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13.6.12

ALIEN, O OITAVO PASSAGEIRO (1979)


Ainda não assisti a PROMETHEUS, mas revi ALIEN - O OITAVO PASSAGEIRO. Serve?

Em 1974, o jovem Dan O’Bannon escrevia um roteiro de ficção científica que acabou se transformou em filme, DARK STAR, dirigido pelo então marinheiro de primeira viagem, John Carpenter. Eu adoro o filme, mas O’Bannon parece não ter ficado muito satisfeito com o resultado. A trama, entre outras coisas, é sobre a tripluação de uma pequena nave atormentada por um alien feito de bola de praia… é de rolar de rir!

Então o sujeito resolveu pegar alguns elementos de DARK STAR para escrever um novo roteiro. Além disso, O’Bannon aproveitou sua aproximação com o artista H.R. Giger da época em que estavam preparando a adaptação de DUNA, que seria sob a direção de Alejandro Jodorowski, para trabalhar na concepção visual desse novo projeto. Ainda teve o dedo de Walter Hill na produção… Então qualquer coisa que saísse dessa combinação de mentes seria, no mínimo, interessante, mas calhou de sair ALIEN, ou seja, um dos maiores clássicos do horror espacial.

Ao contrário de vários amigos, não compartilho do mesmo desprezo pelo Ridley Scott. Não é mestre, mas quando acerta, demonstra que realmente sabe o que faz. Especialmente nesse início de carreira, o sujeito estava em estado de graça! OS DUELISTAS, BLADE RUNNER e este aqui são obras de grande vigor cinematográfico… o problema é quando lembramos de coisas como ATÉ O LIMITE DA HONRA ou o novo ROBIN HOOD.


Mas em ALIEN, a coisa é diferente! Scott se aproveita da força visual, o primor estético concebido por Giger, os efeitos especiais, trilha sonora, para trabalhar o tenso climão claustrofóbico dos corredores escuros e cenários fechados em um crescente suspense. Sei que todo mundo está careca de saber sobre tudo isso, mas até hoje me encanta os detalhes e escolhas que Scott faz para a construção do horror. Todas as cenas dos ataques do alien, por exemplo, se baseiam muito mais na atmosfera do que a brutalidade. Se existe um filme que transcende o sentido de horror atmosférico, é este aqui. Dessa maneira encontramos cenas brilhantes, como a que o personagem de Tom Skerritt, Dallas, adentra os apertados dutos de ventilação da nave Nostromo, em busca do invasor indesejado. É tudo questão de manutenção de luz, sombras e noção de como utilizar os cenários... o alien mesmo mal aparece durante todo o filme. E mesmo assim, Scott tem nas mãos o suficiente para fazer a platéia tremer na base. Hoje nem tanto, é verdade, ainda mais com tantas reprises, mas ainda é uma realização de fazer inveja a muito filmezinho de terror da atualidade.

Algumas sequências são célebres. A visita de parte da tripulação à nave alienígena abandonada cheio dos famigerados ovos estranhos; Ian Holm se revelando após a violenta pancada na cabeça desferida por Yaphet Kotto; Sigourney Weaver de calcinha se preparando para a peleja final; e claro, o sensacional parto de John Hurt, dando à luz a uma lombriga de dentes afiados. Sem contar o aspecto incrível do monstro espacial, que me deixava arrepiado quando era criança.

E vou parando por aqui, fiz esse post apenas para comentar brevemente a revisão deste filmaço na semana em que estréia o retorno de Ridley Scott ao universo ALIEN. Tempo se tornou algo precioso nesses dias e ficou complicado de postar. Depois tudo volta ao normal… Amanhã republico meu post sobre ALIENS, de James Cameron, para quem ainda não leu.

17.5.10

VIVENDO NA CORDA BAMBA (Blue Collar, 1978), de Paul Schrader

Resolvi mergulhar na carreira do Paul Schrader como diretor e devo fazer uns breves comentários por aqui. VIVENDO NA CORDA BAMBA marca a estréia do homem na direção. O enredo, entretanto, parte de uma idéia do irmão, o também roteirista Leonard Schrader (que foi passado pra trás diversas vezes pelo seu irmão), sobre um trio de operários de uma montadora de veículos com alguns problemas com o sindicato corrupto pelo qual fazem parte. Surge também a velha trama dos persongens fodidos, devendo uma grana que não possuem, vendo um assalto ao cofre do sindicato como uma boa alternativa para se livrar do peso na consciência (e das dívidas).

Mas VIVENDO NA CORDA BAMBA nunca descamba para o policial, o filme é um sóbrio drama político e realista que faz ótimo retrato do operário americano, visualmente associado ao estilo que Martin Scorsese vinha impondo dentro do cinema americano dos anos setenta no qual Paul Schrader seguia na cara dura até encontrar seu próprio caminho.

Não que isso fosse algum problema, pelo contrário, Paul demonstra segurança no tom imediato, ritmo e estética já neste primeiro trabalho. A relação com os atores, é outra história. São curiosas as situações de bastidores de VIVENDO NA CORDA BAMBA, principalmente no que concerne ao trio de atores principais. Richard Pryor, Harvey Keitel e Yaphet Kotto dão um show de interpretações em frente às câmeras, mas trocaram muitas ofensas por trás delas. Schrader não tinha o menor controle sobre eles neste sentido. O importante é que tudo funcionou muito bem na tela.

O roteiro, com vários diálogos interessantes, também contribui com grande força. Uma combinação de drama social com um humor realista fazem desta pequena obra um dos melhores "filmes de estréia" que eu vejo em muito tempo. Pena que a Universal lançou o filme de qualquer jeito e acabou não recebendo a devida atenção pelo público, apesar dos elogios da crítica.

Pelo visto, vou gostar de peregrinar pelo cinema desse sujeito.