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25.10.09

UMA BALA PARA O GENERAL (El Chuncho, Quien Sabe?, 1966), de Damiano Damiani

Nada melhor que fechar o sabadão com um Spaghetti Western arrasador! Sabe aquele filme ou diretor que você sempre ouviu todos os amigos comentarem que é muito bom, que todas as resenhas que você lê sempre são positivas e percebe que está dando mole e ainda não viu uma das obras fundamentais de algum gênero que gosta? Pois então, é exatamente o meu caso com UMA BALA PARA O GENERAL, de Damiano Damiani. Não sei porque não havia assistido antes!

Trata-se de um exemplar do mesmo subgênero de VAMOS A MATAR COMPAÑEROS, que postei aqui no blog outro dia, o Zapata Western, filmes sobre revolução mexicana, etc. UMA BALA PARA O GENERAL transcorre justamente neste universo do México revolucionário e conta a estória de um jovem americano que se junta a um grupo de revolucionários, liderados por Chuncho, e ajuda na peleja contra as autoridades e no tráfico de armas entre os rebeldes. A princípio, o que o gringo parece almejar é dinheiro, mas a ambiguidade de seu olhar e da forma de agir conota objetivos obscuros, que ficam claros apenas ao final.

Os personagens principais são perfeitamente construídos, assim como um bom SW tem de ser pra deixar sua marca! E o elenco também auxilia muito nesse sentido. Gian Maria Volonté cai perfeitamente na pele de Chuncho, o líder da nobre causa mexicana e de uma sinceridade impressionante. O gringo, que é chamado de Niño, é vivido por Lou Castel, um sujeito frio, capitalista e certamente “não gosta da fruta”. Por último, um personagem que merecia mais presença em cena, mas no pouco que aparece Klaus Kinski registra seu momento com maestria encarnando o meio irmão de Chuncho. É um fanático religioso que acha que está participando de uma missão religiosa ao invés da libertação de seu país.

Damiani conduz um filme bem movimentado, com bastante ação e muito tiroteio, mas o aspecto humano nunca é ignorado. Chuncho, apesar de ser considerado um bandoleiro pela polícia, age em prol de seu povo e mesmo quando esquece seus princípios e acaba movendo-se por dinheiro, consegue fazer a escolha certa ao final, jogando na cara do espectador o ponto de vista esquerdista de seus realizadores. UMA BALA PARA O GENERAL é daqueles filmes magnificamente bem filmados, com bela trilha de Morricone, lindamente fotografado, um dos melhores do gênero! Não perde o foco de seus elementos políticos nem deixa de ser um grande espetáculo.

Recomendo também o texto do amigo lusitano Pedro Pereira, do blog Por um Punhado de Euros.

5.5.09

A DOPPIA FACCIA (1969), de Riccardo Freda


Primeiro filme do Riccardo Freda que assisto. Não sei se era o mais adequado pra iniciar a filmografia do cara, mas devo confessar que comecei muito bem! A DOPPIA FACCIA é um belíssimo e sofisticado giallo, subgênero que eu não havia tratado aqui no blog ainda. Preciso ver e rever alguns bons, porque o Dementia 13 está carente deste estilo que eu tanto adoro.

A DOPPIA FACCIA é baseado numa obra de Edgar Wallace e trata de um sujeito recém casado com uma milionária que acaba surpreendido quando ela pede um divórcio prematuro e logo depois morre num acidente de carro. O ex-marido é logo apontado como o principal suspeito, após a policia descobrir que o carro havia sido sabotado.

O marido em questão é interpretado pelo Klaus Kinski, que é sempre uma presença marcante em qualquer coisa que faça. E ele está muito bem no papel do sujeito amargurado por ter perdido a esposa ao mesmo tempo em que se vê acusado; e pior, acaba descobrindo que, possivelmente, ela ainda está viva, após uma jornada psicodélica numa festa onde assiste a um filme erótico cuja "atriz" possui algumas características que pertenciam a sua mulher.

É praticamente uma versão giallo de VERTIGO, de Alfred Hitchcock, e isso fica ainda mais evidente no desfecho. Mas esse tipo de alusão não tira o brilho de A DOPPIA FACCIA, que é uma aula de construção atmosférica, embora algumas cenas com efeitos especiais e miniaturas sejam bem toscos, mas não deixa de ser um charme a mais.

28.2.09

O VINGADOR SILÊNCIOSO (Il Grande Silenzio, 1968), de Sergio Corbucci


Ainda não sou um conhecedor da filmografia de Sergio Corbucci e já li por aí que o sujeito fez uns filmes bem fraquinhos ao longo da carreira, mas quando a coisa é boa (como DJANGO, de 1966, e este aqui), ele acerta em cheio e é por isso que é fácil classificá-lo como um dos maiores realizadores de Western Spaghetti. O VINGADOR SILÊNCIOSO é provavelmente um dos melhores e o mais pessimista exemplar do subgênero. E é por esse pessimismo, principalmente no controverso desfecho, que não é de se estranhar que o filme nunca tenha sido lançado nos Estados Unidos.

O VINGADOR SILÊNCIOSO é estrelado pelo ator francês Jean-Louis Trintignant e o grande Klaus Kinski, só isso já o torna imperdível. No lugar do francês, a primeira escolha era Franco Nero, que já havia trabalhado com o diretor, mas estava com a agenda lotada. Trintignant só aceitou fazer o filme porque era muito amigo do produtor e sob a condição de que não precisasse decorar nenhuma fala. Criaram então um personagem mudo, cujas cordas vocais foram cortadas quando criança. E Trintignant está perfeito vivendo Silêncio, este herói trágico em busca de vingança e lutando contra caçadores de recompensas inescrupulosos. Já Kinski interpreta justamente um caçador de recompensa sem escrúpulos.

O filme se passa nas locações frias e cobertas de neve do estado do Utah onde um grupo de bandidos se esconde nas florestas aos arredores da cidade de Snow Hill esperando a anistia prometida pelo novo governador para poder retornar à cidade e levar uma vida normal. Obrigado a roubar para poder se alimentar durante o exílio involuntário, cada cabeça do grupo vale uma boa grana e vários caçadores de recompensa invadem a região como lobos em busca de caça. Loco (Kinski) é um deles, o mais perigoso e ganancioso. Ao matar um desses fugitivos, Pauline, a mulher do defunto, recruta Silêncio para matar Loco.

A grande sacada de Corbucci foi dar alma aos personagens. Não só aos dois protagonistas, mas também ao Xerife, interpretado por Frank Wolff e Pauline, a bela Vonetta McGee (que não é lá grande coisa como atriz, mas tudo bem). Todos os personagens são movidos por instintos muito bem definidos pela vingança e cobiça. E quando essas motivações dão lugar a um jorro de emoções, fica difícil resistir. Por isso o personagem do xerife é tão carismático e ainda há uma cena belíssima quando Silencio e Pauline fazem amor sob a sedutora melodia de Ennio Morricone. Essa cena é o mais próximo de uma humanização que os personagens poderiam alcançar e talvez por isso, Silencio se torne tão vulnerável a partir daí, diferente daquele pistoleiro onipotente do início.

E o final é extremamente chocante e brutal. Quebra qualquer paradigma dos heróis míticos e invencíveis criados pelo western holliwoodiano. A forma como Corbucci retrata os vilões (especialmente Kinski com aqueles olhos azuis expressivos de gelar a espinha) e os refugiados da floresta reforça ainda mais o sentido dilacerante da conclusão, e Silêncio, ao se apaixonar por Pauline e tornar-se mais humano, acabou enfraquecido, e já não pertence mais aquele universo instintivo e como todos sabem, na natureza são os mais fortes que sobrevivem.

29.1.09

E DEUS DISSE A CAIM (1970), de Antonio Margheriti


Um Western Spaghetti estrelado pelo Klaus Kinski como este aqui é uma destas demonstrações fundamentais de toda razão de ser do cinema. Não que o filme em si seja uma obra prima absoluta, mas são pequenos detalhes, pequenas junções que formam o essencial. É praticamente impossível dar algo errado.

E DEUS DISSE A CAIM se resume basicamente numa trama de vingança. Kinski interpreta um sujeito que foi preso injustamente. Depois de 10 anos é liberto e parte para uma vingança pessoal em cima dos responsáveis pela desgraça toda. Kinski é todo o filme, mesmo dublado em italiano, o ator se manifesta com o olhar expressivo ou com a simples presença em cena como um fantasma da morte.

A direção é por conta de Antonio Margheriti (sob o pseudônimo de Anthony M. Dawson), um dos diretores mais versáteis desse período do cinema italiano (da década de 60 à 80). Trabalhou bastante com sci-fi e terror no início de carreira e praticamente terminou fazendo filmes de guerra e ação nas Filipinas. No meio do trajeto fez vários pepla (plural de peplum), westerns spaghetti, etc.

É interessante o projeto estético de E DEUS DISSE CAIM, pois Margheriti trata o filme da mesma maneira que realizaria um terror, utilizando-se dos elementos característicos e da atmosfera densa e escura, dando um tom singular, tão singular quanto seus filmes de horror gótico. É um verdadeiro dark-western, digamos assim, se é que precisa classificar alguma coisa. Mas fica a recomendação obrigatória aos fãs do gênero.

18.10.08

Aniversários

Hoje, se estivessem vivos, três grandes
atores estariam fazendo aniversário:


George C. Scott

Peter Boyle

Klaus Kinski



Mas lógico que não vamos esquecer dele também
(e precisa dizer o nome?):