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12.3.12

THRILLER - A CRUEL PICTURE (1974)

Fui ao cinema este fim de semana com as expectativas lá em baixo para conferir esse tal JOHN CARTER. E não é que fui surpreendido? Sim, pois o filme é muito PIOR do que eu esperava. Para me desintoxicar, resolvi rever pela terceira ou quarta vez THRILLER – A CRUEL PICTURE. Er… Mas por que logo esse tão aleatório assim? Ora, esse filme é simplesmente maravilhoso e me bateu vontade de acompanhar mais uma vez a jornada da ingênua garota muda que se transforma numa das vingadoras mais implacáveis da história do cinema!

Se fosse há quinze anos, certamente estaria falando de uma famigerada raridade muito mais discutida do que realmente vista na sua versão integral, mas depois de sua redescoberta e o lançamento em DVD há tempos no exterior, falar de THRILLER é chover no molhado… Mas é um filme que me causa um certo fascínio e eu precisava escrever sobre ele por aqui no DEMENTIA 13. Trata-se de um dos exploitations mais famosos dos anos setenta, bastante lembrando também por ter sido uma das principais inspirações do diretor Quentin Tarantino ao escrever a saga da Noiva em KILL BILL, além de ser um dos pontos de partida para qualquer cinéfilo maluco que queira iniciar-se no universo do cinema extremo.

Produção sueca, assinada pelo diretor, produtor e roteirista Bo Arne Vibenius, que foi assistente de direção de Ingmar Bergman em PERSONA, THRILLER surgiu como uma tentativa de recuperar o dinheiro gasto no primeiro filme de Vibenius, uma aventura de fantasia infantil que ninguém viu e que foi um desastre de bilheteria. Segundo ele, este aqui seria apenas um "commercial-as-hell crap-film". Ok, então não sei onde foi que ele "errou", mas ao realizar este rape and revenge movie literalmente cruel, como o título adianta, uma autêntica obra de exploração abusando de doses cavalares de violência gráfica e sexo explícito, o sujeito acabou criando um clássico da subversão cultuado em todo mundo!


Todo o enredo de THRILLER é voltado para esses dois elementos básicos: violência e sexo. Logo no início, uma menina é estuprada por um velho louco e por consequência do trauma, ficou muda. Certo dia, ao perder o ônibus que a levaria de volta pra casa, a moça, agora jovem e interpretada pela musa do exploitation Christina Lindberg, aceita carona de um sujeito que pela cara percebe-se que não possui as melhores intenções. Ingênua de tudo, ele a leva para jantar e depois para sua casa, onde a garota é drogada com heroína até ficar viciada e ser obrigada a se prostituir para "viver".



O primeiro cliente que aparece, a pobrezinha o ataca ferozmente! Como castigo, uma pequena lição para não esquecer, o gigolô lhe perfura um olho com um bisturi, numa das imagens mais chocantes do cinema grind house. A coisa fica ainda mais repugnante quando ficamos sabendo dos bastidores dessa sequência e que o olho que assistimos ser cortado pela lâmina sem qualquer edição era de um cadáver real de uma garota que havia morrido há pouco tempo. Brrr!

Ao descobrir que seus pais cometeram suicídio por causa das cartas injustas e maldosas que o gigolô enviava à eles com a assinatura dela, a garota inicia um longo processo de vingança que consiste num aprendizado de artes marciais, tiro ao alvo e habilidades ao volante, para depois partir para o implacável ataque contra todos que lhe fizeram algum tipo de mal.


Vibenius quis demonstrar que vingança é um prato que se come frio de forma literal. Além da narrativa construida sem pressa alguma, quase todas as cenas de ação foram estilizadas ao máximo, mostradas num super slow motion incômodo, beeeeem leeeeeeeeento, mas ao mesmo tempo surreal, violento e dramático.

Outro detalhe que faz o espectador levantar a sobrancelha são as pontuais cenas de sexo explícito inseridas na edição. Nenhuma delas foram filmadas com a Lindberg que, na trama, protagoniza as cenas em questão. Mas causam um estranhamento danado… Em determinado momento vemos a protagonista treinando karatê, praticando tiro ao alvo e logo em seguida um plano fechado “daquilo” entrando “naquilo”.


O filme acabou banido da Suécia e por muito tempo pensou-se que fora o primeiro exemplar a cometer essa “proeza” por lá (na verdade, o primeiro filme proibido no país foi THE GARDENER, de Victor Sjostrom, em 1912). THRILLER foi tão multilado na época para poder chegar aos cinemas ao redor do mundo (e mesmo assim com muita dificuldade) que faço confusão com tantas versões existentes. A cópia lançada nos Estados Unidos, recebeu o título sensacional de THEY CALL HER ONE EYE, e existem relatos de que o filme passou no SBT com o título ELES A CHAMAM DE CAOLHA!!!

No entanto, apesar de toda essa áurea subversiva e doentia, de ser assumidamente um produto de exploração, com seu enredo repulsivo, cenas grotescas de violência escancarada e sexo explícito, um dos aspectos que sempre me impressionou muito em THRILLER é como o filme é lindo visualmente! Vibenius tinha muita noção de enquadramentos e surpreende com momentos de grande força estética, sublinhadas por composições que buscam trabalhar o fetiche semiótico, imagens que se transformaram em ícones do exploitation.


A pequena Christina Linderg com o tapa olho (na qual muda de cor dependendo da ocasião, genial!), o sobretudo preto, carregando a pesada escopeta nas mãos é um exemplo claro disso. Lindberg já era musa quando fez THRILLER no início dos anos 70. Pessoalmente, não é das minhas preferidas, mas sua beleza é incontestável. Além disso, o papel que faz aqui é exatamente o ideal para ela, pois suas caracteristicas físicas naturais faz com que pareça muito mais jovem do que sua verdadeira idade. Sem contar que a atriz não precisa abrir a boca para soltar uma frase sequer, então só lhe restou utilizar de seus belos atributos físicos e se impor como um anjo da vingança. Saiu-se perfeitamente bem.

3.11.08

PORNO HOLOCAUST (1981), de Joe D'Amato


No início da década de oitenta, o diretor italiano Joe D’Amato realizou alguns filmes sob o sol do Caribe e ficou conhecida como a sua fase caribenha (bem criativo). Como sempre, a “agenda lotada” do diretor fez com que ele filmasse vários filmes ao mesmo tempo, seguindo a risca o lema “quanto mais, melhor” e com Porno Holocaust não foi diferente. Realizado junto com Erotic Nights of Livind Deads, D’Amato aproveita-se do mesmo elenco, das mesmas locações e quase o mesmo tema para criar uma obra que mistura sexo explícito com horror.

Mas o roteiro e o seu tema não importam tanto. A trama é risível e provavelmente só existe porque D’Amato ainda não queria se dedicar ao pornô absoluto de seus últimos filmes. Deveria haver uma história que pudesse intercalar uma cena de sexo com outra, sendo assim, o filme trata de um grupo de cientistas (um deles interpretado pelo grande George Eastman, embora não participe de nenhuma cena de sexo) que acaba numa ilha para estudar os danos causados por uma radiação, e eis que surge um mutante deformado meio zumbi que inicia uma onda de mortes na tal ilha, e que serve apenas para criar o elemento horror, mas acaba gerando não mais que gargalhadas.

Não dá pra levar a sério um mutante com aquela maquiagem, mas é divertido acompanhar seus ataques repentinos que permitem boas doses de gore, além de seus ataques tarados contra as mulheres. Mas a diversão não para por aí, ainda temos as tórridas cenas de sexo explícito e que, ironicamente, é onde a direção de D’Amato se sai melhor em Porno Holocausto. A cena onde duas mulheres colocam as aranhas pra brigar num tronco à beira da praia é extremamente bem filmada aproveitando-se da iluminação natural e da beleza das praias caribenhas.

24.10.08

EMANUELLE IN AMERICA (1977), de Joe D'Amato


Quando se fala em Emanuelle, muita gente vai se lembrar da famosa série erótica onde a personagem infestava as mentes dos pré-adolescentes que ficavam até altas horas das madrugadas de sábado para assistir o Cine Privé da Band. Bons tempos aqueles, mas não é exatamente desta Emanuelle que hoje vamos falar, mas sim, da misteriosa e sensual Black Emanuelle vivida pela musa Laura Gemser, que encarnou a personagem pela primeira vez no filme Emanuelle Nera, de Bitto Albertini.

Com o passar dos anos, vários diretores utilizaram a personagem em seus filmes, e sempre com Gemser interpretando seu papel e nem exigia muito dela. Laura Gemser tinha uma beleza exótica magnífica e explodia em sensualidade. Bastava tirar a roupa e dizer as falas que os enquadramentos dos planos e uma ótima fotografia ficavam a cargo de um resultado satisfatório. O nosso famigerado Joe D’Amato foi um desses diretores que trabalhou com a personagem em diversos filmes, inclusive tomou Laura Gemser como musa nos mais variados tipos de produção.

Emanuelle in América é um dos melhores exemplos desta parceria entre D’Amato e Gemser. A história gira em torno de uma repórter que investiga o submundo do sexo entre milionários excêntricos até se encontrar no meio do perigoso universo dos snuff movies (filmes que mostram assassinatos reais de seus intérpretes). A trama se passa com certa lentidão, onde temos muitas cenas de nudez e sexo entre as investigações. Vale lembrar que algumas cenas são de sexo explícito (sem a Gemser, óbvio), detalhe que faz parte de uma das principais características de D’Amato, sempre em busca do choque visual, misturando tais cenas com tramas de suspense ou terror, como em Porno Holocausto e Erotic Nights of Living Deads, por exemplo.

D’Amato chega a filmar uma mulher excitando um cavalo em uma reuniãozinha dos milionários (da mesma forma que fez em sua versão de Calígula), embora não mostre o ato sexual da mulher x cavalo, é um dos momentos mais impressionantes do filme junto, é claro, com as famosas cenas de snuff movie, que são de um realismo extraordinário e causou muita polêmica na época. Foi quando surgiu a lendária história que D’Amato havia conseguido cenas de Snuff com a máfia russa! Genial!