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7.3.10

THE 8 DIAGRAM POLE FIGHTERS (1984), de Liu Chia-Liang

Esse eu estava querendo assistir desde que o Herax havia me indicado há um tempão e fiquei enrolando, criando espectativas que finalmente foram superadas. THE 8 DIAGRAM POLE FIGHTERS é excelente!!! Talvez uma das últimas obras primas dos estúdios da Shaw Brothers, realizado numa época em que já entrava em seu período de declínio na produção de filmes para cinema.

Na trama, temos a família Yang, formada por bravos guerreiros que vão à guerra defender o seu país contra os invasores bárbaros. Logo no início, a mãe (Lily Li) recebe uma previsão dizendo que dos sete filhos, seis retornariam vivos. Traídos pelo general Pan Mei (Lam Hak-Ming) em pleno campo de batalha, a profecia se cumpre de outra maneira para o desespero da mãe: dos sete, apenas o sexto filho (Alexander Fu Sheng) é que retorna vivo e completamente pirado por ter visto seu pai e irmãos serem massacrados!!! O quinto filho (Gordon Liu) também consegue escapar com vida, mas foge para um templo onde decide virar monge.

Ao que parece, no roteiro original, o único sobrevivente seria mesmo o personagem de Fu Sheng e ele seria o herói com sede de vingança contra os traidores que destruiram sua família. Mas uma fatalidade fez com que a trama tivesse que ser alterada, pois o ator faleceu em um acidente de carro durante as filmagens. Então o sempre ótimo Gordon Liu teve que assumir novamente o papel de protagonista. Mesmo com seu personagem querendo tornar-se monge, coube a ele a tarefa de vingador. Até porque o roteiro consegue driblar o problema muito bem, embora o personagem de Fu Sheng desapareça de repente do filme.

Liu faz direitinho o dever de casa. Não é a toa que ele tenha sido um dos sujeitos mais respeitados do gênero. Um cara que sabe atuar com expressividade e possui habilidades físicas impressionantes não ia ser ignorado, principalmente naquela altura da carreira, na qual já havia estrelado diversos clássicos das artes marciais. A cena em que seu personagem raspa o próprio cabelo para virar monge é antológica, ficando com a mesma aparência de San Ta, de A 36ª CÂMARA DO SHAOLIN, seu papel mais conhecido.

THE 8 DIAGRAM POLE FIGHTERS não é desses filmes repleto de ação a cada cinco minutos. O diretor Liu Chia-Liang (meio irmão de Gordon Liu) trabalha de forma cadenciada o drama dos personagens para explodir no final com uma sequência de luta das mais surpreendentes. Não quer dizer que não tenha ação durante o restante, mas não são muitas em relação a outras obras. E também são rápidas, embora todas elas sejam perfeitamente encaixadas à trama e filmadas com muita desenvoltura, como aquela em que Liu tem que lutar contra um monge que não quer deixá-lo partir para salvar a irmã (que foi ao seu encontro depois de saber que ainda estava vivo).

Mas a cena final é a cereja do bolo, um verdadeiro épico das artes marciais, regado à muito sangue e que exigiu bastante técnica dos atores. O trio de diretores de ação, formado pelo próprio Liu Chia-Liang, Hsiao Ho e King Lee tiveram ótimos resultados com o lance dos caixões empilhados e Gordon Liu tentando descobrir onde a sua irmã está presa, enfrentando sozinho os mesmos inimigos que derrotaram sua família.

Sem dúvida alguma, THE 8 DIAGRAM POLE FIGHTERS é um magnífico exemplar, obrigatório para quem deseja conhecer um pouco mais sobre filmes de luta old school de ótima qualidade.

20.5.09

DRUNKEN MASTER II (Jui Kuen II, 1994), de Liu Chia-Liang & Jackie Chan


Longe de Cannes, só nos resta ver um bom filme de porrada!!!
Dezesseis anos após ter estrelado DRUNKEN MASTER, Jackie Chan retornou com este DRUNKEN MASTER II, que possui ligação com o filme anterior apenas pela presença do ator e por ele utilizar a técnica dos oito deuses embriagados, mas são filmes totalmente independentes. E por mais que eu tenha rasgados elogios ao primeiro, este aqui consegue ser superior! É provavel que seja a última obra prima do cinema de artes marciais...

Corrijam-me se eu estiver errado, mas desde o início da década de 80 Jackie Chan não participava de uma produção de época. Mas o fato é que no começo dos anos 90, houve um ressurgimento dos filmes de kung fu históricos, como ERA UMA VEZ NA CHINA, por exemplo, estrelado por Jet Li, então era inevitável que Chan retornasse ao gênero que o tornou famoso, principalmente nesta espécie de sequencia de um dos seus principais trabalhos que o elevou ao estrelato.

E é muito bacana poder ver Jackie Chan fazendo papel de jovem molecão. Na verdade, ele já estava com 40 anos na época e seu personagem tem aproximadamente 20, mas isso não faz a menor diferença, e não apenas pela atuação e o modo de retratar a juventude, mas seu aspecto físico ajudava bastante. Chan era apenas oito anos mais novo que o ator que interpreta seu pai (Ti Lung) e uns dez anos a mais que atriz que fazia sua madrasta (Anita Mui)...

Vamos à trama, que se passa no início do século passado, quando Fei Hong (Chan) está viajado com seu pai. Hong, que tem “encrenca” escrito na testa, arruma uma forma de esconder uma caixinha, contendo uma raiz medicinal, para não ter que pagar impostos ao passar pela alfândega. Por causa da semelhança entre duas caixinhas, um sujeito acaba pegando a de Fei Hong por engano, e este, que não quer saber de papo, parte pra cima do sujeito, e antes que você consiga dizer “papibaquígrafo”, a porrada já está comendo solta! Afinal, DRUNKEN MASTER II é um filme de Kung Fu! Ninguém iria querer que o Jackie Chan tentasse recuperar a caixinha com educação, não é?

Fei Hong recupera a caixa, mas a errada. Esta contém um selo imperial, e é o que o sujeito queria, na verdade, mas acabou ficando com a raiz. Muito bem, a trama parte daí para um assunto mais "sério", revelando um grupo de contrabandistas que vende tesouros e artefatos da China para os museus pelo mundo afora. Como Hong tem o selo imperial em mãos, acaba tornando-se alvo dos contrabandistas. Assim como a caixa trocada serviu para desencadear toda uma situação, numa outra cena, uma das mais memoráveis, os bandidos também confundem os objetos pessoais dentro da bolsa da sra. Wong, madrasta de Hong, com o famigerado selo, transformando o filme numa comédia de erros e gags que justifique as sequencias de luta!

Nesta em particular, Fei Hong persegue o bando, e começa a lutar sozinho contra vários meliantes, algo habitual para um cara como Jackie Chan. Mas a coisa fica ótima quando a sra. Wong começa a lhe fornecer bebidas alcoólicas permitindo que Hong libere a técnica Drunken Boxer! É bem conhecido o fato que a embriaguez deixa uma pessoa mais corajosa e solta, mas que também melhore seu Kung Fu, aí já não sei... pelo menos com Fei Hong funciona muito bem!

Aí que está a grande importância de ter assistido ao DRUNKEN MASTER e ser familiarizado com a técnica Drunken Boxer. Não que eu seja adepto ao procedimento, na verdade, a única vez que briguei na vida, lá pelos meus doze anos, apanhei feio, e não estava embriagado, mas depois eu conto esta história... Então, para quem não assistiu e ainda teve paciência de chegar até aqui em baixo nesta leitura nada agradável e cheia de spoilers, o Drunken Boxer é o estilo que o personagem de Jackie Chan utiliza, garantindo resistência à dor enquanto execulta movimentos como a de um bêbado, caso estivesse lutando. Portanto há uma série de tropeços e um balancear estranho, mas acabam dando certo na hora de desferir os golpes, seguido, é lógico, do nome do golpe dito em voz alta. E para se chegar a tal transcendência marcial, basta tomar uma caninha...

Bom, agora que já sabem tudo sobre esta arte, vamos as sequências de luta que são de tirar o fôlego. Duas, em especial, podem entrar para a história do cinema de artes marciais. A primeira é a que acontece no restaurante onde Fei Hong luta contra dezenas de vagabundos, usando machadinhas, enquanto nosso herói improvisa uma arma genial feita de bambu. A outra é a sequencia final, uma das mais magistrais exibições de proezas físicas que o cinema de porrada já proporcionou! A esta altura, o diretor Liu Chia-Liang (36th CHAMBER OF SHAOLIN) já havia chutado o balde e a direção estava toda nas mãos de Jackie Chan. Os vinte minutos finais foram filmados em quatro meses! Quem disse que Jackie Chan não era perfeccionista?

E mesmo que a trama não seja um padrão de originalidade, ela possui os McGuffin's necessários para a boa dose de ação corporal que come solta intensamente durante todo o filme, e ainda consegue desenvolver vários aspectos paralelos, como o orgulho chinês pelo seu patrimônio histórico, e se aprofundar bastante no personagem de Chan, que apesar de chutar muitas bundas, sua luta principal é encontrar aceitação aos olhos de seu pai. Pena que Jackie Chan nunca mais conseguiu atingir o mesmo nível de DRUNKEN MASTER II.

19.4.09

Mais dois filmes de porrada!


Ainda tentando falar de todos os filmes que vi no ultimo final de semana. É que fazia muito tempo que eu não via tantos filmes em curto espaço de tempo. THE 36TH CHAMBER OF SHAOLIN (78) foi um deles. E o que dizer? É um dos maiores clássicos dos estúdios Shaw Brothers, verdadeiro épico das artes marciais. Impressionante em todos os sentidos. Principalmente Gordon Liu, mostrando extremo potencial físico e expressivo para dar vida ao seu personagem, San Te, um jovem fugitivo que se refugia entre os monges para aprender a lutar kung fu. Anos mais tarde, Liu viria trabalhar com Quentin Tarantino em KILL BILL interpretando o mestre Pai Mei. O filme conta também com a presença de Lo Lieh, famoso por inúmeros papéis em filmes do gênero. Aqui ele encarna um general que desperta o ódio de toda a população, que vive amedrontada sob sua tirania.

O diretor Liu Chia-Liang, que depois faria DRUNKEN MASTER II (e mais um monte de coisa que eu não vi ainda), trata o filme de maneira muito especial e não sentiu necessidade de apelar para artifícios como violência gráfica ou outros tipos de manipulação. Mas diverte fazendo um grandioso trabalho de “filme de treinamento”. Apesar de ótimas seqüências de lutas, como todo bom filme do gênero tem de ter, o prato principal em THE 36TH CHAMBER OF SHAOLIN é a transformação do personagem em um grande mestre shaolin (e que ocupa boa parte da projeção).

Depois disso é só porradaria das boas. San Te lutando sozinho contra mais de vinte soldados do general e depois contra o próprio. Sem grandes mensagens, significados, mas ganha fácil o espectador pelo seu estilo e o modo sincero de fazer cinema de artes marciais de qualidade!

O MESTRE DA GUILHOTINA VOADORA (75) é um caso bem diferente. Pende para um lado bizarro e fantasioso dos filmes do gênero, é tosco e exagerado, mas não deixa de ser excelente! Sem dúvida, um dos melhores já produzidos. Na verdade, o enredo é meio bobo, mas isso não importa. O diretor Jimmy Wang Yu dá conta do recado tranquilo com o pouco que tem: monge cego decide se vingar do sujeito que matou seus dois discípulos – o grande mestre boxeador de um braço só!!!

Um plot simples, mais um punhado de seqüências de lutas de alto nível e uma das galerias de personagens mais fantásticas que eu já vi, é mais que suficiente. O monge cego é quem utiliza a tal guilhotina do título, uma arma realmente de dar medo; e o próprio diretor interpreta o boxeador de um braço. E nada melhor que um torneio de luta inserido à narrativa para fazer a coisa fluir e apresentar os outros personagens, um mais bizarro que o outro (até um lutador indiano com a capacidade de esticar os braços!!!).

Cabeças rolando, muita porrada comendo solta em sequencias bem filmadas e um final antológico! O confronto entre o mestre boxeador de um braço contra o cego da guilhotina voadora é de deixar arrepiado qualquer fã de cinema de artes marciais! Me deixou feliz a semana toda! O filme, de um modo geral é muito criativo e divertido. Dá gosto de ver.