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13.10.11

THE HOUSE ON THE EDGE OF THE PARK (1980)

Não faz muito tempo que vi THE HOUSE ON THE EDGE OF THE PARK, do Ruggero Deodato, considerado, entre tantas, uma versão “italiana” do THE LAST HOUSE ON THE LEFT, do Wes Craven, que, por sua vez, é uma refilmagem exploitation de A FONTE DA DONZELA, de Ingmar Bergman. De fato, há algumas semelhanças entre o filme do Deodato com o do Craven, mas o que realmente define a ligação entre as duas obras é a presença do ator David Hess encarnando personagens extremamente parecidos em ambas produções. Hess morreu há menos de uma semana e deixou sua marca como uma lenda do gênero, agora se tornou obrigatório um textinho deste filme em sua homenagem.

A sequência inicial dos créditos é  uma maravilha, demonstrando o que podemos esperar de Alex, o mecânico desempenhado por Hess. Dirigindo pelas ruas da cidade à noite, o sujeito não perde a chance de paquerar a gatinha do carro ao lado, o problema é que o cara é um maluco psicótico e a diversão termina com estupro seguido de assassinato. Na trama, Alex e seu comparsa Ricky (Giovanni Lombardo Radice), por algum motivo obscuro, acabam convidados para uma festa particular na casa de umas figuras da alta sociedade e decidem apimentar o evento tomando os anfitriões e convidados como reféns, submetendo-os a uma longa noite de torturas e humilhações.

Pra quem nunca viu o filme, mas já conhece a reputação do diretor, notório pelo clássico CANNIBAL HOLOCAUST e pela violência gráfica de seus trabalhos, um projeto como THE HOUSE ON THE EDGE OF THE PARK pode gerar uma expectativa equivocada. Não são poucas as resenhas espalhadas pela internet colocando o filme pra baixo, por causa, talvez, de um esperado banho de sangue espirrando na tela, muito gore e visceras e etc… Ok, temos algumas sequências sangrentas, pertubadoras e sádicas, como não poderia deixar de haver, mas nada que chame a atenção, com exceção da cena em que Hess desfere alguns cortes de navalha no corpo de uma jovem, cantarolando “Cindy, Oh, Cindy”.

Talvez o estigma de filme barra pesada se deva também às censuras e cortes que sofreu na época, colocando-o na famosa lista dos video nasties. Mas em termos de visual, é bem leve, Deodato preferiu trabalhar mais um elaborado e lento jogo de tensão psicológica com os personagens do que o grotesco visual.

Particularmente, aprecio o filme. Não acho uma obra prima, mas adoro as escolhas do diretor, especialmente por seguir o caminho das tensões sexuais, explorando a nudez das atrizes em situações extremas. Também é impossível ficar indiferente em relação às performances de Hess e Radice, ambas geniais. E nem mesmo a reviravolta exageradamente forçada que o roteiro criou para justificar toda essa sandice ao final compromete o restante… aliás, este é um dos principais pontos dos detratores para falar mal do filme. Recomendo uma espiada pra ver de que lado vocês ficam...

12.9.11

GLI OCCHI FREDDI DELLA PAURA (1971)


aka MOMENTOS DE DESESPERO
       COLD EYES OF FEAR

direção: Enzo G. Castellari
roteiro: Leo Anchóriz, Tito Capri, Enzo G. Castellari

Já que me cobraram para continuar com textos do ciclo Castellari, vamos voltar às atividades com o homem! Apenas justificando a parada, já disse algumas vezes que sou tremendamente desorganizado com essas peregrinações de diretores. Então, podem me cobrar, caso eu abandone o italiano de novo. Outro motivo deve ter sido porque eu não achei GLI OCCHI FREDDI DELLA PAURA grandes coisas, o que me desanimou um bocado pra escrever algo e acabei esquecendo.


Sempre li que era um giallo, mas no fim das contas é um filme de “invasão de casa com reféns”, estilo HORAS DE DESESPERO, clássico com o Bogart, ou então a refilmagem do Cimino, com o Mickey Rourke. Claro que pensar que era uma coisa e na verdade ser outra não foi o motivo de não ter me agradado tanto. O filme começa brincando com os elementos do giallo, com uma mulher indefesa sendo molestada por um sujeito apontando-lhe uma faca… mas fica só na brincadeira mesmo. Trata-se de uma apresentação teatral. A cena é interessante, Castellari demonstra jeito pra esse tipo de atmosfera, a trilha do Morricone também contribui. É uma bela homenagem ao gênero, de qualquer modo…

 

Mas o restante do filme é a trama de um advogado e uma prostituta submetidos como reféns por um casal homossexual de bandidos. O problema é que Castellari não consegue extrair muita coisa interessante dessa situação. Pra ser honesto, eu achei o filme chato pra cacete em determinados momentos, diferente de um THE HOUSE ON THE EDGE OF THE PARK, do Ruggero Deodato, que consegue manter a tensão do início ao fim tendo a mesma situação que este aqui. Mas vá lá, o elenco até que manda bem (Frank Wolff, Gianni Garko, Fernando Rey, etc) e nem tudo no filme é de se jogar fora. Mas no geral, fiquei um pouco decepcionado.

14.6.11

BURKE AND HARE (2010)

Eu não ando muito ligado nas comédias atuais, mas resolvi me arriscar neste aqui porque a) me pareceu ser um bom caso do típico humor britânico; b) além do tipo de humor, me pareceu ter uma mescla interessante com mistério e terror; c) tem o Simon Pegg, que é dos poucos rostos do gênero que acho bacana atualmente e d) o motivo principal, é que BURKE AND HARE é o retorno de John Landis à direção depois de não sei quantos anos sem fazer algo para cinema.

Duas escolas de anatomia na cidade de Edimburgo, por volta de 1820, competem pelo posto de melhor instituição, uma liderada pelo Dr. Monro (Tim Curry) e outra pelo Dr. Knox (Tom Wilkinson), que se vê obrigado a adquirir corpos por meios ilegais, já que Dr. Monro consegue um monopólio sobre a oferta de cadáveres na cidade. É aí que entram Burke (Pegg) e Hare (Andy Serkis), dois malandros que estão dispostos a tudo para ganhar uns trocados, o que incluí conseguir alguns defuntos para o Dr. Knox, mesmo que nem sempre encontrem o artefato sem vida.

O filme é ligeiramente baseado em histórias verdadeiras, inspiradas em assassinatos reais da época, e possui um tema interessante para criar situações engraçadas. Pena que na prática a coisa não funcionou tão bem pra mim. BURKE AND HARE não é ruim ao ponto de você desistir no meio do filme, mas também não possui nada de mais para chegar ao fim como uma experiência agradável. É longo demais e perde tempo com situações desinteressantes (como o romance de um dos protagonistas) e, já que estamos falando de algo assumidamente dentro do gênero comédia, falha por ser sem graça na maior parte do tempo. Não existem sequências memoráveis que ficam marcadas na mente, a não ser a curta cena onde Christopher Lee dá as caras.

Por outro lado, John Landis mantém a mão firme para o suspense e em alguns momentos envolvendo uma atmosfera mais densa o filme ganha um pouco de força. Não deixa ainda de ser meia boca o resultado final, mas prefiro um Landis ou John Carpenter fazendo filmes menores como este do que vê-los "coçando o saco em casa".

4.1.11

FROZEN (2010), Adam Green

Este é o primeiro filme do diretor Adam Green que eu assisto. O sujeito é o responsável por essa série de terror chamada HATCHET, que tem um machado nas artes dos cartazes e já possui dois filmes. Aparentemente não me atraem em nada, mas há quem diga que são bons. Talvez depois deste aqui eu dê uma chance. FROZEN não é exatamente um filmaço, mas para o gênero “indivíduos em situações extremas tentando sobreviver e sair dessa com vida” até que ele funciona.

Três personagem, dois melhores amigos de longa data e a namorada de um deles, ficam presos em um desses teleféricos que levam esquiadores para o alto das montanhas geladas para...er... esquiar. Por um erro de logística ninguém sabe que eles estão lá, o resort ficará fechado por uma semana, todas as luzes foram apagadas, eles estão em uma altura considerável, uma tempestade de neve começa a cair, a pele de seus rostos começam a queimar com o frio, lobos famintos fazem a ronda logo abaixo... enfim, é provável que não seja as melhores férias de esqui que eles planejaram.

A primeira reação do espectador é começar a imaginar maneiras de sair dali se estivessem na mesma situação. Várias delas acabam sendo colocadas em prática, mas logo percebe-se que nem tudo é tão fácil. Li uma resenha onde o cara sugeria que eles deveriam tirar as roupas e fazer uma corda, certamente funcionaria, mas não os culpo de não pensar nisso... eu mesmo não pensei. A solução que eles encontram no desespero é meio burra, geralmente isso torna até motivo para críticas!

Veja só que burro! Eu nunca faria isso! Esse filme é ridículo!

Bem, pra mim, que fica torcendo para que os personagem justamente cometam burrices que resultem em ossos quebrados, membros decepados e muito sangue, achei muito legal! E o filme segue com várias atitudes estúpidas, outras inteligentes, e acaba sendo melhor do que eu esperava.

O grande problema de FROZEN ainda está na deficiência que esses roteiristas de filme de terror americano possuem em escrever diálogos. Isso sim chega a irritar e me peguei pensando “ninguém falaria uma coisa dessas nessa situação!”. E para um filme com essa história, que se passa praticamente num mesmo ambiente, dois ou três personagens sentadinhos um ao lado do outro, fazer render seus 90 minutos, é preciso muito diálogo. Nada que um controle remoto passando algumas cenas em uma velocidade mais rápida (mas que dê pra ler as legendas) não resolva.

Não vai ser o clássico do momento do suspense/terror, mas FROZEN cria sua tensão onde tem que criar, foge de algumas soluções convencionais e consegue se passar como uma boa diversão.

11.8.10

ANATOMIA DE UM ASSASSINO (Body Parts, 1991), de Eric Red

EM BUSCA DO FILME ESQUECIDO

Bastou uma modesta sessão em VHS, quando eu tinha lá os meus nove ou dez anos para carregar algumas imagens deste filme na memória durante um bom tempo da vida. Só que era desses exemplares que comumente assistimos acidentalmente ainda moleque, sem saber o título, nome dos atores, na verdade não era nem para eu estar assistindo, e acaba esquecendo completamente. Quando se lembra, são apenas imagens desconexas que não formam sequer uma sinopse… Enfim, quando chegou a internet, imdb, baixação de filmes, resolvi tentar reencontrar algumas coisas, mas não consegui lembrar de informações suficientes para encontrar este aqui.

No ano passado, conversando com o meu amigo Osvaldo Neto, sobre um diretor de filmes B (óbvio, já que o Osvaldo é especialista no assunto) que havia feito um filme que ele tinha assistido, COHEN AND TATE, acabei tomando conhecimento do diretor Eric Red. Fui dar uma conferida no imdb, para ver o que o rapaz já tinha feito e pimba! Estava lá BODY PARTS. Só de ver a arte do cartaz e o título, as imagens do filme começaram a rondar a minha cabeça. Depois de ler a sinopse, confirmei que era o filme esquecido. Lembro até de comentar com o Osvaldo na nossa conversa que estava atrás daquele filme há anos, mas não lembrava de nada que me ajudasse a encontrá-lo… e o pior é que o enredo tem uma peculiaridade bem característica.

No último sábado, depois de quase um ano segurando o filme aqui, resolvi assistir. Claro que não é exatamente a mesma experiência que tive com o olhar da ingenuidade, mas pela mãe do guarda, juro que vivenciei alguns bons momentos diante dessa simplicidade fílmica, mas de uma grandeza inesperada! Chego a ficar constrangido por gostar tanto de um filme que, aparentemente, não possui nada fora do normal, mas acaba me atigindo de uma maneira notável. Não sei se chega a ser um “guilty pleasure”, porque o filme não é ruim, mas só mesmo um belo filme especial e torto causa esse tipo de reação em mim.

BODY PARTS não é uma obra prima, mas é um excelente thriller, possui uma trama urdida com criatividade, uma pitada de ação e ficção científica, além de ser uma esquisita e moderna releitura de Frankenstein. O bastante para surtir o seu efeito catártico sobre mim.

A trama gira em torno de um pacato psicólogo criminal, Bill Chrushank, que após um acidente de carro perde um braço. É preciso aceitar o tom fantástico do enredo que parte do princípio de que um transplante de braço vai substituir perfeitamente o antigo. E é isso que acontece, o protagonista recebe um braço novo que funciona 100 % em poucos meses, através de uma cirurgia experimental de ponta.

A partir daí, a vida de Bill muda de uma maneira negativa. Sua personalidade gradativamente se torna mais agressivas e estranha. Desconfiando que seu novo membro exerce essa influência sobre o seu comportamento, Bill inicia uma investigação para descobrir de quem era o braço, além de entrar em contato com outras pessoas que também receberam partes do mesmo corpo.

Entre suas inúmeras qualidades, Eric Red acerta em cheio ao colocar Jeff Fahey como protagonista. O ator, que já esteve em mais de 100 filmes e é bem conhecido pelos apreciadores do cinema de baixo orçamento, tem aqui uma atuação digna de nota. Quem também está ótimo é Brad Douriff, como um pintor medíocre que passa por uma fase inspirada, pintando quadros bizarros e macabros, após receber o outro braço do corpo em questão. A primera cena dele no filme é antológica!

O filme não possui muita ação. Temos a cena do acidente, que é um espetáculo. É rápida, visceral e sem frescuras. Há uma sequência envolvendo carros em alta velocidade que é de lascar também. Eric Red preza mais pelo climão de suspense. Red não chega a ser um mestre, mas BODY PARTS pode servir como uma autêntica aula de atmosfera, de montagem clássica e eficiente, para os cineastas da nova geração que acham que fazer suspense é dar sustos e aumentar o volume da trilha.

Recomendo para aqueles que curtem um simples, mas ótimo suspense a moda antiga, mesmo sabendo que não vão entender porque eu gosto tanto do filme, mas não tem problema. Certamente vocês devem ter vários filmes que eu não entendo como alguém pode gostar tanto…

9.8.10

TRIANGLE (2009), de Christopher Smith

Estava sentindo que precisava experimentar mais filmes novos. Não apenas assistir, algo que tenho feito pouquíssimo, mas escrever também sobre algumas coisas que vi e acabei deixando passar em branco aqui no blog. A CENTOPÉIA HUMANA, por exemplo, assisti há meses e até agora nada, mas vou tentar escrever algo sobre ele durante a semana. Por enquanto, vamos ficar com este TRIANGLE, que também já faz um bom tempinho que eu vi e até me surpreendeu bastante.

Não que seja um filme excelente, mas não esperava muita coisa. A trama rocambolesca que aborda viagens no tempo poderia dar tudo errado em qualquer momento, mas o diretor Christopher Smith consegue manter o nível, a complexidade (sem desandar em explicações estúpidas) e até a minha atenção do início ao fim. Consegue realmente sustentar a idéia do enredo, por mais frágil que seja, mesmo sem atingir resultados geniais, com atores satisfatórios, efeitos especiais sem frescuras e bom visual.

Quanto menos o espectador souber da trama, melhor será a apreciação. Uma coisa certa é que uma conferida à obra não será perda de tempo. Pra quem não viu ainda LOS CRONOCRIMENES, filme espanhol de Nacho Vigalondo realizado em 2007, recomendo uma sessão dupla com TRIANGLE! Por que? Vai entender quando assistir aos dois filmes.

O diretor Christopher Smith tem em seu currículo o terror PLATAFORMA DO MEDO, aka CREEP, que tem seus admiradores, eu não sou muito chegado, e SEVERANCE (2006), muito elogiado, mas não vi. TRIANGLE é seu terceiro trabalho, mas não foi o último. BLACK DEATH, uma aventura medieval com Sean Bean, já teve lançamentos em festivais no exterior, mas não faço a menor idéia do que esperar deste filme. De qualquer maneira, vou assistir e depois deixo aqui as minhas impressões. Smith ainda é neófito na direção, mas não deixa de ser promissor.

1.6.10

O ESCRITOR FANTASMA (The Ghost Writer, 2010), de Roman Polanski

Como se não bastasse apenas uma premissa inteligente e filmar com maestria arrepiante, Polanski faz em O ESCRITOR FANTASMA alguns dos mais belos planos e sequencias que eu vi recentemente numa sala de cinema. Só os mestres filmam desse jeito… O diretor imprime um ritmo mais lento, reflexivo, sem pressa. Todo o filme se baseia em climas e na construção atmosférica de puro suspense. Sim, o filme é anacrônico, mas para quem está de saco cheio das mesmas fórmulas de como se faz suspense atualmente, O ESCRITOR FANTASMA é mais que suficiente.

E estamos falando de uma das maiores autoridades no assunto. REPULSA AO SEXO, O BEBÊ DE ROSEMARY e O INQUILINO são apenas alguns exemplos que provam a genialidade de Polanski na condução do suspense da maneira correta como tem que ser. A trama parte da ótima idéia de um escritor britânico (McGregor), o fantasma do título, contratado para substituir um outro autor que morreu de forma suspeita enquanto escrevia as memórias do ex-primeiro ministro da Inglaterra (Brosnan), agora vivendo numa ilha nos Estados Unidos, rodeado de poucas pessoas e passando por sérias acusações políticas.

No campo das atuações, Ewan McGregor, ator sóbrio, cumpre muito bem suas responsabilidades como protagonista. Mas todo o elenco é um destaque, Tom Wilkinson está sinistro em sua participação, temos Eli Wallach e James Belushi apontando rapidamente e Pierce Brosnan que surpreende num de seus melhores desepenhos. Kim Cattrall e Olivia Williams completam o time no lado feminino.

O ESCRITOR FANTASMA é o melhor Polanski em muitos anos. E isso quer dizer muita coisa. Curioso que o filme me lembrou outro trabalho dele, O ÚLTIMO PORTAL, o qual foi bastante maltratado, apesar de ser muito bom também. Este aqui vem recebendo elogios da "crítica séria", mas nada que realmente apresente a importancia que o filme merece.

31.3.10

A FÚRIA (The Fury, 1978), de Brian De Palma


O amigo "Demofilo Fidani" massacrou este filme em seu blog, o ótimo Olhar Gratuito, mas como A FÚRIA era um dos únicos De Palma que eu ainda não havia visto, tive que engolir. Pronto! Agora assisti e já posso expor meu julgamento, só que ao contrário do nosso amigo, embora respeite sua opinião, discordo totalmente que seja um filme ruim. Aliás, que belo filme o De Palma faz aqui! Assim como em CARRIE, o diretor recorre novamente ao tema dos fenômenos paranormais. São dois jovens, um rapaz e uma moça, que devido aos seus poderes tornam-se alvos de um sinistro departamento do governo americano chefiado por um mais sinistro ainda John Cassavetes. Existem duas tramas paralelas que se encontram. Uma delas se concentra no esforço de um pai (Kirk Douglas, em brilhante atuação e forma física de dar inveja em plenos 62 anos) em encontrar seu filho paranormal. A outra, é sobre a garota com as mesmas faculdades, descobrindo seus poderes. É daqui que os detratores encontram motivos para não gostar, a parte burocrática da estória. Convenhamos que não é nenhuma obra-prima a altura de BLOW OUT (realmente achei que o filme cai um bocado quando a subtrama de Kirk Douglas é deixada de lado, apesar de estar tudo interligado), mas não perdi o interesse pelo que acontecia em momento algum, sobretudo porque De Palma conduz o material com notável precisão que não me deixava desviar o olhar. Basta uma única sequência – a da fuga da mocinha da clínica ao som da trilha de John Williams, por exemplo – para colocá-lo em um lugar de destaque na filmografia do diretor.

10.2.10

POSSESSED BY THE NIGHT (1993), de Fred Olen Ray

Este aqui é uma bizarrice estrambólica do mestre Fred Olen Ray, além de ser um prato cheio para os fãs de produções modestas que nunca tiveram atenção do grande público. POSSESSED BY THE NIGHT é um suspense erótico com um pé no horror estrelado pela musa do Cine Privé, Shannon Tweed, muito à vontade por sinal. Especialmente na caudalosa sequência onde malha com uma blusinha branca que é de um erotismo quase transgressor! Além dela, temos Sandahl Bergman, outra atriz sem frescura que não se inibe ao tirar a blusa em frente às câmeras (e o faz em vários momentos por aqui, mesmo no auge de seus 42 anos).

Para não dizer que eu sou um tarado que só pensa “naquilo”, o filme ainda possui uma pequena dose de porradaria com o ator Chad McQueen. O protagonista é vivido por Ted Prior, astro do cinema de ação cujos filmes passavam todos os dias no Cinema em Casa no início dos anos 90, grande parte dirigido pelo seu irmão, o “talentoso” (leia-se um dos piores diretores de todos os tempos) David A. Prior. Curioso é que os dois atores são muito semelhantes a outros astros de fama mais notável. Chad é uma espécie de Mickey Rourke dos pobres, enquanto Prior é a cara do Christian Bale... é por isso que eu amo tanto esses filmes B.

Bom, eu ainda não acabei (eu disse que era um prato cheio, não disse?). O eterno Henry Silva marca presença como um mafioso, soltando frases impagáveis. Ele entra em cena recebendo massagem de duas garotas de topless e, ops, vamos mudar de assunto. Para completar, um recipiente com uma espécie de cérebro com olho influencia de forma negativa os personagens ao seu redor! Já é o suficiente para convencê-los a correr atrás desta pérola o mais rápido possível?

Prior interpreta um escritor sofrendo de bloqueio criativo. Vai a uma loja de artefatos orientais e compra o tal recipiente achando que vai lhe trazer inspiração… como uma coisa horrorosa daquela vai trazer inspiração a alguém é um desses mistérios no qual só poderia ter surgido na cabeça do Fred Olen Ray mesmo. Enfim, logo que volta pra casa com seu novo adorno, as coisas começam a ficar estranhas. Tudo é mostrado já na cena em que Prior tenta dar umazinha com a patroa (Bergman), mas age de forma agressiva demais para ela e acaba ficando na mão, passando a noite no sofá.

Seu empresário, vivido por Frank Sivero (o Carbone de GOODFELLAS), lhe envia uma secretária para digitar seus manuscritos, a exuberante e insaciável Shannon Tweed. Brigado com a mulher e com uma secretária dessas malhando de blusinha branca suada em seu maquinário de musculação, não há coração que aguente… e não vamos esquecer do jarro oriental com o cérebro dentro enfeitando a mesa e espalhando cargas negativas entre os habitantes da casa, fazendo ferver os desejos eróticos de cada um deles.



É, difícil aguentar desse jeito!

Paralelo a isso tudo, há uma subtrama onde acompanhamos um gangster (McQueen) que cobra as dívidas de seu chefão (Silva), mas também passa por uma crise tentando sair dessa vida criminosa. Obviamente as duas estórias se encontram em algum ponto.

Esta subtrama dá ao filme alguns momentos mais agitados de ação, pois nem sempre as pessoas querem pagar o que devem e aí a coisa tem de ser resolvida à base do kung fu. É o exemplo da sequência na oficina, quando surgem algumas figuras ilustres, como o diretor Jim Wynorski, aparecendo apenas para apanhar, e também o ótimo Peter Spellos, o grande Orville de SORORITY HOUSE MASSACRE 2, dirigido pelo Wynorski. Até o próprio Fred resolve fazer uma ponta, mas nada de violência em sua participação, ele se apresenta apenas como um garçom comum em outro momento.

"Ah, vai ficar lindo na cômoda do escritório!"

Lançado diretamente para o mercado de vídeo, POSSESSED BY THE NIGHT se sobressai perante as muitas produções do gênero com as quais as locadoras viviam infestadas na época. A direção de Fred é um exercício único de economia. Devido ao tipo de produção, ele não perde muito tempo tentando amarrar as pontas soltas deixada pelo roteiro, elimina personagens de forma banal e explora somente os elementos que realmente importa: bastante sexo e um pouco de violência!

"Deixa eu te ajudar a desabotoar esse colete amarelo..."

O elenco também é fraco, deixando o filme ainda melhor, principalmente Ted Prior que é de fazer vergonha. Tweed não precisa atuar, basta fazer cara de safada e agir de maneira sexy. É o que sabe fazer muito bem, independente do tipo de personagem que representa. Os únicos com certo destaque na interpretação é o Henry Silva, velho de guerra neste tipo de personagem, e Sandahl Bergman, surpreendendo com a atuação mais expressiva do filme.

Recebeu o título no Brasil de FLUIDOS DO MAL ou apenas POSSUÍDA e não me recordo com precisão se chegou a ser lançado em vídeo no Brasil, mas do jeito pelo qual este mercado funcionava por aqui, eu aposto minha melhor camisa que sim.

3.2.10

FÚRIA SILENCIOSA (Silent Rage, 1982), de Michael Miller

Um dos meus filmes preferidos do Chuck Norris é FÚRIA SILENCIOSA. É também um dos filmes mais estranhos do homem. Uma híbrida junção de slasher movie oitentista com uma pitada de sci-fi e os filmes de porrada que Norris estrelava naquela época, inclusive o seu personagem é o habitual xerife casca grossa de uma pequena cidade americana.

O filme inicia na casa de um sujeito de família. Claramente perturbado, ele pega um machado e faz sua esposa de picadinho. O xerife é chamado e depois de uma luta corpo a corpo com o sujeito, consegue prendê-lo. Os elementos bizarros começam a surgir nesse momento. Ainda algemado dentro carro, o moço quebra as correntes, arranca a porta do carro com um chute e o espectador fica sem reação com a força descomunal do homem, que precisa ser parado à bala!

Chuck Norris mais uma vez é o xerife durão!

O cara acaba morrendo na mesa de operações do hospital, onde os médicos ainda tentavam salvá-lo. A partir deste ponto, nota-se que estamos diante de um filme diferente estrelado por Norris. O sujeito, na verdade, era uma cobaia de uma experiência médica que reconstrói os tecidos humano rapidamente, igual ao Wolverine. Dois médicos resolvem ressuscitar o cadáver com uma dose do medicamento ainda em teste, o que eles não imaginavam é que, após acordar, o sujeito se tornaria uma máquina de matar com uma super força e invulnerável.

Cenário de Suspíria ou um filme do Mario Bava?

É isso mesmo, meus caros, por incrível que pareça Chuck Norris enfrenta uma espécie de zumbi em FÚRIA SILENCIOSA! Ron Silver interpreta um médico que se opôs aos seus colegas nas experiências em interferir com o destino do morto. Como na filosofia desta espécie, a criatura acaba matando seus criadores. Aliás, o ressuscitado acaba matando quase todo o elenco, exatamente como os slashers oitentistas. Ele só não contava com os roundhouse kick’s de um certo xerife.

roundhouse kick na cara!

Tirando uma cena de briga de bar, onde Norris enfrenta uma gangue de motoqueiros, toda narrativa de FÚRIA SILENCIOSA é tratada como um filme de suspense. O diretor Michael Miller optou por longos planos, especialmente dentro de ambientes fechados, e não são poucos os momentos onde o assassino com um objeto cortante espreita atrás de alguma vítima, com direito a câmeras subjetivas e atmosfera típica do terror da época.

A briga no bar é inserida de forma nada orgânica. Apenas para que o ator possa dar uma demonstração de suas habilidades de defesa corporal e também para os fãs que esperavam um filme de mais ação não saiam reclamando que o filme é uma merda completa. Ou talvez estava no contrato e o diretor só percebeu depois que já havia feito um filme de terror. “Diretor, quando é minha cena de luta?” “Hã?!”. Mas a sequência é excelente, diga-se de passagem...

Chuck Norris paquerando.

Momento de amor...

O filme tem ótimos momentos, como o videoclip ao som de uma canção romântica e imagens de amor entre Norris e sua garota. É um momento de amor, o cara também tem coração. E claro, temos o grande final com o confronto entre o herói e a figura bizarra que não morre. Norris mete chumbo grosso, joga o sujeito pela janela do sexto andar, um carro explode com o homem dentro e nada. O jeito foi resolver no tapa mesmo!

FÚRIA SILENCIOSA é um filme fascinante para quem acha que já viu de tudo. Vale a pena uma conferida!

24.9.09

GIALLO (2009), de Dario Argento


Se fosse realizado nos anos 70, GIALLO não teria nada de especial, seria apenas um bom suspense policial em meio às tantas obras primas que o cinema italiano apresentou no período. Mas no contexto atual, o novo filme de Dario Argento é tudo aquilo que se espera da discreta proposta de retornar às origens de um gênero estuprado por jovens cineastas – americanos, na grande maioria – e que atualmente vem tentando se revitalizar com alguns bons exemplos aqui e ali. O filme continua não tendo muito de original, mas Argento consegue provar que é possível fazer um excelente trabalho, à moda antiga, sem a frescurada de montagens espertinhas ou efeitos especiais em CGI (como o próprio Argento havia errado a mão em A MÃE DAS LÁGRIMAS).

Apesar do nome, GIALLO não possui os elementos necessários para fazer parte do subgênero que o diretor ajudou a consolidar na Itália nos anos 70 e 80, e qualquer um com o mínimo de desconfiança sabe que é praticamente impossível fazer um legítimo giallo nos dias de hoje. Mas nem era essa a pretensão de Argento. Ele simplesmente dirige uma trama policial onde temos Adrien Brody encarnando um detetive à procura de um serial killer que seqüestra belas mulheres para desforrar seus traumas em cima delas. O "amarelo" do título (que em italiano é giallo) , se deve a uma peculiaridade do bandido. No elenco, ainda temos Emmanuelle Seigner vivendo a irmã de uma vítima do assassino e que resolve se meter no caso...

O filme serve também para provar que Argento permanece como um dos grandes nomes do horror e um artista único na condução e no controle de todos os elementos que tem em mãos, como a estética das cores, a movimentação da câmera desvencilhada, a mise en scène, a violência gráfica com direito à baldes de sangue, como nos velhos tempos de TENEBRE e PROFONDO ROSSO. O conteúdo pode ser simples (embora tenha boas sacadas com o passado do personagem de Brody), mas na forma Argento continua genial. Cada detalhe de cena, planos memoráveis (como a do final quando Brody se afasta do local do crime), a fotografia, tudo é valorizado ao máximo para trazer um novo frescor ao gênero e colocar o nome de Dario Argento de volta ao panteão, de onde nunca deveria ter saído. Uma pena que a distribuidora daqui fez o favor de nos poupar de ir ao cinema assistir a esta belíssima obra na tela grande.

9.9.09

ALGUÉM ATRÁS DA PORTA (Quelqu'un derrière la porte, aka Someone Behind the Door, 1971), Nicolas Gessner

Assisti a vários filmes durante o feriadão (o meu feriado foi mais prolongado, começou na quinta passada e só hoje voltei a trabalhar), mas dentre os vistos, o que mais me impressionou foi este suspense psicológico, que eu achei num sebo em BH por 10 mangos, no qual temos Charles Bronson dividindo a tela com Anthony Perkins e Jill Ireland (na época, esposa do Bronson). Na verdade, o protagonista de ALGUÉM ATRÁS DA PORTA é Perkins, que interpreta um médico que resolve levar um paciente amnésico (Bronson) para sua casa, isolada nas montanhas de algum lugar litorâneo da Inglaterra, para lhe fazer uma terapia mais intensiva.

Mas o andamento da estória nunca deixa muito claro quais são as verdadeiras intenções do médico, inclusive, a principio, eu cheguei a pensar que o personagem de Perkins fosse homossexual (e era, na vida real), mas logo o próprio enredo descarta essa possibilidade mostrando a esposa do sujeito (Ireland) que se prepara para sair em uma viagem habitual. Então os planos são outros, e a coisa é intrigante, isso eu garanto. Mas não digo mais nada para não estragar a surpresa.

O diretor húngaro Nicolas Gessner mantém um suspense legal até determinado ponto, quando finalmente a motivação do protagonista começa a clarear-se. Nada que possua uma originalidade estupenda no objetivo do médico, e que já foi abordada milhares de vezes no cinema sob a batuta da busca do "crime perfeito", mas compensa tranquilamente toda a ambiguidade da trama, principalmente quando temos dois grandes atores contracenando com uma firmeza interessante.

Perkins está estranho e ótimo como sempre, mas a grande maioria vai se surpreender é com a atuação do velho Bronson, em plena fase européia (o filme é uma produção francesa), numa performance de verdade, convencendo como um homem que sofre de amnésia. É um filme perfeito para calar a boca de qualquer um que só viu as tralhas da Cannon que o Bronson fez nos anos 80 e pensa que ele só fez aquele tipo de filme / personagem (e que eu também adoro, diga-se de passagem, por pior que sejam).

Outros filmes que vi no feriado incluem A ILHA DOS HOMENS PEIXES, do Sergio Martino; RATOS: A NOITE DO TERROR, do Bruno Mattei; INFERNO CARNAL, do Mojica e uma revisão de THE TOXIC AVENGER, do Lloyd Kauffman.