24.10.10

DAMAGE (2009), de Jeff King

B movie de porrada feito diretamente para o mercado de vídeo que me surpreendeu bastante. O diretor é Jeff King, que realizou DRIVEN TO KILL, um dos bons trabalhos de Steven Seagal em 2009, mesmo ano deste aqui. O filme é bem mais que um veículo de ação estrelado pelo truculento Steve Austin, que foi recentemente visto trocando sopapos com Sylvester Stallone em OS MERCENÁRIOS, é um belo estudo de personagem dentro de um gênero rejeitado. A trama, basicamente, é muito parecida com outro filmaço direct to vídeo que eu vi este ano, BLOOD AND BONE, com o excelente Michael J. White.

John Brickner (Austin) sai da prisão e entra no circuito de lutas clandestinas. Até aí, tudo bem. A diferença é a motivação e alguns detalhes na construção da trama e dos personagens. Pela arte promocional do filme dá pra perceber que a coisa aqui é diferenciada, não se vê ninguém fazendo pose de luta, suado e sem camisa, com aquelas cores quentes ou azuladas que esses filmes geralmente possuem. Apenas Austin refletindo sobre as pancadas que vai desferir sobre seus oponentes (depois sairam uns posters mais tradicionais)...

Brickner tenta levar uma vida normal em liberdade, mas os problemas começam a surgir quando a esposa do sujeito que ele matou antes de parar na cadeia lhe informa que precisa de uma grana preta para pagar o caríssimo transplante de coração da sua filha de oito anos e ele é quem vai arranjar. Encontra então no submundo das brigas uma forma de ganhar dinheiro e “fazer a coisa certa”.



O filme traça um retrato mais humano daquilo que estamos acostumados a ver neste tipo de filme, ainda que o protagonista não passe de um brutamontes e que o roteiro não se preocupe em mencionar detalhes do passado do personagem, onde ele aprendeu a lutar ou quem era o cara que ele matou, como a coisa aconteceu, não temos nada de background. A trama tem apenas a intenção de mostrar um cara fodido tentando se redimir de um passado que ele próprio procura ignorar.

As cenas de luta em DAMAGE são boas. O espectador enxerga o que se passa na tela, a câmera não treme e a edição é tranquila, mas nada muito excitante como no já citado BLOOD AND BONE ou nos filmes do Isaac Florentine, que este ano lançou UNDISPUTED III, outro filmaço do gênero lançado diretamente em DVD. Tem algumas sacadas legais, como o dente de um oponente que fica cravado na mão de Brickner, após um murro na boca muito bem dado. As lutas dão pro gasto, o negócio é que o foco é outro, apesar de superficialmente ser um genérico filme de luta. Os personagens e a trama são tão interessantes que eu não conseguia desgrudar os olhos da tela.



Eu ainda prefiro BLOOD AND BONE, mais visceral e divertido, um dos meus filmes prediletos de porrada em 2010, mas DAMAGE conseguiu me surpreender de uma maneira muito agradável. Steve Austin tem carisma, apesar da cara de malvado, e contribui bastante para este sólido filme de porrada. Austin pode seguir por este caminho, talvez da próxima vez até encontre um coreógrafo de lutas mais talentoso, que saiba explorar o seu tamanho, o tipo de luta que pratica, com certeza teremos mais um grande ator para os fanáticos por filmes B de ação acompanharem.

22.10.10

RETROCEDER NUNCA, RENDER-SE JAMAIS (No Retreat, No Surrender, 1986), de Corey Yuen


O astro belga Jean Claude Van Damme estampar as artes de capas de DVDs lançados no mundo afora do filme RETROCEDER NUNCA, RENDER-SE JAMAIS (No Retreat, No Surrender, 1986), não passa de pura e simples picaretagem. Afinal, o único rosto conhecido atualmente na produção é o dele. Mas o baixinho só aparece mesmo no início e no final do filme, interpretando o russo Ivan Kraschinsky. É também o vilão, com quem o nosso herói terá de medir forças à base do chute na cara pra saber quem é o melhor.

O herói é um tal de Kurt McKinney, do qual eu nunca tinha ouvido falar. No filme ele é Jason Stillwell, um rapazinho cujo pai, Tom, possui uma academia em L.A. onde ensina karate, inclusive a Jason. Os problemas aparecem quando o crime organizado decide fazer uma "oferta irrecusável" para comprar a academia, dessas que alguém pode sair muito machucado, caso um dos lados não goste da palavra final. E é o que acontece. Um gangster, acompanhado de seus guarda costas (Van Damme), expulsa o sujeito de sua própria academia, com o belga já demonstrando golpes ultra rápidos e aqueles chutes incríveis que fizeram sua carreira.


O que é um ator que sabe lutar sendo dirigido por alguém que entende do assunto? Temos aqui uma cena que não dura nem um minuto, mas comprova que Van Damme não é só pose. Ele se tornou “posudo” porque decidiu firmar carreira em Hollywood sendo dirigido por diretores que não sabem trabalhar cenas de luta, por mais divertido que sejam os seus filmes. Corey Yuen sabe! E é quando se mete com diretores orientais Van Damme obtém seus melhores resultados.

Meus favoritos do baixinho são CYBORG e SOLDADO UNIVERSAL, que no campo da “pancadaria” perdem para, por exemplo, GOLPE FULMINANTE. Na minha opinião, ao invés de ficar gastando mais de meia década em porcarias, ele devia ter tentado a sorte em Hong Kong. Seus últimos trabalhos são ótimos, mas passou por uma sequência de filmes meia boca, sobrevivendo com produções baratas lançadas direto no mercado de vídeo, que fazem as fitas do Steven Seagal verdadeiras obras primas.

Por falar no barrigudo de rabo de cavalo, ele se saiu muito bem como vilão em MACHETE, não é? Também achei excelente o Van Damme como vilão aqui. Já que ele não quis ir a Hong Kong, podia ao menos ter feito alguns papéis de bandido em filmes classe A e assim alternava com suas fitas B de ação. Ao menos ele teria mais visibilidade e não entraria na decadência que entrou. O Seagal, por exemplo, foi visto por um público bem maior em MACHETE do que em seus 15 últimos filmes juntos… não posso ignorar o problema das drogas que quase acabou com o Van Damme, mas a gente sabe que o sujeito não bate muito bem da cabeça quando recusa a proposta de participar de uma produção como OS MERCENÁRIOS… mas chega de palpitar sobre a carreira do baixinho que eu já devo ter falado merda demais... Só espero que seus filmes atuais mantenham o nível.


Voltando ao enredo de RETROCEDER NUNCA, RENDER-SE JAMAIS, Tom (o pai, pra quem já se esqueceu) decide mudar de ares e parte para Seattle. Muda também sua mentalidade sobre o karate e a finalidade de se usar violência, ou seja, o cara virou um bundão. E até que ele luta bem, embora seja de longe o pior ator do filme! Já Jason, a primeira coisa que faz quando chega em sua nova casa é transformar a garagem num centro de treinamento, com cartazes de Bruce Lee e toda a parafernália. Fã do grande astro de OPERAÇÃO DRAGÃO, o rapaz vai visitar o túmulo de Lee, que se encontra na cidade, além de procurar uma outra escola de karate para continuar seus ensinamentos.

A trama é totalmente voltada à Jason, que transforma o filme numa espécie de rip off de KARATE KID. A estrutura intercala momentos de treinamento, de flerte com a garota bonitinha, com confrontos entre os bullies que sempre lhe dão porrada, além de problemas com o pai, que a cada briga na rua precisa levar um sermão danado, até que Tom rasga o poster do Bruce Lee servindo de estopim para um “NÃÃÃÃÃÃOOO!!!” daqueles! Em outra cena, Jason ajoelha no túmulo de Bruce Lee e implora por ajuda… Para melhorar ainda mais a história, o espírito de Bruce Lee aparece em sonhos e delírios do personagem para lhe aplicar vários ensinamentos. O problema é que o ator que faz o fantasma não tem nada a ver com o Bruce Lee, mas Jason não cria caso com isso, então ok. Aliás, o ator que dá vida ao falecido é Kim Tai Chung, que era dublê de Bruce Lee.


Como já adiantei que Van Damme aparece novamente no final, presume-se que os gângsters também vão à Seatle tentar abocanhar mais academias. E que premissa mais boba é essa... pra que a máfia quer tanta academia pelo país? Enfim, no local há um grande campeão de artes marciais que decide resolver tudo realizando um torneio. O vencedor fica com a academia.

Kurt McKinney é muito carismático. E não é tão mirrado como Ralph Macchio, o Daniel San de KARATE KID. É claro que na vida real, McKinney não teria chance com Van Damme, que era um monstro cheio de músculo, mas nada tão impossível também. O rapaz tem bom físico. Possui também um relacionamento meio estranho com RJ, um vizinho que se torna seu melhor amigo. RJ não luta, mas é um excelente dançarino, mais um motivo pra achar esquisito… ainda mais depois da cena em que R.J toma sorvete sentado… digamos, na região do quadril de Jason, enquanto este faz um exercício. Bom, não estou chamando-os de viadinhos, nem tenho nada contra, mas acho que eles já passaram da idade da inocência pra um enquadramento como este abaixo não soar extremamente homoerótico.


Até o menino ao fundo achou meio estranho...
Sei que KARATE KID deixou uma irrecuperável boa impressão na infância de muitos de nós, mas vocês vão me desculpar, RETROCEDER NUNCA, RENDER-SE JAMAIS é muito mais divertido, dirigido por um cara que realmente entende de artes marciais, coreografou uma penca de filmes e dirigiu meu ninja movie favorito, NINJA IN THE DRAGON’S DEN! As lutas aqui não chegam ao mesmo patamar de outros trabalhos do Corey Yuen, mas é muito acima da média, especialmente aquelas com Van Damme (não foi a toa que seu sucesso dentro do gênero começou aqui).

O filme tem algumas atuações das mais vergonhosas que eu me lembro de ter visto na vida!!! Fora alguns furos evidentes de roteiro, os clichês de sempre, até microfones aparecendo no canto da tela, mas tudo isso serve de bônus para quem entrar na onda do filme, uma diversão escapista, que passa rápido, tem um bom ritmo e as cenas de luta fazem valer o programa. Pra mim, já virou clássico do cinema de artes marciais dos anos 80.

RETROCEDER NUNCA, RENDER-SE JAMAIS teve duas continuações que não possuem muita ligação com este aqui. O segundo apenas acrescenta o número “2” na frente, se não estou enganado. Também é dirigido pelo Yuen e tem no elenco Cynthia Rothrock, Loren Avedon e o brutamontes Matthias Hues! Eu preciso ver essa belezinha! Já o terceiro filme recebeu o título aqui no Brasil de OS IRMÃOS KICKBOXERS, que assisti quando era pequeno, numa VHS da saudosa TOP TAPE, e tem umas lutas alucinantes de outro mundo!!! Preciso rever com extrema urgência!

17.10.10

MIRRORS 2 (2010), de Víctor García



A recepção de ESPELHOS DO MEDO em 2008 já não havia sido das melhores, mesmo contando com o francês Alexandre Aja na direção e Kieffer Sutherland como protagonista. Então o que faz alguém pensar que uma continuação, realizada por um diretor de quinta categoria e rostos desconhecidos do grande público, fosse dar certo?
Não tenho uma resposta pra isso, mas de qualquer forma MIRRORS 2 (2010), de Víctor García, está aí, lançado direto para o mercado de vídeo, com um orçamento bem mais baixo, e a qualidade mais baixa ainda!

Não acho ESPELHOS DO MEDO ruim. Na época, escrevi que algumas cenas realmente me deixaram arrepiado. Acho que foi por isso que resolvi me aventurar nesta continuação, mesmo sabendo dos riscos. A trama, caso estejam curiosos,  não possui relação com o primeiro longa, a não ser o lance dos espelhos. Não fiquem pensando que vão tomar conhecimento do paradeiro do personagem de Sutherland ou o que ele fez pra sair daquela situação que se meteu no desfecho do primeiro filme.  Até que não seria uma má idéia, se compararmos com a bomba que é este aqui!

Max (Nick Stahl) sofre um acidente de carro e perde a namorada. A partir de então, começa a ter visões estranhas. A coisa agrava quando começa a trabalhar como vigia noturno num shopping que está prestes a inaugurar. Os espelhos começam a assombrá-lo e misteriosas mortes se iniciam. Enfim, a coisa não passa de vingança de uma fantasminha mal comida. O roteiro fraco sofre ainda mais por praticamente não haver momentos de horror no filme. Existe uma tentativa disso. O espanhol Víctor Garcia parece não ter a mínima noção do que está fazendo. E olha que sua carreira como diretor é focada em filmes do gênero. Ele deveria voltar ao departamento de efeitos especiais onde já fez um belo trabalho em outras produções.



A única cena que achei interessante é a da decapitação no chuveiro, onde o diretor encarna ao menos um pouquinho o espírito “boobs and blood” que poderia tornar a sessão mais agradável. É insuficiente o que temos aqui pra aguentar uma trama extremamente chata, carregada por Nick Sthal, cujo desempenho demonstra  porque tem trabalhado em filmezinhos de merda como este aqui. Nem a presença de William Katt ajuda...
Pra quem não gosta do primeiro, não vai ser este aqui que vai resolver o problema. Pra quem curtiu, fique apenas com as lembranças do anterior e passe longe de MIRRORS 2.

16.10.10

PIRANHA 3D (2010), de Alexandre Aja



Assisti ao original, do Joe Dante, há muito tempo e até queria fazer uma revisão antes de assistir a este novo. A única coisa que me lembro é que havia piranhas assassinas almoçando turistas de uma pequena cidade à margem de um lago, ou seja, o plot básico. Os detalhes da trama, personagens, etc, não faço a menor idéia se bate uma versão com a outra, só sei que neste remake o francês Alexandre Aja entregou um espetáculo doentio de encher os olhos com as doses cavalares de violência explícita e mulheres gostosas... o cara realmente tem colhões! Depois daquele pequeno deslize que foi ESPELHOS DO MEDO (e que eu não acho ruim), Aja demonstra que ainda tem pulso firme pra coisa, ainda é o diretor insano de HAUTE TENSION e VIAGEM MALDITA. Fazia tempo que eu não via um produto de Hollywood com tanto gore e atrocidades com os personagens. O próprio diretor já vinha preparando o terreno e alertando que PIRANHA 3D seria um banho de sangue, mas ainda assim consegue surpreender. Aja não desvia a câmera em nenhum momento para mascarar o estrago que essas pobres bichinhas fazem à carne humana. E os efeitos especiais e maquiagens são simplesmente GENIAIS! Claro que não se pode exigir do roteiro meia boca, mas quem liga pra isso quando só se vê peitos e violência sem pudor a cada 5 minutos na tela?

11.10.10

O ÚLTIMO MESTRE DO AR (The Last Airbender, 2010), de M. Night Shyamalan

Minha opinião sobre o Shyamalan é a de que ele é um grande engodo. Mas há oito anos atrás eu não diria isso. Não vi seus primeiros filmes, acho O SEXTO SENTIDO bacana e CORPO FECHADO um filmaço! A partir de SINAIS é que a qualidade vem despencando. Especialmente a partir de A DAMA DA ÁGUA, a coisa ficou insuportável demais. Sei que ele tem defensores, que argumentam como seus filmes são cheios de significados, como é um diretor incompreendido e tal. Tudo bem, respeito a opinião de cada um e de quem enxerga algo a mais no seu trabalho, mas pra mim seus filmes não passam de metidos a inteligente, chatos e pretensiosos.
E agora temos este O ÚLTIMO MESTRE DO AR (2010). Minha namorada é fã do desenho AVATAR e por isso acabei encarando com ela essa versão cinematográfica mesmo com a espectativa lá em baixo, mesmo sendo algo totalmente destoante da filmografia do homem. E não é que ele demonstra ser bem pior do que eu pensava?! Não conheço muito bem a animação, então minha percepção ficou limitada ao que foi visto na tela mesmo, ou seja, uma aventurazinha meia boca e sem alma, com um ritmo irregular, genérico no humor, na ação (copiando os cacoetes de Zack Snider), aproveitando-se de todos os elementos, situações e personagens que tornam uma estória chata. Por onde anda aquele autor interessante, apontado como grande revelação no início dos anos 2000, bom diretor de narrativas lentas, simples, de roteiros instigantes?

8.10.10

PREDADORES (2010), de Nimród Antal

Só agora assisti a PREDADORES. Sempre tive a impressão de que o personagem alienígena do primeiro filme, o tal predador, seria um playboy metido a besta que fica gastando o dinheiro e a nave espacial do pai indo de planeta em planeta praticar a caça, seu esporte preferido. Depois veio o segundo filme, que apesar de pouco lembrado, é muito bacana, e agora esse PREDADORES, que enfatiza ainda mais a minha teoria. Não só o predador do primeiro filme é um puta vadio, como toda a sua espécie é formada por um bando de desocupados que gastam todo seu tempo e fortuna brincando de caçar outras espécies e quando não estão fazendo isso, ficam aprimorando habilidades de caça e melhorando a tecnologia pra garantir que a brincadeira não fique muito perigosa pra eles… porque só me resta essa explicação pra tanta covardia. Se é tão legal para os predadores ficar caçando seres inferiores, qual é a graça de usar todo aquele aparato tecnológico pra cima de uns pobres infelizes como os seres humanos ou qualquer outra raça? Raios lasers, visão infra-vermelha que capta calor, camuflagem… além de desocupados, são covardes.
Pensando nisso tudo que eu acabei de escrever e lembrando dos dois primeiros filmes, fica ainda mais evidente de como PREDADORES é fraco. É um filme ofensivo para os fãs dos originais, assim como deve ter sido aqueles que o predador enfrenta os Aliens da outra franquia, que eu me recusei a ver… me senti ofendido. O roteiro chupa todo o primeiro filme, a ação é ruim, o suspense é meia boca e os diálogos são de fazer vergonha alheia. O filme joga o espectador numa trama meio LOST e começa a acumular pessoas num planeta onde os predadores utilizam pra brincar de caçadores, mas a construção dos personagens é tão rasa e clichê que de antemão já sabemos quem morre e quem sobrevive até o fim. E puta merda, Adrien Brody pagando de anti herói badass de voz rouca não dá pra comprar.
O pior é a personagem da Alice Braga tentando deixar algo a se pensar para o público com a filosofia de boteco “Somos os predadores do nosso mundo” ou coisas do tipo. Algumas cenas são bacanas, como a do Yakuza usando uma espada samurai encarando bravamente um predador. Pena que são pouquíssimas cenas que conseguem sobressair com um lapso de criatividade. Não é o pior filme do mundo e até que dá pra assistir sem ficar xingando a mãe do roteirista, mas o resultado disso tudo nós já vimos antes, só que muito melhor. Um filmaço, aliás, dos anos oitenta, estrelado pelo Arnoldão…

A LENDA DOS SETE VAMPIROS (1974), de Roy Ward Baker




Como devem ter percebido no último post, aliás, em vários posts de vários blogues, o grande diretor inglês Roy Ward Baker, que ao lado de Terrence Fisher realizou alguns dos melhores filmes da Hammer, faleceu aos 93 anos. Vou ficar devendo uma análise mais profunda sobre sua obra porque infelizmente vi pouco do seu trabalho, mas o suficiente pra saber que foi um dos grandes nomes do horror britânico. O último dele que eu vi foi A LENDA DOS SETE VAMPIROS (1974), um bizarro híbrido de horror com artes marciais que nasceu da turbulenta parceria entre a Hammer e a Shaw Brothers. O filme pode fazer parte da longa série de filmes da produtora inglesa sobre o personagem Conde Drácula, aqui vivido por John Forbes-Robertson. Na trama, Drácula acorda de seu sono e vai para a China fazer renascer os lendários sete vampiros dourados, daí o famoso caçador de vampiros Van Helsing, novamente na pele do Peter Cushing, se junta a um grupo de lutadores de kung fu para combater esse terrível mal… contando dessa forma parece brincadeira, de tão irreal que seria um filme assim, mas realmente existe e é divertido, embora tenha sido uma penosa jornada até que as filmagens chegassem ao fim, com tantas brigas entre os executivos da Hammer e da Shaw Bros.

Anyway, Roy Ward Baker merece mais destaque por aqui. Vou assistir mais alguns de seus trabalhos e comento aqui no blog. O sujeito merece.

ROY WARD BAKER











R.I.P.
1916 | 2010

4.10.10

LOUCA PAIXÃO (1973), de Paul Verhoeven



Já que o assunto do último post foi Verhoeven, aproveitei o domingo para ver LOUCA PAIXÃO, puta filmaço da fase holandesa do diretor que eu ainda não havia conferido. É a história de amor entre Erik, um escultor interpretado por Rutger Hauer, e Olga, a ruivinha Monique van de Ven. Como é Verhoeven quem comanda, provocativo e transgressor de sempre, obviamente o resultado não vai ser do mesmo nível de um LOVE STORY. Está mais para O ÚLTIMO TANGO EM PARIS, só que muito melhor, mais subversivo e acrescido de escatologia. Tudo encaixado ao próprio estilo do diretor e o resultado é um cinema anarquista, com várias sequências que tocam na ferida da sociedade certinha e ajustada.

O primeiro encontro do casal é surtadíssimo: Erik pede carona, a ruivinha para o caro, ele pergunta se o cabelo de baixo é da mesma cor que o de cima, em instantes estão fazendo sexo selvagem dentro do veículo, ele prende o pinto no zíper, vão até a casa mais próxima pedir um alicate emprestado e logo depois o carro capota. A partir daí, Verhoeven desenvolve uma aproximação humana que transcende qualquer relação íntima que eu já vi, ao ponto de uma cena como a que Erik examina as fezes com sangue de Olga para tranquilizá-la de que o líquido avermelhado é, na verdade, causado pela beterraba que havia comido na noite anterior e não um câncer como ela, desesperada, suspeitava, seja algo absolutamente afetuoso. Há tanta ternura no ato que até o sujeito de estômago fraco percebe o sentimento, depois do asco.

O problema agora é usar o filme como referência para avaliar qualquer outro cujo tema principal seja a relação de dois pombinhos apaixonados. Difícil superar LOUCA PAIXÃO...

Uma curiosidade, o diretor de fotografia do filme é Jan de Bont, que se apaixonou pela atriz principal e os dois tiveram um longo relacionamento. Diferente de Verhoeven, de Bont não fez nada interessante na sua tentativa de dirigir em Hollywood… Já Verhoeven, como sabemos, é um exemplo perfeito de alguém que conseguiu trabalhar em Hollywood sem deixar de expressar sua visão de mundo, por mais cínica e trangressora que seja.

3.10.10

15 ANOS DE SHOWGIRLS

Estava aqui navegando em alguns blogs gringos e notei a celebração do aniversário de 15 anos de estréia de SHOWGIRLS (1995), do Paul Verhoeven, que aconteceu há poucos dias.
É um caso curioso. Não vou dizer que SHOWGIRLS foi incompreendido na época, porque realmente há muita coisa errada ali, é um filme muito torto. Virou motivo de gozação, ganhou o Framboesa de Ouro, praticamente acabou com a carreira da atriz Elizabeth Berkley e só não acabou com a do Verhoeven porque o sujeito é um dos maiores gênios do cinema dos últimos 40 anos.
Minha relação pessoal com o filme é um pouco melhor. Eu simplesmente ADOREI desde o primeiro momento em que assisti, por volta de 1997, quando loquei um VHS mesmo não tendo idade permitida para isso. Foi uma das experiências mais arrebatadoras que eu já tive, até mais do que alguns outros filmes do próprio diretor e que eu considero melhores. O roteiro, diálogos e atuações podem ser ridículos, mas Verhoeven manda tudo isso às favas e faz de SHOWGIRLS uma das maiores provocações ao moralismo babaca americano! Hoje, o filme tem mais público, principalmente depois que Jacques Rivette declarou seu amor à obra numa entrevista há alguns anos. Continua sendo um dos meus Guilty Pleasure preferidos.


Pela expressão no rosto de Verhoeven percebe-se como as filmagens de SHOWGIRLS foram extremamente difíceis...

1.10.10

THE KILLER INSIDE ME (2010), de Michael Winterbotton


Resolvi dar uma chance ao britânico Michael "botão de inverno" (se bem que, botão em inglês é button, mas deixa pra lá), que dessa vez largou mão do seu estilo habitual “mudernoso” e resolveu tentar fazer um filme de verdade como diretor de cinema. Nada contra quem curte aqueles filmes “hiperrealistas” que ele faz, mas eu acho um pé no saco. Alguém aí conseguiu assistir ao O PREÇO DA CORAGEM, com a Angelina Jolie, pra ficar num exemplo mais recente? Porque eu não passei dos 15 minutos daquela encenação cretina.
Já o THE KILLER INSIDE ME não é nenhum filmaço, mas tem uma abordagem diferente, com cara de filme mesmo, estrutura noir, adaptado de Jim Thompson, com ótima atuação de Casey Affleck no papel de um serial killer, cuja descrição mental é trabalhada de uma forma bem interessante. O filme faz bom uso das paisagens áridas, da boa recriação de época (anos 50) e possui um elenco legal. Não tem como não ser “bão”, mas não passa muito disso, o resultado é oco pra minha cabeça oca. Mas merece, claro, uma certa atenção, porque vá me desculpar pelo spoiler, um filme onde o assassino desfigura a cara da Jessica Alba à base da porrada paga tranquilamente o meu ingresso.