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19.11.12

ATAQUE DE FILMES RECENTES


COSMÓPOLIS (2012): O livro de Don DeLillo no qual o filme se baseia é simplesmente fantástico. Nas mãos de um diretor do porte de um Cronenberg, não poderia dar errado. A trama é sobre um jovem milionário (Robert “alergia de vagina” Pattinson) que resolve cruzar a cidade de Nova York em busca de um corte de cabelo. Mas o que vemos, realmente, é uma análise ácida sobre o capitalismo. COSMÓPOLIS transcorre quase totalmente dentro da limousine do personagem, onde Cronenberg pratica sua impecável mise en scène, contando também com o ótimo desempenho do elenco (exceto Pattinson, que não decepciona, mas eu escolheria outro no lugar). Gostei muitíssimo. Apenas acho exagero quando dizem que "o velho Cronenberg está de volta". Tá certo que a narrativa causa aquela estranheza de sua fase áurea, mas ainda está longe de ser o Cronenberg de CRASH ou VIDEODROME, mas isso não quer dizer muita coisa. O diretor continua fazendo cinema de alto nível mesmo quando não faz uma obra prima. Ao menos é bem melhor que seu trabalho anterior, UM MÉTODO PERIGOSO.


007 - OPERAÇÃO SKYFALL (2012): Muito se tem dito sobre as qualidades do novo 007. E estou em pleno acordo. É o melhor 007 desde PERMISSÃO PARA MATAR e um dos grandes filmes de ação de 2012. Mas estava com o pé atrás, tinha receio de que fosse acontecer a mesma situação da aventura anterior. Dirigido pelo Marc Foster, QUANTUM OF SOLACE foi um dos piores exemplares da série, em grande parte por terem colocado um “diretor de dramas” para fazer ação. Em SKYFALL, botaram o Sam Mendes (oh-oh). Mas não é que o sujeito se saiu bem? O filme é todo dirigido com uma elegância ímpar, que remete muito aos clássicos filmes do espião. Aliás, o mote ressalta exatamente o paradoxo entre o antigo e o novo, além de intercalar momentos eletrizantes com drama pesado. Talvez até possa considerá-lo naquela categoria "ação arthouse". Três pontos para finalizar: Daniel Craig é o Bond mais bad-ass que existe; o vilão de Javier Barden é genial; tudo que rola a partir do momento no qual o filme se transporta para a Escócia é de uma sensibilidade impressionante, para entrar na história do personagem como um de seus momentos antológicos. 


HARAKIRI (2011): Outro remake que Takashi Miike realizou recentemente. E em 3D. Comentei há alguns mesese sobre 13 ASSASSINOS, refilmagem de THE THIRTEEN ASSASSINS (63), de Eiichi Kudo. A bola da vez é o maravilhoso HARAKIRI (62), de Masaki Kobayashi. A história é sobre um ronin que vinga a morte de seu genro, forçado a cometer o ritualístico suicídio com uma espada de madeira. O filme de Miike é impecavelmente bem cuidado na parte estética e algumas sequências melodramáticas são de apertar o coração. Mas duas escolhas que Miike fez para a sua versão o torna, numa eventual comparação, bem inferior ao filme de 62. Primeiro, um belíssimo duelo e toda preparação visual que Kobayashi faz no original, Miike resolveu evitar. A outra é que no clássico o protagonista utiliza uma espada de verdade contra seus adversários durante a sequência de ação final, e o sangue rola de uma maneira linda de se ver na fotografia em preto e branco. Enquanto neste aqui, o personagem utiliza uma espada de madeira para demonstrar suas habilidades. Mas isso o enfraquece apenas na comparação. HARAKIRI, na verdade, é um baita filme de samurai. Apesar disso, sinto falta do Miike doidão de ICHI - THE KILLER...


TOTAL RECALL (2012): Er... perda de tempo do cacete! Tem algumas boas ideias, uma sequência de ação interessante com elevadores e até mesmo a mulher de três peitos. Mas de uma maneira geral, TOTAL RECALL é deveras descatável. Mas queriam o que com essa refilmagem de um dos melhores filmes dos anos noventa? Só serve pra encher o bolso dos executivos. O visual até que é bacana, mas os realizadores levam tudo muito à sério. O próprio Paul Verhoeven, diretor do original, reclamou disso numa entrevista recente (e ainda temeu pelas refilmagens de ROBOCOP e TROPAS ESTELARES). E o Quaid/Hauser do Collin Farrel não convence nem a mãe dele. Não são poucos os momentos que precisa da ajuda de terceiros no último segundo para se salvar quando está em perigo. O Schwarzenegger usava a força bruta e pronto! Saudades dessa época que o herói não era um bundão.


STOLEN (2012): Eu não fazia ideia que o Simon West estava com filme novo na praça, até descobrir este aqui num site de compartilhamento de filmes. Não faço ideia também se foi realizado antes ou depois de OS MERCENÁRIOS 2, mas uma coisa é certa, se foi depois, com certeza a experiência de ter trabalhado com o Stallone lhe rendeu alguma melhora na construção de cenas mais movimentadas. Há uma sequência de carros em alta velocidade que é um primor. Dito isso, STOLEN é tão ruim, mas tão ruim nas mais diferentes formas possíveis, que não vale a pena nem gastar tempo explicando. Os problemas vão desde o roteiro até à atuação do Nicolas Cage, cuja canastra geralmente me diverte, mas aqui chega a dar vergonha alheia. Enfim, é terrível. Mas, como um bom otimista que sou, tenho a impressão de que se o West souber escolher melhor seus roteiros, poderá futuramente preparar alguns exemplares de ação com um nível bem melhor que este aqui.

26.2.12

OSCAR 2012

Pois é, não tenho escrito sobre filmes das últimas safras aqui no blog, mas não tenho deixado de conferir alguns exemplares. E pode parecer o contrário, mas eu gosto do Oscar, acompanho todo ano e me divirto bastante torcendo para os meus favoritos. É claro que não tive saco pra ver todos os indicados a melhor filme, mas aqui vão umas pequenas impressões daqueles que assisti e que concorrem ao prêmio principal da Academia:


O ARTISTA: Um dos grandes favoritos ao prêmio principal é este filme francês que virou hit internacional desde sua primeira apresentação no Festival de Cannes do ano passado e até então vem abocanhando vários prêmios importantes. Filmado em preto e branco e sem diálogos, O ARTISTA conta a história de um ator do cinema mudo cuja carreira vai ao fundo do poço com a transição para o cinema sonoro. É um trabalho muito bonito, com roteiro bem construido, bem dirigido, um protagonista interessante, vivido com muita inspiração pelo ator francês Jean Dujardin, que deve ser agraciado com o prêmio de melhor ator. Enfim, gosto do filme e recomendo, vale uma espiada. mas não morro de paixões como muita gente tem feito.

UPDATE DEPOIS DO OSCAR: Sem grandes surpresas, O ARTISTA levou mesmo o prêmio.

OS DESCENDENTES: Que filminho... Com trinta minutos eu já estava querendo jogar a toalha. É o típico produto de roteirista pretensioso se achando cool, mas, na verdade, beira o insuportável. Pessolamente, não há praticamente nada que me atraia por aqui. A única coisa que presta é a atuação do George Clooney, uma de suas melhores, ameaçando a estatueta do Dujardin de melhor ator. Só assisti porque o filme vem sendo cotado como um dos favoritos ao prêmio principal… mas seria um equívoco tremendo premiar OS DESCENDENTES na minha opinião.


A INVENÇÃO DE HUGO CABRET: É o meu favorito da noite! Talvez o melhor do Scorsese desde GANGUES DE NOVA YORK, e para os verdadeiros amantes do cinema há um sabor muito especial, um emocionante tributo à sétima arte, à necessidade de se preservar a história do cinema, à George Mèlies e aos diretores pioneiros, tudo isso narrado como uma simples aventura infantil que se revela um universo de homenagens que poucos diretores atuais teriam capacidade de realizar. E temos em cena o imortal conde Drác… ops, o Christopher Lee em uma bela participação. HUGO foi o que recebeu o maior número de indicações no Oscar deste ano, onze no total. É uma pena que não deve receber o prêmio de melhor filme (recebeu melhor diretor no Globo de Ouro, mas acho que não vai se repetir aqui) e vão compensar essa “falha” com vários prêmios técnicos os quais também merece (o som e o visual são espetáculos que impressionam). Mas, se eu tivesse esse poder, HUGO levaria brincando o prêmio da Academia de melhor filme!

MEIA-NOITE EM PARIS: Vocês sabem qual foi o último filme do Woody Allen a ser indicado ao Oscar de melhor filme? HANNAH E SUAS IRMÃS, de 1986. Então porque só agora um trabalho do sujeito volta a ser indicado ao prêmio máximo? Não é de agora que Woody voltou a fazer bons filmes, aliás, ele chegou mesmo a ter uma fase de vacas magras? Provável que alguns de seus exemplares dos anos 70 e 80 sejam superiores, mas Woody Allen nunca deixou de ser um diretor significativo e até hoje mantém uma média alta de filmes bons. E pra quem faz dois filmes por ano, isso é muita coisa. Dito isso, MEIA-NOITE EM PARIS é mais um ótimo filme do Woody, com um roteiro sublime, uma história mágica e elenco perfeito. Se ganhar, fico feliz!


A ÁRVORE DA VIDA: É um belíssimo trabalho do Terrence Malick, sobre… er, o que mesmo? A relação da energia cósmica do universo com a origem da vida? Bom, não importa, a tarefa de interpretar o complexo conteúdo filosófico da obra eu deixo para os críticos de verdade, mas é aquele tipo de filme que pode “falar” de várias maneiras diferentes para cada espectador. E da mesma maneira que alguns vão adorar, outros vão achar uma tremenda porcaria pretensiosa… Eu adorei! Visualmente expressivo, é uma experiência sensorial como poucas vezes tive dentro de uma sala de cinema nos últimos anos, um deleite para os olhos. Não seria nada mal se levasse a estatueta de melhor filme pra casa.

CAVALO DE GUERRA: Spielberg sabe ser mala quando quer e a forma como conta a historinha de um cavalo que passa por um bocado de situações durante a Primeira Guerra é de uma pieguice incomensurável! Tem umas cenas bonitas visualmente e até deve ter acertado em cheio certo público e crítica - teve gente que chegou a comparar Spielberg a John Ford. Façam-me o favor! CAVALO DE GUERRA não deve durar muito e daqui a pouco vai estar no limbo ao lado de AMISTAD e HOOK, os piores filmes do Spielberg. Onde foi parar o diretor de MUNIQUE?! A única cena que gostei: O encontro do soldado americano com o soldado alemão na zona de guerra. O resto pode ir pro lixo.

TÃO FORTE E TÃO PERTO; HISTÓRIAS CRUZADAS; O HOMEM QUE MUDOU O JOGO: Me desculpem se alguém gostou de algum desses aqui, mas eu escolhi boicotá-los. Nenhum deles me atraiu, mesmo sendo indicados ao prêmio máximo. Portanto, não os vi e provavelmente não os verei.

22.1.10

Filmes recentes...

Meu tempo de dedicação ao blog anda bem curto, por isso a falta de atualização com textos maiores, mas vou arriscar algumas palavras do que tenho visto neste primeiro mês de 2010 dentre os filmes novos. Fui ao cinema com a patroa assistir ao mais recente Guy Ritchie, SHERLOCK HOLMES. Como defensor confesso do cinema do ex-marido da Madonna, apesar de tantos detratores, saí um pouco decepcionado da sessão. Não que o filme seja ruim, mas não está a altura de seus melhores trabalhos. É uma boa diversão e só. Quem ganha muito com isso é Robert Downey Jr. que aproveita um bocado o momento para fazer o que sabe melhor (e que o público tem adorado): mais uma variação do mesmo personagem...

Assisti também a BLACK DYNAMITE, que é uma delícia de filme e merecia um post a parte. Fica a recomendação. 500 DIAS COM ELA tive que ver com a patroa, não faz muito o meu gênero, mas é bem simpático. Mas um filme que quase me colocou de joelhos foi HARRY BROWN, do estretante Daniel Barber, uma investida séria e bastante atual ao subgênero “Vigilante”, no melhor estilo de DESEJO DE MATAR, estrelado por Michael Caine, magnífico como o protagonista vingador que resolve pegar pesado com os meliantes de seu bairro após assassinarem seu único e velho amigo. Caine demonstra que não perdeu a intensidade como cabra durão apesar da idade, como fazia nos anos 70 com atitude e estilo. Certo, o filme não é nenhuma obra prima e perde muito de sua força à medida que caminha para o final, mas basta sua primeira metade para colocá-lo entre os melhores visto (até agora).

8.11.09

Filmes recentes...

TETRO (2009), de Francis Ford Coppola

Isso sim eu chamo de um verdadeiro retorno (E não o YOUTH WITHOUT YOUTH, de 2007)! Coppola coloca muito sentimento neste belíssimo trabalho e filma com o coração. Tetro (Vincent Gallo) é um escritor que resolveu cortar ligações com sua família, cujo pai é um grande maestro, e foi viver na Argentina, até que, passado alguns anos, recebe a visita de seu irmão mais novo que possui uma fixação enorme no mais velho. E é claro que isso vai gerar muita reação em torno dos personagens, com todo o passado intocado e misterioso que Tetro procurou esquecer e esconder voltando à tona...

Fotografado num preto e branco lindíssimo, com alguns momentos coloridos e beirando ao surrealismo, o visual, no cenário argentino, acaba sendo um dos grandes destaques do filme, mas desta vez a estória também possui um grande valor, um drama familiar muito bem conduzido por Coppola. É o primeiro roteiro original que o diretor escreve desde A CONVERSAÇÃO, de 1974, e resgata alguns temas auto biográficos. Provavelmente seu projeto mais pessoal. TETRO é tocante, dos melhores que o diretor já fez em muito, muito tempo e um dos meus favoritos de 2009.

MOON (2009), de Duncan Jones

Aquele poster todo retrô não estava para brincadeira. MOON é ficção científica das boas, essencialmente à moda antiga e se inspira na maior sci fi de todos os tempos, 2001 – UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO, de Staley Kubrick, para narrar a estória de um astronauta solitário que trabalha numa estação espacial lunar depois que desenvolveram uma nova fonte de energia extraída do nosso satélite natural.

O filme é surpreendentemente simples e muito bem sustentado por Sam Rockwell interpretando o astronauta visto em praticamente todas as cenas. Mexe com questões atuais, mas os efeitos especiais discretos e o visual minimalista e retrô reforçam ainda mais o tom “kubrickiano” do filme, principalmente com a presença de GERTY, uma espécie de HAL atualizado para os nossos dias e que Kevin Spacey empresta a sua voz.

OS SUBSTITUTOS (Surrogates, 2009), de Jonathan Mostow

Fraquinho como entretenimento, mas não tão ruim quanto eu imaginava, e consegue colocar pra refletir um bocado sobre algumas questões (nem que seja durante o filme, ou uns 5 minutos após, porque depois disso OS SUBSTITUTOS já se torna descartável). No futuro as pessoas não saem mais de casa. Ao invés disso, utilizam andróides que são verdadeiras imagens projetadas da maneira como uma pessoa gostaria de ser vista. Bruce Willis, por exemplo, é um agente da CIA tentando resolver um caso. Ele é velho, barrigudo e feio, mas seu “substituto” – como são chamados – tenta parecer um galã de cinema com um cabelinho ridículo.

Mas não é exatamente isso que acontece hoje com a internet, sites de relacionamentos, Second Life e salas de bate papo virtual? Quem te garante que a pessoa que se descreve como uma morena, linda, olhos cor de mel e se chama Joyce num chat, não é na verdade um sujeito gorducho, careca, querendo sacanear com uns trouxas? É, isso acontece...

O CAÇADOR (The Chaser, 2008), de Na Hong-jin

Meu amigo Herax, sempre antenado, já havia nos alertado sobre esse filme coreano há tempos, mas acabei deixando passar. Agora que começaram a comentar sobre ele é que resolvi conferir. É um filme impressionante sobre um ex-policial que virou cafetão e precisa dar uma detetive quando algumas de suas “empregadas” começam a desaparecer.

A narrativa é bem intensa e frenética, tudo é muito bom, mas é um pouco longo e chega em um determinado ponto que eu precisei dar umas bocejadas. Mas nada que incomode. O ator Kim Yun-seok, que faz o cafetão, é um puta ator e a atmosfera de violência marca bastante. O final é de deixar qualquer espectador indignado (no bom sentido).

THE SNIPER (2009), de Dante Lam

Bem mais ou menos este aqui, um filme policial focado em três atiradores de elite. Um instrutor da polícia, seu aprendiz e o vilão, um ex-policial que agora joga no outro time. As intenções do diretor até que são boas, mas ele parece meio perdido entre quais dos três personagens deve dar mais atenção, acaba tudo muito vazio, por mais que se tente construir detalhes que acrescente algo a eles. Algumas sequências de ação são muito boas e é a única coisa que presta mesmo no resultado final. Não chega a ser ruim, mas poderia ser bem melhor.

Hoje ainda devo assistir ZOMBIELAND. Depois digo o que achei.

29.8.09

Filmes recentes...

Alguns filmes da nova safra que eu andei vendo, começando com esta belezinha chamada THE HURT LOCKER (2008). Precisou de uma visão feminina para sair um filme realmente bom sobre a guerra do Iraque, talvez porque Kathryn Bigelow não esteja tão preocupada em denúncias ou panfletagens, é mais provável que seu sucesso seja porque o núcleo narrativo se concentra apenas no drama dos homens que estão lá realizando seus trabalhos. É uma visão muito interna da guerra. Basicamente, o enredo se resume em documentar a rotina de um esquadrão anti bombas do exército americano em Bagdá, um trabalho que coloca em risco a vida de muitos homens, principalmente quando um dos protagonistas do filme, um perito em desarmar bombas, é um sujeito que está pouco se lixando em correr riscos desnecessários. Bigelow trabalha o tema minuciosamente, mas as seqüências nunca caem para o didatismo de uma forma negativa, ela utiliza esta ferramenta para criar uma atmosfera de tensão das mais eficazes e a cada bomba desarmada ou situação que envolva uma carga de ação se torna uma verdadeira aula de cinema. Melhor e o mais ousado filme sobre a esta guerra estúpida.

G.I. JOE - A ORIGEM DO COBRA (2009), baseado nos bonecos que eu brincava quando ainda era moleque, é diversão abobalhada. Poderia ter se saído muito melhor? Talvez, mas poderia ser bem pior também. O roteiro é o clichezão de sempre, com um cientista maluco, uma poderosa arma em mãos, uma base/esconderijo submarino e o grupo de heróis tentando salvar o mundo. Os diálogos são fraquíssimos, há um excesso de flashbacks para encher lingüiça, os atores são ruins, mas e daí? o bom é que é rápido, tem muita ação, climão de desenho animado dos anos oitenta, sem muita frescura. Toda a sequência de ação em Paris é bem bacana. Desligue o cérebro um bocado e divirta-se.

SE BEBER, NÃO CASE (The Hangover, 2009) conta a estória de quatro sujeitos que vão à Las Vegas para realizar a despedida de solteiro de um deles. Acordam no outro dia sem se lembrar de nada e justamente o futuro marido está desaparecido. Os outros três terão que reconstruir os fatos da noite anterior para entender o que aconteceu e encontrar o amigo sumido. E aí se vão 100 minutos de situações engraçadíssimas envolvendo, entre tantas coisas, um bebê, uma striper, um tigre, um japonês mafioso que sai pelado de dentro do porta malas e até mesmo o Mike Tyson! Além do ótimo roteiro, o elenco é outro grande destaque. Uma das melhores comédias que eu vi este ano.

Os dois últimos filmes que eu irei comentar são exatamente o extremo oposto um do outro. TOKYO SONATA (2008) é um grande filme, último trabalho do mestre Kiyoshi Kurosawa, um dos meus diretores orientais favoritos ainda em atividade ao lado de Takashi Miike, Takeshi Kitano, Tsai Ming Liang, Ji-woon Kim, Johnnie To e alguns outros que eu não devo estar me lembrando. No filme, Kurosawa desconstrói uma família japonesa a partir dos conflitos internos de cada membro, como o pai, por exemplo, que perde o emprego e tenta manter escondido da mulher e dos dois filhos.

O que me impressiona nos filmes deste cara, além da estética apurada, é como ele possui uma maneira tão singular de fazer cinema, independente do material. Um drama familiar com este aqui possui os mesmos elementos e estilo narrativo que “seus” filmes de terror. E “seus” é com aspas mesmo, porque os filmes de terror de Kurosawa possuem características que o diferem de qualquer outro diretor, exatamente porque não utiliza os elementos que o cinema de terror costuma utilizar. Posso até estar exagerando, mas arrisco a dizer que o grande nome do horror atual é o de Kiyoshi Kurosawa. Mas isso é argumento para uma análise mais aprofundada que eu não pretendo fazer e nem poderia. Sobre TOKYO SONATA ainda, só digo que é um dos melhores filmes de 2009, sem duvida alguma.

E se o filme acima é um dos melhores do ano e este aqui é extremo oposto, então já deu pra sacar qual é a do MEGA SHARK VS GIANT OCTOPUS (2009). Não, infelizmente desta vez não é o caso de filme que de tão ruim chega a ser bom. E olha que eu adoro as tralhas que de tão toscos, mais divertidos e engraçados ficam. Aqui a coisa é feia! Tem que ser muito, mas muito fã da produtora The Asylum para gostar de uma bagaceira como esta. Mas vamos lá. Eu não ligo para as atuações péssimas (Lorenzo Lamas e Debbie Gibson?! Demais!), nem para os furos e estupidez de roteiro, muito menos para efeitos especiais horríveis, estilo o seriado do Hércules que passavam no SBT. O problema é que o filme simplesmente não cumpre o que promete! O título já supõe que os dois animais se enfrentarão, mas a batalha praticamente não acontece, é pura enrolação durante todo o filme, e quando finalmente parece que vai ter o quebra pau, antes que você consiga dizer “papibaquígrafo”, a luta já acabou. Claro que a Asylum, não ia conseguir bancar o filme que eu pensava que seria, mas não imaginei que chegasse a este ponto.

Mas nem tudo está perdido. Ao mesmo tempo em que temos aqui um dos piores filmes do ano, temos também uma das cenas mais geniais e que pode ser visto no vídeo abaixo. Enjoy, folks!

9.8.09

O EXTERMINADOR IMPLACÁVEL (Wanted: Dead or Alive; 1987), de Gary Sherman

Sorry folks, mas uma atualização teria que acontecer, não é mesmo? Embora esteja me dando uma pena danada atualizar o blog. O que ocorreu no último post foi algo único e que eu nunca poderia imaginar que um dia fosse acontecer. Mas vamos seguir em frente. A boa notícia é que vai rolar uma entrevista exclusiva com o Albert Pyun em breve. Então aguardem!

E para justificar este post “estraga prazer”, vou falar ao menos um pouco do único filme interessante que eu assisti nos últimos dias, trata-se de O EXTERMINADOR IMPLACÁVEL, uma releitura contemporânea de um seriado de faroeste estrelado por Steve McQueen do inicio dos anos 60. Aqui o Rutger Hauer interpreta um ex-agente da CIA, agora trabalhando como caçador de recompensas urbano, e que é escalado para a perigosa missão de capturar um perigoso terrorista árabe, encarnado pelo Gene Simmons, integrante da banda KISS.

O roteiro dá para o gasto, a direção do Gary Sherman é excelente e Hutger Hauer aproveita para se entregar a um personagem fodão interessantíssimo. Tudo isso compensa um ponto que me incomodou um bocado: o filme tem pouca ação. Estamos nos anos oitenta aqui, período dos filmes de ação desenfreados e exagerados, é claro que isso não é item obrigatório para aumentar o nível de alguma obra, tanto que vários filmes da época são excelentes, cuja ação é discreta, realista e sem exageros, como é o caso de VIVER E MORRER EM LA, por exemplo. Mas um pouquinho mais de ação não ia fazer mal a O EXTERMINADOR IMPLACÁVEL. Mas tudo bem, como eu disse, outros atributos compensam este pequeno detalhe e não deixa de ser um filme bem melhor do que 90% do que é feito atualmente dentro do gênero.

Ps: acabei esquecendo de avisar, mas nunca é tarde; o mês de agosto no Dia da Fúria é dedicado ao diretor chileno Alejandro Jodorowsky. Imperdível! Não deixem de prestigiar.

16.7.09

Meus oscarizados favoritos...

Post meio bobo este aqui, mas já que o Oscar 2010 de melhor filme será disputado por dez filmes, segue uma lista dos meus dez vencedores favoritos (em ordem cronológica):

COMO ERA VERDE O MEU VALE (How Green Was My Valley, 1941), John Ford:
Longe de ser um dos melhores filmes do diretor, mas foi o único trabalho de Ford que abocanhou o prêmio principal, e justamente no mesmo ano em que CIDADÃO KANE participava. Claro que não é só por isso que o filme entra na lista; realmente é uma obra danada de bonita e comovente, repleto do que há de melhor no cinema fordiano em grande proporção, contando o drama de uma família numa vila de mineradores de carvão em tempos árduos.

SINDICATO DE LADRÕES (On the Waterfront, 1954), Elia Kazan:
O primeiro Oscar de melhor ator que Marlon Brando recebeu foi interpretando Terry Malloy, um ex-boxeador ingênuo usado pelo sindicato das docas para fazer serviços sujos. Clássico absoluto que denuncia a corrupção na cara dura, além de ser uma justificativa pessoal do diretor a respeito das delações que fez à Comissão de Inquérito do Congresso contra seus colegas do Partido Comunista. Conta ainda com um elenco dos mais interessantes: Lee J. Cobb, Karl Malden (que morreu recentemente), Rod Steiger, Eva Marie Saint. A cena do carro onde Terry põe para fora todas suas amarguras, apesar das palhaçadas de Brando nos sets de filmagem, demonstra o potencial de um dos melhores atores que o cinema conheceu.

LAWRENCE DA ARÁBIA (Lawrence of Arabia, 1962), David Lean:
Se eu pedir para vocês pensarem num filme que transcorra num deserto, aposto que o primeiro que surge em mente é este belíssimo trabalho de Sir David Lean. Se isso não acontece, provavelmente é porque você ainda não assistiu, pois é difícil de esquecer as imagens hipnóticas tão bem filmadas das paisagens desérticas, a fotografia de Freddie Young, o acompanhamento sonoro de Maurice Jarre, e muitos outros aspectos interessantes de LAWRECE DA ARÁBIA. Peter O’Toole deu sangue (literalmente) para dar vida a T.E. Lawrence, oficial inglês de grande importância na Primeira Guerra Mundial lidando com os árabes, além de ser um personagem extremamente ambíguo e complexo. O elenco ainda se destaca por grandes momentos de Omar Sharif, Alec Guinness, Anthony Quinn, Claude Rains e José Ferrer.

PERDIDOS NA NOITE (Midnight Cowboy, 1969), John Schlesinger:
Começando com o velho clichê: este aqui é o primeiro filme com classificação X a ganhar o prêmio principal no Oscar. Era o período de grandes mudanças no cinema americano e PERDIDOS NA NOITE é um dos mais significativos. A trama já parte de uma premissa ousada sobre um sujeito do interior do Texas (Jon Voight) que vai à cidade grande com o objetivo de se tornar gigolô. Não tem muita sorte, mas acaba fazendo amizade com Ratso Rizzo (Dustin Hoffman), um típico vagabundo do submundo que alimenta o sonho de morar na Flórida. O filme concentra a atenção na relação destes dois seres estranhos, solitários e perdidos e Hoffman e Voight contracenando é uma das grandes maravilhas do cinema. Mas a ótima direção de John Schlesinger também merece destaque pelos momentos visuais incríveis e realistas, em alguns momentos dialogando com os drugsploitations da época. Até hoje me impressiona o fato ter levado o prêmio.

OPERAÇÃO FRANÇA (The French Connection, 1971), William Friedkin:
Outro filme nada convencional que recebeu o Oscar de melhor filme. E um filmaço de grande importância, diga-se de passagem! Um dos principais exemplares que definiu o cinema policial americano que buscava realismo e crueza, influenciou os poliziotteschi italianos e apontou William Friedkin como um dos grandes mestres na arte da direção. A trama gira em torno de dois detetives, Popeye Doyle (Gene Hackman) e Buddy Russo (Roy Scheider), que investigam um esquema de tráfico de drogas que envolve uma quadrilha francesa, cujo líder é interpretado por ninguém menos que o grande ator espanhol Fernando Rey. A trama é bem simples, mas é a direção magistral, a construção atmosférica, a fotografia granulada de Owen Roizman, as atuações perfeitas de Hackman e Scheider que tornam OPERAÇÃO FRANÇA um dos meus preferidos da lista.

O PODEROSO CHEFÃO (The Godfather, 1972), Francis Ford Coppola:
Nem gosto muito de comentar sobre este. O que dizer? É um filme tecnicamente perfeito em todos os sentidos, anacrônico, com atuações marcantes de um elenco notável e possui incontáveis cenas antológicas e inesquecíveis. Embora meu filme de máfia preferido ainda seja ERA UMA VEZ NA AMÉRCA, é inegável a sua importância e totalmente justa a reverência que quase todos fazem ao filme. Queria colocar a segunda parte na lista, mas aí seria exagero e teria que tirar algum outro desses que tanto adoro, mas fica a consideração de ser um grande filme também.

NOIVO NEURÓTICO, NOIVA NERVOSA (Annie Hall, 1977), Woody Allen:
Para quem não sabe, sou um tremendo fã de Woody Allen, principalmente da fase do final dos anos 70 e inicio dos 80, quando o sujeito realizou alguns de seus melhores filmes em um curto espaço de tempo, como este aqui, MANHATTAN e sua obra prima máxima: MEMÓRIAS. Dificilmente teremos comédias entre os vencedores do Oscar. Allen conseguiu esta façanha com um roteiro genial sobre um comediante neurótico, interpretado por ele mesmo, claro, que se apaixona por uma cantora de night club, a Annie do título, interpretada por Diane Keaton, uma moça muito mais problemática que ele. Daí se desenrola situações que vão do humor negro às mais hilariantes passagens, recheadas com suas frases impagáveis.

O FRANCO ATIRADOR (The Deer Hunter, 1978), Michael Cimino
Belezura de filme de um dos diretores americanos mais visionários que já colocou os pés num set de cinema. É o meu filme preferido da lista e que me abriu os olhos para um específico cinema americano e as suas possibilidades (e que poucos diretores conseguiram atingir), eu poderia gastar uns dez parágrafos falando das qualidades do filme, mas não é o objetivo agora. Só destaco a cena em que Robert de Niro e Christopher Walken, prisioneiros de guerra no Vietnã, praticam roleta russa sob a mira das metralhadoras dos vietcongs. Existe alguma cena mais tensa do que esta no cinema americano? Alguém se arrisca?

OS IMPERDOÁVEIS (Unforgiven, 1992), Clint Eastwood:
Clintão já havia botado respeito com filmes mais sérios que mudaram a cara de sua carreira como diretor com filmes como BIRD e CORAÇÃO DE CAÇADOR, até que fez este magnífico trabalho, um western de construção clássica no qual homenageia seus mestres, Sergio Leone e Don Siegel, além de ser a obra definitiva sobre a desmistificação do herói do faroeste americano. No elenco, além do próprio Clint, Gene Hackman, Morgan Freeman e Richard Harris dão um espetáculo de interpretações. Poucas vezes o Oscar fez uma escolha tão acertada ao premiar um filme.

ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ (No Country for Old Men, 2007), Joel e Ethan Coen:
Depois de dois fiascos lamentáveis, os irmãos Coen demonstraram que ainda estão no páreo entre os grandes diretores americanos atuais. Este aqui é um monumento, contém todos os elementos que fizeram o cinema dos irmãos e muito mais. Personagens brilhantemente construídos, uma secura totalmente inesperada, direção puramente cinematográfica com domínio total do tempo, dos espaços, do valor de cada corte... E nem precisava, mas vamos lá: Javier Barden como o assassino psicopata já está se tornando um clássico!

24.4.09

CANNES 2009

A lista do Festival de Cannes está um primor este ano, principalmente para os fãs do cinema físico e fantástico! Dá só uma olhada nessa seleção:

DAS WEISSE BAND, aka THE WHITE RIBBON, de Michael Haneke: Boto fé no diretor de FUNNY GAMES, A PROFESSORA DE PIANO e CACHÈ (mas recomendo também o 71 FRAGMENTS OF A CHRONOLOGY OF CHANCE, que já não é tão conhecido, mas é um de seus melhores trabalhos). Este seu novo filme vai se passar no início do século passado, ambientado numa escola rural no norte da Alemanha onde estranhos eventos acontecem envolvendo rituais de castigo. Segundo o imdb, Haneke questiona sobre como isso tudo afeta o sistema escolar e como a escola teve influencia sobre o fascismo.

ANTICHRIST, de Lars Von Trier: Aquela imagem que postei aqui no blog outro dia e o trailer que saiu recentemente deixa tudo bem claro: filme de horror puro com visual pictórico e tudo indica que a coisa vai ser de arrepiar! Temos Willen Dafoe e Charlotte Gainsbourg vivendo um casal com problemas que se refugiam numa cabana no meio da floresta. Não quero nem ficar imaginando o que o dinamarquês maluco vai aprontar com esses dois...

VENGEANCE, de Johnny To: Esse é mais que óbvio. Qualquer filme do To, independente de estar em festivais ou não, é motivo para comemoração. Ainda mais com um roteiro que, tudo indica, vai conter um assassino francês (Johnny Hallyday) em busca de vingança, universo da máfia mais uma vez servindo de cenário e bastante ação naquela genialidade de trabalho de câmera e composições que só o To sabe fazer atualmente!

THIRST, de Park Chan-wook: Não sei muito o que esperar deste aqui, na verdade. Park narrando uma estória de vampiros, provavelmente vai sair algo bom. Minha expectativa está bem alta pelo menos. O negócio é que fiquei um pouco decepcionado com o LADY VINGANÇA e nem tive coragem ainda de assistir I’M A CYBORG, BUT THAT'S OK. O trailer me deixou bastante animado, vamos aguardar...

INGLORIOUS BASTERDS, de Quentin Tarantino: Acho que nem precisa de apresentações. Um dos filmes mais aguardados do ano!

TAKING WOODSTOCK, Ang Lee: Não consegui nem ver ainda o LUST, CAUTION, algo que vou tentar corrigir nos próximos dias, mas Lee já retorna com uma comédia no mínimo interessante, uma espécie de origem histórica do Woodstock, festival que definiu uma geração nos anos 60, contada sob o ponto de vista de um rapaz que trabalha no motel de seus pais. Muito Rock, hippies, e aquele visual lisérgico dos anos 60.

SOUDAIN LE VIDE, aka ENTER THE VOID, de Gaspar Noé: O diretor de IRREVERSÍVEL retorna com um projeto que eu não faço a menor idéia do que se trata, e também prefiro deixar assim e descobrir na hora em que estiver assistindo. Mas só pelas imagens que saíram dá pra perceber que, pelo menos no visual, o sujeito continua apurado (sim, eu adoro seus filmes anteriores)! Desde 2002, que Noé não lança um longa metragem. Vocês podem encontar várias fotos do filme aqui.

E ainda teremos os novos de Pedro Almodóvar, Marco Bellocchio, Ken Loach, Tsai Ming-liang, Alain Resnais e outros...

Fora de competição, eu gostaria de estar lá (vai sonhando) pra conferir THE IMAGINARIUM OF DOCTOR PARNASSUS, do Terry Gilliam, definitivamente o ultimo filme com participação do Heath Ledger. Além de DRAG ME TO HELL, novo trabalho do Sam Raimi e MOTHER, do Bong Joon Ho, o mesmo de THE HOST.

2.2.09

vampiros e elefantes...

Acabei não postando a segunda parte da filmografia do Fuller por "problemas técnicos", mas uma hora vai...

Fim de semana assisti A DANÇA DOS VAMPIROS (67), do Roman Polanski. Ainda preciso ver muita coisa dele das décadas de 60 e 70. Só assisti os mais famosos: REPULSA AO SEXO, O BEBÊ DE ROSEMARY, CHINATOWN, etc. Gostei bastante dessa comédia macabra de forte apelo visual (algo parecido com alguns Bavas coloridos da década de 60) onde temos um professor canhestro e seu ajudante medroso (o próprio Polanski) às voltas com uma família de vampiros na Transilvânia, repleto de gags que se baseiam nos clichês dos filmes de vampiros. Uma forma inteligente de homenagear o gênero... Ah, e ainda tem a Sharon Tate, estonteante e arrebatadora em todos os momentos que aparece no quadro.

Assisti também mais um filme do Clintão, tentando preencher as lacunas do diretor que ainda me restam. Mas faltam poucos agora. CORAÇÃO DE CAÇADOR (90) me pareceu um dos melhores filmes do diretor e é impossível não voltar ao velho tema da direção clássica que ele tanto prega, mas vou tentar... Eastwood está excelente no papel do diretor egocêntrico que fica obcecado por caçar um grande elefante nas savanas africanas deixando as filmagens de seu novo filme em segundo plano. A real é que essa história tem traços biográfico que pertencem ao diretor John Huston quando foi à África realizar UMA AVENTURA NA ÁFRICA, de 1951, um de seus filmes mais famosos. Belíssimos os planos finais do confronto do protagonista com o imenso elefante, o homem x natureza, a tragédia visceral... e a maneira de fechar o filme com a palavra “ação” é genial. Simples, sem excessos, consciente...

14.1.09

últimos filmes...

O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON (2008), de David Fincher: Era o meu favorito daquela premiaçãozinha cretina que ocorreu no último domingo, tendo em vista que GRAN TORINO e THE WRESTLER não concorreram ao prêmio principal. Mas este aqui também é muito bom, do mesmo nível que estes dois. Lógico que é infinitamente melhor que SLUMDOG (acho que já virei o maior detrator do filme do Danny Boyle). É uma espécie de conto de fadas para adultos, brilhantemente conduzido pelo David Fincher e com roteiro de Eric Roth (o mesmo de FORREST GUMP, e já até começaram as comparações entre os dois filmes...) adaptado de um conto escrito em 1922 por F. Scott Fitzgerald sobre um sujeito que nasce velho e vai rejuvenescendo na medida em que cresce. A partir dessa premissa bizarra, Fincher constrói uma trama riquíssima em detalhes que além de manter a atenção do público integralmente, consegue induzir a reflexão sobre o tempo e a morte (ou a vida). Me peguei pensando nessas questões ainda horas depois que filme havia acabado. A maquiagem e o visual são muito interessantes, um belo exemplar de como recriar mundos e corpos artificiais de maneira funcional. Haja photoshop!

MILK (2008), de Gus Van Sant: Este aqui também é outro que poderia estar entre as categorias principais, mas foi ignorado. Porque não é só de Sean Penn que o filme sobrevive. Claro que o sujeito está excelente interpretando Harvey Milk, o primeiro político assumidamente gay eleito nos Estados Unidos, mas a direção de Gus Van Sant também é ótima! É a mistura, que uma hora aconteceria, entre aquela linguagem experimental iniciada em GERRY com a convencional da época de GÊNIO INDOMÁVEL. Uma coisa de alto nível para o “padrão Hollywood”. Principalmente com a fotografia maravilhosa do Harris Savides. O elenco é de primeira e conta com James Franco, Emile Hirsch, Josh Brolin, Diego Luna e outros que também merecem destaque. A trama acompanha o protagonista desde a época em que decide mudar de vida com seu bofe, aluga um canto na Rua Castro (bem sugestiva), em San Francisco, e inicia modestas campanhas políticas, manifestações em favor dos direitos homossexuais até se tornar um político de verdade. É um bom panorama sobre o tema nos anos setenta nos Estados Unidos e Sean Penn está sensacional, mas ainda assim, prefiro o personagem mais humano de Mickey Rourke em THE WRESTLER.

A TROCA (2008), de Clint Eastwood: Como prometido, levei a minha pequena ao cinema. Só Não entendi qual foi a dos críticos em meter o pau neste filme. Na verdade, entendi sim, mas não concordo. O problema seria a falta de equilíbrio e o foco, já que no meio de uma trama nasce outra, talvez com maior peso que a primeira. Ok. Isso de fato acontece. Inicialmente, o filme trata de uma mãe (Angelina Jolie, demonstrando que pode ser ótima atriz quando trabalha com o diretor certo) cujo filho foi seqüestrado, acaba desconfiando que o garoto que a policia encontrou e “devolveu” não se trata da mesma criança que deveria ser seu filho. Aí surge uma história paralela, uma investigação policial sobre um serial killer de crianças, que obviamente faz ligação com a outra história. Bom, é certo que nas mãos de outro diretor, o filme seria uma bagunça cheia de excessos, mas estamos falando do velho Clint. O sujeito conduz da mesma forma segura, clássica, com força narrativa como em qualquer outro filme seu e tudo flui muito bem. As suas mais de duas horas de duração passam tranquilas e o resultado é um filme belíssimo. A diferença é que, se não me engano, é o primeiro filme com ponto de vista feminino na filmografia do Clint. Mas isso também não é problema algum...

25.11.08

PINEAPPLE EXPRESS (2008), de David Gordon Green

Texto meio cretino para um filme que merece mais, mas tudo bem. Pineapple Express pareceu-me uma junção perfeita entre os roteiristas de Superbad com o diretor David Gordon Green, um dos poucos cineastas da sua geração que conseguem imprimir uma visão de autor dentro do cinema americano atual, independente do gênero em que trabalha. O que poderia então esperar de uma "comédia de drogas" recheada de piadas infames, muito tiroteio, explosões e pancadaria dirigida por um sujeito que sempre trabalhou com um modesto orçamento em filmes de grandezas puramente cinematográficas? A resposta é Pineapple Express, um filme que consegue ser engraçado sem ser asqueroso ou dispensável, e para os mais experimentados é visível as influencias do cinema politicamente incorreto dos anos setenta e oitenta em cada situação que os personagens de Seth Rogen e James Franco despencam (estes, aliás, estão excelentes) e possui ritmo e elementos suficientes para não deixar espectador algum bocejar.

3.11.08

Fim de semana fraquinho, acabei assistindo apenas dois filmes: Queime Depois de Ler (08) está mais para O Grande Lebowski que Matadores de Velhinhas e O Amor Custa Caro. Ufa! Que bom! Mesmo assim não deixa de ser um retrocesso depois do monumento Onde os Fracos não Têm Vez. O filme não é ruim, deixando bem claro, e o princípio que estabelece a narrativa é bem interessante partindo dos conceitos da espionagem, mas que se desdobra numa comédia de erros que fica entre a necessidade de ser um produto de humor comercial (e consegue bons resultados diante do publico, principalmente por causa dos diretores em questão e do elenco de estrelinhas) e a vontade de ser uma comédia de humor negro com ar de filme de autor. Acaba sendo uma mistura imperfeita, principalmente quando a primeira necessidade prevalece e temos, por exemplo, Brad Pitt se ridicularizando numa caricatura de sei lá o que, mas logo depois entra a segunda vontade, e a forma como retiram Pitt de cena é totalmente digna.

Badaladas à Meia Noite (65) é uma das maiores criações de Orson Welles, talvez somente abaixo, em sua filmografia, de A Marca da Maldade. O filme é uma compilação Shakespereana escrito pelo próprio diretor e modestamente financiado com dinheiro europeu, mesmo assim passa a impressão de grandiosidade, o cinema nas mãos de Welles é algo grandioso. A idade média é retratada com muita criatividade e domínio estético impressionante (uma fotografia barroca em preto e branco, com fios de luzes que entram pelas janelas e portas). A famigerada batalha que acontece no meio do filme é muito bem orquestrada e deixa qualquer Coração Valente ou Senhor dos Anéis no chinelo. Mas o ponto alto, uma das maiores antologias da obra de Welles, é a cena onde o príncipe/rei renega Falsfatt. Aliás, interpretado pelo próprio diretor, Falsfatt é a prova de sua maestria também como ator.

31.10.08

CONSCIÊNCIAS MORTAS (1943), de Willian A. Wellman

Bom filme o Consciências Mortas (43), de Willian A. Wellman, cuja reputação é totalmente justificável. Trata-se de um western com forte apelo ético, anti-linchamento, provavelmente levantou algumas sobrancelhas na época do lançamento. Hoje não funcionaria nem como panfleto, mas ainda induz à reflexão sobre leis e justiça (principalmente neste país de merda onde vivemos). Mas deixando de lado as questões sociais, sobra ao filme cinema de puríssima qualidade. São apenas 75 minutos, mas muito bem enxugados e que valorizam as composições visuais de Wellman, além de trazer no elenco grandes nomes como Henry Fonda, Dana Andrews e Anthony Quinn em bons momentos de suas carreiras.

29.10.08

INGLORIOUS BASTARDS (1977), de Enzo G. Castellari

Com Quentin Tarantino filmando neste momento a sua homenagem aos filmes de guerra, principalmente Inglorious Bastards (77), acabei parando pra assistir logo de uma vez este clássico do italiano Enzo G. Castellari, porque daqui a pouco a febre começa e vai ser cult ter assistido as referencias que o Tarantino coloca em seus filmes (Espero que entendam a minha ironia).

Mas o próprio Inglorious Bastards é uma homenagem declarada aos filmes de guerra e isso fica claro pela maneira que o roteiro aborda os clichês do gênero dosando humor e seqüências de ação exacerbadas, criando uma jornada onde os “bastardos sem glória” rumam ao calvário bélico. A história é repleta de situações elaboradas, o ritmo e o timing para as cenas de ação e comédia são perfeitos, mas no final das contas é a contagem de corpos que prevalece e Castellari se destaca nestes momentos, especialmente no final, quando resolve se soltar e filmar em câmera lenta as metralhadoras cuspindo chumbo, explosões desenfreadas e dublês “morrendo com estilo”. Uma coisa linda de se ver.

Recomendo o texto do Felipe M. Guerra em seu blog para saber muito mais sobre Inglorious Bastards.

27.10.08

Anotações sobre alguns filmes deste fim de semana:

A Última Amante (07) não é a Catherine Breillat que estamos acostumados, e isso na verdade pouco importa pra mim, principalmente por se tratar de um belíssimo filme sobre o amor irracional numa Paris do século XIX com bom uso da localização temporal, da recriação histórica, da estrutura narrativa. Mas tudo não passaria do convencional se não fosse Asia, a obra prima de Dario Argento. Breillat deposita toda a força de seu filme em Asia Argento, e esta, como vem fazendo a cada filme, corresponde à altura. O filme é a Asia com sua presença física de sensualidade expressiva e talento que não se esgota, de novo, assim como em Boarding Gate do Assayas e, provavelmente, deve ser em Go Go Tales do Ferrara.

Beau Travail (99) me lembrou os primeiros trinta minutos de Nascido para Matar do Kubrick, só que de uma maneira bem prolongada pra preencher os noventa minutos que o filme tem. O ritmo e a ausência de uma trama me incomodaram um bocado. Denis apresenta o cotidiano de um pelotão de legionários da maneira mais realista e distante possível e acho que até seria muito mais interessante se tivesse filmado um documentário com verdadeiros legionários, já que não há uma história definida, e a única preocupação parece ser em retratar o corpo humano. A fotografia é excelente e a presença do ator Denis Lavant garante bons momentos, mas não ocupam o vazio.

O nome é um tanto ridículo, mas Ainda me Chamam Campo Santo (71), de Giuliano Carnimeo, é um western spaghetti que me pegou de surpresa. Tem suas imperfeições, principalmente em questões técnicas de decupagem ou continuidade e essas besteiras que pouco importam num filme desse tipo, contanto que caminhe dentro do espírito do bom e velho western spaghetti e é exatamente o que acontece por aqui. Principalmente com a galeria variada de personagens marcantes e o tom de humor que às vezes excede um bocado, mas divertem tranquilamente. A cena que um sujeito tem o bigode “raspado” à bala já vale o filme.

John Huston coloriu O Pecado de Todos Nós (67) em tons de sépia que, a princípio, impressiona bastante. É um forte apelo estético que poderia ter a função de manter o deslumbre com as imagens de rigor extremo caso o filme tivesse pontos baixos. Não vem ao caso. O Pecado de Todos Nós é um dos melhores e mais ousados trabalhos de Huston. E não é só colocar um Marlon Brando interpretando um oficial homossexual reprimido, ou Elizabeth Taylor como sua mulher adúltera ou várias outras figuras traumatizadas e perturbadas. Mas é Taylor fazendo um striptease para provocar Brando sob o olhar dourado de Robert Foster, ou a cena onde ela chicoteia seu marido no rosto em frente aos convidados na festa. Pequenos detalhes que demonstram porque Huston era um dos grandes.

11.10.08

breves anotações

WALKABOUT (1971), de Nicolas Roeg: Uma das mais belas metáforas sobre a incomunicabilidade humana e, desta forma, sobre não exprimir os desejos. O diretor de Um Inverno de Sangue em Veneza documenta este pensamento através de uma fábula onde dois irmãos (uma adolescente e seu irmão pequeno) acabam perdidos no deserto australiano e encontram um aborígene que os salva e os ajuda nessa jornada de colisões entre dois mundos distintos num cenário naturalmente poético e visceral. Há um sutil elemento sexual que permeia sob alguns momentos - como não poderia deixar de haver - entre a jovem e o aborígene, mas Roeg apenas sugere, sem que algo concreto aconteça.

SERAPHIM FALLS (2006), de David Von Ancken: Western de primeira qualidade que não deixa nada a dever aos grandes filmes do gênero. Postei há algum tempo aqui no blog alguns screenshots que tirei quando assisti. Uma sucessão de composições estéticas que demonstra a força do cinema na arte do olhar, do vislumbrar, na mesma intensidade que suas irmãs mais velhas: a pintura e a fotografia. A história trata de uma caçada implacável onde temos Liam Neeson (e Michael Wincott e Ed Lauter) como caçador e Pierce Brosnan como caça sem que saibamos claramente o porquê dessa situação. À medida que a narrativa vai esclarecendo essa informação, através de flashbacks, o filme se transforma em um poético e emblemático conto cheio de metáforas. O desfecho me lembrou um western dos anos 70, Caçada Sádica, de Don Medford, onde Gene Hackman persegue Oliver Reed durante todo o filme e acabam desfalecendo num deserto.

MEDO DA VERDADE (2007), de Ben Affleck: Uma grande bobagem que tenta se levar a sério sob a forma de um neo noir meia boca. O que deveria ser a grande sacada – a história com seus desdobramentos e revelações inesperadas – não passa de um monte de fio embolado num roteiro que atira para todos os lados e utiliza artifícios fajutos que tentam desesperadamente prender a atenção do espectador, mas acaba demonstrando uma fragilidade irreparável e que poderia ser evitada caso seguisse um caminho mais definido e confiasse um pouco na inteligência do público. Ben Affleck na direção é sem graça da mesma forma que interpreta, resolveu não aparecer neste aqui para não piorar a situação, embora nem a presença de Ed Harris (a única coisa boa do filme) e Morgan Freeman consiga ajudar a salvar o dia.

TAKEN (2008), de Pierre Morel: A idéia central daria margem para mais uma entre tantas baboseiras genéricas do gênero que surgem em hollywood atualmente. Não que Taken seja lá uma obra prima, mas pelo menos cumpre aquilo que promete com firmeza, seriedade e sem frescura ao mesmo tempo em que se assume como uma obra limitada, mas divertida. Liam Neeson aqui é um ex-espião do governo americano, sujeito solitário que foi abandonado pela família por causa de seu trabalho, mesmo assim não deixa de dar atenção para a filha adolescente vivendo muito bem com a mãe agora casada com um milionário. Quando sua filha é seqüestrada numa viagem pra França, ele resolve utilizar suas modestas habilidades desenvolvidas durante os anos para resgatá-la, o que inclui experiência avançada com armas de fogo, faixa preta em vários tipos de artes marciais, direção automobilística super ofensiva e a frieza de matar sem remorso qualquer sujeito que entre na sua frente para impedi-lo.

7.10.08

RIGHTEOUS KILL (2008)

Eita filmezinho cretino. John Avnet é um diretor sem personalidade alguma e é muito triste ver dois excelentes atores como Robert De Niro e Al Pacino transformando-se em caricaturas deles mesmos numa trama policial porcamente construída, previsível e tão inútil que não serve nem como diversão.

Acho que está na hora de rever Fogo contra Fogo...