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10.2.13

A FORÇA EM ALERTA 2 (UNDER SIEGE 2: DARK TERRITORY, 1995)


Steven Seagal começou sua carreira de action heroe mandando muito bem desde seu primeiro trabalho, NICO, ACIMA DA LEI (1988). Aliás, e isso eu sempre repito por aqui, seus quatro primeiros filmes são excelentes exemplares de ação, independente se tu gostas ou não do ator de rabinho de cavalo. Mas foi com seu quinto longa, A FORÇA EM ALERTA, que o sujeito alcançou o seu maior sucesso comercial. Já comentei sobre o filme aqui, mas vale lembrar que se trata de uma espécie de “DURO DE MATAR em um navio militar”, numa bela época em que “DURO DE MATAR em qualquer situação” funcionava tão bem quanto a combinação Robert Mitchum e film noir na década de 40 e 50. Ou seja, uma maravilha.


E já que A FORÇA EM ALERTA fez tanto dinheiro, por que não trazer o personagem do ex-agente especial militar, agora cozinheiro, Casey Rybeck, de volta em uma nova aventura? Portanto, surgiu A FORÇA EM ALERTA 2, dirigido por Geoff Murphy e escrito por Matt Reeves (que faria alguns anos depois CLOVERFIELD e a refilmagem de DEIXE ELA ENTRAR), também conhecido como “DURO DE MATAR em um trem”. Dessa vez, Seagal embarca com sua sobrinha para ir ao funeral de seu irmão no mesmo trem que um gênio/louco capaz de controlar uma arma satélite que cria terremotos em qualquer ponto da terra decide começar uma operação de destruição de escalas globais durante a viagem. Com a ajuda de um bando de mercenários, todos os passageiros são colocados como reféns no último vagão para que a operação ocorra dentro dos conformes. Exceto, é óbvio, Rybeck que precisa agora utilizar todo seu conhecimento de cozinheiro para atrapalhar os planos dos malvados.


Nisso, o que não falta em A FORÇA EM ALERTA 2 são algumas sequências bem constrangedoras para qualquer herói de ação que se preze. Mas, hey, ninguém vai ver um filme do Seagal esperando uma obra prima do Peckinpah, não é?. Além do mais, com exceção dos primeiros quatro filmes do homem, a graça e o charme de ver um filme com o selo Steven Seagal é justamente se deslumbrar em situações que beiram o ridículo. Um bom exemplo é no climax final, quando acontece o choque entre dois trens e que, por um acaso, Seagal ainda se encontra dentro de um deles, mas usa toda sua experiência em quebrar as leis da física para se safar, enquanto os piores técnicos de efeitos especiais em CGI dos anos noventa dão o seu melhor.


O que mais você precisa? Steven Seagal fazendo o de sempre, um grupo de mercenários crueis formado por umas figuras como Peter Greene, Jonathan Banks, Patrick Kilpatrick e liderados por Everett McGill, que aliás, demonstra o filme inteiro que é casca grossa suficiente para encarar o herói num mano a mano. Mas isso é só até começarem a grande luta final e Seagal arrebentá-lo com a facilidade que lhe é habitual. Ainda temos Eric Bogosian, que antes dava espetáculos de atuações, como em TALK RADIO, de Oliver Stone, e não faço ideia de como veio parar aqui, fazendo um dos vilões mais toscos do cinema de ação dos anos noventa, o tal maluco que comanda os satélites. Sem contar a presença de Nick Mancuso, Kurtwood Smith e Katherine Heigl antes da fama, fazendo a sobrinha de Seagal (e deve se envergonhar até hoje disso).

Sobra ainda muita pancadaria, tiroteios, explosões, alta contagem de corpos e várias frases de efeitos espalhadas pelo filme, tudo para não deixar A FORÇA EM ALERTA 2 cair na monotonia. Infelizmente, apesar de todas essas "qualidades", foi um fracasso de bilheteria na época, derrubando um pouco a moral que Seagal havia conquistado. E dá pra entender os motivos. No entanto, os amantes hardcore do cinema de ação vão encontrar, ou redescobrir, uma pérola do exagero por aqui e saberão apreciá-lo da maneira correta.

1.11.11

A FORÇA EM ALERTA (Under Siege, 1992)

Já faz um tempinho que não posto algo sobre Steven Seagal por aqui. Quase um ano, pra ser exato! Então, ao trabalho! Estava revendo outro dia A FORÇA EM ALERTA, possivelmente o filme mais acessível para o público que não é fã do ator. Trata-se da primeira incursão de Seagal no mundo mainstream das grandes produções hollywoodianas, ao mesmo tempo em que volta a trabalhar com o Andrew Davis, que o dirigiu em seu primeiro – e bem mais modesto – filme, NICO – ACIMA DA LEI.

Estamos no início dos anos 90 aqui. A modinha dos filmes de ação americanos possuia duas vertentes que eu gosto de destacar: a) Os inspirados pelos filmes do John Woo; b) Variações de DURO DE MATAR. O que surgiu, a partir dos anos noventa, de protagonistas voando em câmera lenta com uma pistola em cada mão, descarregando os pentes em seus alvos, não é brincadeira. Mas não é o caso de A FORÇA EM ALERTA, que segue a fórmula da letra “b”. Mudando vários detalhes da trama, claro, porque os roteiristas são extremamente criativos, e transportando a ação dentro de um porta aviões das forças armadas americanas, temos um não-assumido rip-off de DURO DE MATAR.

Seagal interpreta Casey Ryback, um cozinheiro militar, que trabalha preparando os banquetes do seu capitão e tripulação de bordo. Sério! Steven Seagal é o cozinheiro! Qual é o problema nisso? Tá certo que no passado ele era um agente das forças especiais altamente treinado e capacitado no uso de armas, explosivos e artes marciais e que em uma operação liderada por ele no Panamá, toda sua equipe acabou morta e ele resolveu se aposentar dessa vida e virar cozinheiro… mas é apenas um detalhe e quem já viu o filme sabe que isso não interfere muito na narrativa*.

* Spoiler: mentira, interfere sim.

A história se passa exatamente no dia do aniversário do capitão e um dos seus comandantes, Krill (Gary fucking crazy Busey), está organizando os preparativos e surpresas para a comemoração desta data. Duas delas são bem interessantes. A primeira inclui um conjunto musical, cujo membro principal é o Tommy Lee Jones encarnando uma espécie de Mick Jagger mais afetado que o verdadeiro. A outra, bem mais estimulante, é a coelhinha da Playboy, Miss Julho, que sai do bolo pra fazer um topless pra alegria da moçada! Outro ponto importante é que a intenção principal de Krill nesta data especial é tomar o controle do porta aviões, matar o capitão, e fazer toda a tripulação de refén, até que suas exigências baseadas em suas causas políticas sejam cumpridas pelo governo americano… tudo isso, vestido de mulher, pra enfatizar ainda mais a insanidade de Gary Busey. Tommy Lee Jones se revela um ex-agente da CIA que possui as mesmas intenções de Krill. Miss Julho não sabe de nada e fica esperando o momento de mostrar os peitos… e o cozinheiro vivido por Seagal vai precisar utilizar dos seus dotes culinários para salvar todo mundo.

Mamma mia!!!
O trabalho de roteiro aqui é árduo: conseguir manter a narrativa com uma certa regularidade, porque este tipo de filme de ação específico é frágil e qualquer divisão de cenas e situações equivocadas pode tornar o filme chato e cansativo. Temos o herói, geralmente zanzando pra lá e pra cá, bolando estratégias mirabolantes para salvar o dia, enquanto o(s) bandido(s) demonstra o quão malvado pode ser, revelando suas intenções maquiavélicas, temos os reféns, a parte burocrática das negociações, o drama do par romântico do herói, e por aí vai… Aqui a coisa transcorre numa boa, especialmente com o elenco escalado. Um filme cujo herói tem Gary Busey e Tommy Lee Jones como inimigos mortais é quase impossível de dar errado! Seagal já tinha enfrentado vários grandes vilões, como Henry Silva, William Forsyth, William Sadler e jamaicanos macumbeiros, mas nunca dois vilões de peso ao mesmo tempo, como em A FORÇA EM ALERTA! A direção de Andrew Davis é segura, apesar de salientar a intrigante teoria de que o Davis não gosta muito do rabinho de cavalo do Seagal. É a segunda parceria dos dois e em ambas o astro precisou passar a tesoura na nuca. Mas em termos de ação, não dá pra reclamar. Pancadaria, tiroteios, explosões e uma bela luta de facas, com desfecho violento, entre Seagal e Jones.

Primeira super produção estrelada por Steven Seagal precisava de alguns incrementos para diferenciar um pouco dos filmes anteriores, especialmente a persona habitual do ator. Apesar da estrutura grandiosa dos cenários e efeitos especiais de ponta pra época, Ryback é mais do mesmo em se tratando de figuras dramáticas vividas pelo Seagal, até porque não se pode ter a exigência com ele da mesma forma como teríamos com um Daniel Day Lewis, por exemplo. Mas em A FORÇA EM ALERTA Seagal não é um policial! Um grande avanço, já que todos seus filmes anteriores ele era um homem da lei. Aqui é uma ocupação extremamente diferente, cozinheiro, gerando uma série de diálogos sobre filosofia culinária, além das frenquentes mensagens politicamente corretas e cultura oriental e artes marciais, que não poderiam faltar…Acho que a partir deste aqui, Seagal se tornou praticamente um ator completo e versátil!

Gary Busey soltando a franga.
Até agora fui só elogios, mas algumas coisas precisam ser ditas… ou escritas. O fato é que sou um grande admirador da primeira fase da carreira do Seagal, quando a coisa era mais pessoal, a ação acontecia na vizinhança, as vítimas eram sua família, amigos ou o padre da igreja onde frequenta e os temas eram vingança, limpar a sujeira da cidade, coisas simples, mas sem frescuras. Seus quatro primeiros trabalhos são excelentes filmes de ação da mais pura casca grossa! A FORÇA EM ALERTA segue mais o estilo mainstream de ação, ainda que divertido pacas. No entanto, as motivações são outras, são maiores, pretensiosas e nem sempre fisgam o tipo de público consolidado com os primeiros filmes. Aqui inaugura uma nova fase na qual a carreira do homem começa a entrar em um lento e gradativo declínio e por mais que eu goste da maioria das coisas que Seagal fez depois, nunca mais obteve o nível dos trabalhos anteriores. Mas não vamos chorar! A FORÇA EM ALERTA continua bom pra cacete!

E teve uma continuação que eu preciso rever antes de bater o martelo e dizer que é uma porcaria… Talvez hoje, eu ache divertido…

4.11.10

BORN TO RAISE HELL (2010), de Lauro Chartrand


O papel de vilão em MACHETE não fez muita diferença para a carreira “principal” de Steven Seagal. Seu novo trabalho segue a mesma linha de seus últimos filmes lançados no mercado de vídeo (A DANGEROUS MAN e THE KEEPER). Se são descartáveis e esquecíveis, ao menos ainda servem como passatempo sem compromisso pra quem curte este tipo de tranqueira.

A trama é sobre um policial (Seagal, em um dos seus personagens menos inspirados) que trabalha numa agência financiada pelo governo americano no combate das drogas ao redor do mundo (uma boa desculpa para a produção ser rodada na Romênia onde os impostos são mais baratos) e caça um maníaco, que além de ser traficante, assalta, estupra e assassina suas vítimas sem remorso. O roteiro do próprio Seagal é bobinho, joga no meio também uma história de vingança, mas serve de base para diversas cenas de ação e pancadaria. O problema é que Lauro Chartrand não consegue manter a boa reputação dos dubles diretores, como Craig R. Baxley, Vic Armstrong e Jesse V. Johnson, e faz um trabalho bem fraquinho. Mas o que realmente incomoda é a montagem cheia de frescura e efeitos para deixar o filme mais "mudernoso". Com tantos bons filmes de ação sendo lançados no mercado de vídeo, BORN TO RAISE HELL fica abaixo da média, mas com um pouco de paciência, dá pra se entreter.

26.9.10

MACHETE (2010), de Robert Rodriguez & Ethan Maniquis

texto com spoilers, estão avisados!


MACHETE é um dos filmes mais aguardados por um bocado de gente em 2010, com Danny Trejo finalmente protagonizando o seu próprio veículo, com muita ação exagerada, violento pra burro, cabeças e membros rolando o tempo todo, peitinhos desfilando na tela, uma bela homenagem estética ao exploitation americano dos anos 70 e um elenco de arrebentar para competir com OS MERCENÁRIOS! Ou seja, com todos esses ingredientes só poderia sair um filmaço, certo? ERRADO!

Não que o filme seja ruim, mas fiquei um pouco desapontado. Juro pela mãe do guarda que realmente possui tudo aquilo que citei, mas infelizmente MACHETE ficou só no divertidinho e olhe lá. O filme tem um sério problema de ritmo e o terceiro ato, justamente o grande clímax, a batalha final, é de um desleixo tão absurdo que quase estragou o restante! Robert Rodriguez parece tão cuidadoso com o seu filme quanto seria se tivesse que acordar cedo todo sábado para levar a sogra ao shopping

Só para o caso de alguém ter vivido na idade da pedra até pouco tempo e não saber do que se trata, Machete é o personagem criado por Rodriguez, para o ator Danny Trejo, num dos trailers falsos do projeto GRIND HOUSE. Desde A BALADA DO PISTOLEIRO, Rodriguez e Trejo já pensavam em algo maior com o personagem mexicano, um assassino atirador de facas, chamado Navajas, que tentava perfurar a carcaça de Antonio Banderas, e que é praticamente um Machete, mas na versão malvada. Machete também não é nenhum amigo dos animais e da natureza (não que eu saiba), e a idéia era mesmo criar um herói politicamente incorreto que agredisse, torturasse ou matasse bandidos sem o mínimo de remorso. Graças a Deus, ele está do lado da lei.


No filme, Machete é um ex-policial casca grossa, sedento de vingança pelos responsáveis pela morte de sua família, o que inclui uma série de vilões que perderam uma ótima oportunidade de serem memoráveis, como Jeff Fahey, Don Johnson, Tom Savini, Robert De Niro e Steven Seagal!

Rodriguez conseguiu reunir um puta elenco pra desperdiçar alguns deles como se fossem papel de bala! Jeff Fahey e De Niro conseguem manter um pouco de dignidade com suas presenças, mas Don Johnson, que tem um ótimo personagem, é mal aproveitado e o destino final é simplesmente ridículo. O pior de todos é Tom Savini! O que esse cara foi fazer em MACHETE pra desaparecer daquele jeito?!?!

Precisamos de um parágrafo a parte para Steven Seagal. Vocês sabem que eu sou fã de carteirinha do homem. Até no seu período negro, gordo e acabado, eu estava lá para defendê-lo. Então imaginem minha ansiedade de vê-lo fazendo um papel de vilão num filme desse porte! Tá certo que ele aparece pouco, mas putz, preciso confessar que gostei muito. É uma das melhores coisas do filme… mas, como nem tudo são flores em MACHETE, a luta tão aguardada entre ele e Trejo (que esperava uma revanche desde MARCADO PARA MORTE) é frustrante de tão rápida! E cheia dos mesmos clichês irritantes que acabam com os filmes atualmente.


O lado feminino melhora um pouco com as beldades Jessica Alba, Michelle Rodriguez e Lindsey Lohan, esta última em dois momentos interessantes… sem roupa alguma e vestida de freira com uma metralhadora! Sim, MACHETE tem várias idéias divertidas como essa. Temos as duas enfermeiras sexys, o padre de Cheech Marin, algumas cenas de luta exageradas e cartunescas de trejo contra diversos meliantes, utilizando uma boa variação de objetos cortantes, etc. São muitos os momentos que pagam o ingresso, mas ao mesmo tempo surge uma coisa ou outra que enche profundamente o saco! Sangue digital em excesso, furos de roteiro, algumas escolhas do diretor que poderiam ser melhor resolvidas, tudo isso é tolerável até certo ponto em certos tipos de filmes. Mas o que me chateou mesmo foi o ato final, cujas cenas de ação fraquíssimas e efeitos especiais meia boca são piorados ainda mais com a negligência criativa de Rodriguez.

O único que realmente se sai bem nessa história toda é Danny Trejo. Há muito tempo os fãs de cinema de ação classe B aguardam por este momento no qual ele finalmente conquista o direito de estrelar um filme só seu. E aproveita muito bem a oportunidade criando um dos personagens mais badass dos últimos anos! Nunca que o Trejo conseguiria faturar tanta mulher num mesmo filme!!! Mas, por mais que MACHETE seja intencionalmente ridículo e que não deve ser levado a sério, o seu diretor resolveu estragar a festa por conta de desleixo. Em um filme B eu entenderia, mas aqui não… Diverte, mas tinha potencial pra ser bem mais do que isso.

Na dúvida, entre esses fakes exploitations da atualidade, fico com BLACK DYNAMITE!

13.7.10

MARCADO PARA A MORTE (Marked for Death, 1990), de Dwight H. Little

Mais conhecido pelos admiradores do Steven Seagal como “o filme em que ele enfrenta traficantes jamaicanos macumbeiros”, MARCADO PARA A MORTE é o terceiro dos quatro primeiros filmes do ator e que correspondem à fase de ouro de sua filmografia, ou seja, produções com um nível de qualidade interessante que independente de ser o Seagal o protagonista, renderiam ótimos exemplares de ação casca grossa. O único que faltava para eu comentar aqui no blog era este aqui. Os outros três são NICO, DIFÍCIL DE MATAR e FÚRIA MORTAL.

MARCADO PARA MORTE não podia começar de forma melhor. Seagal perseguindo a pé (correndo com sua típica movimentação de braços que lembra uma mocinha correndo do namorado) ninguém menos que Danny Trejo, numa pequena participação, quando nem sonhava que estrelaria um filme chamado MACHETE, o qual esperamos ansiosamente. Aliás, teremos a honra de ver um reencontro entre ele e o Seagal, já que este marcará presença como um vilão, aparentemente.

Voltando a MARCADO PARA A MORTE, não demora muito para descobrirmos que o ator de rabinho de cavalo é o policial John Hatcher e que está trabalhando disfarçado em uma missão perigosa para desmascarar uns traficantes mexicanos. A operação dá toda errada e o nosso herói tem que se virar para sair do local, um puteiro mexicano, com a carcaça intacta, atirando, cortando pescoços com um facão e abrindo caminho a golpes de Aikido.

Uma pena que seu parceiro não tenha a mesma sorte. Em uma cena genial, o sujeito dá bobeira em frente a uma prostituta nua e esta o crava de balas. Seagal não pensa duas vezes, mesmo sem ver seu alvo atrás da porta, e atira também, mandando a pobre moça pro outro mundo. Tudo isso deixa Hatcher muito transtornado. E para resumir a descrição da trama, digamos apenas que o personagem se aposenta da polícia e tenta arranjar um lugar de paz para viver junto de sua irmã e sobrinha em uma cidade mais tranquila. Isso tudo com dez minutos de filme.

Como sabemos que não vamos ter nenhum filminho familiar estrelado por Steven Seagal, podem ter certeza que ele encontra de tudo no local, menos a paz e tranqüilidade que tanto almeja. A encrenca surge quando Hatcher começa a reparar na ação de uns traficantes jamaicanos e depois de algumas situações, resolve agir por conta própria para limpar a cidade, contando com a ajuda de um velho amigo que ele reencontra depois de muitos anos, interpretado pelo sempre ótimo Keith David (aquele mesmo que luta durante 50 minutos contra o Roddy Piper em ELES VIVEM, de Jonh Carpenter).

A direção desses primeiros filmes do Seagal é sempre de gente, no mínimo, competente. Dwight H. Little, que realizou HALLOWEEN 4, o último bom filme da série, e o excelente veículo de ação de Brandon Lee, RAJADA DE FOGO, é o homem que comanda por trás das câmeras em MARCADO PARA A MORTE. Talvez ele tenha sido responsável por alguns detalhes que tornam o filme ainda mais interessante. Porque de Steven Seagal temos o mais do mesmo. Claro que eu adoro vê-lo fazendo esse personagem badass que não dá mole para a bandidagem e basicamente repete o mesmo papel de sempre, com algumas variações. Mas o que diferencia este aqui dos demais é maneira como o diretor utiliza da violência. É provável que seja o filme mais sanguinolento e visceral de Steven Seagal. Vê-lo quebrando braços de meliante é algo bacana, agora, assistir em detalhes o osso partindo, é melhor tirar as crianças da sala...

E Seagal está extremamente sádico neste aqui. Os bandidos, a certa altura, mexem com a família do cara errado e Hatcher parte com tudo pra cima deles. Execuções à sangue frio, braços decepados, cabeças cortadas, olhos perfurados com os dedos, espinhas partidas ao meio com joelho, são alguns exemplos do que o homem é capaz em toda sua fúria. Os vilões jamaicanos também são um destaque a parte, acrescentando um tom mais sinistro ao filme com algumas sequências de vodu, sacrifícios humanos e elementos de magia negra. Basil Wallace, que encarna o líder jamaicano é de dar medo. O sujeito é muito expressivo e sua aparição no final, após uma reviravolta das boas, é uma grande sacada do roteiro e garante ainda mais algumas cenas de pura diversão!

Na minha modesta opinião, MARCADO PARA A MORTE fica atrás daqueles que citei da fase de ouro do Seagal. Mas é algo pessoal. Para o meu amigo Herax, por exemplo, DIFÍCIL DE MATAR fica em último entre os quatro. As posições variam de acordo com cada um, é lógico. Mas é inegável o fato de que os quatro filmes possuem quase o mesmo nível de qualidade e qualquer fã de cinema de ação old school tem mais que a obrigação de assisti-los!




23.2.10

Mais dois Steven Seagal

THE KEEPER (2009), de Keoni Waxman

Eu disse no post de DRIVEN TO KILL que 2009 foi um bom ano para o astro de ação Steven Seagal. THE KEEPER e A DANGEROUS MAN foram seus últimos trabalhos, dirigidos pelo mesmo sujeito, inferiores ao DRIVEN, mas bons o suficiente para agradar aos fãs mais ardorosos do ator, diferente de alguns filmes que ele estrelou na metade da última década e decepcionou bastante. THE KEEPER tem um roteiro mais sério, embora não se possa exigir tanto dos reponsáveis por esta função, trazendo Seagal como um habitual policial ético e de bom coração. O inicio é praticamente um mini filme dentro do enredo. Seagal e seu parceiro fazem uma batida para flagrar uns traficantes de drogas e trocam tiros com os meliantes. Só sobram os dois tiras e muita grana em cima da mesa. Seagal é traído pelo parceiro, leva um tiro e entra em coma. Agora, o parceiro traidor precisa se livrar da estupidez que fez eliminando a vítima que não matou direito, mas não vamos esquecer que Segal é DIFÍCIL DE MATAR! Isso tudo em dez minutos de projeção. O roteiro logo esquece o episódio e o protagonista se muda para uma cidade do Texas para ajudar um amigo ricaço como chefe de segurança de sua mansão e guada-costa pessoal de sua filha. Essa situação acaba gerando alguns momentos interessantes com o desenrolar da relação entre os dois. Seagal entra num personagem que exige, no mínimo, umas três expressões faciais a mais que sua atuação tradicional. Nem sempre consegue, mas é engraçado vê-lo se esforçando. As sequencias de ação são boas, com Seagal fazendo o que sabe de melhor, quebrando alguns braços e aplicando golpes de aikido. A edição e direção é que prejudicam um pouco quando resolvem fazer uma gracinha de vez em quando. Mas de uma forma geral, é um filme que diverte. Mais um acima da média para o padrão do ator.

A DANGEROUS MAN (2009), de Keoni Waxman

Já em A DANGEROUS MAN a ênfase é mais na ação. O roteiro é risível, tão bagunçado que parece rascunhos de outros projetos do ator que acabaram misturados. Na sequencia inicial Seagal salva sua esposa de um assalto quebrando os dentes do bandido, que foge e é assassinado misteriosamente. A culpa sobrecai em cima de Seagal, um ex agente das forças armadas treinado para matar. Acaba preso por seis anos e sua mulher o deixa. Ao sair da prisão, é um sujeito fodido pela vida e por estar no lugar e na hora errada, entra de gaiato numa trama que envolve imigração ilegal, policiais corruptos, máfia russa e chinesa, entre outras coisas. Os créditos iniciais remetem às aberturas dos filmes do Guy Ritchie, querendo dizer algo como “teremos muitos personagens bacanas e uma trama esperta”. Que nada! O roteiro é uma bobagem que precisa ser relevado para apreciar o restante. O legal é que a ação é quase initerrupta, muita porradaria comendo solta, tiroteios à valer e uma violência explícita e sanguinolenta que impressiona qualquer fã de cinema de exploração. Seagal está bem sádico na pele de um homem que ele mesmo define como morto. Não se satisfaz em apenas quebrar o braço dos vagabundos, tem que meter uma faca no pescoço, atira à sangue frio, e mata das maneiras mais inusitadas. O sujeito é um verdadeiro artista da morte! Um dos elementos que ajuda a salvar o filme é essa grande dosagem de uma violência trangressora inserida à ação. A DANGEROUS MAN é um bom filme para relaxar e assistir sem compromisso, apenas como passatempo. Os fãs do homem vão guardar com um carinho a mais… tem muita coisa pior saindo das grandes produtorar, prefiro uma bobagem como esta… a diversão é garantida!

6.2.10

DRIVEN TO KILL (2009), de Jeff King

O ano passado foi muito bom para Steven Seagal. Agenda musical lotada, reality show estreando na TV e seus três filmes, produções direct to video, foram acima da média, sem contar que ele filmou a sua participação no próximo trabalho de Robert Rodriguez, o mais que esperado MACHETE. Os detratores vão continuar falando mal, tudo bem, nós já nos acostumamos com isso. Mas, para os fãs de Seagal, 2009 foi uma ótima oportunidade para poder conferir bons filmes do sujeito: DRIVEN TO KILL, THE KEEPER e A DANGEROUS MAN. Mais do que isso, independente de ser estrelado por Seagal, foram três bons filmes de ação à moda antiga, com roteiros legais e simples e sem as frescuras das grandes produções.

Claro que a presença de Seagal conta muito e é difícil imaginar esses papéis na pele de outro astro. Em breve eu comento sobre THE KEEPER e A DANGEROUS MAN, podem me cobrar. Por enquanto, vamos ficar com o DRIVEN TO KILL, que embora o título na tradução literal seja “dirigindo para matar”, em nenhum momento alguém pega um carro e sai dirigindo com a intenção de tirar a vida de alguém... Eu tenho a impressão de que os realizadores resolveram adotar um título que faça referencia a filmes antigos do Seagal, como HARD TO KILL. Acho até que gastaram um bom tempo na pós produção pensando em qual verbo, adjetivo, etc, poderiam colocar antes do “to kill”. Finalmente, apesar de não fazer sentido algum ao filme, todos aceitaram o “driven”. Pra mim está ok! Brincadeiras à parte, o "driven" pode estar no sentido de impulsionado, sacou? Impulsionado a Matar! Um belo título para um filme de ação! hahaha!

De qualquer maneira, mesmo não atingindo o nível de seus primeiros trabalhos, DRIVEN TO KILL, dirigido de forma séria por Jeff King (que já havia trabalhado com o ator antes), é o mais próximo que se pode esperar neste sentido. Provável que seja o trabalho mais consistente de Seagal desde que entrou de vez na onda dos filmes que vão direto para o vídeo.
Seagal tatuado, concentrado em suas escrituras e tomando chá de alecrim...
O homem interpreta um escritor muito bem sucedido especializado em romances policiais que vive tranquilamente numa cidadezinha qualquer. Embora assine como Jim Vincent, possui sangue russo correndo nas veias, seu verdadeiro nome é Ruslan e fora um perigoso membro da máfia russa em outra cidade qualquer no passado (eu realmente não me lembro em quais cidades o filme se passa, só sei que foram filmadas no Canadá, onde certamente estavam tentando recriar cidades americanas, ok?).


Seagal tem aqui, além de uma boa performance, com direito a sotaque estrangeiro muito mal acentuado por sinal, uma rara mudança de visual com os braços tatuados e sem o famoso rabinho de cavalo. Percebe-se que Seagal está fazendo um esforço para melhorar seus trabalhos DTV, porque o nível de alguns filmes haviam baixado demais e era preciso uma tolerância extrema para gostar de coisas como FLIGHT OF FURY, por exemplo... e olha que eu sou um dos maiores fãs do homem que vocês vão encontrar por aí. Defendo até as mais absurdas porcarias que ele faz, mas às vezes é difícil!

Enfim, em DRIVEN TO KILL ele realmente constrói um personagem, apesar de suas limitações. É claro que acaba sendo a velha figura de sempre, mas já dá uma diferença. Para dificultar ainda mais o desafio da atuação, seu personagem possui um relacionamento distante da filha que vive com a mãe (na cidade onde era mafioso), hoje casada com um advogado milionário que tem “vilão” escrito na testa! Com sua filha prestes a casar, Ruslan precisa comparecer e fazer o papel de pai durante a cerimônia, conversar com seu futuro genro pra saber suas intenções com sua filha, etc...

Mexeram com a filha do homem errado!

O problema inicia quando a casa onde todos estão é invadida por mascarados e uma desgraça acontece. Casamento cancelado! Ruslan agora precisa reviver na pele o seu passado para descobrir a merda que aconteceu, isso inclui os ingredientes de sempre da boa e velha fórmula de um Steven Seagal's movie: brigas em bar, braços quebrados, vidros estraçalhados, muito tiro e até usar os corredores de um hospital como um verdadeiro campo de guerra... o que mais posso querer em um filme do sujeito?

Mais sobre Seagal e seus filmes aqui.

10.11.09

DIFÍCIL DE MATAR (Hard to Kill, 1990), de Bruce Malmuth

Digamos que para nós, fãs do astro Steven Seagal, o homem entrou no mundo do cinema com pé direito em NICO – ACIMA DA LEI, um puta filme policial de ação, sensacional, que a grande maioria tem preconceito justamente porque é estrelado pelo ator de rabinho de cavalo. E olha que ele nem usava ainda o rabinho em sua estréia! DIFÍCIL DE MATAR é o seu segundo trabalho e confirma que o sujeito veio para ficar, detonar com muitos bandidos e fazer a alegria da moçada!

DIFÍCIL DE MATAR pode até não ser melhor que NICO, mas para quem quer apenas sentar no sofá e assistir ao nosso herói distribuindo bala, quebrando alguns braços e jogando os malandros por vidraças, este aqui é o filme ideal, principalmente pela simplicidade do tema, sem a ênfase política de seu trabalho anterior (embora não deixe de ter). Quer apenas divertir seu público e faz isso muitíssimo bem.

Para quem não se lembra (o que eu acho improvável, já que o filme passava toda semana nas tardes do SBT), a trama é uma variação da estória do sujeito que quase morre depois de ter a carcaça perfurada a balas, entra em coma, depois de vários anos acorda, descobre que sua mulher e seu filho foram mortos, treina para ficar forte de novo e sai para vingar-se dos responsáveis que estragaram sua vida. Lembrando que KILL BILL veio muito tempo depois deste aqui...

Steven Seagal vive o policial Mason Storm que, já na cena de abertura, aparece espreitando por entre os becos escuros de uma doca com uma câmera para tentar registrar a reunião de um grupo de suspeitos. Acaba descobrindo um plano para matar o senador, mas sua presença é logo descoberta, mesmo assim consegue escapar sem precisar partir para a violência. Como ninguém viu seu rosto, segue tranquilo seu caminho, passa numa loja de licores para comprar um champanhe para estourar com a patroa, mesmo tendo em mãos uma verdadeira bomba prestes a explodir. A organização, que conta com policiais corruptos já sabe muito bem quem era o abelhudo das docas.

A cena que se passa na loja de licores é interessante porque serve para explorar um pouco quem é o nosso herói, o que se significa que vamos ter uma sequência de luta!!! Totalmente à parte da trama principal, um grupo de ladrõezinhos de quinta categoria invade o local para assaltar, mas acaba deparando-se com Storm, que utiliza todo seu conhecimento em artes marciais par quebrar a cara dos malandros. Depois disso, leva o champanhe pra casa, porque ninguém é de ferro...

Chegando, encontra a esposa em trajes íntimos o esperando para estourar o inebriante. Mas os bandidos empatam a foda atirando pra tudo "quanté" lado, matando a esposa e alvejando o sujeito, que não morre, entra em coma e só vai acordar daqui a sete anos com sede de vingança porque como o título auto explicativo informa, ele é DIFÍCIL DE MATAR!!! O filho do casal acaba se safando pela janela deixando os meliantes putos da vida. Estes espalham cocaína pelo quanto pra dar a impressão de que se tratava de um dirty cop... não basta matar, tem que amaldiçoar as próximas gerações também.

No hospital, o médico informa o que ninguém nem imagina. Mason Storm ainda está vivo, mas em coma. Kevin O'Malley, um dos poucos policiais confiáveis do distrito e amigo do protagonista, pede ao médico que não deixe vazar a informação, ou Storm estaria correndo risco de vida. E assim, nosso herói passa sete anos sossegado, tendo a bundinha limpa por enfermeiros. Aliás, por uma enfermeira que eu faria questão de me machucar feio só pra ficar sob seus cuidados. Estou falando de Kelly Le Brock, a mulher nota 1000, e esposa do Seagal na época.

Resumo da ópera: Storm acorda com uma barba extremamente engraçada, de pijamas e já precisa fugir do hospital, onde um assassino deseja terminar o serviço mal feito realizado sete anos antes. Le Brock ajuda o protagonista a escapar e o leva para a casa de um médico que está na China. Lá, Storm se recupera, treina como dar socos novamente, conta suas histórias de vida, de como aprendeu a lutar, etc, claro que vai aproveitar para apagar o fogo da enfermeira, que desde quando estava em coma, já elogiava a manjuba do sujeito. Porque além de fodão, o sujeito tem que ser o kid Bengala...

Como disse o meu amigo Luiz Alexandre, seria interessante fazer um filme com um personagem fodão, mas que sofre por ter o membro mal desenvolvido... seria bem dramático. Algo que um casca grossa como Steven Seagal nunca aceitaria fazer. Além disso, DIFÍCIL DE MATAR é o único filme da carreira de Seagal que ele tem relações sexuais com duas mulheres diferentes na trama. Algo inadmissível em filmes posteriores quando seus personagens vão se tornando cada vez mais solitários e nem família possui, diferente dos primeiros filmes. É nesses filmes solitários que ele deveria fazer o filme sugerido pelo Luiz... mas enfim.

Depois de descobrir que seu filho não morreu e está muito bem sob os cuidados de O'Malley, é hora de limpar seu nome e vingar-se. O legal é que ele nem precisou ir atrás da bandidagem. Os próprios malfeitores o encontram na casa do médico que está na China, e vai levar um susto daqueles quando retornar e notar o estado de sua sala, cheio das decorações orientais estraçalhadas... sem contar os corpos que Seagal deixou antes de fugir com seu jipe à prova de balas. A sequência da fuga é bem bacana, com Seagal revezando tiros e golpes de Aikido em seus inimigos, cada vez mais convencidos de que o sujeito é realmente difícil de matar!

O filme tem muita ação, todas trabalhadas organicamente, servindo muito bem a narrativa. Onde quer que Storm passe, sempre há um engraçadinho pronto pra levar um pontapé, ou ser jogado através de uma vidraça. O principal alvo do nosso herói é o atual senador, o mesmo de sete anos antes, quando ainda era o vereador, que planejava a morte do então senador. Quem encarna o vilão é ninguém menos que o William Sadler, ator subestimado pelo grande publico, mas sempre marcando presença com ótimas performances. A cena em que mostra seu personagem numa banheira de hidromassagem em sua mansão, com uma gatinha de topless, recebendo a notícia de que Storm poderia chegar a qualquer momento é impagável! “Listen, We’re not gonna make the ballet tonight. GET LOST!

O grande mérito de DIFÍCIL DE MATAR é o roteiro escrito por Steven McKay, na qual teve a sabedoria de contar um estória simples, com todos aqueles clichês que sabemos previamente que vamos encontrar, mas que é justamente o que buscamos ao assistir a um filme como esse. Ou alguém aí vai parar para assistir a um trabalho de Steven Seagal tentando encontrar reflexões humanistas que vão te inspirar a escrever um texto de uns 15 parágrafos? Claro que não! Aqui, o máximo de humanismo que você encontra é o personagem de Seagal gritando “NOOOOO” no momento em que sua esposa leva um balaço de escopeta!

O roteiro ainda é responsável por colocar bastante situações de ação acompanhadas de várias frases para os fãs de cinema Bad Ass se deliciarem, como quando Storm reconhece quem é o verdadeiro vilão da estória, o atual senador, comentando na TV que não acrescentaria novas taxas, impostos, etc, e que levassem isso para os bancos, e o protagonista diz para si mesmo, mas em voz alta, “I’m gonna take you to the bank, senator. To the blood bank”!!! Demais!

A direção é por conta de Bruce Malmuth, que não chega a ser um Andrew Davis, muito menos John Flynn, mas cumpre bem o papel com seriedade e eficiência como um bom artesão, algo meio difícil de se encontrar no cinema de ação americano atual. É o responsável por outro filme bem legal que eu comentei por aqui há algum tempo, FALCÕES DA NOITE, com Sylvester Stallone.

DIFÍCIL DE MATAR é um filme que eu realmente adoro e representa muito todo um cinema de ação dos anos 80 e 90 em sua essência non sense de exageros e falta de pretensão, a não ser a de divertir seu público, com muita liberdade criativa, elementos feitos sob medida, sem qualquer obrigação com a realidade. É isso que importa e por isso dou muito mais valor a este tipo de cinema do que essas frescuradas de hoje, com raríssimas exceções! E se preparem que vem mais Steven Seagal por aí! E também mais Van Damme, Stallone, Arnoldão, Bruce Willis, Dolph Lundgren, etc, etc...

Outros textos de Steven Seagal: NICO - ACIMA DA LEI e FÚRIA MORTAL.
E o texto sobre FALCÕES DA NOITE, do Bruce Malmuth

25.8.09

MACHETE

Como se não bastasse só o fato de, realmente, estarem filmando MACHETE, os produtores ainda escalam um elenco dos mais sensacionais para competir com OS MERCENÁRIOS do Stallone em 2010. Além do Trejo, obviamente fazendo o personagem título, o filme vai contar com Robert De Niro, Steven Seagal, Cheech Marin, Don Johnson, Jessica Alba, Jeff Fahey, Michelle Rodriguez e há rumores de que Carlos Gallardo e Tom Savini também participem. Filme já está mais que obrigatório!

14.8.09

NICO, ACIMA DA LEI (Above the Law, 1988), de Andrew Davis

Estou no meio de uma fase estranha de assistir a filmes de caras fodões que marcaram a minha infância. Filmes antigos (que por algum motivo eu acabei não vendo na época) e recentes. Por isso, não se assustem quando começarem a pintar por aqui alguns textos sobre trabalhos de Jean Claude Van Damme, Arnold Schwarzenegger, Dolph Lundgren, Steven Seagal e muitos outros. Este último eu até comentei sobre um filmaço há algumas semanas, OUT OF JUSTICE (e para mostrar como eu sou um moço de bom coração, já deixo um link gratuito para poupar o trabalho de ficar caçando nos arquivos).

Ainda sobre o Seagal, para aliviar de vez com os seus filmes remotos que eu ainda não vi – e partir de uma vez para os mais atuais – me deparei com NICO, ACIMA DA LEI, que é o primeiro trabalho do sujeito (que nem usava ainda aquele rabinho de cavalo cretino) em frente às câmeras. Mas não se preocupem, porque a ausência do excesso de cabelo na nuca do ator não interfere em nada seu desempenho ao distribuir pancadas e tiros nos meliantes de plantão, a não ser, é claro, no aspecto visual dos enquadramentos, já que Steven Seagal sem cabelinho balangando é a mesma coisa que Jack Nicholson assistindo a um jogo dos Lakers sem óculos escuros.

Mas tudo bem. Seagal interpreta aqui um de seus melhores papéis, o policial Nico Toscani, que tem um histórico na CIA e uma passagem na Guerra do Vietnã. Atualmente ele investiga um caso de tráfico de drogas, mas como todo bom filme ação, o sujeito acaba se envolvendo no clichê de encontrar algo muito maior do que esperava e que põe a sua vida e a da sua família em risco, ou seja, a mesma coisa que já vimos em milhares de filmes, e por isso mesmo tão divertido!

O elenco é de primeira! Nico conta com a ajuda de sua parceira policial encarnada pela musa do blaxploitation: Pam Grier. Ainda temos Sharon Stone, como a esposa do protagonista e ninguém menos que o grande Henry Silva, vivendo um perigoso traficante com planos diabólicos e risada maquiavélica e que possui uma boa variação de técnicas para torturar pessoas de língua presa e que no Vietnã teve um desentendimento com Nico.

A direção é por conta do Andrew Davis, que era um cara legal no inicio da carreira. Realizou algumas coisas bacanas como CÓDIGO DO SILENCIO, com Chuck Norris, THE PACKAGE, com Gene Hackman e Tommy Lee Jones, e até A FORÇA EM ALERTA, que é um dos filmes mais divertidos do Seagal. Mas depois de O FUGITIVO, Davis deixou seu nível cair bastante. Em NICO, seu quarto filme, ele ainda tinha pulso firme para sequências de ação e porrada, elementos que não podem faltar num filme como este.

Tudo isso, aliado a boa história, que não traz nenhuma novidade, mas também não inventa moda, fazem de NICO, ACIMA DA LEI um dos melhores filmes do Steven Seagal. Aliás, o roteiro tem o dedo do ator, que aproveita para criar um personagem com tons auto-biográficos, incluindo sessão de fotos pessoais nos créditos de abertura.

Em posts futuros eu retorno com mais Steven Seagal em filmes atuais, com mais cabelo e com mais pança também!

5.7.09

FÚRIA MORTAL (Out of Justice, 1991), de John Flynn

Eu cresci assistido aos filmes do Seagal, incrível eu nunca ter visto justamente este aqui, provavelmente seu melhor filme! Mas vamos ser sinceros, né? Steven Seagal nunca foi exatamente um ator de verdade. Ele parece mais interessado em utilizar o cinema como veículo de divulgação de mensagens ecológicas e sociais sem profundidade alguma e aproveita que sabe muito de porrada para disfarçar tudo isso em filmes de ação que enchem os olhos dos adolescentes, como foi o meu caso. Claro que depois de uma certa idade eu percebei que a maioria de seus filmes não passam de besteiras, ainda que eu me lembre de alguns bem divertidos, como A FORÇA EM ALERTA...

Mas OUT OF JUSTICE é o tipo de filme que seria bom independente de quem fosse o protagonista, levando em conta outros atores de filmes de ação do fim dos anos 80 e inicio dos 90 (fico pensando como ficaria se estrelado por um Bruce Willis), mas calhou de ser o Seagal. E afirmo isso mesmo correndo o risco de alguém contestar: “mas outro ator não saberia lutar como ele”. Ok, mas quantos outros filmes de ação têm ótimas seqüências de luta sem que os atores tenham, sequer, noção de como aplicar um golpe? O Seagal no elenco é apenas um brinde pra quem gosta de artes marciais.

Na verdade, o ponto principal que favorece OUT OF JUSTCE é ter um mestre do cinema americano de ação conduzindo a bagaça. Estou falando do John Flynn, diretor subestimado de filmes como THE OUTFIT, ROLLING THUNDER e BEST SELLER, autênticas aulas de cinema que devem valer muito mais que alguns semestres de uma faculdade de cinema em qualquer instituição no Brasil. E aqui não é diferente. Pode-se considerar um filme menor do diretor, que já trabalhou com Robert Ryan, Robert Duvall, Tommy Lee Jones, James Woods e vários outros, mas o pulso firme para orquestrar alguns momentos são dignos de nota.

A simplicidade do enredo sem frescura também ajuda. Claro que aquelas mensagens de bom moço do Steven Seagal prevalecem algumas vezes, jogando na cara como ele é um sujeito integro, ético e bondoso com os animais, mesmo interpretando um policial casca grossa em busca de vingança, mas nada que perturbe a paz de quem está assistindo (contanto que ele não deixe de matar os caras maus com tiro na cara, não vejo problema algum). Seagal interpreta o policial nova-iorquino, descendente de italianos, Gino Felino (putz, mas que nomezinho cretino também) que após a morte de seu parceiro, Bobby, resolve fazer justiça com as próprias mãos (pedindo ao seu superior apenas uma espingarda e um tempinho pra realizar a tarefa).

O cenário da jornada é o submundo do Brooklyn. Gino cresceu no local, rodeado de gangsteres, e conhece todo mundo, inclusive o assassino de seu parceiro, Richie, interpretado por William Forsythe com a máxima personificação do mal. O sujeito é tão impulsivo, que logo após matar Bobby à sangue frio, atira na cabeça de uma senhora em pleno trânsito, pelo simples motivo de carros congestionados. E se para o sucesso de um bom filme ação um dos elementos é a criação de um bom vilão, então temos aqui um belo exemplar e Forsythe desempenha seu ofício com extrema perfeição.

Só que Richie não conta com a ajuda de ninguém nas ruas, a não ser alguns capangas. O sujeito é drogado, maluco e quer entrar para o crime organizado, mas com as atitudes que eu citei ali em cima e até a suposição da policia de que já esteja ligado ao crime organizado, faz com que até a máfia queira sua cabeça numa bandeja. E ainda há a própria policia comum que quer prendê-lo pelos crimes, com toda burocracia que envolve os processos de prisão, algo que Gino não quer de jeito algum.

Gino então possui dois problemas em sua missão: a) encontrar Richie antes da máfia e da policia, para que possa aplicar sua vingança com tranquilidade. Mas Richie está desaparecido e é meio complicado encontrá-lo. Pelo menos para quem está procurando, porque o facínora está sempre nos lugares mais óbvios. b) O roteiro ainda acrescenta novas idéias para deixar a trama ainda mais complexa (praticamente no patamar de um Tarkovsky). Gino cresceu no mesmo bairro de Richie e considera o pai deste seu segundo pai, e isso gera um conflito psicológico que bota Gino para esquentar os miolos, embora Steven Seagal, que é ator de alto nível, consiga manter a pose sem modificar a expressão (talvez algum músculo da parte inferior do queixo tenha contraído com mais força quando a mãe pede para não matar o seu filho).

Atuação por atuação, vamos ficar com o Forsythe que entra para uma galeria de vilões mais interessantes do cinema (?). Não, melhor não generalizar tanto. O cara é ótimo ator, seu personagem mata com a mesma facilidade que o ato de respirar, mas não é para tanto. Mas, sem dúvida, merece um destaque.

Assim como o Seagal não chega nem aos pés de Fosythe em termos de construção dramática na arte de interpretar, pelo menos se sai bem nas cenas de luta. Ah, nisso o cara é demais! E o Flynn se aproveita disso magnificamente em duas cenas especiais. A primeira é logo após uma perseguição de carro em alta velocidade que acaba dentro de um açougue onde Gino arrebenta uns cinco sujeitos utilizando objetos dos mais inusitados – dos quais deve ter aprendido no aprofundamento de sua arte marcial no Japão – uma linguiça, por exemplo. Outra cena muito boa é a do bar com as mesas de sinuca, uma das melhores seqüências de luta que o Seagal protagonizou.

Se você é fã de carteirinha de Steven Seagal e o acompanha hoje em dia com seus filmes mais recentes, ainda quebrando a cara de vagabundos, mesmo com a barriguinha saliente que adquiriu ao longo da idade, então OUT OF JUSTICE é feito para você (se bem que, para quem ainda o acompanha, este aqui, com certeza, já deve ter visto). Com uma história simples, curta, mas muita diversão garantida com boa dose de violência, Seagal distribuindo tiros, porradas e frases politicamente corretas, além de contar com direção de John Flynn, é indiscutivelmente um filme imperdível.