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9.8.12

THE MISSION (1999)

Eu sempre tive na minha cabeça que EXILADOS, de 2006, fosse uma continuação de THE MISSION, devo ter lido isso em algum lugar ou alguém me falou nessas discussões de cinema nas internets da vida. Nada melhor que conferir para poder afirmar que, na verdade, os filmes não possuem ligação, a não ser o fato de ambos terem os mesmos atores, o mesmo universo do crime envolvendo a Tríade e, o mais importante, é que são dois exemplares bons pra burro dirigidos pelo mestre Johnnie To (embora EXILADOS seja melhor)!

THE MISSION é um thriller de ação construído com a precisão típica de To. Após milagrosamente sair com vida de uma emboscada realizada por um grupo rival desconhecido, um chefão da Tríade e seu irmão (Simon Yam) decidem recrutar alguns pistoleiros aposentados como guarda-costas. São várias figuras improváveis, que só sabemos que darão conta do recado porque já os vimos em ação em outros filmes.


Temos um cabelereiro (encarnado por ninguém menos que Anthony Wong), um cafetão, um barman, um gordinho que adora amendoim, e por aí vai… É praticamente o mesmo time de EXILADOS, por isso a confusão que alguns fazem taxando-o de continuação. E apesar da atual ocupação de cada um, essa turma não brinca em serviço. E sob as câmeras de Johnnie To, algumas sequências de ação se transformam em belas exibições de coreografia. Não tão expressionistas quanto as de EXILADOS, SPARROW ou VENGEANCE, cujas cenas de tensão parecem números musicais, mas aqui já chama a atenção pela forma única na qual Johnnie To filma tiroteios.



A sequência acima, que transcorre dentro de um shopping vazio, demonstra claramente isso. É como se o tiroteio não precisasse dos tiros. Apenas os sujeitos se movimentando nos enquadramentos ou esperando o momento certo de atirar, enquanto To dá uma aula de edição, movimentação de câmeras e mise-en-scène, são suficientes para aumentar a adrenalina do espectador. Tudo isso embalado numa trilha sonora de sintetizadores que deixa tudo ainda mais interessante.


E apesar dessa maestria toda em desenvolver cenas de ação, a prova final de que To é um dos grandes gênios nessa arte de fazer filmes é na singela cena em que os cinco guarda-costas estão esperando o chefe do lado de fora da sala de reunião, no escritório, e começam a brincar de chutar uma bolinha de papel. Até os mais carrancudos chutam de volta quando a bolinha pára perto dos seus pés. Até que o chefe aparece e, subitamente, eles desaparecem com a bolinha! É de uma naturalidade tocante, a desglamurização do capanga da máfia, desses momentos que colocam Johnnie To acima da grande maioria no cinema atual.

E THE MISSION tem apenas 95 minutos de duração, mas podia ter duas horas e meia que não faria diferença, é uma delícia de se ver… já o novo BATMAN… putz.

24.4.09

CANNES 2009

A lista do Festival de Cannes está um primor este ano, principalmente para os fãs do cinema físico e fantástico! Dá só uma olhada nessa seleção:

DAS WEISSE BAND, aka THE WHITE RIBBON, de Michael Haneke: Boto fé no diretor de FUNNY GAMES, A PROFESSORA DE PIANO e CACHÈ (mas recomendo também o 71 FRAGMENTS OF A CHRONOLOGY OF CHANCE, que já não é tão conhecido, mas é um de seus melhores trabalhos). Este seu novo filme vai se passar no início do século passado, ambientado numa escola rural no norte da Alemanha onde estranhos eventos acontecem envolvendo rituais de castigo. Segundo o imdb, Haneke questiona sobre como isso tudo afeta o sistema escolar e como a escola teve influencia sobre o fascismo.

ANTICHRIST, de Lars Von Trier: Aquela imagem que postei aqui no blog outro dia e o trailer que saiu recentemente deixa tudo bem claro: filme de horror puro com visual pictórico e tudo indica que a coisa vai ser de arrepiar! Temos Willen Dafoe e Charlotte Gainsbourg vivendo um casal com problemas que se refugiam numa cabana no meio da floresta. Não quero nem ficar imaginando o que o dinamarquês maluco vai aprontar com esses dois...

VENGEANCE, de Johnny To: Esse é mais que óbvio. Qualquer filme do To, independente de estar em festivais ou não, é motivo para comemoração. Ainda mais com um roteiro que, tudo indica, vai conter um assassino francês (Johnny Hallyday) em busca de vingança, universo da máfia mais uma vez servindo de cenário e bastante ação naquela genialidade de trabalho de câmera e composições que só o To sabe fazer atualmente!

THIRST, de Park Chan-wook: Não sei muito o que esperar deste aqui, na verdade. Park narrando uma estória de vampiros, provavelmente vai sair algo bom. Minha expectativa está bem alta pelo menos. O negócio é que fiquei um pouco decepcionado com o LADY VINGANÇA e nem tive coragem ainda de assistir I’M A CYBORG, BUT THAT'S OK. O trailer me deixou bastante animado, vamos aguardar...

INGLORIOUS BASTERDS, de Quentin Tarantino: Acho que nem precisa de apresentações. Um dos filmes mais aguardados do ano!

TAKING WOODSTOCK, Ang Lee: Não consegui nem ver ainda o LUST, CAUTION, algo que vou tentar corrigir nos próximos dias, mas Lee já retorna com uma comédia no mínimo interessante, uma espécie de origem histórica do Woodstock, festival que definiu uma geração nos anos 60, contada sob o ponto de vista de um rapaz que trabalha no motel de seus pais. Muito Rock, hippies, e aquele visual lisérgico dos anos 60.

SOUDAIN LE VIDE, aka ENTER THE VOID, de Gaspar Noé: O diretor de IRREVERSÍVEL retorna com um projeto que eu não faço a menor idéia do que se trata, e também prefiro deixar assim e descobrir na hora em que estiver assistindo. Mas só pelas imagens que saíram dá pra perceber que, pelo menos no visual, o sujeito continua apurado (sim, eu adoro seus filmes anteriores)! Desde 2002, que Noé não lança um longa metragem. Vocês podem encontar várias fotos do filme aqui.

E ainda teremos os novos de Pedro Almodóvar, Marco Bellocchio, Ken Loach, Tsai Ming-liang, Alain Resnais e outros...

Fora de competição, eu gostaria de estar lá (vai sonhando) pra conferir THE IMAGINARIUM OF DOCTOR PARNASSUS, do Terry Gilliam, definitivamente o ultimo filme com participação do Heath Ledger. Além de DRAG ME TO HELL, novo trabalho do Sam Raimi e MOTHER, do Bong Joon Ho, o mesmo de THE HOST.

5.12.08

SPARROW (Man jeuk, 2008), de Johnnie To

É algo inusitado deparar-se com duas obras de peso, possíveis candidatos a melhores filmes do ano, na mesma semana. Pelo menos pra mim sempre foi e eu ainda não me recuperei de DEIXA ELA ENTRAR. Mas já era de se esperar que isso fosse acontecer quando coloquei pra rodar o novo filme de Johnnie To, que atualmente tem acertando todas. Não assisti quase nada anterior à ELEIÇÃO, mas a partir deste, o diretor vem destruindo com seu cinema singular cuja grandiosidade é proporcional à falta de pretensão de cada obra.

SPARROW é um desses casos. Uma pequena obra prima que passa a sensação de que o diretor e seu elenco estão se divertindo horrores com a brincadeira de filmar. E o publico sente isso na tela através da leveza dos planos, das referencias (uma espécie de PICKPOCKET, do Bresson, filmada por Demy), da manipulação temporal (eita, cigarro bem fumado!), da utilização magnífica do som, do espaço, principalmente quando os personagens interagem com a cidade ou no primor da coreografia na seqüência do “balé dos guarda chuvas”, uma das cenas mais sensacionais do ano.

Não sei se concordo com os amigos Herax e Leandro que afirmaram recentemente em seus blogs que Johnnie To é o maior diretor em atividade, mas com certeza ele está lá, entre os grandes da atualidade, isso não restam dúvidas.