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26.9.10

MACHETE (2010), de Robert Rodriguez & Ethan Maniquis

texto com spoilers, estão avisados!


MACHETE é um dos filmes mais aguardados por um bocado de gente em 2010, com Danny Trejo finalmente protagonizando o seu próprio veículo, com muita ação exagerada, violento pra burro, cabeças e membros rolando o tempo todo, peitinhos desfilando na tela, uma bela homenagem estética ao exploitation americano dos anos 70 e um elenco de arrebentar para competir com OS MERCENÁRIOS! Ou seja, com todos esses ingredientes só poderia sair um filmaço, certo? ERRADO!

Não que o filme seja ruim, mas fiquei um pouco desapontado. Juro pela mãe do guarda que realmente possui tudo aquilo que citei, mas infelizmente MACHETE ficou só no divertidinho e olhe lá. O filme tem um sério problema de ritmo e o terceiro ato, justamente o grande clímax, a batalha final, é de um desleixo tão absurdo que quase estragou o restante! Robert Rodriguez parece tão cuidadoso com o seu filme quanto seria se tivesse que acordar cedo todo sábado para levar a sogra ao shopping

Só para o caso de alguém ter vivido na idade da pedra até pouco tempo e não saber do que se trata, Machete é o personagem criado por Rodriguez, para o ator Danny Trejo, num dos trailers falsos do projeto GRIND HOUSE. Desde A BALADA DO PISTOLEIRO, Rodriguez e Trejo já pensavam em algo maior com o personagem mexicano, um assassino atirador de facas, chamado Navajas, que tentava perfurar a carcaça de Antonio Banderas, e que é praticamente um Machete, mas na versão malvada. Machete também não é nenhum amigo dos animais e da natureza (não que eu saiba), e a idéia era mesmo criar um herói politicamente incorreto que agredisse, torturasse ou matasse bandidos sem o mínimo de remorso. Graças a Deus, ele está do lado da lei.


No filme, Machete é um ex-policial casca grossa, sedento de vingança pelos responsáveis pela morte de sua família, o que inclui uma série de vilões que perderam uma ótima oportunidade de serem memoráveis, como Jeff Fahey, Don Johnson, Tom Savini, Robert De Niro e Steven Seagal!

Rodriguez conseguiu reunir um puta elenco pra desperdiçar alguns deles como se fossem papel de bala! Jeff Fahey e De Niro conseguem manter um pouco de dignidade com suas presenças, mas Don Johnson, que tem um ótimo personagem, é mal aproveitado e o destino final é simplesmente ridículo. O pior de todos é Tom Savini! O que esse cara foi fazer em MACHETE pra desaparecer daquele jeito?!?!

Precisamos de um parágrafo a parte para Steven Seagal. Vocês sabem que eu sou fã de carteirinha do homem. Até no seu período negro, gordo e acabado, eu estava lá para defendê-lo. Então imaginem minha ansiedade de vê-lo fazendo um papel de vilão num filme desse porte! Tá certo que ele aparece pouco, mas putz, preciso confessar que gostei muito. É uma das melhores coisas do filme… mas, como nem tudo são flores em MACHETE, a luta tão aguardada entre ele e Trejo (que esperava uma revanche desde MARCADO PARA MORTE) é frustrante de tão rápida! E cheia dos mesmos clichês irritantes que acabam com os filmes atualmente.


O lado feminino melhora um pouco com as beldades Jessica Alba, Michelle Rodriguez e Lindsey Lohan, esta última em dois momentos interessantes… sem roupa alguma e vestida de freira com uma metralhadora! Sim, MACHETE tem várias idéias divertidas como essa. Temos as duas enfermeiras sexys, o padre de Cheech Marin, algumas cenas de luta exageradas e cartunescas de trejo contra diversos meliantes, utilizando uma boa variação de objetos cortantes, etc. São muitos os momentos que pagam o ingresso, mas ao mesmo tempo surge uma coisa ou outra que enche profundamente o saco! Sangue digital em excesso, furos de roteiro, algumas escolhas do diretor que poderiam ser melhor resolvidas, tudo isso é tolerável até certo ponto em certos tipos de filmes. Mas o que me chateou mesmo foi o ato final, cujas cenas de ação fraquíssimas e efeitos especiais meia boca são piorados ainda mais com a negligência criativa de Rodriguez.

O único que realmente se sai bem nessa história toda é Danny Trejo. Há muito tempo os fãs de cinema de ação classe B aguardam por este momento no qual ele finalmente conquista o direito de estrelar um filme só seu. E aproveita muito bem a oportunidade criando um dos personagens mais badass dos últimos anos! Nunca que o Trejo conseguiria faturar tanta mulher num mesmo filme!!! Mas, por mais que MACHETE seja intencionalmente ridículo e que não deve ser levado a sério, o seu diretor resolveu estragar a festa por conta de desleixo. Em um filme B eu entenderia, mas aqui não… Diverte, mas tinha potencial pra ser bem mais do que isso.

Na dúvida, entre esses fakes exploitations da atualidade, fico com BLACK DYNAMITE!

11.8.10

ANATOMIA DE UM ASSASSINO (Body Parts, 1991), de Eric Red

EM BUSCA DO FILME ESQUECIDO

Bastou uma modesta sessão em VHS, quando eu tinha lá os meus nove ou dez anos para carregar algumas imagens deste filme na memória durante um bom tempo da vida. Só que era desses exemplares que comumente assistimos acidentalmente ainda moleque, sem saber o título, nome dos atores, na verdade não era nem para eu estar assistindo, e acaba esquecendo completamente. Quando se lembra, são apenas imagens desconexas que não formam sequer uma sinopse… Enfim, quando chegou a internet, imdb, baixação de filmes, resolvi tentar reencontrar algumas coisas, mas não consegui lembrar de informações suficientes para encontrar este aqui.

No ano passado, conversando com o meu amigo Osvaldo Neto, sobre um diretor de filmes B (óbvio, já que o Osvaldo é especialista no assunto) que havia feito um filme que ele tinha assistido, COHEN AND TATE, acabei tomando conhecimento do diretor Eric Red. Fui dar uma conferida no imdb, para ver o que o rapaz já tinha feito e pimba! Estava lá BODY PARTS. Só de ver a arte do cartaz e o título, as imagens do filme começaram a rondar a minha cabeça. Depois de ler a sinopse, confirmei que era o filme esquecido. Lembro até de comentar com o Osvaldo na nossa conversa que estava atrás daquele filme há anos, mas não lembrava de nada que me ajudasse a encontrá-lo… e o pior é que o enredo tem uma peculiaridade bem característica.

No último sábado, depois de quase um ano segurando o filme aqui, resolvi assistir. Claro que não é exatamente a mesma experiência que tive com o olhar da ingenuidade, mas pela mãe do guarda, juro que vivenciei alguns bons momentos diante dessa simplicidade fílmica, mas de uma grandeza inesperada! Chego a ficar constrangido por gostar tanto de um filme que, aparentemente, não possui nada fora do normal, mas acaba me atigindo de uma maneira notável. Não sei se chega a ser um “guilty pleasure”, porque o filme não é ruim, mas só mesmo um belo filme especial e torto causa esse tipo de reação em mim.

BODY PARTS não é uma obra prima, mas é um excelente thriller, possui uma trama urdida com criatividade, uma pitada de ação e ficção científica, além de ser uma esquisita e moderna releitura de Frankenstein. O bastante para surtir o seu efeito catártico sobre mim.

A trama gira em torno de um pacato psicólogo criminal, Bill Chrushank, que após um acidente de carro perde um braço. É preciso aceitar o tom fantástico do enredo que parte do princípio de que um transplante de braço vai substituir perfeitamente o antigo. E é isso que acontece, o protagonista recebe um braço novo que funciona 100 % em poucos meses, através de uma cirurgia experimental de ponta.

A partir daí, a vida de Bill muda de uma maneira negativa. Sua personalidade gradativamente se torna mais agressivas e estranha. Desconfiando que seu novo membro exerce essa influência sobre o seu comportamento, Bill inicia uma investigação para descobrir de quem era o braço, além de entrar em contato com outras pessoas que também receberam partes do mesmo corpo.

Entre suas inúmeras qualidades, Eric Red acerta em cheio ao colocar Jeff Fahey como protagonista. O ator, que já esteve em mais de 100 filmes e é bem conhecido pelos apreciadores do cinema de baixo orçamento, tem aqui uma atuação digna de nota. Quem também está ótimo é Brad Douriff, como um pintor medíocre que passa por uma fase inspirada, pintando quadros bizarros e macabros, após receber o outro braço do corpo em questão. A primera cena dele no filme é antológica!

O filme não possui muita ação. Temos a cena do acidente, que é um espetáculo. É rápida, visceral e sem frescuras. Há uma sequência envolvendo carros em alta velocidade que é de lascar também. Eric Red preza mais pelo climão de suspense. Red não chega a ser um mestre, mas BODY PARTS pode servir como uma autêntica aula de atmosfera, de montagem clássica e eficiente, para os cineastas da nova geração que acham que fazer suspense é dar sustos e aumentar o volume da trilha.

Recomendo para aqueles que curtem um simples, mas ótimo suspense a moda antiga, mesmo sabendo que não vão entender porque eu gosto tanto do filme, mas não tem problema. Certamente vocês devem ter vários filmes que eu não entendo como alguém pode gostar tanto…