e vários outros, para notar como o sujeito é um puta ATOR e não apenas um ícone ligado à ação. Uma pena que poucos conseguem reconhecer isso. Gosto da cena do enterro, uma demonstração de como ser sentimental, sem ser piegas, e Sly ainda finaliza com a máxima bad-assTrack 'em, find 'em, kill 'em!" No resto do filme ele entra na onda junto com o elenco e se diverte. Está cada vez mais com a aparência cansada, mas não impede de fazer boas piadas sobre suas condições físicas ao mesmo tempo em que entra na ação como um garoto, correndo, pulando e aplicando murros violentos no Van Damme. E o Jason Statham recebe novamente um pouco mais de destaque, pois funciona como espécie de elo para a nova geração de admiradores do cinema de ação, embora seus filmes nem se comparem com os clássicos do gênero dos anos 80. Até que se sai bem quando lhe é requisitado pelas suas habilidades físicas. A cena na igreja, disfarçado de padre, é um primor! Sobre os demais atores, o roteiro pode não ser perfeito, mas uma das grandes virtudes de OS MERCENÁRIOS 2 é conseguir, na medida do possível, fazer uma boa divisão para que cada figura tenha o seu momento de brilho. Dessa forma, até os personagens que acabam não tendo tanto destaque, também tenham ocasiões dignas para ganhar a simpatia do público, como Terry Crews, Randy Couture, Liam Hemsworth, Nan Yu, Jet Li (que sai de cena com 10 minutos de filme).

Mas o que realmente faz de OS MERCENÁRIOS 2 um acontecimento tão extraordinário é que em momento algum tem medo de se assumir como uma homenagem anacrônica do cinema de ação casca grossa e exagerado dos anos oitenta, cujo objetivo é apenas entregar ao espectador sequências de ação da maneira mais eletrizante possível, reunindo os velhos heróis daquele período tão marcante! Missão cumprida. O que eu realmente gostaria de abordar neste primeiro momento é isso, por enquanto. Já estou com vontade de rever! Proponho discutirmos mais assuntos relacionados ao filme na caixa de comentários, afinal, é pra isso que eu exponho minha opinião por aqui, pô!

PS: Já fico no aguardo do terceiro filme da série, que poderia ter Steven Seagal como vilão e Danny Trejo como seu capanga. E penso também que poderiam dar uma atenção na equipe do Trench (Arnoldão), trazendo de volta os mesmos atores que faziam parte da equipe do filme PREDADOR. Carl Weathers, Bill Duke, Jesse Ventura, Shane Black, Sonny Landham… os que estiverem vivos, claro. Fica a dica, Stallone!

*Atualização importante: O Gélikom me lembrou na caixa de comentários que o Van Damme foi vilão em NO RETREAT, NO SURRENDER. Caramba! Isso que dá escrever durante a madrugada, com sono... já até postei sobre a série inteira aqui no blog e não consegui me lembrar deste detalhe. 

26.8.11

ASSASSINATION GAMES (2011)


direção: Ernie Barbarash
roteiro:Aaron Rahsaan Thomas

ASSASSINATION GAMES simplesmente coloca frente a frente – ou lado a lado, como veremos a seguir – Jean Claude Van Damme e Scott Adkins, dois dos maiores astros do cinema de ação classe B da atualidade, num mesmo filme. Isso já aconteceu antes, quando Van Damme enfrentou Adkins em THE SHEPHERD: BORDER PATROL, de Isaac Florentine, e voltará a acontecer no ano que vem com SOLDADO UNIVERSAL 4, de John Hyams. Aqui, os dois interpretam assassinos profissionais que decidem trabalhar juntos depois de perceberem que o próximo alvo de cada um é o mesmo cara. Para o personagem do baixinho belga, a missão é puramente negócios, mas para Adkins, a coisa é pessoal, é vingança!

Apesar disso, o persoangem do Van Damme é mais interessante. Seu nome, segundo o imdb, é Brazil, embora eu não me lembre de tê-lo ouvido durante toda a “projeção”. Ele faz o típico assassino solitário, que vive sozinho em um apartamento chique, que para chegar até ele precisa passar por uma passagem secreta dentro de um apartamento mais humilde… uma espécie de batcaverna de assassinos. Toca violino e fica irritado com a barulheira dos vizinhos e possui uma tartaruga de estimação.

Se tem uma coisa que os filmes de assassinos profissas nos ensinaram foi que os frios matadores sem sentimentos por outros seres humanos quando conhecem uma pessoa, geralmente do outro sexo, amolecem o coração e quebram todas as regras de sobrevivência do manual de assassino. ASSASSINATION GAMES matém o clichê e a vida do protagonista se transforma ao salvar uma prostituta que estava levando uma surra de seu cafetão. E é engraçado porque o coração do sujeito não estava totalmente amolecido ainda quando vê a violência acontecendo e não diz algo tipo “Ei, pare de bater nessa mulher, seu covarde!”. Na verdade, diz: “Vocês estão me atrapalhando a praticar violino!”. E pior que estava mesmo…


Já o caso de Adkins é bem diferente e eu não vou gastar tanto falando sobre ele. Seu personagem é um pouco mais genérico, mas o que o motiva é a vingança, o que garante a atenção. Ele quer que os responsáveis que espancaram sua esposa até a beira da morte estejam comendo capim pela raíz o mais rápido possível.

E como podem notar, o roteiro de ASSASSINATION GAMES se preocupa em construir um universo único e personagens elaborados, algo mais detalhado que muito “direct to video” que temos por aí (apesar de ter sido lançado comercialmente em alguns cinemas nos Estados Unidos). O problema é que tanto fosfato de roteirista gasto elaborando detalhezinhos na trama acabou deixando de lado o fato de que temos dois grandes astros do cinema de ação em um filme cuja própria ação é insuficiente. Não estou dizendo que o filme não tem ação. No entanto, não entra na minha cabeça ter Van Damme e Scott Adkins no elenco e colocar ceninhas rápidas e broxantes de tiroteio, um chutinho ali, um soquinho acolá… eu estava esperando uma puta sequência desenfreada com tiro comendo pra tudo quanté lado, estilo John Woo!!!


Não se preocupem que Van Damme e Adkins trocam alguns golpes e é a melhor coisa de todo o filme. Mas um final com um climax e muita ação, ficou devendo… É claro que se você espera um filme mais realista, com uma movimentação mais comedida, focado mais no drama dos assassinos e suas motivações do que na ação exagerada, este filme funciona muito bem. A história de fato é boa e, apesar dos pesares, o diretor Ernie Barbarash tem muito respeito pelos atores que tem em mãos. Especialmente Van Damme, que é filmado com uma certa reverência, como um veterano do gênero, do jeito que merece. E o belga corresponde com mais um desempenho seguro, mantendo a boa média de seus últimos filmes. Adkins esbanja o carisma de sempre e desta geração de atores ocidentais de ação e artes marciais, é disparado o melhor… se bem que o páreo é duro com o Michael Jai White. De qualquer maneira, ter estes dois sujeitos num mesmo filme, garante a diversão de qualquer amante do cinema de ação classe B. 

E relevando o meu problema com a ação – e com a estética, o filme é todo num tom amarelado, que eu não vejo o porque disso – gostei de ASSASSINATION GAMES. Preferia o título anterior, WEAPON... mas enfim, o filme demonstra que ainda existe pessoas se esforçando pra fazer cinema de ação pra gente grande, que utilizam essas figuras truculentas e que filmam ação sem precisar esconder a incompetência chacoalhando a câmera… bem, no caso deste aqui, nas poucas cenas que temos, pelo menos.

23.5.11

OPERAÇÃO FRONTEIRA, aka The Shepherd - Border Patrol (2008)

Quem acompanha a carreira do Van Damme desde sempre, deve se lembrar que o sujeito passou por uma fase negra lá pelo início dos anos 2000, quando encarou vários projetos medíocres para financiar o seu consumo de drogas. Mas parece que já deu a volta por cima e a sua fase atual está bem interessante já faz um bom tempo. Van Damme parece mais maduro e seus últimos 4 ou 5 filmes tentam agradar os dedicados fãs ao mesmo tempo em que assume funções mais complexas e desafiadoras como ator. Basta vê-lo em JCVD ou ATÉ A MORTE para notar isso de forma clara!

OPERAÇÃO FRONTEIRA faz parte dessa leva. É o filme que mais se aproxima ao que Van Damme fazia nos anos 80 e 90 em termos de estrutura. Temos um típica trama sobre um policial com um passado traumático que é transferido para a fronteira com o México e enfrenta perigosos traficantes. O filme é cheio de ingredientes e detalhes que fazem a cabeça dos fãs e é constantemente pontuado com as habituais sequências de ação old school coordenadas pelo diretor Isaac Florentine (quem mais seria?): Brigas em bar, em prisão, no meio da rua; perseguições à pé ou em veículos, uma delas envolvendo um ônibus cheio de freiras! Um final com um mano a mano contra o “vilão final”, vivido por Scott Adkins, ao melhor estilo nostálgico oitentista!

E Van Damme aproveita muito bem a idade e o olhar cansado para dar um sustento expressivo à complexidade de seu personagem. Eu sempre gostei da figura badass dos filmes de ação truculentos dos anos 70, 80 e 90, mas a coisa fica ainda mais interessante quando esses personagens brucuturs, aparentemente sem emoções humanas, demonstram um lado sensível, nem que seja em simples alusões, imagens e situações. Por exemplo, Chow Yun Fat segurando uma arma em uma mão e um bebê na outra enquanto distribui balas nos bandidos no final de FERVURA MÁXIMA! Isso é que é ser badass! Van Damme tem muito desse espírito aqui, maltratando a malandragem enquanto carrega o coelhinho (um elemento deveras dramático) da sua filha pra todo lado.

Já Scott Adkins, trabalhando novamente com o diretor, apronta a sua roubada de cena habitual. Sem dúvidas que é um dos melhores atores de ação direct to video da atualidade!

O filme peca um pouco com o roteiro, tem uns buracos bestas, tentativas de fazer discurso político que não se vê necessidade alguma, ao invés de deixar tudo caminhar pra boa e velha ação! Nada que estrague o prazer de assistir ao Van Damme dando a volta por cima, distribuindo pancadas e chutes rodopiados como fazia no inicio de carreira. A luta final não é épica como Billy Blanks vs. Matthias Hues em TALONS OF THE EAGLE, mas é divertida. É daqueles exemplares que me deixa com um sorrisão do início ao fim.

5.5.11

SPECIAL FORCES (2003)

Uma jornalista americana é capturada e feita refém depois de tirar fotos de um massacre cometido por um sádico general e seu exército em uma pequena vila de algum país ficcional do leste europeu. Os Estados Unidos decidem então enviar uma equipe altamente especializada em missões ultraperigosas para resgatar a moça, liderado pelo Major Don Harding (Marshall Teague). E aí está a base do simples e prático mote de SPECIAL FORCES, mais um trabalho de Isaac Florentine!

 

Temos aqui ótimas cenas de ação, acompanhadas de alguns detalhes que os fãs do gênero sempre gostam de ver, com aqueles lances de espionagem, os heróis espreitando por trás dos seus inimigos durante a invasão de uma base protegida, assassinatos surpresas passando faca na garganta, pistolas com silenciadores, pescoços quebrados, bombas implantadas em caminhões e barris de combustíveis, para explodirem na hora da fuga, estilo RAMBO III… quem não gosta dessas coisas?

SPECIAL FORCES é uma dessas produções patriotas que exaltam o heroismo americano e blá blá blá, mas o que importa mesmo é que este filme representa dois fatos marcantes na carreira de Florentine.

O fato número 01 (um) é que se trata do primeiro trabalho do diretor em conjunto com o ator britânico Scott Adkins. A partir deste aqui, todos os filmes seguintes do Florentine tem o Adkins no elenco. Menos em MAX HAVOC, que é, na verdade realizado pelo Albert Pyun e o Florentine foi chamado pra tentar consertar a cagada do diretor de CYBORG. Mais detalhes em um post futuro…

Scott Adkins é de um talento impressionante no campo das artes marciais. Como ator, tem carisma suficiente para se tornar um astro popular dos filmes de ação. Aqui, ele tem uma pequena participação, mas é crucial! Rouba o filme pra si toda vez que surge em cena e gostamos tanto do personagem que sempre ficamos com um gostinho de “quero mais”. Ele interpreta um soldado britânico que ajuda a equipe americana a resgatar a jornalista. Só que o cara é um verdadeiro ninja! Luta pra cacete, consegue acertar dois bandidos desavisados, com um chute em cada, mas no mesmo salto, sem tocar o chão. É de encher os olhos.

Aí chegamos ao fato número 02 (dois). A luta final protagonizada entre Scott Adkins e o capanga braço direito do vilão representa o nível de qualidade mais alto do talento de Isaac Florentine como diretor de cenas de luta. A maneira como movimenta a câmera, escolhe os ângulos, a coreografia da luta, é de uma maestria que remete ao estilo old school de filmar sequências como esta. É por isso que eu considero o Florentine o maior diretor de pancadaria da atualidade no cinema ocidental.

É a partir daqui que as sequências de luta ganham uma força descomunal em seus filmes seguintes, como NINJA e UNDISPUTED II e III. É claro que ter um ator que realmente sabe lutar ajuda um bocado, como é o caso do Adkins, mas Florentine demonstra que amadureceu muito ao longo da carreira. O resultado em SPECIAL FORCES é fenomenal em comparação com o que é feito no cinema americano atual, geralmente com câmeras tremidas e cortes rápidos que não deixam o espectador enxergar um simples soco.


No fim das contas, SPECIAL FORCES não chega a ser dos melhores filmes do diretor, mas é bom como passatempo, abusa em sequências de ação e, para os fãs ardorosos, serve como marco na carreira do Florentine.


Esse clip dá uma boa noção do que esperar do filme.

3.7.10

UNDISPUTED III: RENDEMPTION (2010), de Isaac Florentine

Faz pouco tempo que fiz uma boa sessão dupla com os dois primeiros filmes da série UNDISPUTED, que chega agora ao seu terceiro capítulo e foi a única coisa que consegui arranjar tempo para ver esta semana! Mas até que valeu a pena.

Relembrando os anteriores, o primeiro era um filme mais sério, dirigido pelo mestre Walter Hill, focado no drama dos dois lutadores, Wesley Snipes e Ving Rhames, numa penitenciária americana. O segundo se passa numa prisão russa e é um pouco mais voltado à ação, dirigido por Isaac Florentine, com Michael Jai White encarnando o papel que pertencia ao Ving no primeiro e a presença de Scott Adkins como vilão, sempre presente nos filmes do diretor.

UNDISPUTED III: RENDEMPTION traz novamente Scott Adkins, desta vez como protagonista, o que não quer dizer que o sujeito tenha amaciado e ficado bonzinho, reprisando o seu Yuri Boyka, lutador russo que foi estraçalhado ao final do segundo filme por Jai White. Mas até que há uma leve mudança de comportamento no personagem para o lado bom, ainda que mentanha o mesmo discurso de se considerar o lutador mais completo do mundo e quer provar isso de qualquer maneira.

Florentine assume novamente a direção e realiza esta terceira parte com mais ênfase na ação que o primeiro e o segundo filme juntos! Adoro o trabalho que ele faz atualmente dentro do cinema independente de ação lançado diretamente no mercado de DVD. São sempre inspirados, violentos e divertem o espectador mais exigente e que curte uma boa pancadaria. Foi assim com THE SHEPHERD, NINJA, UNDISPUTED 2 e agora com este aqui. Preciso ver algumas coisas mais antigas dele, porque é um sujeito pra lá de talentoso que filma cenas de luta com muita desenvoltura (especialmente quando se junta com Adkins, que faz de seus movimentos em sequencias de lutas, um verdadeiro espetáculo), já entrou na minha lista de diretores de ação atual que devem ser obrigatoriamente seguidos!

A trama de UNDISPUTED III se desenrola algum tempo depois do segundo. Boyka tenta recuperar seu prestígio de grande lutador, mesmo com seqüelas deixadas em sua última luta. Após demonstrar que está plenamente de volta, acaba entrando num torneio de luta entre prisões que envolve lutadores encarceirados do mundo inteiro. O vencedor ganha o direito à liberdade... só em filme mesmo... Os bastidores do torneio também é bem explorado, cheio de intrigas, sujeiras entre os realizadores, uma roubalheira descarada!

O mais legal deste filme é o resgate nostálgico feito por Florentine, remetendo algumas característica às fitas de lutas que faziam a alegria da moçada nas décadas de 1980 e 1990, a febre dos kickboxer movies, principalmente as produções estreladas pelo Van Damme, como O GRANDE DRAGÃO BRANCO, LEÃO BRANCO e DESAFIO MORTAL, que passavam exaustivamente na TV. São vários pontos bem clichês, personagens estereotipados, mas deixa sempre aquele charme nostálgico fazer efeito sobre os fãs…

26.6.10

THE TOURNAMENT (2009), de Scott Mann

A cada sete anos, em uma cidade diferente, um grupo de jogadores do alto escalão executa apostas numa competição onde os maiores assassinos profissionais do mundo todo se reúnem para matar uns aos outros. Só pode haver um sobrevivente e este recebe um prêmio de dez milhões de dólares. O problema é que depois deste evento, o comércio de assassinatos por encomenda fica carente de bons profissionais, mas isso não é da minha conta.

Com essa premissa apelativa, o título genérico THE TOURNAMENT, Ving Rhames e Robert Carlyle no elenco, não entendi porque o filme não teve lançamento comercial nos cinemas americanos. Chegou a passar em algumas mostras, mas foi lançado direto no mercado em DVD e isso poderia ser mal sinal. A não que fosse intenção dos realizadores, mas estariam perdendo uma boa oportunidade de arrecadar mais.

De qualquer forma, fui sem grandes expectativas, mesmo com a indicação do amigo BLOB, que possui extremo bom gosto e havia gostado deste aqui. Mas uma das coisas que me chamou a atenção logo de cara é a presença de Scott Adkins no elenco, o ator habitual do diretor Isaac Florentine, que nos últimos anos nos brindou com bons filmes de ação casca grossa, como UNDISPUTED 2 e NINJA. O terceiro filme da série UNDISPUTED já tenho em mãos e o amigo Otávio Pereira confirmou que é uma beleza!

THE TOURNAMENT começa muito bem e se impõe como aquele tipo de produção que se você tiver estômago fraco, é melhor trocar de filme! Vá assistir TOMATES VERDES FRITOS. É o final de uma dessas competições, acontecendo aqui no Brasil, Ving Rhames é um dos três ultimos sobreviventes e mesmo sem arma alguma consegue se tornar campeão matando seus oponentes sem piedade e de forma brutal.

Mas a trama principal ocorre sete anos depois, na Inglaterra, quando se inicia um novo torneio. Ving está de volta porque quer se vingar do responsável pela morte da esposa, que é um dos participantes. Só que a estória não gira em torno do personagem de Ving, para minha surpresa. Na verdade, o roteiro desenvolve dois protagonistas: o britânico Robert Carlyle, que vive um padre alcóolatra que acaba entrando acidentalmente no torneio após engolir o dispositivo de localização de um dos participapantes, e Kelly Hu, uma assassina sentimental que percebe que o padre não faz parte do jogo e decide protegê-lo. Apesar de Ving Rhames não ser protagonista, é muito legal vê-lo novamente num personagem badass como este aqui.

Infelizmente alguns outros personagens poderiam ser melhor aproveitados, mas pelo menos suas presenças rendem bons momentos. O próprio Adkins sai logo de cena muito rápido, mas o quebra pau com Kelly Hu na igreja abandonada demonstra porque ele é um dos melhores atores do cinema de porrada ocidental atualmente. O mesmo para o assassino francês praticante do parkour que tem um pouco mais de tempo que o Adkins.

Mas a maioria dos vilões serve apenas para fazer número mesmo, para aumentar ao máximo a quantidade de ação e de corpos cravados de balas ou explodidos. E THE TOURNAMENT possui uma bela dose de violência explícita! O climax do filme é uma perseguição com Ving em um caminhão atrás de um ônibus guiado pelo padre de Carlyle, enquanto Kelly Hu troca socos com o francês do parkour em seu interior.

A direção de Scott Mann é do tipo em que a câmera treme freneticamente e a edição picota as cenas de ação em planos que não duram mais de um segundo, da mesma forma como estamos cansados de ver neste tipo de filme atualmente e isso é um problema que pode incomodar, embora essas cenas não sejam totalmente descartáveis. Ao menos dá pra entender o que acontece na tela nas sequências de ação. O que é difícil de aguentar é o melodrama da persoangem de Kelly Hu, principalmente porque ela não tem a mínima capacidade de expressar qualquer sentimento mais dramático. Como atriz de ação, se sai muito bem, mas é só.

THE TOURNAMENT diverte tranquilamente, não me entediou em momento algum, apesar de alguns detalhes, é bom filme de ação desenfreada e exagerada. Só não acho que chega ao mesmo nível de algumas belezinhas do gênero que também não passaram nos cinemas, como THE BUTCHER, ICARUS, BLOOD AND BONE e SOLDADO UNIVERSAL: REGENERATION.

6.5.10

O IMBATÍVEL (Undisputed, 2002)/O LUTADOR (Undisputed 2: Last Man Standing, 2006)

No útlimo fim de semana procurei outros filmes recentes do Michael Jai White para vê-lo distribuindo porrada em meliantes como em BLOOD AND BONE e BLACK DYNAMITE. Me deparei com UNDISPUTED 2, continuação de um filme dirigido pelo Walter Hill em 2002 e que, por pura negligência da minha parte, ainda não havia assistido. Enfim, foi uma experiência interessante, além de poder ver um ótimo filme de luta estrelado pelo Jai White ainda tirei o atraso com o filme Hill, que é obrigatório para os fãs do sujeito.

Ambos os filmes se passam em prisões e envolvem lutas “profissionais” entre os encarcerados, mas o resultado de cada é bem diferente um do outro. UNDISPUTED é puro Walter Hill! Cinema classudo, sério, focado em personagens bem talhados e com direção extremamente segura. Temos Wesley Snipes na pele de Monroe Hutchen, campeão de boxe de Sweetwater, uma prisão de segurança máxima que promove legalmente lutas entre presos. Ving Rhames é George Iceman Chambers, o campeão mundial dos pesos pesados que acabou de ser condenado por estupro e encarcerado em Sweetwater. É claro que dois sujeitos desse calibre não dividem o mesmo espaço pacificamente e para nossa alegria vão ter que trocar alguns socos pra decidir quem realmente é o melhor.

Wesley Snipes está ótimo, mas seu personagem não é tão explorado quanto o Iceman de Rhames. Este aproveita para entregar uma excelente performance. Arrogante, cínico e violento, logo estamos torcendo para que o Sr. Hutchen lhe meta a mão na fuça. O elenco ainda conta com nomes de peso, como Michael Rooker, o carcereiro chefe e juiz das lutas; Wes Studi, companheiro de cela de Iceman Chambers; Fisher Stevens, o “técnico” de Monroe; o velho Peter Falk, uma das figuras mais interessantes em cena, um prisioneiro com certas regalias, profundo conhecedor de boxe, aquele tipo de personagem que gostamos de encontrar em certos tipos de filmes...

Walter Hill já possui certa experiência em filmes de luta. Dirigiu o clássico LUTADOR DE RUA, com Charles Bronson distribuído murros em brigas clandestinas. Aqui temos poucas seqüências de ação, mas todas muito bem cuidadas e editadas, garantem um bom espetáculo para acompanhar as excelentes atuações.

Produzido pela Nu Image e dirigido por Isaac Florentine, UNDISPUTED 2 é mais focado no quebra pau mesmo. Não esperem personagens muito complexos, densidade na trama ou certas coerências, mas se você estiver num daqueles dias em que estes probleminhas não fazem muita diferença e o que vale mesmo é uma boa coreografia entre lutadores trocando sopapos, então este aqui é uma excelente pedida!

Iceman Chambes, agora encarnado por Michael Jai White, está na Rússia fazendo comercial vagabundo em troca de dinheiro para pagar as contas. Após uma armação desgraçada pra cima dele, vai parar no xadrez novamente por posse de grande quantia de drogas. Uma desagradável prisão russa é o cenário onde um campeão de artes marciais local quer desafiá-lo. Tudo faz parte de um plano da máfia russa para ganhar uma boa grana em apostas por esta luta.

Pela proposta deste segundo filme, Jai White substitui Rhames a altura, até porque exige muito mais do físico do ator do que de uma atuação brilhante como foi a do Rhames no primeiro. E Jai White faz aquilo que sabe, não é lá muito expressivo, mas está tão a vontade no personagem que não chega a fazer falta uma interpretação mais exigente. Uma diferença drástica que o personagem sofre é que agora ele é o “mocinho” do filme.

Quem está surpreendente é o Scott Adkins, habitual colaborador de Florentine, mandando muito bem nas cenas de ação. Ele vive Uri Boyka, o oponente com o qual Iceman terá de enfrentar. As sequências de luta de UNDISPUTED 2 são de encher os olhos. Os movimentos dos atores, coreografia, edição e principalmente o olhar do diretor contribuem para o ótimo resultado!

Por falar em Florentine, assisti ainda no domingo a outro filme realizado por ele, THE SHEPHERD: BORDER PATROL, estrelado por Jean Claude Van Damme e novamente Scott Adkins como o vilão. O baixinho belga é um patrulheiro de fronteira às voltas com um grupo organizado de traficantes de drogas. O filme não é tão bom quanto UNTIL DEATH, SOLDADO UNIVERSAL: REGENERETION, JCVD, mas consegue divertir tanto quanto esses títulos, principalmente porque comprova o talento de Florentine como diretor de ação.

E para finalizar, um boa notícia aqui.
E a ótima parceria se repete.

22.12.09

NINJA (2009), de Isaac Florentine

Quem acompanha o Dementia 13 sabe do meu caso de amor com os filmes de ação old school dos anos 70, 80 e 90. Época boa que não volta. Mas de vez em quando acaba surgindo algum exemplar feito à moda antiga para alegrar meu pobre coração. NINJA é um desses casos, um belo revival dos clássicos filmes oitentistas ao estilo AMERICAN NINJA, com um sujeito ocidental usando esses pijamas pretos com a cara coberta, tendo que demonstrar suas habilidades por algum motivo que não tem tanta importância. O que vale mesmo é a quantidade de vagabundos levando chutes na cara!

O único elemento que contextualiza a produção, tecnicamente, na época atual são os malditos efeitos especiais, embora sejam discretos, mais especificamente para recriar sangue artificial. No restante, NINJA funciona muito bem como filme de ação sem cérebro, divertido até o talo, com pancadarias a cada cinco minutos nos mais variados tipos de ambientes, desde becos escuros, terraço de um edifício ou o interior de um vagão de metrô em movimento.

As atuações são péssimas e Scott Adkins, apesar de promissor, não chega nem ao calcanhar de Michael Dudikoff (como se este fosse um excelente ator!!! hehe), mas isso é o de menos. Seu personagem, Casey, possui bastante semelhanças com Joe Armstrong do filme AMERICAN NINJA. Ambos são órfãos, recebem treinamento ninja e se apaixonam pela filha do mestre. Em NINJA, o protagonista ganha um desafeto com Masazuka, um oriental que tem inveja do americano, por isso tenta matá-lo em um ataque de raiva e acaba expulso da academia.

A grande motivação que os roteiristas encontraram para dar um gás à trama é uma caixa guardada pelo sensei, interpretado por Togo Igawa, cujo interior mantém os artefatos ninjas de um lendário guerreiro da antiguidade. Bem, a caixa precisa ser transportada, Casey é o escolhido para a tarefa (juntamente com outros estudantes, inclusive a filha do sensei). É aí que Masazuka volta em cena para sua vingança.

Masazuka é um vilão interessante, que consegue representar uma verdadeira ameaça para o herói. O filme ainda coloca uma seita religiosa no enredo da qual saem os capangas que Casey enfrenta. As seqüências de lutas são o grande destaque, com ótimas coreografias e direção firme de Isaac Florentine, famoso por episódios de Power Rangers que dirigiu nos anos 90. Trabalhou também com Dolph Lundgren e um de seus últimos trabalhos foi THE SHEPHERD, com um baixinho belga que adoramos!

NINJA é exatamente isso, uma diversão sem compromissos, sem grandes pretensões. Para quem não curte nem os autênticos clássicos dos anos oitenta, não suporta ver Franco Nero de bigode encarnando um ninja, não sabe o que é uma katana shinobi, não entende como aquelas pequenas estrelinhas matam tão rapidamente, etc... recomendo distância! Caso contrário, sinta-se em casa.