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18.11.12

Contagem regressiva BULLET TO THE HEAD #4: SOUTHERN COMFORT (1981)


Com o lançamento do trailer número 2 de BULLET TO THE HEAD, novamente fiquei animado em ver e rever alguns filmes do mestre Walter Hill, fazendo aqui no blog uma ansiosa contagem regressiva para seu próximo trabalho, um dos acontecimentos cinematográficos mais aguardados do próximo ano. Especialmente depois das críticas que saíram após sua exibição no Festival de Roma. Ok, todos já perceberam que BULLET IN THE HEAD é o meu novo MERCENÁRIOS 2… vamos logo ao SOUTHERN COMFORT!

É sobre um grupo da Guarda Nacional americana que faz uns treinamentos de localização e navegação pelos pântanos da Louisiana, tentando encontrar um local específico, exercitando a utilização de mapas, etc. A maioria deles está levando o trabalho bem à sério, muito preocupados com as putas que vão comer quando terminar o exercício. Quero dizer, até mesmo as armas que levam em punho estão carregadas com festim. Em quem vão atirar? Estão em solo americano, não existe inimigo nesse treinamento…


Os problemas começam quando se dão conta de que estão completamente perdidos. Onde deveria haver tal objetivo, só tem água e mais água… Decidem então pegar “emprestado” algumas canoas que encontram num acampamento aparentemente abandonado à beira do rio, com alguns animais esfolados e tal. Mas deixam um bilhete pra quem quer que fosse. Depois de alguns minutos navegando o pelotão descobre que está sendo observado à distância por um grupo de cajuns*, possíveis donos das canoas. Eles gritam para que leiam o bilhete, mas os caipiras não se mexem. Um dos soldados então, decide ser o engraçadinho da turma e começa a atirar na direção dos sujeitos com uma metralhadora cheia de festim. Rá, muito engraçado mesmo.


* Os Cajuns são os decendentes dos Acadianos, expulsos do Canadá, que se instalaram na Louisiana. [/Wikipédia mode off]


Só que os cajuns respondem ao fogo, e a munição não é de festim, para azar dos pobres militares. A primeira bala já acerta a testa do lider do pelotão e, bom, vocês já podem começar a imaginar o que teremos aqui. Sim!!! Walter Hill é um dos canônes em orquestrar sequências de tiroteios, realizou algumas perseguições de carros mais impressionantes que eu já vi em THE DRIVER, é um dos grandes mestres do cinema de ação americano e… também é o diretor de um dos melhores filmes de caipiras psicopatas que existe!

Na época, era clara a intenção de Hill em fazer referência à guerra do Vietnam, mas não há outra maneira de ver SOUTHERN COMFORT atualmente sem pensar no Iraque e outros países do Oriente Médio. O filme mantém sua análise, só muda o local. Quero dizer, temos aqui um pelotão americano, alguns deles agindo como autênticos imbecis, numa região na qual não entende porcaria nenhuma de seus habitantes, sua cultura, não fala nem sua língua. Chega sem permissão, se achando os fodões, mas descobre rapidinho que a coisa não é bem assim. O adversário conhece o território, monta armadilhas, sabe onde se esconder e como monitorá-los…


É o simbolo perfeito para o fracasso inevitável nesse tipo de negócio que o governo americano insiste em fazer de vez em quando ao longo de sua história. E não importa se estão apenas “pegando emprestado uma canoa”. Contendo todo esse substrato, fica difícil não preferir SOUTHERN COMFORT em relação a outros filmes do género, como DELIVERANCE, por exemplo (apesar ser excelente também), que é mais aclamado. Mesmo tirando a análise política, sobra ainda um puta thriller de caçada humana (o final é um dos troços mais tensos que vi nos últimos anos!), o qual destaca-se desde o roteiro, escrito à seis mãos pelo próprio Walter Hill, Michael Kane e David Giler, a utilização dos cenários naturais dos pântanos da Louisiana, passando pela direção habitualmente magistral de Hill e, principalmente, o elenco com feras do calibre de Powers Boothe, Keith Carradine, Fred Ward, Peter Coyote, um Brion James assustador e vários outros.

8.4.12

Contagem Regressiva BULLET TO THE HEAD #1: EXTREME PREJUDICE (1987)

Começando a entrar no clima do próximo filme do diretor Walter Hill, BULLET IN THE HEAD, o primeiro trabalho do diretor em dez anos, acho que é um bom momento para fazer um ciclo de revisões e descobertas com as obras desse gigante mestre do cinema de ação. Um dos seus principais exemplares, e que fazia muitos anos que eu não via, é o western contemporâneo EXTREME PREJUDICE, um daqueles típicos action movies brutos que parece impossível pintar na seara do cinema de ação da atualidade, além de ser uma apaixonada declaração de amor ao cinema de seu mentor, o gênial Sam Peckinpah.

Escrito pelo diretor de CONAN – O BÁRBARO, John Milius, a trama oferece o que há de melhor da mais pura truculência e testosterona em termos cinematográficos. Nick Nolte é um xerife durão do Texas, cujo melhor amigo da infância, vivido por Powers Boothe, escolheu o lado oposto da lei e se tornou o traficande de drogas número um da região, o que representa um conflito muito complexo quando ambos não abrem mão de suas intenções. Ao mesmo tempo, um grupo de mercenários formado por ex-militares “mortos” em combate, liderado por Michael Ironside, surge na região com um misterioso plano de, aparentemente, derrubar o império do tal chefão das drogas numa subtrama quase paralela.


O personagem de Nolte é um dos policiais mais interessantes do cinema de ação oitentista, um sujeito com aquele tratamento humano característico de Walter Hill, ao mesmo tempo em que personifica o herói cinematográfico do velho oeste que não recua diante do perigo, não hesita em meter uma bala nos miolos de seu adversário, quem quer que seja...

Da mesma maneira, Boothe está excelente como vilão, completamente desagradável e vestindo sempre branco, contrastando com a poeira do deserto e fazendo alusão ao personagem de Warren Oates em TRAGAM-ME A CABEÇA DE ALFREDO GARCIA, de Sam Peckinpah. E para demonstrar o nível de insanidade maquiavélica do bandido (e do próprio Boothe), o sujeito surge em cena esmagando um escorpião vivo, de verdade, na mão! Vai ser macho assim na p@#$%&*!!!



Michael Ironside, com aquele olhar demente e expressivo não fica muito atrás neste que é um de seus melhores papéis, cheio de ambiguidade. O elenco sensacional se completa com William Forsyth, Rip Torn, o fortão Tommy “Tiny” Lister, Clancy Brown e Maria Conchita Alonso (a peça central de um triângulo amoroso que bota mais lenha na fogueira na situação entre o xerife e o traficante).

Além deste all star cast formado por badasses de alto calibre, algo que merece grande destaque são as sequências de ação. É claro que se estamos falando de um filme de Walter Hill, as cenas de ação serão sempre pontos altos! Duas delas, então, merecem bastante atenção. A primeira, numa espécie de posto de gasolina abandonado no deserto, com Nolte distribuindo bala, utilizando uma caminhonete como escudo, enquanto um grupo de meliantes pratica tiro ao alvo em nosso protagonista. Filmado e editado com a elegância e precisão de quem realmente sabe filmar tiroteios. A outra é o gran finale, que estabelece uma fascinante ligação com o tiroteio derradeiro de MEU ÓDIO SERÁ SUA HERANÇA, uma frenética e violenta sequência, com dieito à sangue espirrando em slow motion, que deixaria Peckinpah orgulhoso.





O belo título foi retirado de uma linha do roteiro que, primeiramente, apareceria em APOCALYPSE NOW, de Francis Ford Coppola, também escrito por Milius. Como a frase não foi utilizada, o roteirista acabou colocando no script deste aqui e aproveitou para intitular esse filmaço. No Brasil, atende pelo título de O LIMITE DA TRAIÇÃO e até onde eu sei, ainda não foi lançado em DVD por aqui.

Mais filmes do Walter Hill no blog:

O IMBATÍVEL (2002)
THE DRIVER (1978)
LUTADOR DE RUA (1975)

29.3.10

RAJADA DE FOGO (Rapid Fire, 1992), de Dwight H. Little

Apesar de O CORVO ser o filme mais lembrado de Brandon Lee, foi RAJADA DE FOGO, um pequeno veículo de ação, que ele teve a oportunidade mais decisiva no processo que o transformaria num ícone. Sim, posso estar delirando, mas eu acredito que se Lee não tivesse morrido acidentalmente em O CORVO, hoje ele teria sido um disputadíssimo astro de ação e roubaria facilmente vários papéis importantes nos filmes do gênero nos últimos dez anos. Aposto que ia...

O filme conta a estória de Jake Lo, um estudante chinês que vive nos Estados Unidos à sombra de seu pai que todos admiram: um líder pró-democrata que morreu atropelado por um tanque de guerra em uma manifestação nas ruas de Pequim. Até certo ponto, é algo um tanto biográfico para Brandon Lee, vivendo sob a sombra de seu pai, um dos rostos mais famosos do cinema oriental e um dos maiores ícones da cultura pop. Não devia ser fácil entrar na carreira de ator de filmes de ação sendo filho de Bruce Lee. Em entrevistas, Brandon chegou a declarar que o papel de Jake Lo foi escrito especificamente para ele, o que não é nada surpreendente.

Embora tenha essa veia política, presenciou as manifestações e a morte de seu pai, Jake é um individualista que pouco se importa com tudo isso, inclusive quando alguns ativistas tentam usá-lo em sua causa ele não se interessa nem um pouco. Na verdade, ele acha que nada disso vale a pena e que seu pai morreu em vão. É claro que tudo é descupinha do roteiro para a trama ficar mais interessante e ao final ele vai dar valor aos ideais de seu pai, mas sem perder o jeito badass de encarar as coisas!
Na trama, Jake testemunha um assassinato cometido por um dos mais perigosos chefões do crime organizado (Nick Mancuso), colocando sua vida em risco tendo a máfia e policiais corruptos a todo instante em sua cola. Apenas Mace Ryan, um tira honesto, interpretado pelo grande Powers Boothe, pode ajudá-lo. No entanto, Jake demonstra que é um sujeito durão resolvendo os problemas à base da porrada. Em RAJADA DE FOGO Brandon Lee finalmente teve o seu momento, porque em MASSACRE NO BAIRRO JAPONÊS, embora roube a cena, ele sempre será o coadjuvante gay de Dolph Lundgren,  depois em O CORVO, seu personagem precisou morrer e voltar a vida para demonstrar bravura. Aqui não. Jake Lo é de carne e osso, afoito por natureza e não deixa barato contra os oponentes.

A direção é de Dwight H. Little, que havia dirigido Steven Seagal em MARCADO PARA MORTE, o terceiro filme do astro de rabinho de cavalo. Deslumbrado com cinema de John Woo como quase todos os diretores de filmes de ação do início dos anos 1990, Little toma como base seqüências bem elaboradas de filmes como THE KILLER para criar as suas. Não vou dizer que o diretor teve sucesso, mas não deixa de ter ótimas cenas por aqui, especialmente porque Lee demonstra ser perfeito como heróis de ação,  movimentando-se com agilidade, fazendo acrobacias para fugir de balas, deferindo alguns golpes e utilizando de vários objetos em cena para atrapalhar a vida de seus oponentes. E quando seguram seu pé, ele dá aquele chute rodado que virou sua marca registrada!
No elenco ainda temos Raymond J. Barry como um agente corrupto e Al Leong, com seu inconfundível bigode, dando trabalho ao protagonista numa das melhores cenas de luta do filme.
Brandon Lee acabou sua precoce carreira com uma curta filmografia, tendo participado apenas de seis filmes para cinema, sendo que um deles nem chegou a ser creditado. Meu preferido continua sendo MASSACRE NO BAIRRO JAPONÊS, mas RAJADA DE FOGO tem uma certa importância que não pode ser ignorada.