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21.3.12

FÚRIA ASSASSINA, aka RAGE (1995)

Querem saber o que é ação na sua forma mais pura? Basta assistir a RAGE, um dos melhores filmes do britânico Gary Daniels! Realizado nos tempos áureos da saudosa PM Entertainment, quando as locadoras de vídeo de bairro eram abastecidas com esse tipo de material, RAGE era uma das fitas que nunca acumulavam poeiras nas prateleiras! Lembro de ter alugado algumas vezes na minha adolescência e de ter ficado embasbacado com a proposta do filme, completamente maluca, que consiste simplesmente em entregar ao espectador, que não tem tempo de respirar, algumas das sequências de ação mais alucinantes do cinema de baixo orçamento.

Dirigido pelo "mestre" Joseph Merhi, um dos cabeças da famigerada PM, a trama tem no máximo uns dez minutos para apresentar o personagem principal (Gary Daniels interpretando um professor de primário, impagável) e mostrar como foi sequestrado, levado para um laboratório secreto de algum órgão do governo e injetado um tipo de super-soro… Pois é, os elementos de sci-fi que a PM gosta de incrementar de vez em quando. Depois disso tudo, o sujeito foge, e aí, meu amigo, é ação do início ao fim, com direito a muita perseguição de veículos em alta velocidade, tiroteiros exagerados, pancadaria comendo solta e as habituais explosões amareladas da PM. O que um fã do gênero precisa para um final de domingo chuvoso? Ou você perde tempo com Faustão, Gugu ou BBB?



O roteiro de RAGE chega a ser subversivo! Está pouco se lixando para as regras de manuais de script, evita qualquer tipo de desenvolvimento de personagens ou de enredo, e só se preocupa mesmo em dar trabalho para o departamento de dublês, efeitos especiais pirotécnicos, etc, porque o que vemos na tela é basicamente um espetáculo demonstrando o que esses profissionais especializados no gênero eram capazes de proporcionar. A atuação de Gary Daniels, por exemplo, se resume a fazer expressões de poucos amigos enquanto dirige um caminhão em alta velocidade pelas estradas ou enquanto dá um chute na cara dos malfeitores. Nada mais.

A coisa fica ainda mais divertida quando paramos para analisar alguams dessas sequências de ação, como por exemplo a do helicóptero que rodeia o topo de um prédio, com um policial atirando constantemente, enquanto Daniels está pendurado, segurando-se apenas com os dedos na beirinha do arranha-céu… é ridículo, mas ao mesmo tempo fascinante! Fico imaginando como esses caras arquitetavam a coreografia das coisas... Bons tempos em que o herói do filme protagonizava uma cena como a do caminhão pela estrada, fugindo dos policiais, matando por acidente pessoas inocentes, destruindo tudo pela frente, e saindo ileso ao pular de cima da cabine no momento exato em que seu veículo se choca com um ônibus escolar. É uma visão e tanto… A ação final é tão frenética que chega a dar náuseas. Se passa num shopping onde ocorre troca de tiros e muita pancadaria, com direito à vidros estilhaçando e uma ceninha de luta dentro de uma locadora de vídeos com vários cartazes da PM.



É até impressionante como os realizadores encontraram uma maneira de fazer uma crítica ao jornalismo sensacionalista durante a cobertura dos incidentes que o nosso herói se mete, sempre deixando um rastro de morte e destruição. Sim, RAGE é tão divertido quanto parece e vai deixar você, que é fã desse tipo de tralha, com um sorrisão estampado na cara durante um bom tempo!

6.5.11

HUNT TO KILL (2010)

Eu tenho gostado do trabalho do Steve Austin em seus pequenos veículos de ação, embora só tenha visto até agora DAMAGE e este HUNT TO KILL. Obviamente não vamos compará-lo a um Marlon Brando no quesito talento dramático, mas o sujeito tem carisma quando faz um específico tipo de personagem, além de mandar bem em cenas de ação e pancadaria. Em DAMAGE, onde tentam construir uma figura mais complexa para o Austin, até que se saiu bem e o filme é um pretensioso (no bom sentido) estudo de persoangem em meio à violencia das lutas clandestinas. Já em HUNT TO KILL, o negócio é mesmo a ação e às favas com o roteiro!

Austin é um policial e experiente caçador, que vive nas florestas de Montana, perto da fronteira com o Canadá e entra numa enrascada quando precisa servir de guia dentro da mata para um grupo de assaltantes de banco que persegue um traidor. A gangue tem a filha de Austin como refém, e por isso o sujeito age com cautela e segue as ordens do grupo… mas como todo bom filme de ação bem clichezão, uma hora o cara vai ter de usar toda a sua habilidade em sobrevivência na floresta para exterminar cada um dos meliantes e salvar sua filha.

Gil Bellows interpreta um exagerado lider da gangue, que tem como um dos membros Gary Daniels, numa atuação discreta e supostamente mal aproveitada. Mas o fato é que Daniels marcou presença em HUNT TO KILL como um favor a pedido de Steve Austin, já que os dois se tornaram grandes amigos após contracenarem em OS MERCENÁRIOS. Apesar disso, a sequência na qual Austin e Daniels entram em combate físico contou com a coreografia deste último. É o grande momento do filme e que faz valer ao menos uma conferida!

O final também merece destaque. Aparentemente, tirando Gary Daniels, nenhum dos outros bandidos são grandes ameaças a Steve Austin, que quando finalmente entra em ação, acaba com cada um facilmente. Mas para a nossa surpresa, o vilão de Bellows consegue dar um trabalho imenso ao herói, transformando o gran finale num espetáculo de ação casca grossa que remete aos filmes dos anos oitenta, cheio de exageros, truculência e sem qualquer frescura!

O elenco conta também com a participação de Eric Roberts, numa ponta de respeito logo no início do filme.

HUNT TO KILL nunca vai ser uma obra prima do gênero, o roteiro é fraquíssimo e reaproveita toscamente a idéia de RISCO TOTAL, com o Stallone, e daqui algum tempinho já vai ser esquecido (exceto para os fãs de ação direct to video), mas é um bom trabalho do diretor Keoni Waxman (que fez alguns dos últimos filmes do Steven Seagal), tem um elenco interessante, bons efeitos especiais e uso da locação… pode ser visto sem muito compromisso que é diversão certeira!

1.5.11

COLD HARVEST (1999)

Depois de Dolph Lundgren, em BRIDGE OF DRAGONS, chegou a vez de Gary Daniels detonar com tudo em COLD HARVEST, mais um trabalho assinado pelo nosso diretor israelense preferido, Isaac Florentine (ou alguém prefere o Amos Gitai?! hehe).

Como já observamos em outros filmes do diretor, a trama de COLD HARVEST se passa em período e ambiente inusitados: em um futuro pós-apocalíptico onde não se vê a luz do dia, um vírus mortal causa o terror em certas áreas infectadas.

Gary Daniels, em papel duplo, é Roland, um famoso caçador de recompensas – desses que pegam o trabalho através de cartazes de “procurado” (vocês vão entender porque) – e é também Oliver, seu irmão gêmeo, um dos poucos que carregam em seu corpo uma possível cura para o tal vírus. Quando ele e sua mulher (a musa dos anos 80, Barbara Crampton) estão sendo levados, junto com outros “portadores da cura”, para uma zona não infectada, o comboio é atacado pelo perigoso vilão Little Ray (Bryan Genesse) e sua gangue, que resolve simplesmente matar todo mundo sem muito motivo. A única que escapa é Barbara Crampton, que está grávida e, por conta disso, também carrega a cura. Procurada pelo bandido, ela encontra seu cunhado que agora tem de protegê-la, levá-la até a tal zona e vingar a morte de seu irmão! Tudo ao mesmo tempo!!!


 
É, o roteiro parece mais elaborado do que as simples tramas que Florentine costuma trabalhar quando escreve seus próprios scripts, mas até que a coisa não é tão complicada assim. Trata-se, no final das contas, da boa velha trama de vingança. Até porque o filme se preocupa mais em desenvolver cenas de ação do que histórinhas e personagens, embora tenha um pano de fundo bem interessante! Não há dúvidas que essa combinação deixa COLD HARVEST no topo, como um dos melhores trabalhos do diretor, na minha opinião!

Uma das coisas mais legais do filme é que o universo que temos aqui, é visto como um encontro entre o futuro e o passado, da mesma maneira que Florentine havia feito em BRIDGE OF DRAGONS, mas o passado em COLD HARVEST é representado por elementos do western. Os personagens andam de bugres estilo MAD MAX 2, motos, helicópteros, etc, ao mesmo tempo em que existem saloons, vestem-se como forasteiros do velho oeste e carregam armas no coldre prontos para um duelo… Eu sei que nada disso é muito original, mas curiosamente, os personagens também lutam kung fu (ou algo do tipo), pra não esquecermos que estamos num filme de Isaac Florentine!

Gary Daniels não tem o carisma de um Dolph Lundgren, mas ele sabe fazer a coisa funcionar. É o tipo de ator que os amantes ardorosos de filmes B de ação aprendem a gostar, especialmente quando o sujeito pode abusar de toda a sua real habilidade em artes marciais, como é o caso de COLD HARVEST. Ainda no elenco, Barbara Crampton tem uma atuação discreta, mas sua presença sempre ilumina o filme; e Bryan Genesse não tem muito perfil de vilão... mas consegue dar o tom sádico que seu personagem precisa, além de uma indefinição sexual que o deixa mais curioso.

E, claro, o diretor não decepciona na condução de vários momentos de pancadaria e tiroteios violentos. Aqui sim, Florentine demonstra porque é um dos melhores diretores de ação direct to video da atualidade! Destaque para a ação final, quando Gary Daniels invade o covil de Little Ray distribuindo tiros e porradas pra tudo quanté lado, filmado num estilo claramente inspirado em John Woo, mas desta vez funcionando perfeitamente, diferente do desastre HIGH VOLTAGE. Inclusive alguns enquadramentos recriam imagens dos filmes do diretor chinês. Outra influência clara presente no filme – especialmente na ação final – é Sergio Leone; o duelo entre o protagonista e seu oponente tem montagem que remete ao “trielo” de THE GOOD, THE BAD AND THE UGLY acompanhada de uma trilha bem tosca de spaghetti western. Mas são detalhes que são um charme, contribuem muito para a ação e resulta num dos grandes momentos da carreira de Florentine!

Vamos ver agora como U.S. SEALS II se sai… este não me cheira muito bem. Quanto a COLD HARVEST, se você curte boa pancadaria e tiroteios em filmes de baixo orçamento, pode ir sem receio! O filme foi comercializado no Brasil com o título NO LIMITE DA VINGANÇA.

24.2.11

GAME OF DEATH (2010)

Não sei se alguém vai lembrar, mas eu publiquei uma notícia sobre este filme há tempos atrás. Era uma das produções mais esperadas por mim quando foi anunciado como o próximo trabalho do Abel Ferrara, o qual voltaria a trabalhar com Wesley Snipes, numa trama de ação policial e etc. Snipes continuou no projeto, Ferrara pulou fora. Foi substituido por um diretor da TV italina, Giorgio Serafini, ocorreram mudanças no orçamento, no tempo das filmagens, até no roteiro e o resultado é que GAME OF DEATH não passa de um genérico filme B de ação lançado direto para o mercado de vídeo.

Mas não vamos ficar chorando nem imaginando o que poderia ter saído se Ferrara tivesse realizado o filme. Como um fã desse tipo de tralha, o importante pra mim é que temos mais um exemplar para sentar no sofá, com um inebriante qualquer, para se divertir assistindo Wesley Snipes descendo o cacete em bandidos. Especialmente se o elenco conta ainda com Gary Daniels e Robert Davi pra aumentar ainda mais a ansiedade. Sim, eu fico animadão com esse tipo de coisa!

Wesley Snipes é um agente da CIA que age disfarçado como guarda-costa de um mafioso, vivido pelo Robert Davi. Durante uma operação, um grupo de agentes da CIA, liderado por Gary Daniels, resolve roubar o 100 milhões de dólares de uma transação que o mafioso está prestes a fazer. Snipes, que não concorda com essa atitude, decide continuar a “interpretar” o seu papel de guarda-costa para atrapalhar um bocado os planos de Daniels e sua turma.

Ao mesmo tempo em que temos um plot simples e que rende uma boa dose de pancadaria e sequências de ação, temos também um dos roteiros mais preguiçosos que eu me lembro de ter visto neste tipo de tralha, do nível dos filmes DTV do Steven Seagal pré DRIVEN TO KILL. A estrutura do filme é batida, a narrativa é de uma falta de noção espaço temporal (ok, não vamos exigir tanto dos realizadores). Geralmente esses filmes B de ação já são feitos nas coxas naturalmente, já faz parte da essência, com raríssimas exceções. E os clichês são quase obrigatórios… se não tiver, perde a graça. Mas aqui é demais. Os diálogos e algumas situações são extremamente mal resolvidas. É o clichê do clichê.

Para piorar a situação voltamos a ver os tiques visuais e de montagem que estragaram 80% dos filmes do gênero ao longo da década passada. Há algum tempo várias produções de baixo orçamento vinham prezando por uma montagem mais clássica e sem frescuras e em GAME OF DEATH algumas cenas parecem uma porra de video clip e o montador deslumbrado com os recursos de uma mesa de edição como uma criança numa loja de brinquedos querendo brincar com TODOS os brinquedos!

Mas vamos lá, o filme não é tão ruim assim quanto parece, apesar de tudo. Temos algumas boas sequências de luta. Ok, são editadas de forma picotadas e isso espanta muita gente. Eu também prefiro ver cenas de pancadaria da forma que o cinema de Hong Kong ensinou durante muito tempo, mas quando eu consigo enxergar e entender o que ocorre na tela, mesmo com a edição rápida e entrecortada me sinto satisfeito, como é o caso de GAME OF DEATH. Não sou tão radical xiita quanto alguns dos meus amigos blogueiros, hehehe.

E é legal ver novamente o Wesley Snipes atacando de badass, que mata sem remorços com as próprias mãos, sempre achei o Snipes um cara talentoso e aqui, mesmo com a “profundidade” de seu personagem, consegue desempenhar um bom papel. Gary Daniels é a mesma coisa, até surpreende compondo um vilão da pior estirpe, bem raso, mas para o tipo de filme que temos aqui, é suficiente. Já Robert Davi, faz aquilo que sabe. É sempre um ator competente. No elenco ainda temos Zoe Bell e Ernie Hudson completando o time.
Com um roteiro vergonhoso, cheio de defeitos bestas e irritantes na parte técnica, GAME OF DEATH ainda assim consegue divertir o espectador menos exigente que curte uma boa tralha de ação sem muito compromisso. Agora, que deixa uma curiosidade o resultado que teríamos se fosse dirigido pelo Abel Ferrara, com o roteiro preparado pra ele, com certeza deixa. Ferrara é um dos meus diretores favoritos do cinema americano atual, mas gostaria de vê-lo realizar novamente filmes policiais densos daquele jeito que só ele sabe fazer… Vou continuar aguardando.

14.8.10

OS MERCENÁRIOS (The Expendables, 2010), de Sylvester Stallone

OS MERCENÁRIOS não é simplesmente um filme de ação. Representa muito mais que isso para uma geração que cresceu assistindo aos exemplares do gênero nos anos 80, os bons e velhos anos 80, como os RAMBO’s, COMANDO PARA MATAR, INVASÃO USA, DURO DE MATAR, e milhares de outros títulos onde reinava o exagero, a violência e a truculência de personagens valentões e politicamente incorretos, que matavam e torturavam sem piedade, sem se importar com a quantidade de inimigos que enfrentavam. E ainda por cima, fazendo pose pra câmera... afinal, eles eram os “good guys” que nunca seriam alvejados e suas balas não iriam acabar.

Essa mesma geração acompanhou de perto o que o gênero se tornou com o passar do tempo. O cinema de ação feito hoje para a moçada é vergonhoso, feito por gente sem o mínimo de talento e bom senso em comparação com os diretores de saco roxo de 25 anos atrás. Ainda há um grupo remanescente que de vez em quando apresenta algumas pérolas, quase sempre no cenário independente, lançados diretamente em DVD, como Isaac Florentine, John Hyams e Jesse V. Johnson.


Até ontem, meu filme de ação preferido de 2010, era o pequeno THE BUTCHER, do citado Johnson, um excelente exemplar feito à moda antiga estrelado pelo Eric Roberts. Disse até ontem porque após o monumental OS MERCENÁRIOS fica difícil a disputa pelo posto de primeiro lugar. O filme de Stallone come a concorrência no café da manhã com rosquinhas e leite! Fazendo um papel de porta voz em nome dos fãs do cinema de ação da minha geração, não tenho medo de arriscar ao dizer que OS MERCENÁRIOS é um acontecimento histórico, um retorno ao coração dos anos oitenta, ao exagero frenético e explosivo da mais pura ação, onde a trama não importa, as atuações muito menos, apenas o efeito catártico sobre o espectador obtido através do espetáculo visual e sonoro é o que realmente conta. E é o que temos de sobra por aqui.


Além, é claro, da reunião “aldrichiana” do elenco formado por alguns personagens ícones do cinema de ação e que serviu de isca para a campanha promocional do filme. Alguns atores nem chegam a ter tanto status, mas estão tão bem inseridos nesse universo, que a impressão é a de que sempre estiveram lá, participando daquele período mágico. E apesar de toda brutalidade, a contagem de corpos e violência exacerbada, é preciso muita sensibilidade para realizar um filme como este. Stallone não é nenhum ignorante e sabe muito bem o que o cinema de ação mainstream tem se tornado ao longo do tempo. Em RAMBO 4, por exemplo, ele já tinha jogado na tela: “FILME DE AÇÃO É ISSO AQUI, CA@#$LHO!!!”. A segunda aula de cinema é agora, com OS MERCENÁRIOS.


Não se trata de um filme perfeito. Estou prevendo muita gente apontando o dedo em alguns problemas, alguns excessos... normal. Mas quem entrar no cinema disposto a ver muita, mas muita explosão, tiros e alta contagem de corpos, vai ser muito bem recompensado. Eu me senti como se tivesse doze anos. Foi uma experiência única. Nunca vi tanta pirotecnia numa sala de cinema em toda minha vida!


E Stallone provavelmente se estabelece agora como o grande nome do cinema de ação americano da atualidade. Mais por manter o espírito do gênero da maneira que deve ser: anacrônico, sem firulas e bem exagerado. É até curiosa as sequências de ação, pois são filmadas e montadas como uma máquina de costura, com excesso de planos e cortes acelerados, da maneira que nós acostumamos a criticar, mas o espectador consegue perfeitamente ver o que se passa na tela. Domínio total da gramática da ação do velho Stallone mesmo chacoalhando a câmera. A única cena que esse tipo de recurso estético deveria ter sido modificado para uma montagem menos acelerada e enquadramentos mais clássicos é na luta do Jet Li contra o Dolph. O resultado não favorece o oriental, que poderia ter suas habilidades e a beleza dos seus movimentos melhor aproveitadas.

A trama básica que já estamos carecas de saber permanece com poucas surpresas. Grupo de mercenários contratado para derrubar um ditador num país sul americano. Até na premissa Stallone foi buscar lá atrás, em filmes como CÃES DE GUERRA e MCBAIN. A história pode até ser bem simples, mas é com as situações cheia de testosterona e os personagens carismáticos que OS MERCENÁRIOS realmente ganha um corpo.


Não vou falar de cada ator, mas todos eles mereceriam um parágrafo só pra eles. Todos têm a sua peculiaridade muito bem trabalhada, ainda que de forma sutil. TODOS estão muito bem, com a impressão de que se divertiram muito fazendo esse filme. Isso fica claro na encenação, nos diálogos, alguns parecem improvisados, mesmo que a atuação de alguns não seja grande coisa, mas cumpriram muito bem seus papéis.

Meus destaques ficam por conta de 1) Mickey Rourke. Há uma cena belíssima onde ele relembra os velhos tempos com as lágrimas nos olhos que me deixou arrepiado. Dessas cenas que tornam um filme desses em algo muito maior do que aparentemente deveria ser. 2) Eric Roberts como vilão está sensacional. Bem caricato e eficiente. Como é bom vê-lo na tela grande tão a vontade. 3) Outro que me surpreendeu foi o velho Dolph!!! Quase todos os atores que se envolvem na ação tiveram o trabalho de interpretar a eles mesmos ou as representações que os transformaram em ícones. Dolph não. Foi um dos únicos que precisou encarnar um personagem bem diferente do que faz, na pele de um abobalhado alucinado, louco, psicopata! É meu personagem favorito.



E há ainda o encontro dos ícones máximos! Não vou entrar em detalhes para não estragar o prazer de quem ainda não viu, mas Stallone, Bruce Willis e Arnoldão juntos é antológico! Um dos melhores momentos do filme.

JET LI x DOLPH LUNDGREN

Como já disse, um detalhe que eu encrenquei foram as lutas do Jet Li filmadas de maneiras picotadas. Não sei, mas acho que Stallone busca realismo com esse tipo de edição. Mas cada personagem é apresentado com uma habilidade especial e várias delas com o pé no exagero. Stallone rápido no gatilho com um revólver à moda antiga, Stathan é hábil com facas e por aí vai. Não custava nada o Jet Li demonstrar suas habilidades da maneira correta de se filmar kung fu. Enfim, acho que o grande e esperado duelo entre ele e o Dolph ficou um pouco prejudicado por conta disso, mas ainda assim achei bacana e muito bem contextualizado.

SYLVESTER STALLONE x STEVE AUSTIN

Essa aqui foi melhor. No calor da ação final, Stallone atraca com Austin num quebra pau pra lá de truculento num túnel. Aí sim, quando dois brutamontes trocam murros, o resultado na tela é bem melhor da forma que ficou. E Stallone dando golpes de MMA é sensacional! Aliás, toda a sequência que acontece dentro dos túneis nos subterrâneos da mansão do ditador é de deixar qualquer fã do gênero com um sorriso de orelha a orelha durante muito tempo. Gary Daniels levando uma surra de Jet Li e Stathan é uma coisa linda e Terry Crews destruido com sua metralhadora é a cena mais "puta que pariu" do filme.


GISELE ITIÉ

Delícia!


OS MERCENÁRIOS se confirma como o filme de ação absurdo, violento e oitentista que eu esperava ansiosamente. E Stallone é dos poucos diretores americanos que devolve o prazer por este gênero que eu tanto aprecio. Seu trabalho aqui é bem mais que uma homenagem aos bons tempos do gênero. É quase um autêntico exemplar daquele período, mas calhou de aparecer na hora errada, só que deveria servir de paradigma para todo e qualquer cidadão que resolvesse se aventurar com o cinema de ação na atualidade.