O Daniel (now, just Daniel) vivia falando pra eu assistir aos filmes desse baixinho impertinente. Então, lá fui eu...

O primeiro é INIMIGO PÚBLICO (Public Enemy, 1931), do diretor William A. Wellman, que foi um verdadeiro mestre do cinema americano hoje pouco lembrado, infelizmente. Dirigiu ASAS, primeiro vencedor do Oscar de melhor filme, e um dos westerns mais admiráveis que existe, CONSCIÊNCIAS MORTAS, com Henry Fonda. Mas voltado ao que interessa no momento, INIMIGO PÚBLICO é um marco dentro do gangster movie e é difícil saber o que seria de um Scorsese sem ele. Claro que tivemos, no mesmo período, vários exemplares que serviram de base para solidificar o subgênero, mas a influência deste aqui é inegável.
O filme se resume em contar a vida de Tom Powers (Cagney), sujeito que desde a infância é um problema para a lei. Quando adulto, torna-se um gangster com moral, dinheiro e mulheres. Aliás, muito boa a cena que Cagney esfrega uma laranja na cara de uma senhorita durante um café da manhã (foto aí em cima), parece que causou um reboliço nas feministas da época, mas a cena é genial! De uma forma geral, é um filme cuja importância releva o fato de que o filme não envelheceu tão bem, e claro, a presença de cagney é brilhante em todos os momentos e abonaria qualquer defeito do filme. Belíssimo clássico.

ANJOS DE CARA SUJA (Angels With Dirty Faces, 1938) não possui o mesmo valor histórico do anterior, mas foi o que eu apreciei mais. A direção é por conta de Michael Curtiz, que poucos anos depois fez CASABLANCA. O filme é mais amarrado, o roteiro é bem elaborado, possui uma boa dose de ação e, assistindo hoje, desce muito melhor. Inicia com uma certa semelhança a INIMIGO PÚBLICO, mostrando o personagem de Cagney, Rocky Sullivan, ainda jovem até se tornar um gangster de mão cheia. Em ambos os filmes, há um parceiro inseparável que o acompanha de maneiras diferentes. Neste aqui, interpretado por Pat O’Brien, o sujeito toma um caminho oposto ao protagonista e acaba virando um padre, contraponto interessante. E ainda temos Humphrey Bogart fazendo o papel de um advogado inescrupuloso, ainda canastrão, mas dando um charme a mais no filme. James Cagney está igualmente intenso e explosivo. E que final magnífico!
Realmente o baixinho merece a fama que tem de ser um dos grandes atores que já passou por Hollywood, sem dúvida alguma. A maneira como se impõe em cena coloca qualquer ator, por mais talentoso que fosse, ao chão com muita facilidade. Sensacional. Ainda devo ver nos próximos dias WHITE HEAT, do Raoul Walsh, que o mesmo Daniel afirma ser o melhor Cagney e o melhor Walsh. Veremos.