31.3.13

RANKING ANOS 2000

A LIGA DOS BLOGUES CINEMATOGRÁFICOS está preparando entre seus membros um ranking com os melhores filmes da primeira década do século XXI. Já tinha postado algo assim aqui no blog, mas resolvi fazer algo mais completo e tentando, na medida do possível, colocar uma ordem de preferência. Aí está a relação que enviei hoje pra Liga:

20. ONDE OS FRACOS NÃO TEM VEZ (2008), Joel e Ethan Coen

19. INIMIGOS PÚBLICOS (2009), Michael Mann

18. O LUTADOR (2008), Darren Aronofsky

17. FEMME FATALE (2002), Brian De Palma

16. FANTASMAS DE MARTE (2001), John Carpenter

15. RAMBO 4 (2008), Sylvester Stallone

14. CAÇADO (2003), William Friedkin

13. A PROPOSTA (2005), John Hillcoat

12. COLATERAL (2004), Michael Mann

11. KILL BILL Vol.1 (2003), Quentin Tarantino

10. ROCKY 6 (2006), Sylvester Stallone

09. BASTARDOS INGLÓRIOS (2009), Quentin Tarantino

08. SANGUE NEGRO (2008), Paul Thomas Anderson

07. GANGUES DE NOVA YORK (2003), Martin Scorsese

06. CIDADE DOS SONHOS (2001), David Lynch

05. EXILED (2006), Johnnie To

04. OS DONOS DA NOITE (2007), James Gray

03. A BITTERSWEET LIFE (2005), Jee-Woon Kim

02. MIAMI VICE (2006), Michael Mann

01. MARCAS DA VIOLÊNCIA (2005), David Cronenberg

MENÇÕES HONROSAS: Filmes que deveriam estar aí em cima, mas pelo meu estado de espírito momentâneo acabaram de fora: GRAN TORINO (2008), MENINA DE OURO (2004) e SOBRE MENINOS E LOBOS (2003), do Clint Eastwood; MUNICH (2004), de Steven Spielberg; ICHI - THE KILLER (2001) e VISITOR Q (2001), do Takashi Miike; OS INFILTRADOS (2006), de Martin Scorsese; TERRA DOS MORTOS (2005), de George A. Romero; SPL: SHA PO LANG (2005), Wilson Yip; ANTICRISTO (2009) e DOGVILLE (2005), de Lars Von Trier; O NEVOEIRO (2008), de Frank Darabont; DEIXA ELA ENTRAR (2008), Tomas Alfredson; ZODÍACO (2007), David Fincher; KILL BILL Vol.2 (2004), de Quentin Tarantino; A ESPIÃ (2006), de Paul Verhoeven; DÁLIA NEGRA (2006), de Brian De Palma; O HOSPEDEIRO (2006) de Joon-Ho Bong; DISTRITO 9 (2009), Neill Blomkamp; OLDBOY (2004), Chan-Wook Park.

30.3.13

UNDERCOVER (1995)

Série Scream Queens/Femme Fatales #1: Athena Massey 


Iniciando uma nova série aqui no blog, pra ver se dou uma animada, de vez em quando vou fazer umas postagens especiais homenageando algumas das minhas Scream Queens ou Femme Fatales favoritas, especialmente aquelas que faziam "sucesso" na minha época de adolescente. Portanto, não esperem Barbara Stanwyck ou Rita Hayworth como Femme Fatales. O negócio vai ser mais na linha Julie Strain e Maria Ford.

Mas, para começarmos, vamos de Athena Massey com o filme UNDERCOVER, um exemplar que mistura policial com softcore e  leva muito a sério a questão de cumprir o que promete. A única intenção dos realizadores é mostrar uns peitos de fora, portanto o faz com muita categoria.


Na trama (sim, temos algo que possa chamar de trama), uma prostituta de luxo é assassinada misteriosamente. É aí que entra Cindy (Massey), uma policial que precisa se disfarçar de garota de vida fácil para tentar encontrar o assassino. É claro que até chegar ao ponto de ficar de frente com o matador, a moça vai ter que abrir as pernas váááárias vezes, para o desespero do seu namorado, que também é policial, e de seu chefe.


E dá-lhe cenas de sexo softcore. Mas até que são bem encenadas e conseguem ser sensuais, que é um grande problema desses filmes que passavam no Cine Privé, na Band. Na adolescência era excitante assistir de madrugada escondido dos pais e qualquer gostosa robusta que surgisse sem sutiã era suficiente pro trabalho braçal. Mas hoje a maioria daqueles filmes não consegue nem fazer, com perdão do meu francês, o pau subir. UNDERCOVER consegue. Graças, especialmente, a performance da bela Athena Massey, que não tem frescura de tirar a roupa em momento algum e parece gostar do que faz.


E para provar que UNDERCOVER não é só peitos de fora, com boa vontade dá para refletir as transformações da protagonista, que nessa de se disfarçar de puta, acaba descobrindo um lado sexual que nem sabia que tinha. Claro, é uma leitura difícil, é preciso concentração profunda e entendimento de psicologia comportamental para olhar para a policial gostosona que ela é e acreditar que este pedaço de mau caminho nunca havia explorado seu lado sensual antes...


Uma das coisas legais desses filmes de baixo orçamento que ninguém lembra, ou nem faz ideia que exista, é aquele momento "o passado me condena". Aposto que o Jeffrey Dean Morgan gostaria de apagar este personagem da sua filmografia:


Mas também acontece o contrário. É comum encontrarmos umas figuras que já tiveram dias melhores tendo que aceitar alguns papéis em filmes meia boca pra pagar o aluguel. Sim, estou me referindo a você, Meg Foster:


Sobre o assassino, no final ficamos sabendo quem é. Mas isso não faz a menor diferença após quase 90 minutos de Athena Massey balançando os peitos na tela.

23.3.13

BULLET TO THE HEAD (2012)


BULLET TO THE HEAD é exatamente o que eu estava esperando. Simples, violento, objetivo e sem frescuras. E, de algum modo, um retorno aos velhos tempos dos filmes de ação casca-grossa. Baseado numa história em quadrinhos, marca o retorno de Walter Hill à cadeira de diretor para um trabalho feito pra cinema e tem Sylvester Stallone como Jimmy Bobo, um assassino profissional em busca de vingança. Mas isso vocês já estão carecas de saber pelas sinopses e trailers que rolam por aí. O que vocês realmente precisam saber é que Stallone passa o filme inteiro esmurrando, explodindo e atirando na cabeça de bandido, mesmo os desarmados, na covardia, e sem qualquer remorso! E nem passa pela cabeça do sujeito o chato clichê da crise de consciência por causa do seu tipo de trabalho e modo de vida. “Buah! preciso sair dessa vida de matança”, como dizem os pseudos action heroes desta geração politicamente correta.

E Stallone está perfeito por aqui. Chega até emocionar vê-lo construindo um personagem carismático, engraçado e badass, para entrar na sua galeria de papéis marcantes, como Rocky, Rambo, Marion Cobretti e outros. O Barney Ross, de MERCENÁRIOS, por exemplo, que eu adoro, parece uma compilação de um monte de personalidades que o Stallone já interpretou, inclusive a dele própria. Jimmy Bobo é algo novo na carreira do Sly, que parece ter se divertido bastante ao encarnar um assassino sangue frio e sarcástico ao extremo. Sem contar que na sua idade atual entram alguns conflitos pelo fato de ser um dinossauro anacrônico diante do mundo moderno, da mesma maneira que o Schwarzenegger de xerife em THE LAST STAND...


Acho até que acertaram na escolha de substituir Aaron Eckhart pelo Sung Kang, que não é lá tão conhecido. Eckhart tem personalidade e presença, tiraria um pouco o foco do Stallone. Kang é apenas um bom acompanhamento. Um contraponto interessante do protagonista, até pelo fato de ser um policial que faz parceria com um assassino, apesar de não ser daqueles coadjuvantes cools, como Brandon Lee em MASSACRE NO BAIRRO JAPONÊS, ou Steve James em AMERICAN NINJA. Dá uns tiros e aplica umas artes marciais em dois ou três meliantes, além de sempre descobrir umas coisas relevantes para o caso que investigam através de celular, algo que desnorteia um pouco o Jimmy, que não é muito ligado à tecnologia... Mas o resto do filme é Stallone em ação puríssimo! Apesar disso, a química entre os dois é ótima e Kang não se torna nunca pedante. Algumas das melhores sequências de BULLET TO THE HEAD são justamente aquelas que os dois dialogam, trocam desaforos e piadinhas, lembrando os bons e velhos buddy movies dos anos 70 e 80. Gosto de uma cena em que o personagem de Kang pergunta a Jimmy Bobo quem é a mãe de sua filha. O sujeito responde que ela era "uma puta drogada que morreu há quinze anos". E pronto, só essa frase basta para destroçar mais de uma década de cinema de ação hollywoodiano politicamente correto (com as raras exceções).


No elenco ainda temos Christian Slater, num pequeno papel de advogado do vilão. E é bacana poder vê-lo na telona. É desses atores que em algum momento deixou a carreira desandar e foi parar em produções direct to video, como o Cuba Gooding Jr. e o Val Kilmer. Temos também Adewale Akinnuoye-Agbaje encarnando um vilão inescrupuloso e Jason Momoa, seu principal capanga responsável pelos serviços sujos. Pausa para falar do Momoa. Tomei certa antipatia pelo sujeito depois da refilmagem de CONAN, mas ele está perdoado por este papel em BULLET TO THE HEAD (e também pelo GAME OF THRONES, que nunca acompanhei, mas já cheguei a ver alguns episódios). Momoa faz aqui o típico vilão old school, que se fosse nos anos 80, seria interpretado por um Vernon Wells ou Brian Thompson. Um mercenário filho da puta que realiza seus serviços pelo prazer de matar e não pelo dinheiro que entra na conta. E ainda contracena com Stallone uma luta de machados que, putz, é de encher os olhos de qualquer fã de "cinema de macho". Para finalizar, apresentando Sara Shahi, uma belezinha tatuada que encarna a filha do Stallone. E podem comemorar, é possível ver algumas tattoos, digamos, mais intimas da moça...


Sobre a direção do Hill, que substituiu o Wayne Kramer (desistiu por diferenças de opiniões entre o Stallone), é preciso apontar algumas coisas. Definitivamente dá para perceber o estilo do homem impresso no modo de filmar a cidade, no excelente domínio na direção de atores, a maneira de trabalhar os elementos do gênero com a essência dos anos 80, etc... Mas de vez em quando parece que estamos diante de um direct to video mais classudo, mais elegante. Há até alguns efeitos moderninhos de pós produção que eu nunca pensei em ver num filme de um sujeito do calibre do Hill. Não chega a incomodar, mas poderia ser evitado.

Em termos de ação, o sujeito ainda manda muito bem. Só não esperem algo tão old school, com o charme de um EXTREME PREJUDICE, INFERNO VERMELHO ou 48 HORAS. Em vários momentos Hill chacoalha a câmera, picota na edição, especialmente em cenas de luta, o que não quer dizer que seja mal feito, pelo contrário, é tudo muito bem orquestrado por alguém que conhece profundamente a gramática do cinema de ação. E mesmo adotando esses artifícios modernos, o diretor demonstra que é possível fazer ação de qualidade nos nossos dias.

Tenho lido algumas resenhas gringas depois de conferir e confesso que não esperava encontrar tantas críticas negativas, dizendo que o roteiro faz juz ao segundo nome do protagonista (na verdade, é Bonomo, Bobo é um apelido carinhoso que o personagem possui). Será que só eu fiquei empolgado? Ok, o roteiro não é nenhum primor e possui alguns furos. Mas a quantidade de Stallone dando tiro na cabeça de bandidos compensou qualquer equívoco pra mim. Comparado ao vasto número de obras primas que o gênero concebeu nos anos 70 e 80, BULLET TO THE HEAD não deixa de ser mesmo apenas um filme genérico, uma gota no oceano de truculência fílmica, que ora remete ao cinema de ação daquele período, ora parece que realmente estamos vendo um exemplar da época. Agora, dentro do panorama atual, é um frescor, objeto de rara honestidade, um baita filmaço de ação.

16.3.13

70 ANOS DE CRONENBERG

TOP 10

10. SENHORES DO CRIME (2007)

09.A HORA DA ZONA MORTA (1983)

08. THE BROOD (1979)

07. A MOSCA (1986)

06. MISTÉRIOS E PAIXÕES (1991)

05. SCANNERS (1981)

04. GÊMEOS - MÓRBIDA SEMELHANÇA (1988)

03. MARCAS DA VIOLÊNCIA (2005)

02. CRASH (1995)

01. VIDEODROME (1983)

IT'S ALIVE III - ISLAND OF THE ALIVE (1987)

O terceiro filme da série dos bebês monstros criado pelo genial Larry Cohen é considerado a ovelha negra. Lembro de ver pedaços dele passando no SBT já no final dos anos 90 com o título A ILHA DOS MONSTROS, mas não cheguei a ver tudo. Se os dois primeiros tinham a elegância do horror setentista, ISLAND OF THE ALIVE, realizado quase dez anos depois, possui um estilo mais escrachado do horror oitentista. Cohen foi capaz de levar a franquia em direções diferentes já no segundo filme, mas aqui ele chuta o balde de vez e expande o universo de IT’S ALIVE em possibilidades exageradas, engraçadas, dramáticas, mas sempre, claro, com muito sangue!

Michael Moriarty é o protagonista da vez, um ex-ator que não bate muito bem da cabeça e que, por uma ocasião do destino, é pai de um dos famigerados bebês monstrengos. O filme começa com ele implorando pela vida de seu “filho” diante de um tribunal, com direito ao monstrinho rosnando e marcando presença dentro de uma jaula. A essa altura, as criaturas não são mais exterminadas. Ficamos sabendo que agora são enviadas a uma ilha e deixadas lá para viverem de alguma maneira, isoladas.
Mas ao invés de focar ISLAND OF THE ALIVE na ilha propriamente dita, o roteiro de Larry Cohen foca mais no drama do personagem de Moriarty. O sujeito fica marcado por ser pai de uma aberração e sua vida e sanidade degringolam gradativamente. Não consegue se relacionar direito com as pessoas, por exemplo, especialmente com as mulheres, mais especificamente com sua ex-mulher e mãe da criatura, interpretada por Karen Black. E a cada situação, demonstra que está perdendo controle mental...

E estamos apenas começando. Na verdade, descrever a história seria um trabalho árduo, porque acontece coisa pra cacete por aqui e a maioria nem faz muito sentido. Em determinado momento, por exemplo, Moriarty acaba fazendo uma expedição com um grupo na ilha dos monstros, lá ele desparafusa de vez, a maioria dos integrantes acaba dilacerada, e o protagonista acaba no barco de volta para o continente levando como passageiros as caricaturas. Como é o pai de uma delas, ele não é atacado, mas em seguida é atirado ao mar e vai parar em Cuba e precisa arranjar uma forma de voltar aos EUA... ou seja, um caos! Mas é daquele tipo de filme que não para, uma sucessão de eventos cada um mais bizarro que o outro. Não teve como não se divertir!
E além dessa narrativa desgovernada, mas que de alguma maneira me absorveu do início ao fim, outra coisa que diferencia ISLAND OF THE ALIVE dos outros exemplares é que desta vez me peguei torcendo pelo protagonista e os monstros (alguns já crescidos e de do tamanho de um ser humano)! Me pareceu mais interessante vê-los soltos estraçalhando suas vítimas e se dando bem do que levando chumbo no final. Outro detalhe é que agora a movimentação dos monstros são em stop motion, nada do Rick Baker por aqui. Mas gostei, ganharam mais visibilidade também... embora perca aquele tom misterioso envoltos nas sombras dos dois primeiros filmes. Os monstros mais adultos são pessoas vestidas e maquiadas de maneira bem tosca... mas tem aquele charme do horror "trash" (detesto essa palavra, geralmente muito mal utilizada. Espero que entendam o sentido pelo qual estou utilizando aqui).

Apesar dos elogios, obviamente este aqui é o pior filme da série. Não por ser ruim, longe disso, me diverti à beça com essa bizarrice, mas porque os dois primeiros são realmente magníficos! Possuem uma abordagem que vão além do horror e refletem algumas questões bastante interessantes. E o máximo que ISLAND OF THE ALIVE consegue ser é um "filme de monstro". Mas dos bons!

15.3.13

IT LIVES AGAIN (1978)

O mais legal de IT LIVES AGAIN é que ao invés de requentar os elementos do filme anterior, o diretor e roteirista Larry Cohen realmente se empenhou para expandir ainda mais o universo dos bebês monstros que ele criou. É claro, temos novamente um casal na mesma situação que os Davis, do filme de 74, mas os desdobramentos são totalmente diferentes. A criatura, por exemplo, é logo capturado no momento em que nasce, colocado numa gaiola e levado para um centro de estudo secreto onde já se encontram dois exemplares da mesma espécie sendo estudados. Bem diferente do solitário bebê mutante solto pelas ruas fazendo suas vítimas, como no primeiro filme.

Agora, alguns detalhes o Cohen teve que manter para o prórpio bem do filme, como a acidez na qual tempera seu horror movie com um tom de análise moral de maneira ainda mais dramática que seu antecessor. E não é porque se passaram quatro anos entre um filme e outro que a situação financeira da produção melhorou. Cohen precisa mais uma vez demonstrar talento e criatividade para driblar o baixo orçamento. A forma como filma os bebês sempre serve como bom exemplo, enquadrando essas fofuras de relance, envoltos na escuridão criando uma nuance misteriosa e pertubadora. Estou falando, Cohen é um mestre do cinema de horror americano e eu não havia me dado conta ainda! Há até mais espaço para umas cenas com uma violência gráfica... belo trabalho de maquiagem e efeitos do Rick Baker.
John P. Ryan retorna com o seu personagem, Frank Davis, tendo agora a missão de alertar os casais que estão prestes a dar a luz a bebês mutantes. É o caso de Jody e Eugene Scott, encarnado pelo Frederic Forrest. Na trama, o governo está determinado a exterminar impiedosamente todos os monstros no momento em que são paridos, enquanto Davis trabalha para alguns cientistas e um deles vivido pelo grande Eddie Constantine, que tem a intenção de salvar e estudar as pobres criaturas.

Destaque para a excelente atuação do casal principal que protagoniza algumas discussões bem acaloradas e expressivas, afinal, não é todo dia que o filho tão esperado nasce mais feio que o Ronaldinho Gaúcho. E, claro, John P. Ryan, que regressa com um personagem muito mais interessante e dramático. Lá pelas tantas, quem retorna também é o James Dixon, que faz o detetive responsável pelo caso no primeiro filme. E é curioso porque é o único personagem que aparece nos três filmes da série. O grande John Marley também marca presença chefiando a operação do governo.
Em suma, IT LIVES AGAIN consegue manter o mesmo nível reflexivo, expande de maneira inteligente o universo do filme de 74 e ainda não deixa de ser horror atmosférico dos bons! No brasil, recebeu o título de A VOLTA DO MONSTRO. E como esqueci de falar no post do filme anterior, IT’S ALIVE é conhecido como NASCE UM MONSTRO. Clássicos! Em breve, o terceiro pra fechar.

14.3.13

IT'S ALIVE (1974)

Preciso voltar a escrever com mais frequência sobre filmes de horror. É um gênero que eu amo tanto quanto ação e tenho estagnado o blog apenas com este último gênero... não pode. Portanto, decidi tomar jeito na vida e encarar a trilogia do Larry Cohen, IT’S ALIVE, que nunca tinha visto, para tentar reativar esse lado aterrorizante adormecido. Assisti ao primeiro hoje e encontrei um autêntico clássico!

Com uma atmosfera magnífica e extremamente original, o título remete ao clássico FRANKENSTEIN, de 1931, onde o cientista Henry Frankenstein grita ao dar vida ao seu monstro “It’s Alive! It’s Alive!”. O protagonista deste aqui, Frank Davis (o ótimo John Ryan) comenta, em determinado momento, que quando era pequeno pensava que Frankenstein era o monstro, vivido por Boris Karloff... e quem nunca pensou isso na infância? Essa cena reflete um bocado a situação do personagem ao se sentir o próprio Frankenstein por ter criado, com sua esposa, um bebê monstruoso terrível (concebido pelo Rick Baker), dotado de dentes afiados e garras bem amoladas. A criatura mal deixa a barriga da mãe e massacra meia dúzia de médicos e enfermeiras. A cena acontece off screen, mas a maneira como o suspense é construído demonstra a maestria de quem entende da linguagem do cinema.
Logo depois, o bebê monstro foge do hospital e desaparece, tendo todo esquadrão da polícia em seu encalço e ainda alguns pesquisadores científicos interessados em estudá-lo. E é nesse cenário que o diretor e roteirista Larry Cohen explora alguns tópicos de seu interesse em IT’S ALIVE, lançando seu olhar sobre a família de classe média americana e seu comportamento diante de um fenômeno ligado ao fantástico, sem contar as alfinetadas na industria farmacêutica e suas imprudências, um provável responsável pelo surgimento do monstro. Há também alguns exageros cômicos na maneira de agir da polícia, especialmente quando um grupo de agentes da lei muito bem armados cercam o suspeito: um bebê fofinho tranquilão... É dessas cenas comprovam a genialidade de um diretor!

É preciso destacar o modo como Cohen vai brincando com esses temas, driblando a evidente falta de recurso, de maneira inteligente e reflexiva, sem ignorar os elementos do horror. Isso implica também na parte técnica, mas o sujeito consegue se sair bem até nesse aspecto. De acompanhamento musical estamos bem servidos: Bernard Herrmann (não me pergunte como conseguiram). E a forma como Cohen filma a criatura, por exemplo, sempre de relance, nas sombras, é outra estratégia interessante, aguça ainda mais o clima de horror e também a curiosidade do espectador, algo que foi totalmente destruído com a popularização do CGI em qualquer produção de fundo de quintal.

Sempre tive consciência da reputação de IT’S ALIVE. É merecida. Filmaço simplesmente perturbador e muito perspicaz! As continuações também são escritas e dirigidas pelo Cohen. Pelo que andei lendo por aí, o segundo mantém o nível, já o terceiro possui uma fama ruim. E como eu costuma gostar dessas ovelhas negras... Mas chegaremos lá!