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29.11.12

THE PERFECT WEAPON (1991)


Numa época em que Van Damme e Steven Seagal estavam no auge do cinema de porrada em Hollywood, no início dos anos 90, não faltou candidatos tentando conseguir um pouco mais de espaço no gênero. Figuras do calibre de Jerry Trimble, Don “The Dragon” Wilson, Loren Avedon, Billy Blanks e muitos outros, nunca tiveram mais destaque e oportunidades de estrelar filmes classe A, apesar da quantidade de filmes que possuem e da febre que faziam nas locadoras.

Quem chegou bastante próximo disso foi Jeff Speakman, uma dessas apostas que, infelizmente, não deu muito certo. Sua grande chance foi com THE PERFECT WEAPON, produzido sob a batuta da grande Paramount, embora tenha a mesma cara dos B movies de luta que borbulhavam naquela altura. E se não conseguiu chegar no nível de um Van Damme, tenho a impressão de que os erros foram cometidos depois, porque THE PERFECT WEAPON é muito bom!


O início é meio estranho. O filme abre com Jeff sem camisa, na sala de sua casa, treinando movimentos de artes marciais ao som de “I got the power”… e é engraçado, porque o filme só tem 85 minutos, mas mesmo assim fizeram o favor de deixar a música rolar até o final! Argh! Depois ele entra no carro, pega a estrada e começa a pensar sobre o passado. E entram os flashbacks. Dessa maneira, ficamos sabendo que depois da morte de sua mãe, Jeff virou um garoto encrenqueiro. Seu pai, que era policial, decide mandá-lo para uma escola militar, mas um vizinho oriental convence-o de enviar Jeff a uma escola de artes marciais, onde aprende auto-disciplina. Neste momento, o filme retorna para o presente e mostra Jeff dando um sorrisinho… Mas os flashbacks ainda não acabaram.

No colégio, alguns bullies resolvem implicar com o irmão mais novo de Jeff, e este o defende à base de chutes na cara, chegando a enviar um dos estudantes para o hospital. Então, o pai decide expulsá-lo de vez de casa e o vizinho resolve cuidar do rapaz (e no presente, Jeff franze a testa ao relembrar destes momentos dramáticos). Enfim, eu já estou enrolando demais. A trama mesmo é o Jeff retornando para visitar seu velho mentor, que é interpretado pelo Mako, e acaba envolvido numa guerra entre as famílias mafiosas chinesas, resultando na morte do velho. Então Jeff, com a ajuda de seu irmão, que agora é policial, resolve ir atrás dos responsáveis e THE PERFECT WEAPON se transforma num filme de vingança.


A história é bem simples mesmo, mas extremamente funcional para um filme de pancadaria. E temos aqui algumas coisas bem interessantes. Começando pelo próprio ator principal. Este é o único filme do Speakman que eu vi (quero dizer, o sujeito fez uma ponta antes no LEÃO BRANCO, do Van Damme, mas me refiro como protagonista) então não acho que dá pra avaliar se o sujeito seria realmente capaz de aguentar o tranco de ser um action heroe no estilo Dolph, Van Damme, Seagal. Mas pelo menos aqui ele tem presença e, claro, luta pra cacete. O sujeito realmente convence de que suas habilidades lhe dão a alcunha de “arma perfeita”.

Outro destaque de THE PERFECT WEAPON é o elenco. Só gente boa! Mako, James Hong, Cary-Hiroyuki Tagawa, Clyde Kusatsu, Professor Toru Tanaka e, claro, Al Leong. Nenhum filme de ação dos anos noventa envolvendo orientais que se preze poderia deixar de fora o eterno capanga Al Leong. No entanto, quem já assistiu ao filme sabe que o grande ladrão de cenas por aqui é o personagem do Professor Toru Tanaka. É daqueles tipos de vilões imparáveis, difícil de morrer e que dá um puta trabalho para o herói… Só pela estrutura do sujeito dá pra ter uma noção da situação:


A direção é por conta de Mark DiSalle, que só realizou mais um único filme além deste aqui: KICKBOXER, com um certo baixinho belga que eu devo ter citado aí em cima. DiSalle trabalhou mais como produtor, sendo responsável pelo clássico O GRANDE DRAGÃO BRANCO. O sujeito manda bem nas sequências de ação por aqui, filmando com segurança e estilo old school, deixando os atores encenarem a pancadaria em planos abertos, sem muitos cortes. Ajuda bastante o fato de ter um Jeff Speakman demonstrando suas habilidades. Gosto especialmente de toda sequência final, quando Jeff, armado apenas com dois bastões de madeira, invade um local cheio de capangas, enfrenta todos eles e finaliza com mais uma trocação com o grandalhão Tanaka.

Ainda pretendo conferir mais filmes com o Speakman como protagonista (não são muitos), e talvez até descobra porque o sujeito não engrenou na carreira de ator. Mas tenho a impressão de que nenhum outro trabalho dele tenha o mesmo nível de THE PERFECT WEAPON.

29.3.10

RAJADA DE FOGO (Rapid Fire, 1992), de Dwight H. Little

Apesar de O CORVO ser o filme mais lembrado de Brandon Lee, foi RAJADA DE FOGO, um pequeno veículo de ação, que ele teve a oportunidade mais decisiva no processo que o transformaria num ícone. Sim, posso estar delirando, mas eu acredito que se Lee não tivesse morrido acidentalmente em O CORVO, hoje ele teria sido um disputadíssimo astro de ação e roubaria facilmente vários papéis importantes nos filmes do gênero nos últimos dez anos. Aposto que ia...

O filme conta a estória de Jake Lo, um estudante chinês que vive nos Estados Unidos à sombra de seu pai que todos admiram: um líder pró-democrata que morreu atropelado por um tanque de guerra em uma manifestação nas ruas de Pequim. Até certo ponto, é algo um tanto biográfico para Brandon Lee, vivendo sob a sombra de seu pai, um dos rostos mais famosos do cinema oriental e um dos maiores ícones da cultura pop. Não devia ser fácil entrar na carreira de ator de filmes de ação sendo filho de Bruce Lee. Em entrevistas, Brandon chegou a declarar que o papel de Jake Lo foi escrito especificamente para ele, o que não é nada surpreendente.

Embora tenha essa veia política, presenciou as manifestações e a morte de seu pai, Jake é um individualista que pouco se importa com tudo isso, inclusive quando alguns ativistas tentam usá-lo em sua causa ele não se interessa nem um pouco. Na verdade, ele acha que nada disso vale a pena e que seu pai morreu em vão. É claro que tudo é descupinha do roteiro para a trama ficar mais interessante e ao final ele vai dar valor aos ideais de seu pai, mas sem perder o jeito badass de encarar as coisas!
Na trama, Jake testemunha um assassinato cometido por um dos mais perigosos chefões do crime organizado (Nick Mancuso), colocando sua vida em risco tendo a máfia e policiais corruptos a todo instante em sua cola. Apenas Mace Ryan, um tira honesto, interpretado pelo grande Powers Boothe, pode ajudá-lo. No entanto, Jake demonstra que é um sujeito durão resolvendo os problemas à base da porrada. Em RAJADA DE FOGO Brandon Lee finalmente teve o seu momento, porque em MASSACRE NO BAIRRO JAPONÊS, embora roube a cena, ele sempre será o coadjuvante gay de Dolph Lundgren,  depois em O CORVO, seu personagem precisou morrer e voltar a vida para demonstrar bravura. Aqui não. Jake Lo é de carne e osso, afoito por natureza e não deixa barato contra os oponentes.

A direção é de Dwight H. Little, que havia dirigido Steven Seagal em MARCADO PARA MORTE, o terceiro filme do astro de rabinho de cavalo. Deslumbrado com cinema de John Woo como quase todos os diretores de filmes de ação do início dos anos 1990, Little toma como base seqüências bem elaboradas de filmes como THE KILLER para criar as suas. Não vou dizer que o diretor teve sucesso, mas não deixa de ter ótimas cenas por aqui, especialmente porque Lee demonstra ser perfeito como heróis de ação,  movimentando-se com agilidade, fazendo acrobacias para fugir de balas, deferindo alguns golpes e utilizando de vários objetos em cena para atrapalhar a vida de seus oponentes. E quando seguram seu pé, ele dá aquele chute rodado que virou sua marca registrada!
No elenco ainda temos Raymond J. Barry como um agente corrupto e Al Leong, com seu inconfundível bigode, dando trabalho ao protagonista numa das melhores cenas de luta do filme.
Brandon Lee acabou sua precoce carreira com uma curta filmografia, tendo participado apenas de seis filmes para cinema, sendo que um deles nem chegou a ser creditado. Meu preferido continua sendo MASSACRE NO BAIRRO JAPONÊS, mas RAJADA DE FOGO tem uma certa importância que não pode ser ignorada.