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8.4.12

Contagem Regressiva BULLET TO THE HEAD #1: EXTREME PREJUDICE (1987)

Começando a entrar no clima do próximo filme do diretor Walter Hill, BULLET IN THE HEAD, o primeiro trabalho do diretor em dez anos, acho que é um bom momento para fazer um ciclo de revisões e descobertas com as obras desse gigante mestre do cinema de ação. Um dos seus principais exemplares, e que fazia muitos anos que eu não via, é o western contemporâneo EXTREME PREJUDICE, um daqueles típicos action movies brutos que parece impossível pintar na seara do cinema de ação da atualidade, além de ser uma apaixonada declaração de amor ao cinema de seu mentor, o gênial Sam Peckinpah.

Escrito pelo diretor de CONAN – O BÁRBARO, John Milius, a trama oferece o que há de melhor da mais pura truculência e testosterona em termos cinematográficos. Nick Nolte é um xerife durão do Texas, cujo melhor amigo da infância, vivido por Powers Boothe, escolheu o lado oposto da lei e se tornou o traficande de drogas número um da região, o que representa um conflito muito complexo quando ambos não abrem mão de suas intenções. Ao mesmo tempo, um grupo de mercenários formado por ex-militares “mortos” em combate, liderado por Michael Ironside, surge na região com um misterioso plano de, aparentemente, derrubar o império do tal chefão das drogas numa subtrama quase paralela.


O personagem de Nolte é um dos policiais mais interessantes do cinema de ação oitentista, um sujeito com aquele tratamento humano característico de Walter Hill, ao mesmo tempo em que personifica o herói cinematográfico do velho oeste que não recua diante do perigo, não hesita em meter uma bala nos miolos de seu adversário, quem quer que seja...

Da mesma maneira, Boothe está excelente como vilão, completamente desagradável e vestindo sempre branco, contrastando com a poeira do deserto e fazendo alusão ao personagem de Warren Oates em TRAGAM-ME A CABEÇA DE ALFREDO GARCIA, de Sam Peckinpah. E para demonstrar o nível de insanidade maquiavélica do bandido (e do próprio Boothe), o sujeito surge em cena esmagando um escorpião vivo, de verdade, na mão! Vai ser macho assim na p@#$%&*!!!



Michael Ironside, com aquele olhar demente e expressivo não fica muito atrás neste que é um de seus melhores papéis, cheio de ambiguidade. O elenco sensacional se completa com William Forsyth, Rip Torn, o fortão Tommy “Tiny” Lister, Clancy Brown e Maria Conchita Alonso (a peça central de um triângulo amoroso que bota mais lenha na fogueira na situação entre o xerife e o traficante).

Além deste all star cast formado por badasses de alto calibre, algo que merece grande destaque são as sequências de ação. É claro que se estamos falando de um filme de Walter Hill, as cenas de ação serão sempre pontos altos! Duas delas, então, merecem bastante atenção. A primeira, numa espécie de posto de gasolina abandonado no deserto, com Nolte distribuindo bala, utilizando uma caminhonete como escudo, enquanto um grupo de meliantes pratica tiro ao alvo em nosso protagonista. Filmado e editado com a elegância e precisão de quem realmente sabe filmar tiroteios. A outra é o gran finale, que estabelece uma fascinante ligação com o tiroteio derradeiro de MEU ÓDIO SERÁ SUA HERANÇA, uma frenética e violenta sequência, com dieito à sangue espirrando em slow motion, que deixaria Peckinpah orgulhoso.





O belo título foi retirado de uma linha do roteiro que, primeiramente, apareceria em APOCALYPSE NOW, de Francis Ford Coppola, também escrito por Milius. Como a frase não foi utilizada, o roteirista acabou colocando no script deste aqui e aproveitou para intitular esse filmaço. No Brasil, atende pelo título de O LIMITE DA TRAIÇÃO e até onde eu sei, ainda não foi lançado em DVD por aqui.

Mais filmes do Walter Hill no blog:

O IMBATÍVEL (2002)
THE DRIVER (1978)
LUTADOR DE RUA (1975)

20.3.11

STONE COLD (1991)

Aparentemente, STONE COLD não passa de mais um desses filmes B de ação genéricos que surgiam aos montes nas prateleiras das locadoras no fim dos anos 80 e prosseguiram durante os 90, sem grandes pretensões, mas quase sempre com diversão garantida para uma tarde de domingo. O negócio é que além dessas pequenas “qualidades”, o filme reserva uma certa energia que geralmente não se espera neste tipo de produção.

A direção é de Craig R. Baxley, um sujeito com um talento acima da média e hoje se dedica apenas a filmes para TV e episódios de seriados. Começou a carreira como coordenador de dublês e dirigia episódios da série ESQUADRÃO CLASSE A antes de realizar filmes como ACTION JACKSON e DARK ANGEL. Mas acho que é a sua experiência com dublês que dá a STONE COLD uma forcinha inesperada que transforma o que poderia ser um simples filme de ação de baixo orçamento num exemplar memorável que já deveria ser reconhecido como clássico do gênero! Pelo menos eu o reconheço assim…hehe


Estamos falando de cenas de ação bem feitas, criativas, sem frescuras e com um excelente uso do trabalho de dublês… se um cara toma um tiro, ele vai voar e atravessar uma janela e cair do terceiro andar em cima de um carro! Só faltava também o carro explodir pra finalizar… mas o filme inteiro é recheado de pequenas sacadas na ação. Sequências inteiras que obrigavam os realizadores a pensar e elaborar algo que realmente fosse de encontro ao coração dos fãs hardcore do gênero. E vale lembrar aos jovens leitores que estamos no início dos anos 90 aqui, tudo era feito na marra, sem CGI artificial como é comum atualmente.

A trama é bem besta, o que faz o espectador dar atenção a outros elementos mais curiosos que são de grande importância dramática, como por exemplo o cabelo do protagonista. Não sou o Rubens Ewald Filho, mas é impossível não notar essa cabeleira ridícula de mullets!

Brian Bosworth vive o típico policial que os amantes dos filmes de ação casca grossa admiram. O indivíduo já começa o filme suspenso do trabalho por ter feito alguma besteira durante o serviço, então de cara, o espectador já toma algumas notas sobre o protagonista: um brutamontes de roupas excentricas e de cabelo engraçado que possui um lagarto gigante em casa como bichinho de estimação, trabalha na polícia, é durão com a bandidagem e age segundo suas próprias regras, do jeito que tem que ser!

Por causa do seu estilo motoqueiro, é escalado pelo FBI para uma missão secreta: infiltrar-se numa perigosa gangue de motoqueiros e desmascarar os misteriosos planos terroristas de seu líder, vivido pelo grande Lance Henriksen. Na gangue, ainda temos William Forsyth como braço direito do chefão.

Então, temos mais motivos para STONE COLD estar num lugar de destaque em uma relação de filmes de ação importantes feitos na década de 90: a prensença dessas figuras simpáticas desfilando pelo filme. Convenhamos que Bosworth é totalmente canastrão, mas se encaixa perfeitamente na proposta do filme, especialmente pelos detalhes que compõe o personagem. A cabeleira é que causa um estranhamento, mas o cara faz o habitual tira truculento daquele período que não faria feio diante de um Stallone Cobra. Agora, Bosworth não chega aos pés de um Forsyth! Aqui, ele interpreta outro vilão lunático e exagerado, da mesma forma como fez em OUT OF JUSTICE, o melhor filme de Steven Seagal. Sou fã do Forsyth!

Mas se para o sucesso de um bom exemplar de ação precisamos de um vilão marcante, que tal DOIS sádicos vilões marcando presença num mesmo filme? É sensacional ver Lance Henriksen interpretando esse tipo de papel. Claro que ao longo de sua carreira o sujeito fez dezenas de vilões, quase sempre repetindo o mesmo personagem, mudando uma coisa ou outra (mas sempre com uma eficiência impressionante), mas aqui é a oportunidade de vê-lo diversificando, até com um visual diferente, como o lider de uma gangue de motoqueiros, vestido a carater, cabeludão, etc…


O roteiro ainda apresenta diversas frases de efeito e, como já disse antes, cenas de ação extremamente bem executadas para o padrão orçamentário da produção. O final é um espetáculo e demonstra uma peculiaridade do diretor por veículos em locais fechados. Em ACTION JACKSON, o protagonista entra numa mansão dirigindo um carro, inclusive sobe as escadarias e tudo mais… aqui, a ação final se passa dentro de um tribunal, com os motoqueiros causando o terror pelos corredores e salas de audiências, tem tiro pra tudo quanté lado, motos voando pela janela e acertando um helicóptero (!!!), enfim, diversão pra toda família!

5.7.09

FÚRIA MORTAL (Out of Justice, 1991), de John Flynn

Eu cresci assistido aos filmes do Seagal, incrível eu nunca ter visto justamente este aqui, provavelmente seu melhor filme! Mas vamos ser sinceros, né? Steven Seagal nunca foi exatamente um ator de verdade. Ele parece mais interessado em utilizar o cinema como veículo de divulgação de mensagens ecológicas e sociais sem profundidade alguma e aproveita que sabe muito de porrada para disfarçar tudo isso em filmes de ação que enchem os olhos dos adolescentes, como foi o meu caso. Claro que depois de uma certa idade eu percebei que a maioria de seus filmes não passam de besteiras, ainda que eu me lembre de alguns bem divertidos, como A FORÇA EM ALERTA...

Mas OUT OF JUSTICE é o tipo de filme que seria bom independente de quem fosse o protagonista, levando em conta outros atores de filmes de ação do fim dos anos 80 e inicio dos 90 (fico pensando como ficaria se estrelado por um Bruce Willis), mas calhou de ser o Seagal. E afirmo isso mesmo correndo o risco de alguém contestar: “mas outro ator não saberia lutar como ele”. Ok, mas quantos outros filmes de ação têm ótimas seqüências de luta sem que os atores tenham, sequer, noção de como aplicar um golpe? O Seagal no elenco é apenas um brinde pra quem gosta de artes marciais.

Na verdade, o ponto principal que favorece OUT OF JUSTCE é ter um mestre do cinema americano de ação conduzindo a bagaça. Estou falando do John Flynn, diretor subestimado de filmes como THE OUTFIT, ROLLING THUNDER e BEST SELLER, autênticas aulas de cinema que devem valer muito mais que alguns semestres de uma faculdade de cinema em qualquer instituição no Brasil. E aqui não é diferente. Pode-se considerar um filme menor do diretor, que já trabalhou com Robert Ryan, Robert Duvall, Tommy Lee Jones, James Woods e vários outros, mas o pulso firme para orquestrar alguns momentos são dignos de nota.

A simplicidade do enredo sem frescura também ajuda. Claro que aquelas mensagens de bom moço do Steven Seagal prevalecem algumas vezes, jogando na cara como ele é um sujeito integro, ético e bondoso com os animais, mesmo interpretando um policial casca grossa em busca de vingança, mas nada que perturbe a paz de quem está assistindo (contanto que ele não deixe de matar os caras maus com tiro na cara, não vejo problema algum). Seagal interpreta o policial nova-iorquino, descendente de italianos, Gino Felino (putz, mas que nomezinho cretino também) que após a morte de seu parceiro, Bobby, resolve fazer justiça com as próprias mãos (pedindo ao seu superior apenas uma espingarda e um tempinho pra realizar a tarefa).

O cenário da jornada é o submundo do Brooklyn. Gino cresceu no local, rodeado de gangsteres, e conhece todo mundo, inclusive o assassino de seu parceiro, Richie, interpretado por William Forsythe com a máxima personificação do mal. O sujeito é tão impulsivo, que logo após matar Bobby à sangue frio, atira na cabeça de uma senhora em pleno trânsito, pelo simples motivo de carros congestionados. E se para o sucesso de um bom filme ação um dos elementos é a criação de um bom vilão, então temos aqui um belo exemplar e Forsythe desempenha seu ofício com extrema perfeição.

Só que Richie não conta com a ajuda de ninguém nas ruas, a não ser alguns capangas. O sujeito é drogado, maluco e quer entrar para o crime organizado, mas com as atitudes que eu citei ali em cima e até a suposição da policia de que já esteja ligado ao crime organizado, faz com que até a máfia queira sua cabeça numa bandeja. E ainda há a própria policia comum que quer prendê-lo pelos crimes, com toda burocracia que envolve os processos de prisão, algo que Gino não quer de jeito algum.

Gino então possui dois problemas em sua missão: a) encontrar Richie antes da máfia e da policia, para que possa aplicar sua vingança com tranquilidade. Mas Richie está desaparecido e é meio complicado encontrá-lo. Pelo menos para quem está procurando, porque o facínora está sempre nos lugares mais óbvios. b) O roteiro ainda acrescenta novas idéias para deixar a trama ainda mais complexa (praticamente no patamar de um Tarkovsky). Gino cresceu no mesmo bairro de Richie e considera o pai deste seu segundo pai, e isso gera um conflito psicológico que bota Gino para esquentar os miolos, embora Steven Seagal, que é ator de alto nível, consiga manter a pose sem modificar a expressão (talvez algum músculo da parte inferior do queixo tenha contraído com mais força quando a mãe pede para não matar o seu filho).

Atuação por atuação, vamos ficar com o Forsythe que entra para uma galeria de vilões mais interessantes do cinema (?). Não, melhor não generalizar tanto. O cara é ótimo ator, seu personagem mata com a mesma facilidade que o ato de respirar, mas não é para tanto. Mas, sem dúvida, merece um destaque.

Assim como o Seagal não chega nem aos pés de Fosythe em termos de construção dramática na arte de interpretar, pelo menos se sai bem nas cenas de luta. Ah, nisso o cara é demais! E o Flynn se aproveita disso magnificamente em duas cenas especiais. A primeira é logo após uma perseguição de carro em alta velocidade que acaba dentro de um açougue onde Gino arrebenta uns cinco sujeitos utilizando objetos dos mais inusitados – dos quais deve ter aprendido no aprofundamento de sua arte marcial no Japão – uma linguiça, por exemplo. Outra cena muito boa é a do bar com as mesas de sinuca, uma das melhores seqüências de luta que o Seagal protagonizou.

Se você é fã de carteirinha de Steven Seagal e o acompanha hoje em dia com seus filmes mais recentes, ainda quebrando a cara de vagabundos, mesmo com a barriguinha saliente que adquiriu ao longo da idade, então OUT OF JUSTICE é feito para você (se bem que, para quem ainda o acompanha, este aqui, com certeza, já deve ter visto). Com uma história simples, curta, mas muita diversão garantida com boa dose de violência, Seagal distribuindo tiros, porradas e frases politicamente corretas, além de contar com direção de John Flynn, é indiscutivelmente um filme imperdível.