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28.9.11

BIG BAD MAMA (1974)

O google resolveu me sacanear colocando uma mensagem informando que o blog estava avaliado como foco de ataques e que a entrada por aqui poderia lhe render um belo “cavalo de Tróia”. Depois de futucar bastante umas páginas da minha conta no google que eu nem sabia que existiam, fizeram uma análise e constataram que o blog está limpo. Retirei vários elementos da coluna à direita e coloquei esse template dark que é das antigas do blogger pra garantir que o problema não volte. Vamos manter as coisas assim, por enquanto.

Mas chega de papo e vamos ao que interessa! Estamos no período da depressão americana, temos a Lei Seca, assalto à bancos, tiroteios à rodo com Tommy Gun’s cuspindo fogo e Angie Dickinson peladona! Precisa de mais alguma coisa para BIG BAD MAMA ficar melhor? Ah, claro, a presença hilária de Dick Miller, que não aparece mais que o habitual nas produções de Roger Corman, mas sua participação foi bem distribuida ao longo do filme. Ele interpreta o policial durão que vive pelas estradas atrás da Big Mama do título e sua gangue. Sempre que está prestes a concluir sua missão, algo dá errado e suas reações são, no mínimo, de rachar o bico! Não tem como não ser fã desse eterno coadjuvante...

 
Corman estava começando a fazer dinheiro com pequenos gangster movies e resolveu apostar na anti-heroina, vivida por Dickinson, e suas duas filhas espirituosas e sapecas, que embarcam numa jornada no mundo do crime, no qual estão sempre envolvidas em roubos, sequestros, perseguições, tiroteios, num road movie alucinante de ação e com vários personagens interessantes cruzando o caminho das três protagonistas, como o ladrão de bancos encarnado por Tom Skerritt, por exemplo, ou o romântico jogador compulsivo na pele de William Shatner.

A direção é de Steve Carver, que no ano seguinte fez outro filme do gênero para Corman: CAPONE, com Bem Gazzara no papel título. Dirigiu depois Chuck Norris pelo menos duas vezes, como o McQUADE - O LOBO SOLITÁTIO, que eu acho um filmaço! BIG BAD MAMA é o seu primeiro longa e já demonstra boa habilidade trabalhando muitas sequências de ação, um senso de humor bem equilibrado, mantendo as coisas num ritmo ágil e divertido… é claro que a pulsão sexual e a quantidade de nudez também ajudam, especialmente com as personagens das filhas (Susan Sennett e Robbie Lee) bem à vontade e Angie Dickinson, nos seus 43 anos, expondo seus atributos de deixar muita mulher de vinte com inveja.

BIG BAD MAMA recebeu o título A MULHER DA METRALHADORA aqui no Brasil e ganhou uma continuação nos anos 80, dirigido por outro pupilo de Corman, Jim Wynorski.

31.8.09

RESPOSTA ARMADA (Armed Response, 1986), de Fred Olen Ray

Último post do mês será sobre esta pérola meio obscura dos anos 80, que é o típico filme que me conquista só de ver o pôster com os nomezinhos de David Carradine e do grande Lee Van Cleef juntos, fazendo expressões de poucos amigos. De cara já dá pra perceber que a diversão é garantida com RESPOSTA ARMADA, um filme de ação sem frescuras e sem compromisso, que não está nem um pouco a fim de se tornar um clássico do gênero ou coisa parecida, em compensação, é uma experiência totalmente agradável para os autênticos fãs de cinema classe B.

A trama é bem simples, centrada na família Roth, cujo pai, Burt (Cleef), e seus filhos Jim (Carradine), Clay (David Goss) e Tommy (Brent Huff), tornam-se alvos de um mafioso oriental, Akira Tenaka, vivido pelo ator japonês Mako, depois de tomarem posse de uma estátua que possui certo valor para o gangster. Como não estamos lidando com nada muito original ou complexo por aqui, o enredo acaba sendo movido mesmo pelas cenas de ação que acontecem ao longo da trama e, claro, pelas figuras ilustres que vão surgindo, interpretados por algumas estrelas dos filmes de baixo orçamento que já estamos acostumados a encontrar neste tipo de produção.

Além de Carradine, Cleef e Mako, o elenco se completa com participações de Dick Miller, o bizarro Michael Barryman e Ross Hagen. Impossível não se divertir com um elenco deste porte. Mas é o gafanhoto David Carradine quem deixa sua marca com uma ótima atuação. Seu personagem, o único com espessura, é um veterano do Vietnã que encara o problema como um verdadeiro soldado traumatizado pela guerra. Ah, mas meu personagem favorito é sem dúvida o calejado Lee Van Cleef, que está muito bem no papel do velho rabugento que não leva desaforo para casa e mesmo com a idade já avançada, participa da ação tranquilamente distribuindo chumbo e sopapos para cima dos bandidos.

A direção é do Fred Olen Ray, eu costumo a dizer que ele é uma espécie de herdeiro de Joe D’Amato e Jess Franco em termos de quantidade produtiva. O sujeito realiza mais filmes em um ano do que o Manoel de Oliveira em 100. Exageros a parte, a maioria são tralhas, mas são das boas, daquelas que divertem facilmente os entusiastas do bom e velho cinema de baixo orçamento, como este belo exemplar aqui.

RESPOSTA ARMADA foi lançado no mercado de VHS aqui no Brasil.

18.7.09

A BUCKET OF BLOOD (1959) & PREMATURE BURIAL (1962), de Roger Corman

No post anterior, antes do top 10 oscarizados, eu escrevi sobre um filme que o grande mestre dos filmes B's americano, Roger Corman, produziu para um dos seus incontáveis pupilos, Jim Wynorsky. Mas acabei me lembrando que nos últimos dias eu assisti a estes dois ótimos filmes que o sujeito trabalhou diretamente atrás das câmeras, sentado na cadeira de diretor.

O primeiro foi A BUCKET OF BLOOD, uma pequena obra prima; dos melhores filmes do Corman que eu já tive o prazer de assistir. Trata-se de uma comédia de humor negro inteligente numa trama de terror, muito bem elaborada para o tipo de produção, e conta com a presença de Dick Miller, o eterno coadjuvante de centenas de filmes, vivendo aqui o seu grande momento como protagonista.

Miller interpreta Walter Paisley, um infeliz garçom do bar The Yellow Door, local onde frequentemente se reúnem músicos, poetas, escritores, artistas de baixa categoria, mas que se acham o máximo, a nata cultural. O próprio Paisley os considera seres geniais e nutre o desejo de se tornar um artista famoso, respeitado, ser exatamente como aqueles pseudos-intelectuais a sua volta que ele tanto admira.

Na busca pelo reconhecimento artístico, Paisley consegue chamar a atenção do grupo quando aparece com uma escultura de argila com o formato de um gato morto. O que acontece, na verdade, é que ele matou, involuntariamente, o gato do vizinho e teve a idéia de revesti-lo com argila. A obra é um sucesso, mas para manter o status conquistado, Paisley terá que continuar criando e mostrando outras obras. O problema é quando sugerem que ele faça figuras humanas... e em tamanho real... creio que já deu pra sacar qual é do filme, né?

A BUCKET OF BLOOD marcou um ponto alto na carreira de Roger Corman. Não chegou a ser um estrondoso sucesso comercial, mas teve um feito duradouro e influente no gênero do horror em alguns elementos. Poderíamos até dizer que o filme é um dos precursores do subgênero Slasher, quase vinte anos antes de HALLOWEEN. O personagem de Dick Miller, que está magnífico, um dos primeiros e mais memoráveis serial killer’s do estilo.

A direção do Corman é, no mínimo, uma aula de como realizar um grande filme com tão pouco. O público nunca sente que está diante de uma produção de baixo orçamento, filmado na correria habitual dos pequenos estúdios de onde saiam vários filmes B em um curto espaço de tempo. Corman filma apenas o essencial, cada plano, corte, sequencia, não poderia ter ficado melhor do que aquilo que é visto na tela. Sem dúvida, um dos filmes mais divertidos que vi nos últimos tempos.

O outro foi PREMATURE BURIAL. Filmado à cores, é um trabalho mais sério do diretor, com uma fotografia caprichada, carregada de elementos atmosféricos e tons fortes bem ao estilo que o Mario Bava fazia em seus filmes nos anos 60, como em BLACK SABBATH, KILL BABY KILL, THE WHIP AND THE BODY, etc.

Baseando-se em mais uma obra de um dos meus escritores favoritos, Edgar Allan Poe – li, recentemente, O RELATO DE ARTHUR GORDON PYNN, que é um dos relatos mais geniais do sujeito – Corman aposta desta vez num terror psicológico, cuja trama apresenta Ray Milland, ao invés de Vincent Price, seu colaborador habitual em adaptações de Poe, interpretando um pintor que tem pavor da situação de ser enterrado vivo por engano.

PREMATURE BURIAL é bacana e também demonstra a desenvoltura de Corman na direção de produções com orçamentos apertados, além do resultado da beleza visual e atmosférica que consegue alcançar. Mas o grande deleite está na presença de Milland, um ator soberbo que ganhou um oscar pelo seu desempenho em FARRAPO HUMANO, de Billy Wilder, mas depois, não me pergunte como, acabou parando nos sets de produções de filmes B. Sua performance aqui é extraordinária e já paga o ingresso.

Os dois filmes, A BUCKET OF BLOOD e este aqui, são perfeitos para um double feature do diretor. São curtos, divertidos, provam o talento do sujeito em duas vertentes e estilo visuais diferenciados, uma maravilha! Apenas com a ressalva de que A BUCKET OF BLOOD é bem superior, marcante, um clássico do terror/humor, enquanto PREMATURE BURIAL é apenas mais um filme da série de adaptações de Poe, mas em se tratando de Roger Corman, é diversão garantida de qualquer jeito.

7.3.09

GRITO DE HORROR (The Howling, 1981), de Joe Dante


Queria escrever sobre WATCHMEN, mas ainda não assisti. Adiei para hoje (sábado). Sei que tem muita gente que já meteu o pau sem assistir e que não gosta do Zack Snyder, etc. Até entendo o ponto de vista, mas eu estou curiosíssimo. Amanhã (domingo) saberemos as minhas impressões. Por enquanto, andei vendo este ótimo filme de lobisomem, dirigido pelo mestre Joe Dante, que havia se reunido mais uma vez com o roteirista de PIRANHAS, John Sayles, para entregar GRITO DE HORROR.

É um filme visionário no campo da licantropia. Até então, os lobisomens eram mostrados no cinema como homens um pouco mais peludos que o normal, com suas roupas rasgadas, os caninos mais afiados e as unhas pontudas. Dante e Sayles, juntamente com uma equipe técnica excelente, desenvolveram umas criaturas monstruosas e inovadoras que devem ter feito muito moleque pedir pra dormir no meio dos pais durante a noite (e ainda por cima assistiram escondidos, já que uma criança não deveria ver esse tipo de filme... brincadeira!).

É que o tema é trabalhado no roteiro de uma maneira bem moderna, inteligente, sensual, séria, com os elementos e a atmosfera do horror sendo mantidas ao longo de toda duração, diferente da abordagem de John Landis em UM LOBISOMEM AMERICANO EM LONDRES, que foi rodado no mesmo ano e mistura comédia de humor negro na salada.

Na verdade, os dois filmes são tão diferentes que fazer comparações seria algo estúpido, a não ser é claro nos quesitos técnicos em que ambos são sensacionais, especialmente a transformação dos condenados em lobisomens. A do filme de Landis, feita por Ricky Baker é genial em todos os sentidos, mas a de GRITO DE HORROR, por Rob Bottin (de THE THING, do Carpenter), é muito mais sombria e assustadora, assim como o filme todo é, em comparação estúpida com o do Landis.

Baker até chegou a trabalhar em GRITO DE HORROR, mas quando Landis disse que iria fazer o seu, ele trocou de time. Mas foi bom pra mostrar que existiam outros mestres dos efeitos especiais à moda antiga tão competentes quanto o Baker. A cena em que mostra todos os detalhes da transformação do lobisomem, com aquela luz maravilhosa e expressionista sob os acordes de Pino Donaggio, é uma coisa linda e perturbadora! E a protagonista lá estática e assustada vendo aquilo tudo acontecer lentamente... por que diabos ela não saiu correndo?

É o tipo de pergunta que não se deve fazer e que guarda a essência de toda essa era do cinema de horror americano...

OBS 1: GRITOS DE HORROR tem um elenco bem legal composto de gente do calibre de John Carradine e Dick Miller em papéis especiais e algumas aparições que valem a pena procurar enquanto se assiste, como Forrest J. Ackerman, Roger Corman e o roteirista John Sayles.

OBS 2: Observação estúpida, mas eu particularmente prefiro UM LOBISOMEM AMERICANO EM LONDRES...