A grande sacada do roteiro é colocar a winchester como protagonista de uma jornada pelo oeste americano. O personagem de Stewart ganha o prêmio que disputou no início do filme, mas logo em seguida sua recompensa é roubada e a arma vai passando nas mãos de bandidos, índios, cowboys, casacas azuis, em vários lugares e situações, sempre causando sentimentos de cobiça e espalhando morte como um verdadeiro personagem de carne e osso. A narrativa escolhe sempre acompanhar o caminho que a arma faz ao invés de seguir os atores de maneira definida. Acaba transformando-os em meros coadjuvantes.
A forma como Anthony Mann se preocupa com um projeto deste tipo demonstra uma segurança exemplar. O único outro filme do diretor que eu havia visto é Um Certo Capitão Lockhart, também com Stewart, e não tão bom quanto este aqui, mas vale a pena. Mann parece ser um desses diretores para se pegar a filmografia inteira e assistir tudo. Em Winchester 73, ele transforma os planos mais simples ou pequenos movimentos de câmera em cinema puro, como no genial duelo final entre Stewart e seu inimigo. Um dos grandes momentos do western americano, sem sombra de dúvida. Se for sempre assim, Mann corre o risco de se tornar um dos meus diretores de cabeceira.