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9.1.12

THE INGLORIOUS BASTARDS, aka Quel Maledeto Treno Blindato (1978)

Para quem queria mais Castellari no blog, chegou a hora de THE INGLORIOUS BASTARDS! Não faz muitos anos que assisti pela primeira vez. Na verdade, foi logo quando Tarantino começou a possível “refilmagem” deste exemplar italiano e para não ficar pra trás acabei conferindo de uma vez. Na época, até comentei em poucas palavras por aqui. BASTARDOS INGLÓRIOS, do Tarantino, acabou não sendo refilmagem de nada, resultou em algo totalmente diferente (como era de se esperar), uma homenagem aos filmes de guerra, da mesma forma que BASTARDS já era, naquela época, um belo retorno aos filmes americanos do gênero, embora muito bem acompanhado ao estilo engajado de Enzo G. Castellari de filmar ação. Revi esses dias para poder comentar novamente essa maravilha e dar continuidade à peregrinação pelo cinema do diretor.

A trama é ambientada na França ocupada pelos nazistas em plena Segunda Guerra Mundial. Um grupo de soldados aliados, todos eles presos por crimes em serviço, precisam ser transportados para prestarem contas à corte marcial, mas durante o trajeto, o comboio é atacado e cinco condenados conseguem escapar. O filme é sobre a jornada desses desertores, os tais bastardos sem glória, tentando chegar à Suíça, atravessando um território cheio de nazistas, até se meterem sem querer numa missão altamente secreta cujo objetivo é sabotar um trem fortemente protegido. Uma aventura e tanto, especialmente nas mãos de um diretor cujo nome é sinônimo de ação.


E é exatamente a isso que BASTARDS se resume: rápidas sequências de ação, uma atrás da outra, sem muita enrolação, até chegar ao final explosivo no qual Castellari demonstra mais uma vez porque está entre os grandes mestres do gênero. Há uma abundância de tiroteios, explosões, situações de tensão, belo trabalho de dublês, centenas de corpos alvejados em grande estilo e em câmera lenta, lembrando outro certo diretor que fazia miséria com slow motion em cenas de ação: Sam Peckinpah. Mas a influência do diretor americano já é notória e eu já comentei aqui diversas vezes. E se o orçamento não permite explodir um trem de verdade, que explodam uma maquete e um trem em miniatura… o efeito é tosco, mas dá aquele charme estimulante que só o cinema classe B old school conseguia proporcionar.


Além disso, apesar de ir direto ao ponto no quesito ação, Castellari é inteligente o bastante para arranjar tempo para desenvolver cada um de seus persoangens, uma característica importante e comumente ignorado em filmes de guerra com vários personagens. E se no elenco não temos um Lee Marvin ou Charles Bronson, como em OS DOZE CONDENADOS – uma das principais influências de BASTARDS - ao menos conta com atores do calibre de Bo Svenson, Fred Williamson, Michael Pergolani, Raimund Harmstorf, Ian Bannen, etc, e pequenas participações de Joshua Sinclair e Donald O'Brien, que rouba a cena como um oficial nazista. Não é um elenco de se jogar fora e todos parecem se divertir enquanto brincam de fazer cinema.

 

Meu personagem favorito é o de Fred Williamson, apesar de adorar o Bo Svenson. Eu sempre me pego rindo da cena da cachoeira, onde várias alemãs tomam banho beeeem à vontade. Como os heróis estão disfarçados de nazistas, eles resolvem “chegar junto” e pulam na água pra “brincar” com as alemãs sapecas. O problema é que Williamson tem a pele um "pouco" mais escura que seus companheiros e logo elas percebem que se tratam de americanos e, assustadas, começam a atirar com metralhadoras totalmente nuas! Momento impagável deste maravilhoso clássico! Sem dúvida, um dos meus favoritos do Castellari.

Eu só não entendo até agora porque essa belezinha não foi lançada em DVD por aqui. Deveria sair com uma edição caprichada! Eu seria o primeiro da fila pra comprar. No Brasil, foi lançado na época do VHS, com o título de ASSALTO AO TREM BLINDADO.

9.4.10

ICARUS (2010), de Dolph Lundgren


Na mitologia grega, Ícaro tenta fugir de Creta voando com as asas feitas pelo seu pai, Dédalo, artesão do rei Minos. Mas ao voar muito alto, o calor dos raios do sol derreteu a cera que segurava as penas e Ícaro caiu no mar onde morreu. Mas o que o personagem mitológico tem a ver com o novo filme de Dolph Lundgren, além de servir como título? Absolutamente nada! Ou vocês esperavam uma densa contextualização mitológica num filme de ação estrelado e dirigido pelo eterno Drago?

O máximo da citação filosófica que remete à mitologia é quando o vilão, vivido pelo grande Bo Svenson, apontando uma arma para a cabeça do protagonista, cujo codinome é Ícarus, diz: “Você não pode voar muito perto do sol sem derreter suas asas... Ícarus”, uma metáfora muito bem inserida para substituir o velho “Você chegou ao fim da linha”. Mas tudo bem, o que vale mesmo é que ÍCARUS é um ótimo filme de ação levando em conta os entraves de seu realizador.

No ano passado, os fãs de Lundgren (ou seja, uns 10 malucos ao redor do mundo), depositaram suas esperanças em COMMAND PERFORMANCE, que prometia ser o máximo da ação casca grossa à moda antiga. O resultado não foi de todo ruim, mas não era o filme que esperávamos.

ÍCARUS também não é nenhuma obra prima retumbante de alto nível fílmico, mas consegue ser tudo o que COMMAND tentou ser e não chegou nem perto! Ainda este ano, Dolph fez uma marcante participação em SOLDADO UNIVERSAL: REGENERATION e em breve o veremos na tela grande em THE EXPENDABLES, do Stallone. Esses bicos devem ter feito um bem danado a ele, pois desta vez ele arrebenta com um filmaço de enredo interessante e um personagem que faria Chris Kenner pensar duas vezes antes de partir pra agressões físicas com ele.


Dolph vive um assassino profissional sangue frio que realiza o serviço sujo da máfia russa, mas se esconde atrás da figura de um executivo de agenda cheia. É o que ele quer que sua ex-mulher e filha pensem, já que os motivos da ausência (e da separação) foram as intermináveis viagens ao redor do mundo sujando as mãos de sangue. Dividido entre essas duas personalidades, Ícarus sofre um drama por querer ter uma vida de volta ao lado da filha e esposa da mesma forma em que é obrigado a continuar na profissão por conta de um passado misterioso. O bicho pega para o seu lado quando ele se vê como alvo de uma organização criminosa rival e percebe que não pode confiar em ninguém, a não ser nas suas próprias habilidades para manter sua família a salvo.


Lundgren nunca vai chegar ao nível de um Stallone na direção e sua atuação limita-se a fazer biquinho, mas é legal acompanhar o crescimento do ator/diretor. Até há uns quatro anos atrás, o sujeito ainda estava fazendo qualquer tralha para pagar as contas, algumas bem divertidas. COMMAND já demonstrava um amadurecimento, mas em ICARUS ele tem a oportunidade de se colocar entre os grandes autores do cinema independente de ação atual. Claro que não é intenção dele expressar uma performance do patamar de um Lawrence Olivier ou Marlon Brando, mas seu personagem tem uma complexidade bem acima dos que o Steven Seagal tem feito, o que não quer dizer muita coisa, na verdade...

No elenco, a participação do veterano Bo Svenson dá ao filme um motivo a mais para ser conferido pelos fãs de filmes B, pena que aparece tão pouco em cena. Stefanie von Pfetten faz com competência a ex-mulher do protagonista. Só que sua transformação no decorrer da trama é um pouco mal desenvolvida. Numa cena, seu namoradinho morre com um tiro na cabeça, algumas horas depois, ela já está em cima de Dolph numa cama de um quarto de motel "relembrando" os velhos tempos...


A ação do filme, apesar de constante, infelizmente tem os mesmo cacoetes de 90% dos realizadores atuais que tremem a câmera demais e utilizam montagens espertinhas, mas acho que continuar reclamando disso acaba ficando chato, a não ser quando a coisa é insuportável e o diretor nem desconfia do que está fazendo. Não é o caso de Dolph que tem muita noção de ação, além de bom senso em não usar sangue em CGI. Não chega a ser um John Flynn, mas dá para se divertir. Temos aqui longos tiroteios, explosões, porradaria comendo solta e alta contagem de corpos. Tudo o que já vimos em filmes anteriores do ator, só que Lundgren consegue injetar uma boa dose de substância e dramaticidade que o separa de outros colegas que realizam seus filmes direct do vídeo.

Sem dúvida alguma, os verdadeiros fãs do velho Dolph vão adorar ICARUS, o melhor trabalho dirigido pelo sujeito até agora. Espero que depois do lançamento de THE EXPENDABLES ele consiga aumentar o número de admiradores, talvez até consiga mais recursos e quem sabe consiga manter o nível deste aqui em seus futuros projetos. Eu, que o tenho como um dos principais astros de ação da minha infância, torço por isso!