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16.5.09

EXÉRCITO DAS SOMBRAS (L'armée des ombres, 1969), de Jean-Pierre Melville

Belo filme. Também não deixa de ser uma das obras mais perturbadoras e melancólicas do diretor (entre os filmes que eu andei vendo ultimamente e postado aqui no blog). De todos estes que eu vi, ainda prefiro LE CERCLE ROUGE, mais pela minha identificação particular pelo cinema policial, porém os dois ficam no páreo de igual para igual em excelência. 

A trama se passa durante a Segunda Guerra Mundial e serve de pano de fundo para que o diretor trabalhe o estado de espírito de alguns membros da resistência francesa, principalmente um de seus líderes, interpretado por Lino Ventura, que vai gradualmente descobrindo que ele e seus companheiros devem trair a sua humanidade em prol de seus ideais, embora no final, os seus esforços são essencialmente inúteis como benefício próprio. O modo com que o diretor opera o psicológico dos personagens, trabalhando o medo, a dor, o conflito, a relação com a morte e o fato de se tornarem verdadeiras sombras, gera vários momentos incríveis. A cena onde os sujeitos discutem como vão apagar o traidor, sendo que o próprio se encontra no mesmo local, ouvindo tudo angustiado, é sensacional. 

Os pontos de contatos com o cinema de Bresson não ficam tão evidente aqui, provavelmente porque fosse impossível para o diretor tratar do tema sem que colocasse uma carga emotiva, já que o próprio Melville fora membro da resistência (mas o roteiro é uma adaptação de um romance de Joseph Kessel, não tão pessimista quanto o filme) e O EXÉRCITO DAS SOMBRAS talvez seja seu filme mais pessoal. Além de Ventura, todo o elenco é de primeira, com destaque para a grande participação de Simone Signoret, já bastante enrugada aqui, mas com muito carisma. Acho que para esta espécie exploração da filmografia do Melville ficar completa, vou assistir a LE SAMOURAI pra ver como se sai numa revisão...

12.5.09

LE CERCLE ROUGE (1970), de Jean-Pierre Melville

Duas horas da madrugada, ainda não consegui parar de trabalhar – algo que eu deveria estar fazendo agora e não escrevendo isto aqui – mas como a criatividade deu um tempo, nada melhor que uma pequena pausa. Mesmo assim, vou tentar ser breve (e estou morrendo de sono, por isso não me levem a mal se o texto ficar pior que o habitual). Estávamos falando de Jean-Pierre Melville em alguns posts abaixo. E estamos de volta com ele, mas sem qualquer tipo de reclamação desta vez! E não é pra menos, já que não temos, em LE CERCLE ROUGE, Melville brincando de trenzinho e maquetes como em UM FLIC (deixando bem claro que gostei deste, algo que não ficou bem explícito nos meus comentários sobre o filme). Mas este aqui é muito mais danado de bom e é, guardando as devidas proporções, um verdadeiro épico do cinema policial francês.

Indo direto ao ponto: Vogel – vivido pelo grande ator italiano Gian Maria Volonté – é um prisioneiro que escapa debaixo do nariz do comissário de policia que o levava de trem (mas nada de maquetes!) sob custódia para a penitenciaria. No mesmo dia, Corey – mais uma vez Alain Delon, agora com um bigodinho pra dar um ar de bandido – sai da prisão após cumprir pena por roubo e os dois cruzam um o destino do outro. Com a ajuda de um ex-policial – Yves Montand, outro monstro – planejam roubar uma joalheria, mas têm atrás de si, o mesmo comissário que vacilou na fuga de Vogel pra atrapalhar os planos do furto. Vão me dizer que não é um p@#$% enredo pra um filme policial nas mãos do cara que dirigiu LE SAMOURAI?

Bom, daí surge algumas seqüências brilhantes, como a cena do roubo, por exemplo, que Melville havia pensado vinte anos antes, mas desistiu de realizar porque John Huston lançou primeiro o seu clássico THE ASPHALT JUNGLE, que é um filmaço, só pra constar. Passado o tempo, cá estamos, Delon, Volonté e Montand roubando jóias e Melville concebendo mais uma de suas obras primas. O próximo filme do diretor que eu pretendo assistir é o L’ARMÉE DES OMBRES que parece ser muito bom... é, ou não é?

6.5.09

UN FLIC (1972), de Jean Pierre Melville

Do Melville só havia assistido LE SAMOURAI e resolvi dar uma explorada no restante da filmografia começando pelo ultimo filme que realizou. Confesso que vindo de um diretor tão consagrado no gênero policial francês e, sendo este seu derradeiro trabalho, eu esperava mais, mesmo assim é um bom filme estranho. A trama de UM FLIC envolve uma quadrilha de assaltantes, liderado pelo ator americano Richard Crenna (que mais tarde faria o Coronel Trautman em RAMBO) e um inspetor, vivido por Alain Delon, que trabalha para capturá-la. Tem alguns momentos ótimos, como a cena de roubo ao banco na chuva do início; Delon em cena é sempre marcante, principalmente por fazer o tipo policial de métodos heterodoxos; e vários personagens interessantes, lapidados com uma bressoniana falta de emoções, algo que já parece ser particular do diretor. Outras sequências não me atraíram em nada – o assalto ao trem, com aquela maquete totalmente deselegante... Por que filmar desse jeito? Num filme de baixo orçamento italiano eu entenderia. O filme ainda aproveita muito mal a Catherine Deneuve. De qualquer forma, está bom como está, não é exatamente uma despedida como a de Sergio Leone, mas também Melville não está a altura do italiano, isso é fato. Essa semana eu vejo como ele se saiu em LE CERCLE ROUGE.